*Army Recognition - 30/04/2025
Em 29 de março de 2025, a empresa brasileira Nest Design Aerospace apresentou o ATD-150, descrito como a primeira aeronave não tripulada a jato 100% projetada no país. O sistema foi desenvolvido especificamente para servir como alvo aéreo para as Forças Armadas Brasileiras e também está sendo considerado para exportação para usuários internacionais. De acordo com o fabricante, o ATD-150 foi projetado para replicar ameaças aéreas avançadas em ambientes de treinamento e visa aprimorar a prontidão operacional, fornecendo uma solução nacional para exercícios de combate simulados e testes de sistemas.
De acordo com as informações disponíveis, o ATD-150 tem um peso máximo de decolagem (MTOW) de até 150 kg e uma capacidade máxima de carga útil de 15 kg. Ele pode operar em altitudes entre 10.000 e 15.000 pés, com um teto de serviço de 20.000 pés. Em condições de voo de FL150 e ISA+35, ele atinge uma velocidade de cruzeiro de Mach 0,6. O sistema de propulsão é o motor turbojato TM TJ-200, desenvolvido no Brasil pela Turbomachine. O UAV funciona com Jet A-1 ou querosene de aviação. A Nest Design Aerospace afirma que esta configuração permite que o ATD-150 funcione como um alvo de alta velocidade, propulsado por jato, adequado para simulações de ameaças complexas e realistas durante operações de treinamento e exercícios de defesa aérea.
O principal perfil de missão do ATD-150 inclui aplicações como treinamento de ataque aéreo, treinamento de engajamento ar-ar, preparação de sistemas de defesa aérea e simulação de ameaças de mísseis de cruzeiro. Também se destina a apoiar a coleta de dados de inteligência e a avaliação de sistemas de armas de defesa.
O UAV é equipado com uma série de recursos de bordo projetados para simular comportamentos e características do adversário. Estes incluem navegação por waypoint pré-programada, um gerador de fumaça para aumentar a visibilidade durante exercícios de rastreamento e rotinas automatizadas de manobras evasivas. Ele também integra um Indicador de Distância de Perda (MDI) para registrar a proximidade de tentativas de interceptação e possui aumento passivo de sinal de RF, capacidade de transmissão de vídeo em tempo real e uma assinatura infravermelha (IR). A pilotagem pode ser conduzida manualmente ou por meio de modos de controle semiautônomos ou totalmente autônomos, dependendo dos requisitos da missão.
![]() |
Impulsionado pelo motor turbojato TM TJ-200, desenvolvido no Brasil pela Turbomachine, o ATD-150 pode atingir velocidade de cruzeiro de Mach 0,6. (Fonte da imagem: Nest Design Aerospace) |
A Nest Design Aerospace caracteriza o ATD-150 como uma iniciativa totalmente brasileira, concebida, projetada e montada dentro da base industrial de defesa nacional. Segundo a empresa, o programa reflete um esforço para estabelecer uma capacidade nacional na área de drones a jato para alvos aéreos, oferecendo um recurso para treinamento e validação de sistemas que não depende de plataformas estrangeiras. A aeronave também é descrita como um sistema que suporta múltiplas configurações e se destina a atender às necessidades operacionais das forças armadas que se preparam para ameaças aéreas avançadas.
Como parte de seus esforços promocionais e de engajamento com a indústria, a Nest Design Aerospace participou da LAAD 2025, uma importante feira de defesa e segurança realizada no Rio de Janeiro. A empresa relatou que sua equipe interagiu com fornecedores, potenciais parceiros e clientes durante o evento. A Nest Design Aerospace observou que o ATD-150 atraiu atenção na feira, com muitos participantes já familiarizados com a plataforma. Segundo a empresa, essa exposição ajudou a reforçar seu objetivo de promover novas colaborações estratégicas e aumentar a visibilidade de seu programa de alvos aéreos nos setores de defesa nacional e internacional.
A Nest Design Aerospace também divulgou material anunciando que o ATD-150 está se aproximando de sua fase operacional inicial. De acordo com a empresa, todas as atividades de desenvolvimento, desde a integração de componentes e testes funcionais até a verificação de desempenho, estão progredindo em direção ao que descreve como um marco significativo na aviação nacional. Materiais em vídeo adicionais foram divulgados, destacando as fases de projeto e testes do programa. A empresa afirmou que novas atualizações e visualizações detalhadas do UAV são esperadas em breve.
