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06 agosto, 2025

Eve Air Mobility, da Embraer, consolida avanço técnico e comercial com salto estratégico no 2T25

Empresa da Embraer dá salto estratégico com protótipo em escala real, novo parceiro tecnológico e primeiro contrato firme de venda de eVTOLs, estimado em US$ 250 milhões


*LRCA Defense Consulting - 06/08/2025

A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer voltada para soluções de mobilidade aérea urbana (UAM) e líder no desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL), divulgou os resultados do segundo trimestre de 2025 com sinais claros de amadurecimento tecnológico e fortalecimento comercial. 

Os números refletem um período de intenso investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e significativos avanços no protótipo, na rota de certificação e na estratégia comercial, elementos cruciais enquanto a empresa se aproxima da comercialização de suas aeronaves e soluções de ecossistema.

Mesmo ainda em fase pré-operacional, a empresa surpreendeu ao anunciar o fechamento do primeiro contrato vinculante para fornecimento de suas aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOLs), além de novas parcerias estratégicas e avanços no desenvolvimento do protótipo.

No cenário global de mobilidade aérea urbana (UAM), a Eve se diferencia por sua abordagem holística, que vai além da fabricação de eVTOLs, abrangendo também soluções de serviços (TechCare), suporte e gerenciamento de tráfego aéreo (Vector). Este trimestre sublinha o compromisso da empresa em solidificar sua posição neste mercado em rápida evolução.

Investimentos Estratégicos e Posição de Caixa Robusta

Como uma empresa em fase pré-receita, os resultados financeiros da Eve no 2T25 eram esperados para refletir os custos do ciclo de desenvolvimento, e não as receitas operacionais. Os números mostram um aumento nas despesas, o que é um indicativo natural e necessário para o avanço de um projeto tão capital-intensivo e inovador.

Destaques financeiros (2T25 vs. 2T24)
- Prejuízo líquido aumentado: a Eve reportou um prejuízo líquido de US$ 64,7 milhões no 2T25, um aumento em comparação com os US$ 36,4 milhões no 2T24. Este crescimento é impulsionado principalmente pelo aumento dos investimentos em P&D.

- Investimento em P&D: as despesas de P&D atingiram US$ 45,7 milhões no 2T25, contra US$ 36,3 milhões no mesmo período de 2024. Este aumento reflete a intensificação dos esforços, incluindo a aquisição de componentes e a montagem do primeiro protótipo em escala real. Para especialistas do setor, este é um sinal claro do compromisso da Eve com a fase de testes e validação, essencial para a certificação.

- Despesas operacionais: as despesas de Vendas, Gerais e Administrativas (SG&A) também cresceram para US$ 8,2 milhões no 2T25 (vs. US$ 5,4 milhões no 2T24), devido ao aumento de pessoal e custos pré-operacionais para a futura unidade de produção em Taubaté.

Saúde financeira e liquidez
Apesar do prejuízo crescente, a Eve mantém uma posição de liquidez sólida, fundamental para sustentar a fase de desenvolvimento intensivo:

- Consumo de caixa: o consumo total de caixa no 2T25 foi de US$ 56,9 milhões. No entanto, o uso de caixa no primeiro semestre de 2025 (US$ 82,2 milhões) está "bem dentro das expectativas de consumo para o ano inteiro", que variam de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões.

- Liquidez total: a Eve encerrou o 2T25 com US$ 242,7 milhões em caixa e equivalentes. A liquidez total, incluindo linhas de crédito não sacadas do BNDES e uma doação recente de US$ 16,5 milhões, atingiu US$ 375,5 milhões.

Com esse fôlego financeiro e os recentes avanços, a Eve reafirma seu cronograma de marcos estratégicos para 2025, mirando o primeiro voo do protótipo e a continuidade dos testes de validação, sem perder o foco em disciplina orçamentária.

"Acreditamos que o financiamento é suficiente para apoiar nossas operações e investimentos de programa até 2026." Esta afirmação, presente na carta aos acionistas, é um sinal de confiança importante para o mercado.

