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31 maio, 2025

Embraer poderá emergir como a grande beneficiada após GOL e Azul sairem da recuperação judicial

Imagem meramente representativa

*LRCA Defense Consulting - 29/05/2025

O portal Pontos para Voar, em postagem de 29/05, afirma que a possibilidade de vermos aeronaves Embraer E195-E2 operando com as cores da GOL ganha força com os novos movimentos do setor aéreo brasileiro. Citando divulgação do canal “Viajando com o Luiz”, noticia que o tema estaria em estágio bastante avançado e que informações dão conta que existem negociações entre GOL e Embraer, incluindo discussões sobre a configuração de assentos do Embraer 195-E2 e os prazos estimados para a entrega das aeronaves.

Segundo essas informações, representantes da GOL teriam inclusive viajado até a Holanda, onde foram iniciadas tratativas sobre o treinamento de pessoal da companhia aérea. O destino da viagem não foi aleatório: a KLM, parceira internacional do grupo Air France-KLM, já opera o E195-E2 e conta com simuladores de voo dedicados ao modelo, estrutura essencial para capacitação de tripulantes e pilotos.

Ainda de acordo com o canal, a GOL estaria aguardando apenas a conclusão de seu processo de reestruturação financeira nos Estados Unidos, o chamado Chapter 11, para oficializar o acordo com a Embraer. A expectativa é que esse processo seja finalizado em junho, abrindo caminho para o anúncio de uma possível nova fase na história operacional da companhia aérea brasileira.

Nesta sexta-feira (30/05), após os acionistas aprovarem o plano de saída da recuperação judicial nos EUA, o chamado Chapter 11, a GOL informou que está preparada para concluir o processo no início de junho, fortalecendo sua estrutura financeira para garantir sustentabilidade a longo prazo. Entre as medidas aprovadas está o aumento do capital social, que pode variar entre R$ 5,3 bilhões e R$ 19,3 bilhões, por meio da conversão de dívidas em ações para os credores. Também houve alterações estatutárias para flexibilizar regras para acionistas controladores.

Por outro lado, o Valor Negócios, em matéria de 29/05 assinada por Christian Favaro, divulga que a United Airlines e a American Airlines assumirão papel maior na Azul após reestruturação, devendo investir até US$ 300 milhões na empresa assim que a reestruturação for finalizada, tornando-se sócias de capital.

A United já detém participação na Azul e é parceira de longa data. A American Airlines, por outro lado, é aliada estratégica e acionista da Gol. As expectativas do mercado apontavam para um provável investimento da American na reestruturação da Gol — e não da Azul. “A Gol continua sendo uma parceira fundamental”, disse Stephen Johnson, diretor de estratégia da American Airlines, em um comunicado.

Segundo fontes citadas pelo Valor, as negociações entre acionistas da Azul e da Gol sobre uma possível fusão foram suspensas enquanto a Azul se concentra em sua reestruturação financeira.

A Gol pretende concluir sua reestruturação até 6 de junho. Com a aproximação desse marco, a atenção do setor agora está se voltando para a Azul, que pretende concluir o processo do Capítulo 11 até o final deste ano, afirmam pessoas familiarizadas com a situação, uma vez que já garantiu financiamento DIP e financiamento de saída. Ainda assim, fontes alertam que as reestruturações judiciais nos EUA costumam trazer reviravoltas inesperadas.

Ainda conforme a matéria do Valor, de acordo com Joana Bontempo, especialista em reestruturação do CSMV Advogados, a Azul avançou significativamente em suas negociações preliminares, garantindo compromissos críticos de credores e parceiros importantes.

United e American: duas grandes operadoras de jatos Embraer nos EUA
Tanto a United Airlines como a American Airlines operam aeronaves Embraer, principalmente por meio de suas parceiras regionais dentro dos sistemas United Express e American Eagle, respectivamente. As aeronaves utilizadas são os jatos da família Embraer E175 e ERJ 145, que são utilizados para voos de curta e média distância, conectando hubs principais a cidades menores.

No caso da United Express, esses aviões são operados por empresas regionais contratadas (como SkyWest, Mesa Airlines e Republic Airways), mas voam com a pintura e o serviço da transportadora, utilizando 134 aeronaves E175 e 59 ERJ 145. Assim como a United, a American terceiriza parte de sua malha regional para empresas como Envoy Air, Republic Airways e SkyWest, que operam sob a marca American Eagle e usam 220 jatos E175 e 67 ERJ 145. 

Imagem meramente representativa

Consequências para a Embraer
Como a GOL ainda não opera aeronaves da Embraer, a introdução dos E195-E2 na frota representaria uma mudança significativa em sua estratégia operacional, oferecendo maior flexibilidade para atender rotas regionais e de menor demanda, além de fortalecer a indústria aeronáutica nacional.

Diferentemente, a Azul Linhas Aéreas é uma das principais operadoras dos jatos da família Embraer E-Jets, especialmente o modelo E195-E2, que representa a nova geração de aeronaves comerciais da fabricante brasileira, possuindo 36 unidades. Além destes, a Azul ainda opera 44 aeronaves do modelo E195 da primeira geração, que estão sendo progressivamente substituídas pelos modelos mais novos. 

Segundo a Exame, quando circulou a notícia de que a Azul estava próxima de reestruturar suas dívidas e a intenção de se fundir com  Gol, o BTG se animou e escreveu um relatório citando uma oportunidade incremental para os E2 da Embraer, cenário que ficou nublado após o pedido de recuperação judicial (RJ) da Azul.

No entanto, em duas extensas reportagens divulgadas em 29 de maio, O Globo (Redução de frota da Azul afeta a Embraer?) e Exame (Por que a recuperação judicial da Azul não deve pesar sobre a Embraer), com base em opiniões de analistas do BTG Pactual e outros, defenderam que a recuperação judicial da Azul pouco irá afetar a Embraer, sem um impacto maior em seus números ou negócios.

Nesse cenário, os fatores preponderantes a considerar são:
- a United Airlines e a American Airlines pretendem assumir um papel maior na Azul após a reestruturação, investindo até US$ 300 milhões na empresa assim que a reestruturação for finalizada, tornando-se sócias de capital; 

- a United já detém participação na Azul e é sua parceira de longa data. A American Airlines, por outro lado, é aliada estratégica e acionista da Gol.

- Azul e GOL já iniciaram um movimento de fusão, pausado agora pela nova situação da primeira; 

- United e American são grandes operadoras de aeronaves Embraer;

- a GOL está próxima de também adquirir jatos E Jets E2, que já são utilizados pela Azul;

- a recuperação judicial da GOL deve ser encerrada em junho, enquanto a da Azul pode acabar no final de 2025;

- a recuperação judicial da Azul terá pouco efeito sobre a Embraer.

Conclusão
Portanto, é razoável concluir que a American e a United, grandes operadoras Embraer e parceiras em GOL e Azul, tenham todo interesse em apoiar a recuperação das duas empresas, assim como também na futura fusão entre ambas, da qual serão sócias. 

Por outro lado, a companhia resultante da provável fusão, contando com o suporte das duas gigantes americanas, além de se tornar também uma aérea gigante, tenderá a ter a Embraer como sua parceira preferencial, como acontece com suas duas sócias.

Ao fim e ao cabo, a Embraer, longe de ser prejudicada, poderá emergir como a grande fabricante beneficiada, seja já após o encerramento da RJ da Gol (junho), seja após o da Azul (final do ano) ou seja ainda após a fusão esperada entre as duas empresas.

Revisão Crítica de Projeto (CDR) marca importante avanço do Microlançador Brasileiro (MLBR)


 

*RCA Defense Consulting - 31/05/2025

Nos dias 29 e 30 de maio, a Agência Espacial Brasileira (AEB) participou da Revisão Crítica de Projeto (CDR, na sigla em inglês) do Microlançador Brasileiro (MLBR), veículo lançador de pequeno porte (VLPP) em desenvolvimento nacional. 

O encontro, realizado em São José dos Campos–SP, contou com a presença de representantes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), das empresas que compõem o arranjo industrial responsável pelo projeto, liderado pela CENIC: Plasmahub, Concert, Delsys, Etsys e de outras empresas participantes, como a Bizu Space, Almeida's, CLC e Fibraforte.

A CDR é importante para avaliar a maturidade do projeto e sua prontidão para avançar à próxima fase do ciclo de desenvolvimento, o que inclui a fabricação e os ensaios de qualificação dos equipamentos; a montagem e os testes dos subsistemas; bem como a integração e os testes do sistema completo. A revisão demonstra que o projeto apresenta um design consolidado, com os requisitos técnicos atendidos nos níveis de sistema e subsistemas, e com interfaces críticas devidamente definidas.