O primeiro esforço documentado do Brasil para construir um VANT a jato foi o CBT BQM-1BR, desenvolvido em 1983 pela Companhia Brasileira de Tratores (CBT) em cooperação com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. Destinado a aplicações militares e civis, incluindo reconhecimento, ataque e tarefas agrícolas, a aeronave possuía um motor turbojato (Tietê JT2) montado em uma nacele na fuselagem traseira. Tinha 3,89 metros de comprimento, envergadura de 3,18 metros e peso máximo de decolagem de pouco mais de 90 quilos. Podia atingir velocidades de até 560 km/h e um teto de serviço de 6.000 metros. Apesar de um plano inicial da Força Aérea Brasileira de adquirir 20 unidades, apenas duas foram construídas, e o projeto foi descontinuado devido às condições políticas e econômicas nacionais.
Separadamente, instituições de pesquisa aeroespacial brasileiras também têm trabalhado em sistemas de propulsão a jato, como o motor scramjet 14-X, desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv) como parte do programa PropHiper. Testado pela primeira vez em dezembro de 2021, o scramjet foi integrado a um veículo demonstrador hipersônico que atingiu um apogeu de 160 quilômetros após o lançamento do Centro Espacial de Alcântara. Embora projetado principalmente para aplicações espaciais e de defesa, o 14-X ilustra o interesse contínuo em sistemas avançados de propulsão a jato no Brasil.
Vários outros UAVs foram desenvolvidos no Brasil, com foco em plataformas movidas a hélice para funções táticas, de vigilância e mapeamento. O SantosLab Carcará, que voou pela primeira vez em 2009 e atualmente é usado pela Marinha do Brasil, é um UAV leve projetado para operação por um único soldado em ambientes restritos. Ele oferece autonomia entre 60 e 95 minutos e inclui uma opção de carga útil para sensores infravermelhos ou câmeras com zoom.
O FT Sistemas FT-100 Horus é outro UAV pequeno, usado tanto pelo Exército quanto pela Marinha do Brasil, com alcance operacional de até 15 quilômetros e autonomia de até duas horas. Em 2015, três FT-100 foram exportados para um cliente militar africano não divulgado, tornando-se o primeiro UAV brasileiro conhecido a ter sido vendido no exterior.
No nível MALE, o Avionics Services Caçador foi desenvolvido pela israelense IAI Heron com transferência de tecnologia e propriedade parcial da IAI Brasil. Com envergadura de 16,6 metros, peso de decolagem de 1.270 quilos e autonomia de 40 horas, o Caçador tem teto de serviço de 9.100 metros e está equipado para operações multifuncionais.
A XMobots, empresa privada, também contribuiu para a indústria de VANTs do Brasil por meio de sistemas projetados principalmente para fins civis e de mapeamento, com base em tecnologia desenvolvida nacionalmente. Seu primeiro VANT, o Apoena 1000B, realizou monitoramento aéreo sobre a Amazônia e apoiou o levantamento topográfico na usina hidrelétrica de Jirau de 2010 a 2013. A série Apoena inclui VANTs com autonomia de até 8 horas e capacidade de carga útil de 10 quilos. Desenvolvimentos posteriores incluem o Nauru 500A (autonomia de voo de 5,5 horas, carga útil de 15 quilos), que em 2013 se tornou o primeiro VANT privado no Brasil a receber um Certificado de Voo Experimental da ANAC. O Echar 20A, lançado no mesmo ano, foi o primeiro VANT do Brasil com lançamento e pouso automáticos.
Outros sistemas, como o Avibras Falcão (com carga útil de 150 quilos e mais de 16 horas de autonomia) e o Atobá XR da Stella Tecnologia, com velocidade de cruzeiro de 370 km/h e autonomia de até 35 horas, são projetados para missões ISR e de ataque. O Atobá XR, desenvolvido a partir do drone de reconhecimento Atobá, integra radar AESA, sensores EO/IR, SATCOM e três pontos de fixação.
===xxx===
Notas da LRCA Defense Consulting
Complementando as informações sobre VANTs brasileiros, é importante acrescentar as duas versões do Albatroz (a combustão e a jato), da Stella Tecnologia. A primeira foi projetada para executar missões a partir do Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico, com a finalidade de transportar sensores, radares e pequenos mísseis, podendo ser empregada em aplicações tipicamente militares ou de natureza
civil. A versão mais recente, um drone de perfil militar a jato desenvolvido pela Stella Tecnologia em parceria com a Aero Concepts, tem capacidades ampliadas, podendo realizar missões a 40.000 pés de altitude (cerca de 12.000 metros).
No que se refere à XMobots (empresa que conta com a participação da Embraer), é preciso incluir o Nauru 1000C, primeiro drone de combate nacional e já incorporado pelo Exército Brasileiro, um equipamento inovador com capacidade de complementar a utilização do helicópteros em operações de inteligência, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos, bem como de ataque a alvos no solo ou na água. Também é necessário arrolar seu mais recente produto, o Nauru 100D, um drone leve e transportável por um combatente, com inteligência de alto nível, preciso e de difícil detecção, que se constitui em uma plataforma essencial para vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos, bem como para interceptação de ameaças e para operar em missões de ataques tipo swarming (enxame).