*LRCA Defense Consulting - 04/11/2025
A Embraer teve resultados robustos no terceiro trimestre de 2025 (3T25), com recordes históricos em receitas e carteira de pedidos, mas também reflexos de custos elevados e efeitos não recorrentes que impactaram margens e lucro líquido.
Receita alcança recorde histórico no trimestre
A receita líquida consolidada da Embraer atingiu R$ 10,9
bilhões no 3T25, um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior,
beneficiada principalmente pelos crescimentos nas áreas de Aviação Comercial
(28%) e Defesa e Segurança (24%). Aviação Executiva e Serviços de Suporte
também registraram avanços, embora mais modestos, de 1% e 14%, respectivamente.
Esse resultado reforça o dinamismo operacional da companhia em seus diferentes
segmentos, impulsionado sobretudo por um melhor mix de produtos, maiores
volumes e preços mais elevados.
Carteira de pedidos e entregas destacam crescimento
sustentável
No trimestre, a Embraer entregou 62 aeronaves, 5% a mais que
no 3T24. Deste total, 20 foram jatos comerciais (13 E2 e 7 E1), 41 jatos
executivos (23 leves e 18 médios) e 1 aeronave de defesa KC-390 Millennium. A
carteira de pedidos atingiu US$ 31,3 bilhões, superando o recorde histórico
anterior e crescendo 38% em relação ao ano passado, com destaque para avanços
expressivos em Aviação Executiva (+65%) e Serviços de Suporte (+40%).
Margem EBIT ajustada em queda e lucro líquido impactado
por itens não recorrentes
O EBIT ajustado somou R$ 927,2 milhões, representando uma
margem de 8,5%, em queda frente à margem de 17,6% no 3T24, quando houve impacto
positivo de US$ 150 milhões relativos à arbitragem com a Boeing. Sem esse
efeito, a margem ajustada do trimestre anterior teria sido 8,7%, próxima ao
atual 8,5%. A margem da Aviação Executiva caiu de 16,3% para 12,1%, refletindo
maior custo logístico e tarifas de importação nos EUA. Já Defesa e Segurança
melhoraram sua margem de 7,2% para 12,9%, impulsionadas por maior volume e mix
de exportações.
O lucro líquido ajustado foi de R$ 289,4 milhões, forte recuo em relação a R$ 1,225 bilhão no 3T24. Essa queda tem como principais causas a ausência do ganho extraordinário do acordo com a Boeing no ano anterior (US$ 150 milhões), o aumento dos custos operacionais especialmente na Aviação Executiva, e maiores despesas tributárias por conta de impostos diferidos relacionadas a efeitos cambiais, além de despesas financeiras ainda relevantes.
Apesar desse recuo no lucro, a empresa apresentou forte geração de caixa e ritmo sustentável de crescimento em receita e carteira de pedidos, mantendo posições financeiras sólidas.
Fluxo de caixa livre ampliado e fortaleza da posição de
caixa
O fluxo de caixa livre ajustado da Embraer isoladamente foi
de R$ 1,6 bilhão, sustentado por geração operacional robusta e redução no
capital de giro, principalmente pela diminuição de contas a receber. A posição
consolidada de caixa somou R$ 11,1 bilhões ao final do trimestre, reforçando a
liquidez da companhia, que ainda conta com uma linha de crédito rotativo de US$
1 bilhão à disposição.
Gestão de dívida com avanço em rating e reestruturação
A Embraer anunciou uma nova iniciativa de gerenciamento da
dívida, incluindo emissão de títulos de longo prazo e recompra antecipada de
dívidas com taxas elevadas. Essa estratégia contribuiu para a elevação da nota
de crédito da empresa pela S&P para BBB, dois níveis acima do grau de
investimento, e perspectivas positivas revisadas pela Fitch Ratings e Moody's,
refletindo o fortalecimento da saúde financeira.
Investimentos e expansão sustentável
Investimentos consolidados somaram R$ 836 milhões no
trimestre, entre despesas de capital, adições ao pool program, intangíveis e
pesquisa, acompanhando projetos de crescimento em Aviação Executiva e Serviços
de Suporte, como expansão de capacidade e ramp-up de operações no Brasil, EUA e
Portugal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será submetido ao Administrador. Não serão publicados comentários ofensivos ou que visem desabonar a imagem das empresas (críticas destrutivas).