Durante a reunião, foram analisados a situação da qualificação de processos críticos, a compatibilidade com interfaces externas, o planejamento das atividades de montagem, integração e testes (AIT), além de aspectos relacionados à segurança, à garantia do produto, à mitigação de riscos e aos destroços espaciais (debris).

Para o Coordenador da Unidade Regional da AEB em São José dos Campos, Alexandre Macedo, a realização da CDR marca um avanço significativo rumo à materialização do lançador nacional. “A participação da AEB na CDR do MLBR é essencial para assegurar que os marcos técnicos estejam sendo cumpridos com rigor e que o sistema esteja pronto para a fase de implementação. Essa etapa demonstra o comprometimento das instituições e empresas envolvidas com o desenvolvimento de uma capacidade autônoma de acesso ao espaço no Brasil”, afirmou.

Já o Coordenador de Veículos Lançadores da AEB, Fábio Rezende, destacou o papel do trabalho conjunto entre governo e indústria nacional: “A CDR do MLBR mostra como a articulação entre instituições públicas e empresas privadas pode gerar resultados concretos e sustentáveis para o setor espacial brasileiro. O fortalecimento da base industrial e o domínio tecnológico são fundamentais para o avanço do nosso Programa Espacial".

O MLBR é um projeto estratégico que visa consolidar a base tecnológica nacional na área de lançadores e fortalecer a indústria espacial brasileira. A conclusão bem-sucedida da CDR representa um passo importante para o Brasil avançar na construção de um sistema completo de lançamento de satélites de pequeno porte com inovação, engenharia de ponta e protagonismo nacional.

Saiba mais:

Projeto de foguete brasileiro conclui primeira fase e é apresentado em São José dos Campos

*Com informações da Agência Espacial Brasileira  

30 maio, 2025

Grupo Mahindra, parceiro da Embraer na Índia, tem uma destacada indústria no Brasil


*LRCA Defense Consulting - 30/05/2025

Sediado em Mumbai, na Índia, e com atuação em mais de 100 países, o Grupo Mahindra é um poderoso conglomerado com negócios que vão desde agronegócio, veículos, tecnologia, serviços financeiros, energia, TI, defesa, entre outros.

Em 2024, ficou conhecido no setor brasileiro de Defesa após a Embraer ter firmado um Memorando de Entendimento (MoU) com a Mahindra Defence Systems, uma subsidiária de defesa do Grupo. O acordo prevê potencial atuação conjunta na megalicitação do programa de Aeronave de Transporte Médio (MTA) da Força Aérea Indiana, para o qual há previsão de aquisição de 40 a 80 aeronaves e onde a Embraer compete com o C-390 Millennium. 

No entanto, fora do Agronegócio, poucos conhecem a Mahindra Tratores do Brasil, unidade fabril que opera desde 2012 e que teve o controle direto assumido pela matriz indiana em 2016. Trata-se de uma extensão da divisão agrícola da Mahindra & Mahindra (empresa-mãe do Grupo), responsável pela produção, comercialização, distribuição e assistência técnica de tratores e equipamentos agrícolas no Brasil, com capacidade de produção de cerca de 2.600 tratores por ano.

No ano fiscal de 2024, encerrado em março, a Mahindra registrou a venda de 2.980 tratores no Brasil, representando um crescimento de 44% em relação ao ano anterior, mesmo diante de uma retração de quase 20% no setor de máquinas agrícolas. A empresa projeta um crescimento adicional de 23% para o ano seguinte, consolidando sua posição no mercado nacional.

A Mahindra Tratores do Brasil anunciou planos para transferir sua sede e operações industriais de Dois Irmãos para Araricá, no Rio Grande do Sul, com um investimento previsto de até R$ 100 milhões. A nova fábrica, projetada para aumentar a capacidade de produção de 2.600 para 8.000 tratores por ano, seria construída em um terreno de 93 mil m² às margens da RS-239 .

No entanto, em 2025, questões relacionadas ao licenciamento ambiental em Araricá levaram a empresa a reconsiderar sua decisão. Diante desses obstáculos, a Mahindra optou por manter e expandir suas operações em Dois Irmãos, adquirindo um novo terreno na Colônia Japonesa, próximo à BR-116. A nova planta industrial será construída nesse local, com o objetivo de quadruplicar a capacidade de produção e atender tanto ao mercado interno quanto às exportações para a América do Sul.

A divisão Mahindra Tractors é líder mundial em vendas de tratores por volume, com forte presença na Ásia, África, América do Norte e América Latina.

A operação brasileira faz parte da estratégia global do grupo indiano de expansão no setor agrícola, especialmente em mercados emergentes como a América Latina. Os tratores comercializados no Brasil são desenvolvidos seguindo os padrões de qualidade, engenharia e robustez da matriz na Índia, adaptados às necessidades do mercado agrícola brasileiro.

A subsidiária brasileira foca na produção e comercialização de tratores para agricultura familiar e médios produtores. A Mahindra tem se destacado por focar no segmento de pequenos e médios produtores rurais, oferecendo tratores na faixa de 25 cv a 110 cv, que representam a maior parte das vendas no país.  

A Mahindra Brasil é a subsidiária que mais cresce fora da Índia, sendo o quarto maior mercado da empresa, atrás de EUA, Turquia e Índia. 

 

Embraer anuncia nova subsidiária e reforça compromisso com a Índia

 


*LRCA Defense Consulting - 30/05/2025

A Embraer anunciou hoje um reforço significativo de seu compromisso com a Índia, por meio do estabelecimento de uma subsidiária no país que terá como sede um escritório corporativo em AeroCity, Nova Delhi. Essa decisão estratégica ressalta a visão de longo prazo da Embraer para o crescimento e a potencial colaboração com o cenário aeroespacial e de defesa da Índia, que está em rápida evolução. 

A criação de subsidiária na Índia pretende fortalecer suas frentes de atuação em defesa, aviação comercial, executiva, serviços & suporte e no crescente setor de mobilidade aérea urbana. A Embraer está trabalhando na ampliação de sua equipe no país, fortalecendo sua capacidade para buscar as oportunidades em um setor aeroespacial e de defesa em constante evolução. Isso inclui o estabelecimento de equipes em funções corporativas e departamentos especializados com foco em compras, cadeia de suprimentos e engenharia. 

“A Índia é um mercado-chave para a Embraer, e essa expansão demonstra nosso compromisso inabalável com o país”, disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. “Estamos entusiasmados em poder aprofundar nossa colaboração com a indústria aeroespacial e de defesa indiana, aproveitando nossa expertise e tecnologia para contribuir com o crescimento da nação e as ambições da iniciativa 'Make in India'. Vislumbramos oportunidades significativas em defesa, aviação comercial, executiva, serviços & suporte e no emergente setor de mobilidade aérea urbana”. 

A Embraer está reforçando significativamente seu engajamento na Índia e já possui uma presença relevante no país, com aproximadamente 50 aeronaves e 11 modelos diferentes em operação nos segmentos de aviação comercial, defesa e executiva — todos apoiados por sua rede local de serviços e suporte. 

O crescimento da Embraer no país também ressalta o fortalecimento dos laços entre o Brasil e a Índia, com a expansão da Embraer na região refletindo um compromisso compartilhado com uma colaboração mais profunda e crescimento mútuo. O envolvimento da Embraer na Índia, incluindo a participação na próxima Assembleia Geral Anual (AGM) da IATA 2025 em Nova Delhi, destaca o foco estratégico da empresa no mercado indiano e os esforços contínuos para se envolver com os principais stakeholders em todo o ecossistema da aviação. 

O anúncio dá continuidade às iniciativas estratégicas recentes da Embraer na Índia, como o Memorando de Entendimento (MoU) assinado em fevereiro de 2024 com a Mahindra Defence Systems. O acordo prevê potencial atuação conjunta no programa de Aeronave de Transporte Médio (MTA) da Força Aérea Indiana, por meio do C-390 Millennium. 

O C-390 é uma aeronave multimissão de última geração projetada e construída para atender às demandas do ambiente operacional do século XXI. A aeronave é a mais avançada de sua classe e voa mais rápido (470 nós), com maior alcance e transporta mais carga (26 toneladas) em comparação a outras aeronaves de carga militar de porte médio. O C-390 opera há alguns anos com Capacidade Operacional Completa e pode executar uma ampla gama de missões, como transporte e lançamento de carga e tropas, evacuação aeromédica, busca e salvamento, missões humanitárias, combate a incêndios e reabastecimento aéreo, como aeronave reabastecedora e como receptora. 

Na Aviação Comercial, a família E-Jets de jatos narrowbody regionais traz vantagens significativas para a conectividade aérea da Índia. As aeronaves oferecem novas oportunidades em metrópoles e centros regionais com potencial de expansão, contribuindo para as aspirações da Índia de se tornar um hub global de aviação. 

Os E-Jets já transformaram e aprimoraram a conectividade regional local, como comprovado pela Star Air – uma operadora dos modelos E175 e ERJ145, fabricados pela Embraer. Os E-Jets têm alcance estendido quando comparados a turboélices e outras aeronaves narrowbody abaixo de 180 assentos. Assim, os E-Jets permitem às companhias aéreas indianas explorar ao máximo a expansão da conectividade regional e otimizam a capacidade de atender à demanda em rotas de baixa densidade. 

As aeronaves Embraer que são operadas pela Forças Indianas incluem a aeronave Legacy 600 usada para o transporte de funcionários do governo e VIPs pela Força Aérea Indiana (IAF) e pela Força de Segurança de Fronteira (BSF), além da aeronave AEW&C 'Netra' baseada na plataforma Embraer ERJ145 operada pela IAF. 

Exército consolida segurança cibernética com data center em São Paulo


*LRCA Defense Consulting - 30/05/2025

O 3° Centro de Telemática de Área (3° CTA) inaugurou um data center no dia 29 de maio, na capital paulista. Nomeado Data Center Marechal Rondon, o centro de processamento de dados reforça as capacidades do Data Center Coronel Ricardo Franco, localizado em Brasília (DF), e consolida a segurança cibernética da Força Terrestre.

O Data Center Marechal Rondon será um pilar no suporte à tomada de decisão estratégica, fornecendo dados em tempo real, análises avançadas e suporte informacional confiável ao Alto Comando do Exército Brasileiro. Sua infraestrutura permite o intercâmbio seguro e rápido de informações entre diferentes níveis operacionais e institucionais.

“No mundo de hoje, com ameaças cibernéticas, a proteção dos ativos digitais das Forças Armadas precisa de uma atenção especial”, afirmou o Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, General de Exército Achilles Furlan Neto.

Big data
Projetado para atender às demandas atuais e futuras da transformação digital, o data center possui infraestrutura voltada ao big data, com alta capacidade de processamento, armazenamento e análise massiva de dados. Essa competência é essencial para atividades de inteligência, defesa cibernética, planejamento estratégico e desenvolvimento de tecnologias emergentes.

A estrutura conta com sala segura, projetada para proteger fisicamente os dados corporativos sensíveis, obedecendo aos mais rigorosos critérios de segurança física e lógica. O ambiente é monitorado 24 horas por dia e implementa controles de acesso restritos, barreiras físicas e tecnologias de blindagem, o que proporciona proteção robusta contra ameaças internas e externas.

Redundância geográfica
Com arquitetura baseada em redundância geográfica – estratégia em Tecnologia da Informação que replica dados e recursos em diferentes locais geográficos –, o Data Center Marechal Rondon garante continuidade operacional mesmo diante de eventos extremos, como desastres naturais ou falhas sistêmicas. Essa capacidade permite que os serviços essenciais permaneçam ativos por meio de centros alternativos de operação, assegurando a disponibilidade dos dados e a estabilidade das operações em tempo real.

Como exemplo, o Comandante do Exército, General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva citou as tempestades tropicais e o terremoto que atingiram o Haiti durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). “A tecnologia, hoje, é fundamental para a gente ter sucesso nas operações”, destacou o Comandante.

Certificação
O Data Center Marechal Rondon é certificado internacionalmente com o selo TIER III, emitido pelo Uptime Institute, referência global em padrões de qualidade de data centers. Essa certificação garante que o centro possui alto grau de resiliência, disponibilidade mínima de 99,982% e capacidade de manutenção sem interrupção dos serviços (manutenção simultânea), assegurando confiabilidade e excelência no suporte às operações críticas.

Cerimônia
A fita inaugural na porta da sala segura foi cortada pelo General Tomás, pelo General Furlan, pelo Coronel José Eduardo França, que esteve à frente do 3º CTA de janeiro de 2023 a janeiro de 2025, e pelo Tenente-Coronel Jeronymo Mota Alves de Carvalho, atual Chefe do 3º CTA.

A inauguração do Data Center Marechal Rondon contou com a presença do Comandante Militar do Sudeste, General de Exército Pedro Celso Coelho Montenegro, do General de Exército Francisco Carlos Modesto, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, entre outras autoridades militares.

*Com informações do Exército Brasileiro.

29 maio, 2025

Momento histórico: primeiro voo em formação tática com quatro aeronaves Embraer KC-390 Millennium


*LRCA Defense Consulting - 29/05/2025

Em um marco inédito para a Aviação de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB), quatro aeronaves KC-390 Millennium realizaram, pela primeira vez, no dia 27/05, um voo conjunto em formação tática durante o Exercício Operacional EXOP AIRLIFT COMAO 2025. A decolagem aconteceu a partir da Base Aérea de Anápolis (BAAN), e simboliza um avanço significativo na capacidade de projeção aeroterrestre da FAB.

O exercício teve como objetivo o adestramento avançado das tripulações, a integração com tropas aeroterrestres e o aprimoramento das táticas de infiltração aérea em ambiente simulado de combate.

Major Daniel Elias Souza
Major Joyce de Souza Conceição


“Para o Esquadrão, o voo em formação é uma oportunidade única de promover a integração operacional e o aprimoramento doutrinário, no qual temos a oportunidade de exercitar as técnicas, as táticas e os procedimentos da Aviação, em cenários de alta complexidade, o que exige bastante coordenação, fortalecendo nossa capacidade de planejamento e decisão”, disse a Comandante do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/ 1° GT) - Esquadrão do Gordo, Major Joyce de Souza Conceição.

As decolagens em seqüência, o voo em formação tática e os lançamentos coordenados demonstraram a capacidade do KC-390 Millennium de operar de forma integrada em missões complexas de assalto aeroterrestre, cumprindo um dos principais papéis da aviação de transporte.

"A aeronave KC-390 tem passado por diversos estágios desde sua implantação em elevação operacional e a cada passo, a cada exercício que a gente executa, atingimos um nível maior de operacionalidade. Esse voo de quatro aviões em sessão foi mais uma amostra disso. Podemos empregar a aeronave em um cenário de airdrop com assalto aeroterrestre, fazendo um lançamento em massa de paraquedistas com toda a precisão e operacionalidade, ingressando em um cenário tático com simulações de defesa. Então, foi um marco muito importante, uma quantidade significativa de aeronaves para um lançamento significativo de paraquedistas, demonstrando ainda mais a capacidade dos Esquadrão Zeus e Gordo", completou o Comandante do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) - Esquadrão Zeus, Major Daniel Elias Souza.

KC-390 Millennium
O KC-390 Millennium é uma aeronave multimissão desenvolvida em parceria entre a FAB e a Embraer. Com alta capacidade de carga, autonomia e versatilidade, o vetor já demonstrou sua eficiência em diversas missões reais e exercícios conjuntos, tanto no Brasil quanto no exterior. 

*Com informações da Agência Força Aérea 

Embraer avança na busca de parcerias firmes no Marrocos e na Tunísia

 


*LRCA Defense Consulting - 29/05/2025

A Embraer está expandindo sua presença na África por meio de parcerias estratégicas, vendas de aeronaves e investimentos em infraestrutura e MRO, abrangendo os setores comercial, executivo e de defesa, aproveitando o potencial de crescimento do mercado africano.

A África representa 2% do mercado global de aviação comercial, mas concentra 20% dos acidentes, muitas vezes devido à má manutenção. A empresa projeta um crescimento anual de 4,8% no mercado de transporte aéreo africano até 2037, com potencial para 400 milhões de passageiros.

As diversas iniciativas em curso no continente demonstram o compromisso da empresa em fortalecer sua presença na África, adaptando-se às necessidades específicas locais e promovendo parcerias para impulsionar o crescimento sustentável no setor aeroespacial.

A Embraer vê a África como um mercado promissor para seus jatos comerciais, especialmente os E-Jets (E175, E190, E195) e a nova geração E2, que são adequados para rotas regionais com menor densidade de passageiros. Assim, a gigante aeroespacial brasileira foca na potencial demanda por aeronaves menores e mais eficientes, adequadas às rotas intra-regionais africanas, onde grandes aviões têm baixa ocupação e frequência. A empresa já opera mais de 150 aviões no continente, um aumento significativo em relação às 40 aeronaves de dez anos atrás.

No setor de Defesa, a Embraer tem intensificado os esforços para a venda das aeronaves militares C-390 Millennium e A-29 Super Tucano para países do continente africano, onde já possui diversos clientes desta última.

Nas duas matérias abaixo, com origem em portais do Marrocos e da Tunísia, são mostrados os mais recentes esforços comerciais da Embraer nesses países e a receptividade que estão tendo.

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A gigante aeronáutica brasileira Embraer desembarca no Marrocos em busca de novos negócios

*Rue20 Espanhol/Casablanca- 29/05/2025

O CEO da Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, visitou o Marrocos esta semana com uma delegação de altos executivos para explorar oportunidades de expansão no mercado aeronáutico do país.

A visita incluiu um encontro importante com o Ministro dos Transportes e Logística do Marrocos, onde foi discutido o fortalecimento da cooperação técnica e comercial entre a empresa brasileira e a Royal Air Maroc (RAM).

A RAM, que já opera quatro aeronaves Embraer, está considerando adquirir aeronaves adicionais como parte de seu plano de renovação de frota.

Essa potencial expansão está alinhada à estratégia da companhia aérea de permanecer na vanguarda do setor e fortalecer sua competitividade.

Durante a reunião, o Ministro dos Transportes e Logística destacou o crescimento do setor de transporte aéreo no Marrocos, impulsionado pela visão estratégica de Sua Majestade o Rei Mohammed VI de transformar o país em um centro regional e internacional de transporte, logística e indústrias relacionadas.

A delegação da Embraer também foi presenteada com projetos de desenvolvimento de infraestrutura e fortalecimento de competências nacionais no setor.

O CEO da Embraer, por sua vez, apresentou os últimos avanços tecnológicos da empresa na fabricação de aeronaves, destacando sua especialização em aeronaves de pequeno e médio porte. Ele elogiou a colaboração existente com o Marrocos e as reformas estruturais implementadas para melhorar a competitividade e a sustentabilidade do setor da aviação.

A Embraer, que representa aproximadamente 37% da frota aérea regional nas Américas, busca consolidar sua posição como líder na indústria aeronáutica global por meio dessa potencial expansão no mercado marroquino.

A visita ressalta o interesse da empresa em contribuir para o desenvolvimento do setor aéreo no Reino e fortalecer sua parceria com a Royal Air Maroc.

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Tunísia–Brasil: rumo a uma parceria industrial em aeronáutica com a Embraer

*La Presse - 29/05/2025

O ministro dos Transportes (da Tunísia), Rachid Amri, recebeu uma delegação da empresa brasileira fabricante de aeronaves Embraer na noite de quarta-feira, na presença do embaixador do Brasil na Tunísia, Fernando José Marroni de Abreu. Este encontro faz parte de uma missão comercial multissetorial à Tunísia, iniciada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Exportações e Investimentos.

Na ocasião, o Ministro elogiou a qualidade das relações históricas que unem os dois países, apelando ao fortalecimento da cooperação bilateral no setor dos transportes, em particular na aviação civil. Ele destacou a necessidade de aproveitar as respectivas habilidades e conhecimentos da Tunísia e do Brasil para desenvolver parcerias concretas e mutuamente benéficas.

De acordo com um comunicado do Ministério dos Transportes, Rachid Amri destacou a importância estratégica que seu departamento atribui ao fortalecimento da frota nacional e ao desenvolvimento do setor de aviação civil, considerado uma alavanca para o crescimento e a modernização.

Por sua vez, o embaixador brasileiro expressou o interesse de seu país em desenvolver novas oportunidades de cooperação com a Tunísia, particularmente no setor aeronáutico, afirmando o desejo de Brasília de promover investimentos e lançar as bases para uma parceria global nessa área.

A delegação da Embraer apresentou a experiência e o know-how da empresa na indústria aeronáutica, reafirmando seu interesse em uma parceria fortalecida com a Tunísia. As discussões se concentraram no apoio à frota nacional, no investimento na fabricação de aeronaves, no fornecimento de peças de reposição, bem como no treinamento e na transferência de habilidades.

O encontro também permitiu identificar oportunidades concretas de parceria para a fabricação de componentes aeronáuticos na Tunísia, com vistas à criação de valor agregado e à promoção do emprego. Concluiu-se com um acordo que visa aprofundar o intercâmbio técnico entre especialistas dos dois países, com vista à definição de áreas de cooperação, mecanismos de implementação e desenvolvimento de um plano de ação em coordenação com as estruturas nacionais competentes.

Como o Brasil conquistará seu lugar no seleto grupo de nações que lançam satélites a partir de seu próprio território


*LRCA Defense Consulting - 29/05/2025

Todo foguete é projetado com uma missão específica: colocar uma carga útil — geralmente um satélite — em uma determinada órbita. No caso do MLBR - Microlançador Brasileiro, a missão é clara e estratégica: viabilizar, a partir do território brasileiro, o lançamento de satélites de pequeno porte para órbitas baixas da Terra. Isso representa um avanço importante para o País, pois combina desenvolvimento tecnológico nacional com a possibilidade de atuação mais autônoma no setor espacial.

O MLBR é um microlançador — um tipo de foguete menor, voltado justamente para cargas mais leves. Esse segmento tem crescido rapidamente, impulsionado pela miniaturização de componentes eletrônicos, que permite construir satélites cada vez menores, mais baratos e com múltiplas aplicações comerciais, científicas e educacionais.

Apesar de o Brasil já possuir satélites próprios e dois centros de lançamento, ainda não temos foguetes capazes de realizar lançamentos orbitais. O MLBR representa mais uma importante etapa na busca de mudança desse paradigma, ao colocar um satélite em órbita utilizando um veículo desenvolvido e lançado a partir do território nacional.

Veja abaixo, o perfil da missão do MLBR - Microlançador Brasileiro:

Como será o voo?

1. Decolagem em Alcântara: o lançamento acontece no Centro de Lançamentos de Alcântara (MA). O foguete fica posicionado em uma rampa ajustável, capaz de apontar tanto em azimute (horizontal) quanto em elevação (vertical), garantindo precisão no rumo inicial.

2. Primeiro estágio: após ignição, o motor do primeiro estágio leva o veículo a aproximadamente 40 km de altitude. Nesse ponto, ocorre a separação do primeiro estágio e a ignição do segundo.

3. Segundo estágio: o segundo motor impulsiona o foguete até cerca de 150 km de altura. A coifa — a “ponta” protetora do satélite — é descartada pouco antes, já que, nessa altura, a atmosfera é praticamente inexistente.

4. Coasting (deslizamento) controlado: sem motores ativos, o veículo (agora composto pelo terceiro estágio e o satélite) segue ganhando altitude por inércia, seguindo uma trajetória rigidamente controlada.

5. Injeção orbital: a cerca de 450 km sobre o oceano Atlântico, o motor do terceiro estágio entra em ação por cerca de 45 segundos — não para subir mais, mas para aumentar a velocidade do satélite. Esse impulso final é crucial: sem ele, a carga útil não “gira” em torno da Terra e acaba caindo de volta.

Ao atingir a velocidade e altitude corretas, o satélite enfim entra em órbita e o Brasil conquista seu lugar no seleto grupo de nações que lançam satélites a partir de seu próprio território. 

Na parte inferior da figura que ilustra esta matéria estão os logos das empresas e entidades envolvidas no desenvolvimento do MLBR. 

*Com informações do perfil oficial do MLBR- Microlançador Brasileiro no LinkedIn.

28 maio, 2025

Defesa antidrone a laser fez estreia mundial e foi comprovada em combate, segundo a israelense Rafael

 


*LRCA Defense Consulting - 28/05/2025

A empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems divulgou em uma mídia social hoje (28) que, pela primeira vez na história, sistemas de laser de alta potência foram usados para interceptar ameaças aéreas em combate.

Esse avanço sem precedentes ocorreu durante a Operação Swords of Iron, desencadeada após o ataque do Hamas ao país em 07 de outubro de 2024, sendo empregada a tecnologia avançada da Rafael no centro da operação.

O uso experimental e operacional limitado aconteceu especialmente nas regiões fronteiriças, embora haja indicações que esses sistemas também foram utilizados para proteger infraestrutura crítica e tropas no campo, funcionando como uma camada adicional de defesa.

O foco principal foi a interceptação de drones comerciais e militares lançados tanto pelo Hamas quanto pelo Hezbollah, que usam veículos aéreos não tripulados para reconhecimento, bombardeio e ataques suicidas (drones kamikaze).

Desenvolvidos em estreita parceria com o Ministério da Defesa de Israel e a Força Aérea Israelense (IAF), os interceptores a laser da Rafael foram implantados com sucesso pelo Aerial Defense Array da IAF, neutralizando as ameaças inimigas com velocidade, precisão e custo zero por tiro.

"Israel é o primeiro país do mundo a transformar a tecnologia de laser de alta potência em um sistema totalmente operacional e a executar interceptações de combate reais", afirmou o Dr. Yuval Steinitz, Presidente da Rafael.

"A Rafael está liderando a revolução das armas energéticas. A engenhosidade de nossas equipes e o profundo investimento em P&D levaram a essa conquista monumental", complementou Yoav Tourgeman, CEO da empresa.

Esses sistemas marcam o início de uma nova era na guerra - que em breve se expandirá com a entrega do Iron Beam, a arma a laser de última geração da Rafael projetada para remodelar o futuro da defesa aérea. 


 Cortesia do vídeo: Israel Defense Forces & Israeli Ministry of Defense
 
Iron Beam 
O sistema de defesa antiaérea Iron Beam utiliza lasers de alta energia para interceptar ameaças aéreas como drones, foguetes e morteiros. Cada disparo custa apenas alguns dólares, tornando-o uma alternativa econômica aos sistemas tradicionais baseados em mísseis, como o Iron Dome, que pode custar dezenas de milhares de dólares por interceptação .

Embora ainda não esteja totalmente operacional, versões móveis e menos potentes do Iron Beam já foram utilizadas com sucesso para derrubar drones em situações de combate, principalmente em ameaças vindas do Líbano. O sistema está sendo integrado à rede de defesa aérea de Israel, complementando camadas existentes como o Iron Dome, David’s Sling e Arrow .

A expectativa é que o Iron Beam represente um avanço significativo na defesa aérea, oferecendo uma solução eficaz e de baixo custo contra ameaças aéreas de curto alcance.

O Ministério da Defesa israelense teria confirmado que o sistema será implantado antes do fim deste ano. 

Akaer marca presença na primeira apresentação da aeronave de testes D328eco



*LRCA Defense Consulting - 28/05/2025

A Akaer, empresa brasileira referência em tecnologia e inovação no setor aeroespacial, marcou presença na primeira apresentação da aeronave de testes D328eco. O rollout, como é conhecido o evento em inglês, ocorreu nesta quarta-feira (28), no Aeródromo de Oberpfaffenhoven, Alemanha.

O rollout representa um avanço para o programa da aeronave turboélice sustentável de 40 lugares, na qual a Akaer desempenha um papel fundamental como responsável pela fabricação em série da fuselagem dianteira — incluindo industrialização, ferramental, protótipos e estudos associados.

A apresentação do primeiro avião de testes, com a incorporação de novas tecnologias — entre elas, motores e aviônicos atualizados — teve como objetivo validar as características de voo antes do primeiro voo oficial.

Este marco antecede o início da produção da fuselagem dianteira na fábrica da Akaer, em São José dos Campos (SP).

“O rollout do D328eco é um avanço para um projeto significativo na aviação regional, com foco em sustentabilidade e eficiência. Para a Akaer, participar deste momento e ser responsável por um componente crítico, como a fuselagem dianteira, reforça nossa posição como a primeira empresa brasileira do setor aeroespacial reconhecida como Fornecedora Global de Nível 1 (Tier 1). Estamos prontos e ansiosos para iniciar a produção e contribuir para o sucesso desta aeronave inovadora”, afirma Cesar Silva, CEO da Akaer, presente no evento ao lado do Senior Advisor, Marco Tulio Pellegrini. 

Azorra adquire 49 aeronaves Embraer E-Jet da Dubai Aerospace Enterprise (DAE)


*LRCA Defense Consulting - 28/05/2025

A Azorra anunciou hoje (28) a assinatura de contratos definitivos de compra para adquirir portfólios compostos por 49 aeronaves E-Jet da Embraer e dois motores CF-34 da General Electric da Dubai Aerospace Enterprise (DAE) Ltd (DAE). As aeronaves são arrendadas para doze clientes diferentes em todo o mundo.

Esta aquisição estratégica destaca a execução contínua da estratégia de crescimento diversificado da Azorra por meio de fusões, aquisições e compras oportunistas de portfólio. Ela ocorre após a aquisição bem-sucedida da Voyager Aviation Holdings em 2023 e as aquisições anteriores de 48 aeronaves que eram de propriedade da Nordic Aviation Capital (NAC), em duas transações distintas.

“Estamos entusiasmados em adicionar esses ativos de alta qualidade e da geração atual à crescente frota da Azorra e fortalecer ainda mais nossa base global de clientes”, disse John Evans, CEO da Azorra. “Essas aeronaves confiáveis ​​e comprovadas complementam nosso compromisso com jatos crossover de nova tecnologia, refletindo nossa confiança na crescente demanda neste segmento. Também temos o prazer de iniciar uma nova parceria com a DAE, respeitada líder global em leasing de aeronaves comerciais.”

A aquisição reforça a posição da Azorra como líder de mercado nos segmentos de aeronaves crossover e regionais. Ela expandirá significativamente o portfólio da empresa de aeronaves e motores próprios, administrados e comprometidos, ao mesmo tempo em que reforça a capacidade da Azorra de escalar e executar investimentos complexos e de alto impacto que geram valor de longo prazo para clientes e stakeholders.

A transação está sujeita às condições habituais de fechamento e às aprovações regulatórias. Os fechamentos começarão imediatamente e a previsão é de que sejam concluídos até o final de 2025. 

27 maio, 2025

Em mais um movimento de aproximação com a Polônia, Embraer se junta à Associação de Nova Mobilidade

 


*LRCA Defense Consulting - 27/05/2025

A Embraer, fabricante líder de aeronaves e inovadora global em aviação sustentável, juntou-se à PSNM (Associação de Nova Mobilidade da Polônia, na sigla em inglês). Em parceria com a PSNM, a companhia trabalhará para a descarbonização do transporte aéreo, com ênfase no segmento regional, que constitui uma área estratégica para o desenvolvimento da mobilidade de baixo carbono do futuro. 

A cooperação da Embraer com a PSNM está alinhada com as metas climáticas globais e europeias, que visam alcançar a neutralidade de carbono no setor até 2050. Isso inclui o desenvolvimento de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), novas arquiteturas de propulsão, incluindo investimentos em tecnologias de voo elétricas e híbridas, a melhoria da eficiência operacional de todo o setor, entre outros. 

“Estamos satisfeitos em receber a Embraer entre os membros da PSNM. A companhia é uma parceira séria, com potencial real para acelerar a transformação do setor de aviação com sua experiência e tecnologias avançadas. A aviação regional pode se tornar pioneira na redução de emissões, por conta da operação em distâncias mais curtas, flexibilidade e abertura à inovação”, diz Aleksander Rajch, membro do Conselho de Administração da PSNM. 

“O setor de aviação atualmente responde por cerca de 2,5% das emissões globais de CO₂, e o número de passageiros deve dobrar até 2045, o que torna os esforços de descarbonização ainda mais urgentes. Em parceria com a Embraer, queremos apoiar a implementação do SAF, desenvolver infraestrutura para sistemas de propulsão alternativos e utilizar os 450 aeroportos regionais na Europa com mais eficiência. Esta é uma ótima oportunidade para que a Polônia se torne uma líder regional em aviação sustentável”, acrescenta Rajch. 

A Embraer é uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo e líder na categoria de jatos regionais. A empresa está comprometida com o desenvolvimento de tecnologias de aviação sustentável por meio de inúmeros projetos de P&D, incluindo os da subsidiária Eve Air Mobility, focada em aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL). 

“Com base na presença de mais de 25 anos da Embraer na Polônia, estamos fortalecendo nossa contribuição e nossos compromissos para o desenvolvimento sustentável da aviação por meio desta parceria com a PSNM. Como uma líder na fabricação de aeronaves, estamos trabalhando no desenvolvimento de tecnologias modernas destinadas a reduzir a pegada de carbono da indústria da aviação. Por meio da parceria com a PSNM – especialista em sustentabilidade, com capacidades sólidas em pesquisa e desenvolvimento – vamos nos concentrar para oferecer conhecimento especializado e implementar esforços eficazes de descarbonização tanto para a Polônia quanto para a Europa”, afirma Marie-Louise Phillippe, Vice-Presidente Sênior de Vendas e Marketing para a Europa e Ásia Central da Embraer. 

Segundo estudos da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), o setor de aviação pode reduzir as emissões de CO₂ até 2050 combinando SAF, novas tecnologias de propulsão, melhorias na eficiência operacional e mecanismos de compensação. O SAF tem potencial de responder por até 65% das reduções, as novas tecnologias de propulsão por 13%, enquanto as melhorias em eficiência e os mecanismos de compensação poderiam contribuir com cerca de 22%. Outra variável importante será a integração da aviação com o novo ecossistema de mobilidade – incluindo transporte rodoviário com emissão zero e soluções digitais de planejamento de viagens. 

A associação da Embraer à PSNM abre novas oportunidades de cooperação com instituições polonesas, empresas de tecnologia e operadoras de aeroportos regionais. O objetivo é desenvolver soluções em conjunto, que apoiem o crescimento de rotas aéreas sustentáveis na Polônia e na Europa Central e Oriental.

26 maio, 2025

XMobots reforça sua Divisão de Defesa e divulga duas novidades na DroneShow 2025

A empresa, que conta com participação da Embraer, pretende realizar sua expansão internacional em 2025

Drone XMobots Nauru 100D


*LRCA Defense Consulting - 26/05/2025

O portal MundoGEO, em publicação de 26 de maio, ao noticiar o fato de a Xmobots apresentar nova fase na DroneShow 2025, com estande maior, divisões inéditas e novos drones, trouxe uma importante novidade relacionada à Divisão de Defesa da empresa.

Citando que, entre os destaques da feira, está o Nauru 100D, novo UAS (Unmanned Aircraft System) desenvolvido para o mercado militar e de segurança, a publicação afirma que, a partir dessa plataforma, a empresa também vem conduzindo o desenvolvimento de duas propostas conceituais para aplicações militares avançadas: UCAV (Unmanned Combat Aerial Vehicle) e Swarm (enxame).

Afirma também que ambas estão em fase de estudo e representam um salto em capacidades operacionais para missões táticas e estratégicas.

A nova aeronave Nauru 100D reforça a divisão dedicada ao setor de Defesa, ao lado dos modelos Nauru 1000C e Nauru 500C, já empregados pelas Força Armadas brasileiras.

Nauru 100D
O Nauru 100D redefine o escopo operacional de missões militares. Com inteligência de alto nível, precisão inigualável e sistema indetectável, este drone é uma plataforma essencial para vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos, e para interceptação de ameaças.

Projetado para operar em missões de ataque swarming (ataque de enxame é uma tática onde vários atacantes dominam um alvo de vários lados), transporta payloads para vigilância e cargas explosivas. Com um case de transporte, tecnologia proprietária e desenvolvimento 100% verticalizado, ele garante agilidade e eficiência em qualquer cenário.

Equipado com sensores RGB e Infravermelho Termal, o Nauru 100D oferece imagens em alta definição, e em tempo real, para embasar decisões táticas, com máxima assertividade – seja dia ou noite.

Com dois tablets robustos conectados, forma-se uma Estação de Comando e Controle integrada, sem a necessidade de infraestrutura adicional.

No desenvolvimento e fabricação do Nauru 100D, robôs programados por engenheiros especializados trabalham com precisão ao garantir uniformidade na produção da aeronave.

Com capacidade produtiva de 360 unidades por mês – mais de quatro mil unidades por ano -, a Xmobots entrega ao mercado uma plataforma de confiança assegurada.

Expansão internacional
O CEO da Xmobots, Giovani Amianti, falou sobre a expansão da produção de drones para o setor de defesa e os lançamentos da empresa brasileira durante a LAAD Defense & Security 2025, a maior feira de defesa e segurança da América Latina: "Decidimos dar um passo a mais, que é lançar a marca Xmobots Defense e criar toda uma estrutura dedicada para o mercado de defesa", afirmou Amianti, ressaltando que os drones da empresa, como o Nauru 100D, seguem as tendências observadas nos conflitos recentes, com foco em reconhecimento e ataques eficazes de baixo custo.

O ano de 2025 será o momento para a expansão internacional da XMobots, conforme afirmou Thatiana Miloso, diretora de vendas da companhia, durante o Emerging Giants Day, ocorrido em outubro de 2024 em São Paulo. Segundo ela, uma nova linha de produtos vai permitir esse passo e também uma maior participação da empresa nas áreas de Segurança e Defesa no Brasil.

Embraer e XMobots
No dia 20 de setembro de 2022, a Embraer anunciou a assinatura de acordo de investimento para participação minoritária na XMobots, empresa localizada em São Carlos (SP), classificada como a maior companhia de drones da América Latina e fabricante do Nauru 1000C, o RPAS CAT 2 (Remotely Piloted Aircraft System) selecionado pelo Exército Brasileiro para missões ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento), pesando 150kg.

Drone Nauru 1000C: selecionado pelo Exército Brasileiro para missões de Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento

O negócio teve os objetivos de acelerar o futuro do mercado de drones autônomos de médio e grande porte, explorar conjuntamente novos nichos de mercado e ampliar a rede de colaboração em pesquisa de novas tecnologias que tenham sinergias com as áreas de desenvolvimento tecnológico, unidades de negócio e inovação da Embraer, bem como da Embraer-X. Além disso, a Embraer poderá abrir as portas do mercado internacional para a XMobots por meio de sua imensa e capilarizada rede mundial de clientes, escritórios, manutenção e parceiros.

No final de janeiro de 2024, a imprensa noticiou um novo aporte da Embraer na XMobots. Embora não tenha sido divulgado o valor ou o percentual da participação adquirida, é lícito acreditar que tenha sido substancial, haja vista que dificilmente esta última teria condições para bancar sozinha um investimento da amplitude que está fazendo, praticamente dobrando o quadro de funcionários.

Considerando as parcerias estratégicas que a 3ª maior fabricante mundial de aeronaves tem com Saab, BAE Systems, Thales, L3 Harris e com outras gigantes mundiais do Setor de Defesa, além de sua inequívoca expertise em aeronaves de todo o tipo e, no segmento de eVTOL, em conjunto com sua spin-off  Eve Air Mobility, também é bastante provável admitir que a gigante brasileira do setor aéreo possa estar com intenção de ingressar com força no cobiçado, enorme e bilionário mercado internacional de drones militares e civis.

Sobre a XMobots
Presente no mercado desde 2007, a XMobots é a principal empresa de drones da América Latina, classificada como a 6ª maior empresa de drones do mundo.

A XMobots é especializada no desenvolvimento e fabricação de drones VTOL de alto desempenho e de tecnologias correlatas, como sensores multiespectrais, sensores optrônicos giroestabilizados, softwares de análise de dados baseados em Inteligência Artificial, plataforma provedora de serviços com drones, entre outras.

Com mais de 500 funcionários atualmente, entre os quais mais de 60 engenheiros na pesquisa e desenvolvimento (este número deve ser hoje superior), a empresa fechou uma grande parceria de investimento com a Embraer e está desenvolvendo um inédito plano de ampliação em seu quadro de pessoal, esperando chegar a 1.000 colaboradores, tendo um impacto relevante na economia local, principalmente por se tratar de empregos de alto valor agregado.

A empresa possui uma atuação consolidada na venda de drones e serviços para mercados como Agricultura, Geotecnologias, Defesa e Segurança, além de desenvolver novos projetos para o setor Logístico e de Mobilidade Urbana. As atividades da XMobots abrangem 100% do território nacional e países da América Latina e África.  

 

25 maio, 2025

Tecnologias de duplo uso são fundamentais para "gerar utilidade no investimento" em defesa

As considerações europeias sobre tecnologias de duplo uso se aplicam às necessidades de rentabilização da Indústria Brasileira de Defesa

Imagem representativa inserida pela LRCA

*Diário de Notícias, por Rute Simão - 22/04/2025

A indústria europeia da defesa enfrenta desafios multifacetados que exigem uma abordagem estratégica que vá além das tradicionais capacidades militares, mas há também oportunidades à vista. A fronteira entre as tecnologias civis e militares é cada vez mais tênue, representando um rol de oportunidades no atual contexto geopolítico dos vários países europeus.

O investimento na defesa é um dos temas na ordem do dia e torna-se imperativo que o pesado envelope de milhões alocado a este setor seja rentabilizado. "Estamos concentrados em gerar utilidade no investimento, porque sabemos que o período de guerra tem uma atividade destrutiva, mas também criativa que permite um desenvolvimento tecnológico mais à frente", defendeu esta terça-feira, 22, Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins.

O membro da assembleia representativa da Ordem dos Economistas, que foi um dos convidados da Grande Conferência do Diário de Notícias sobre Defesa Nacional, considera as tecnologias de duplo uso - aquelas que podem ser utilizadas tanto para fins civis como militares - são fundamentais para "gerar utilidade no investimento" em defesa. São exemplos  as aéreas da robótica, dos drones, da aeronáutica e da construção naval e espacial.

Para o especialista "a produção nacional e europeia nesta matéria deve estar inserida numa cadeia de valor". "Devemos valorizar a intervenção de todos os que queiram estar envolvidos. Em segundo lugar, temos de ter presente a necessidade da política de contrapartidas que significa que os atores públicos e privados têm de ver incentivos à frente, como os incentivos à exportação", apontou.

Imagem representativa inserida pela LRCA

Já o CEO da Thales Portugal, disse ser urgente desmistificar a ideia de que a "Europa ficou para trás em termos de capacidade tecnológica e que existe e uma diferença na valorização da capacidade tecnológica das empresas americanas e europeias".

"As empresas europeias são líderes mundiais em diversas áreas: encriptação quântica e toda a parte de proteção de pagamentos bancários, por exemplo. A componente microeletrônica, da qual estamos dependentes de Taiwan, é feita na Holanda", referiu Sérgio Barbedo durante a sua intervenção no painel sob o mote "Indústria Europeia de Defesa, infraestruturas e tecnologias de duplo uso: competitividade, sustentabilidade e cooperação".

O orador defendeu ainda ser necessário desenvolver mecanismos de financiamento eficazes e que envolvam os cidadãos.

Já Major-General João Vieira Borges, Coordenador do Observatório de Segurança e Defesa da Associação para o Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES), corrobora com os seus pares sublinhando que "é a desenvolver capacidades nestas áreas" que se garante que o "investimento na defesa é, de facto um investimento e não um gasto".

"A indústria da defesa está a fazer um bom caminho com as empresas, o Estado e a Academia ligados nesta trilogia. Agora, é olhar para a Europa. Estamos no bom caminho, continuemos a acompanhar", disse.

24 maio, 2025

Acesso aos códigos-fonte e ToT: o acerto estratégico do Brasil ao escolher o Gripen

 


*LRCA Defense Consulting - 21/05/2025

Recentemente, conforme a mídia indiana tem publicado com destaque, a francesa Dassault Aviation rejeitou firmemente o pedido da Índia de acesso aos códigos-fonte dos 62 caças Rafale que adquiriu, como será mostrado na reportagem reproduzida no final desta matéria. A Índia busca esses códigos - que controlam sistemas críticos como o radar AESA (Thales RBE2) e o computador de missão modular (MMC) - para integrar armas e sistemas aviônicos desenvolvidos localmente, como o míssil Astra e o Rudram, e alcançar maior autonomia operacional sob a iniciativa "Atmanirbhar Bharat" (Índia Autossuficiente).

Com base nesse fato e em diversas outras considerações, esta Consultoria acredita que a decisão brasileira de escolher o caça sueco Saab JAS 39 Gripen E/F no âmbito do programa F-X2 (iniciado em 2008 e concluído com a assinatura do contrato em 2014) foi um grande acerto estratégico, especialmente quando analisada sob a perspectiva do acesso aos códigos-fonte e da transferência de tecnologia (ToT), haja vista que reflete uma combinação de fatores técnicos, econômicos, políticos e estratégicos que posicionam o Brasil de maneira vantajosa no cenário aeroespacial e de defesa.

A seguir, são abordados os principais pontos que sustentam essa afirmação, com base nas informações disponíveis e em uma análise crítica.

Acesso aos códigos-fonte: autonomia e flexibilidade tecnológica e operacional

Um dos pilares centrais da escolha do Gripen foi o compromisso da Saab em oferecer acesso irrestrito aos códigos-fonte do caça, algo que os concorrentes (Boeing F/A-18 Super Hornet e Dassault Rafale) não conseguiram igualar de forma tão abrangente. O acesso aos códigos-fonte permite à Força Aérea Brasileira (FAB) e à indústria nacional, como a Embraer, realizar atualizações, integrações de novos sistemas e armamentos, além de manutenções de forma autônoma.

Isso é crucial para:

- Independência operacional: o Brasil pode integrar armamentos e sensores de origem diversa, bem como modificar o software dos sistemas de missão, radares e armamentos sem necessidade de autorização estrangeira, adaptando o Gripen às suas necessidades específicas, como o sistema de comunicação Link BR2, desenvolvido localmente. Essa flexibilidade reduz a dependência de fornecedores estrangeiros, um fator estratégico em um cenário geopolítico onde sanções ou restrições de exportação podem limitar o acesso a tecnologias sensíveis.

- Maior segurança cibernética e operacional: o Gripen permite ao operador instalar sistemas de criptografia nacionais, o que impede a interceptação ou espionagem por países terceiros. Outros caças frequentemente impõem a adoção de sistemas proprietários e controlados externamente.

O Gripen também não depende de  redes externas que centralizam dados de manutenção e operação (como o sistema ALIS/ODIN dos EUA), evitando riscos de bloqueio remoto ou coleta de dados sensíveis por terceiros.

- Sustentabilidade a longo prazo: com uma arquitetura de software aberta, o Gripen pode ser atualizado ao longo de sua vida útil (estimada em 40 anos), incorporando tecnologias emergentes, como capacidades furtivas ou integração com drones, sem a necessidade de aprovações externas.

- Segurança nacional: o controle sobre os códigos-fonte minimiza riscos de vulnerabilidades ou interferências externas, especialmente em um contexto de tensões geopolíticas, como as mencionadas em postagens recentes que alertam para possíveis pressões dos EUA devido à aproximação do Brasil com países como Rússia e China.

Esse nível de controle é raro em contratos internacionais de defesa e representa um salto qualitativo para a Força Aérea Brasileira (FAB) em termos de soberania militar.

Transferência de Tecnologia: um salto para a indústria nacional

O programa de ToT associado ao Gripen é descrito como o maior da história da Suécia e o mais extenso em curso no Brasil. Ele envolve mais de 600 mil horas de treinamento e 62 projetos, abrangendo áreas como sistemas de comunicação, integração de armamentos, ensaios em voo, aviônicos, aerodinâmica e produção de componentes estruturais.

Os principais benefícios incluem:

- Capacitação da indústria brasileira: cerca de 350 profissionais brasileiros, incluindo engenheiros e técnicos, foram treinados na Suécia, participando de atividades práticas (on-the-job training) em Linköping. Esses profissionais retornam ao Brasil para multiplicar o conhecimento, fortalecendo empresas como Embraer, AEL Sistemas, Akaer, Kryptus e Atech, além do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA/FAB), resultando na participação direta da indústria nacional no desenvolvimento, montagem e produção de partes significativas das aeronaves, assim como no estabelecimento de um centro de desenvolvimento em Gavião Peixoto (SP), permitindo a capacitação de engenheiros e técnicos brasileiros.

- Integração na cadeia global de suprimentos: empresas brasileiras, como a AEL Sistemas, tornaram-se fornecedoras globais da Saab, produzindo displays avançados (WAD, HUD e HMD) para todos os Gripen E/F, o que posiciona o Brasil como um potencial centro de exportação de componentes de alta tecnologia.

- Desenvolvimento local: a linha de produção do Gripen E em Gavião Peixoto (SP), inaugurada em 2023, é a única fora da Suécia. Das 36 aeronaves contratadas, 15 estão sendo produzidas no Brasil, com a primeira já em fase de montagem final. Isso consolida o Brasil como um polo de desenvolvimento, produção e testes, com o Centro de Ensaios em Voo (GFTC) e o Centro de Projetos (GDDN).

- Inovações exclusivas: o desenvolvimento do Gripen F (biposto), liderado por engenheiros brasileiros, é um exemplo de como a ToT vai além da simples absorção de conhecimento, permitindo ao Brasil contribuir ativamente com inovações, como a integração de uma segunda estação de pilotagem e o sistema Link BR2.

Custo-benefício e sustentabilidade econômica
O Gripen foi a opção mais econômica entre os concorrentes do F-X2, tanto em termos de aquisição quanto de custos operacionais. O contrato de 2014, avaliado em cerca de R$ 21 bilhões (atualizado), inclui 36 aeronaves, treinamento, suporte logístico e ToT. Comparado ao Rafale e ao F/A-18, o Gripen oferece:

- Menor custo operacional: por ser um caça leve, com um único motor (General Electric F414-GE-39E), consome até 30% menos combustível e exige manutenção mais barata.

- Flexibilidade operacional: o Gripen pode operar em pistas curtas (600 metros) e até em estradas, o que o torna ideal para as necessidades da FAB.

- Escalabilidade: a adição de quatro aeronaves ao contrato original (totalizando 40) e a possibilidade de um segundo lote de 26 caças indicam a viabilidade de expandir a frota sem comprometer o orçamento, embora desafios fiscais possam atrasar entregas até a década de 2030.

- Tecnologias de ponta: Apesar de ser uma aeronave monomotor, ela incorpora tecnologias de ponta como:
- Radar AESA;
- Sistemas avançados de guerra eletrônica;
- Data links seguros e sensor fusion.

Além disso, sua natureza modular facilita futuras atualizações e adaptações a necessidades específicas do Brasil.

Capacitação e geração de empregos
O projeto contribui diretamente para o desenvolvimento do complexo industrial de defesa nacional, com:
- Geração de milhares de empregos qualificados;
- Capacitação técnica e tecnológica da mão de obra brasileira;
- Estímulo à inovação e à pesquisa em áreas estratégicas.

Contexto geopolítico e estratégico

A escolha do Gripen reflete uma decisão geopolítica astuta. A Suécia, como então nação neutra, oferecia menor risco de imposição de restrições políticas ou embargos, ao contrário dos EUA, cuja relação com o Brasil foi abalada pelo escândalo de espionagem da NSA em 2013. Mesmo com sua adesão plena à OTAN em março de 2024,  o país ainda oferece poucos riscos de adotar políticas restritivas. Além disso:

- Parceria estratégica Brasil-Suécia: a colaboração vai além dos caças, envolvendo negociações para a venda do Embraer KC-390 à Suécia, bem como do Gripen a países latino-americanos, o que fortalece laços bilaterais e abre mercado para a indústria brasileira.

- Posicionamento regional: o Gripen E/F é o caça mais avançado da América Latina, superando em tecnologia os concorrentes regionais. Isso reforça a liderança do Brasil na região, com potencial para exportar caças Gripen para outros países da América Latina, como foi o recente caso de sua escolha pela Colômbia.

- Resiliência a pressões externas: apesar de especulações sobre possíveis interferências dos EUA (como a investigação do Departamento de Justiça em 2024), a ToT e o acesso aos códigos-fonte garantem que o Brasil mantenha controle sobre o programa, reduzindo vulnerabilidades a pressões externas.

Desafios e Críticas
Apesar dos méritos, a decisão enfrenta críticas e desafios:
- Atrasos no cronograma: limitações orçamentárias brasileiras podem adiar a entrega completa das aeronaves para a década de 2030, o que pode impactar a prontidão operacional da FAB.

- Escalabilidade limitada: críticos apontam que a ToT pode ter utilidade reduzida se o Gripen não conquistar mercado na América Latina, limitando o retorno econômico do investimento. No entanto, o primeiro passo já foi dado, com a Colômbia selecionando a aeronave.

- Riscos geopolíticos: a aproximação do Brasil com Rússia e China pode levar a tensões com os EUA, potencialmente afetando componentes americanos do Gripen (como o motor GE F414). No entanto, o acesso aos códigos-fonte e a ToT mitiga esses riscos, garantindo maior autonomia.

Embraer: a grande empresa beneficiada
A Embraer é a grande beneficiada pela escolha do caça Saab Gripen pelo Brasil devido aos seguintes fatores:

- Transferência de tecnologia: o contrato com a Saab incluiu um amplo programa de transferência de tecnologia, permitindo à Embraer adquirir ou incrementar conhecimentos avançados em engenharia, sistemas aeronáuticos (como aviônica, integração de sistemas e testes de voo) e sistemas de combate ligados à fabricação de aeronaves supersônicas, setores nos quais ela não atuava diretamente. Além disso, a Embraer se tornou responsável por partes significativas da produção, montagem e desenvolvimento de versões específicas do Gripen, inclusive para exportação. Isso fortalece sua capacidade tecnológica, amplia seu portfólio militar e abre portas para novos mercados e contratos internacionais.

- Produção local: a Embraer coordena a produção de 15 dos 36 caças Gripen E/F em sua fábrica em Gavião Peixoto (SP), consolidando sua posição como um polo industrial de defesa e gerando empregos qualificados.

- Parceria estratégica: a colaboração com a Saab posiciona a Embraer como parceira estratégica em um projeto global, aumentando sua relevância no mercado internacional de defesa e abrindo oportunidades para exportações, como, por exemplo, para a Colômbia e, possivelmente, para o Peru.

- Fortalecimento do KC-390: a parceria inclui suporte da Saab para promover o cargueiro KC-390 da Embraer no mercado internacional, como na Suécia, ampliando seu alcance comercial.

- Infraestrutura e capacitação: a Embraer ganhou infraestrutura avançada, como o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN) e o Centro de Ensaios em Voo (GFTC), além de treinamento para mais de 350 profissionais, elevando sua expertise.

- Hub conjunto C-390 / Gripen para produção em outros países: a experiência da Embraer em transferência de tecnologia (como no programa Gripen no Brasil) poderá ser replicada em outros países, desde que a escala do mercado justifique investimentos como, por exemplo, na Índia, onde a  Embraer propôs um hub regional para montagem e exportação do C-390, caso o país selecione a aeronave para seu programa de Aeronaves de Transporte Médio (MTA), que prevê a aquisição de 40 a 80 unidades.

A Índia é o mercado mais promissor para esse cenário, devido à demanda por caças (MMRCA 2.0 - 114 caças) e à política de produção local. Caso vença a concorrência com o seu C-390, a Embraer e a Saab podem propor uma linha de montagem conjunta, aproveitando o hub a ser estabelecido para esta aeronave.

No entanto, além da Índia, há outros países para onde, atualmente, a Embraer pretende se expandir e, talvez, estabelecer um hub de montagem ou fabricação do C-390, como Arábia Saudita, Polônia e Marrocos, caso também receba encomendas de porte que justifiquem o investimento, ficando a questão de uma produção conjunta do Gripen como uma possibilidade em aberto.

Caso Portugal desista formalmente do F-35 e venha a optar pelo Gripen, como defendem alguns setores da Força Aérea Portuguesa, as instalações da Embraer/OGMA nesse país estão em condições de, em prazo relativamente curto, serem adaptadas para colaborar na fabricação ou montagem da aeronave.

Um acerto estratégico para o Brasil e para sua base industrial de defesa
Num cenário geopolítico marcado por incertezas e por restrições impostas por países fornecedores de armamentos (como, por exemplo, no atual impasse entre Índia e França em relação ao caça Rafale, descrito na matéria a seguir), a decisão brasileira de escolher o Saab Gripen se mostra prudente, visionária e soberana.

Assim, é forçoso concluir que a escolha do Gripen foi um acerto estratégico para o Brasil, equilibrando custo, desempenho e autonomia. O acesso aos códigos-fonte assegura independência operacional e flexibilidade para integrar sistemas nacionais, enquanto o extenso programa de ToT fortalece a Base Industrial de Defesa, posicionando o Brasil como um player relevante no mercado aeroespacial global. Ela não apenas atende às necessidades operacionais da FAB, mas também promove um desenvolvimento autônomo e sustentável da capacidade aeroespacial e de defesa do Brasil — um passo fundamental para qualquer nação que almeje protagonismo estratégico no século XXI.

Por fim, a parceria com a Saab - e, por extensão, com a Suécia - aliada à produção local e à maior capacitação da Embraer como um player global em defesa, gera ganhos tecnológicos, industriais e comerciais para todo o ecossistema industrial brasileiro envolvido, direta ou indiretamente, no desenvolvimento e na produção do Gripen, que inclui empresas como Atech, Akaer, Kryptus e AEL Sistemas, além de diversas outras, criando um legado duradouro que transcende a aquisição de 36 (ou potencialmente 40) caças. 

Apesar de desafios orçamentários e geopolíticos, a decisão reforça a soberania tecnológica e a capacidade de defesa do Brasil, alinhando-se à Estratégia Nacional de Defesa.

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Divisão Profunda sobre caças Rafale: Índia solicita acesso, França recusa

*Aero Haber - 19/05/2025

A Dassault Aviation rejeitou firmemente o pedido da Índia de acesso aos códigos-fonte dos caças Rafale. A empresa de defesa francesa citou a importância estratégica e a sensibilidade dos códigos à segurança como motivos para mantê-los confidenciais.

Tensões crescentes sobre o acesso ao código-fonte
Em 2016, a Índia assinou um acordo de € 7,8 bilhões com a França para 36 caças Rafale, todos entregues e implantados nas bases aéreas de Ambala e Hasimara. No entanto, os códigos de sistema necessários para integrar os sistemas de armas de fabricação indiana aos jatos Rafale não foram compartilhados pela França.

França: esta é uma informação estratégica
As empresas de defesa francesas Dassault Aviation e Thales enfatizaram que os códigos-fonte são o resultado de décadas de P&D. Elas argumentaram que o compartilhamento dessas informações poderia levar a:
- Disseminação de segredos tecnológicos,
- Comprometimento da integridade do sistema,
- Surgimento de vulnerabilidades de segurança e
- Complicações no fornecimento de suporte técnico.

Grécia também opera Rafales
A controvérsia não se limita à Índia. A Grécia, que mantém tensões periódicas com a Turquia, também adicionou recentemente jatos Rafale à sua frota. A falta de acesso aos códigos-fonte significa que os usuários do Rafale podem não conseguir personalizar totalmente a aeronave ou integrá-la efetivamente aos sistemas domésticos.

Novo acordo e expectativas da Índia
Em abril de 2025, a Índia assinou um novo acordo de € 6,9 bilhões para a versão naval do Rafale, o Rafale-M. A previsão é que os 26 jatos sejam entregues à Marinha Indiana entre 2028 e 2030, com implantação prevista nos porta-aviões INS Vikrant e INS Vikramaditya.

A Índia pretende integrar armas nacionais, como o míssil Astra Mk1 e a SAAW (Arma Antiaérea Inteligente), à ​​plataforma Rafale. No entanto, a França está fornecendo apenas suporte técnico limitado e controlado para essas integrações. O desenvolvimento está sendo realizado por meio de kits de desenvolvimento de software fornecidos pela Dassault e com equipes de engenharia conjuntas.
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Saiba mais:
- Why Is Dassault Refusing to Share the Rafale Source Code with India?

- Dassault’s Reluctance to Share Rafale Source Code with India

- IAF Insists on Rafale Source Code Access for AESA Radar, MMC to Enable Independent Weapons Upgrades like Astra and SAAW

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