Avanços operacionais: do protótipo ao marco de certificação
O 2T25 marcou um progresso significativo no desenvolvimento do eVTOL da Eve, essencial para o processo de certificação da aeronave. 

- Desenvolvimento e testes do protótipo
O principal destaque do período foi a aceleração do programa de engenharia, com a montagem do primeiro protótipo em escala real do eVTOL da Eve, que está avançando rapidamente. A Eve realizou testes de solo bem-sucedidos e instalou seus primeiros motores de elevação, com testes de integração já realizados. A nova configuração de rotor de 4 pás, anunciada no Paris Air Show, visa uma experiência mais silenciosa e eficiente. A Eve está no caminho certo para o primeiro voo do protótipo no final de 2025 ou início de 2026, com foco na validação do envelope de voo e desempenho. 

- Caminho para a certificação e produção
A certificação é o desafio mais crítico para qualquer empresa de UAM. A Eve mantém um caminho claro para cumprir seus marcos de certificação com a ANAC (Brasil) e a FAA (EUA). A ANAC publicou a Base de Certificação para o eVTOL da Eve em novembro de 2024, um marco importante. A Eve planeja implantar até seis protótipos para a campanha de certificação e estabeleceu sua primeira unidade de produção em Taubaté (SP), aproveitando a infraestrutura existente da Embraer para uma industrialização mais rápida e eficiente. 

Tração comercial e parcerias estratégicas: construindo o ecossistema UAM
A Eve não está apenas construindo aeronaves; ela está montando uma rede complexa de parcerias e garantindo o futuro do negócio com uma sólida carteira de pedidos. 

- Vendas e carteira de pedidos
A Eve celebrou sua primeira venda firme de eVTOL: um pedido vinculativo de US$ 250 milhões da Revo, para até 50 eVTOLs e serviços de pós-venda. A Revo será a operadora de lançamento em São Paulo, com a primeira entrega prevista para o 4T27. Este é um marco que sinaliza a transição da Eve do desenvolvimento para a execução. 

Além da Revo, a Eve garantiu compromissos (LOIs) para mais de 100 eVTOLs no Brasil, Costa Rica e EUA, elevando a carteira de pré-encomendas para aproximadamente 2.800 aeronaves, avaliadas em cerca de US$ 14 bilhões. A Eve possui a maior e mais diversificada carteira de pré-encomendas do setor de UAM, com 28 clientes em nove países, o que demonstra a confiança do mercado e mitiga riscos. 

- Soluções de ecossistema e parcerias
As soluções de ecossistema da Eve, como o TechCare (manutenção, treinamento, etc.), já oferecem suporte a 28 clientes em nove países. A Eve também está desenvolvendo o Vector, uma solução de gerenciamento de tráfego aéreo. 

Uma parceria estratégica foi estabelecida com a BETA Technologies, que fornecerá motores elétricos para o eVTOL da Eve. A BETA traz mais de 70.000 horas de experiência de voo equivalente, fortalecendo os recursos tecnológicos da Eve e agilizando o desenvolvimento. 

Implicações e perspectivas para o futuro
O setor de mobilidade aérea urbana está em um ponto de inflexão. A Eve se beneficia de pontos fortes como o apoio da Embraer, sua abordagem holística (aeronave + serviços + gerenciamento de tráfego), a liderança em pré-encomendas e a colaboração estreita com os reguladores. 

No entanto, desafios como a intensidade de capital, a complexidade da certificação e a necessidade de desenvolver infraestrutura de suporte permanecem. A Eve, com uma posição de caixa robusta e uma estratégia bem definida, parece bem posicionada para navegar esses desafios. 

Os resultados do 2T25 retratam uma empresa em plena fase de crescimento e desenvolvimento, investindo maciçamente para concretizar sua visão de mobilidade aérea urbana. O "futuro do voo" pode não ser um sonho tão distante para a empresa, à medida que cada teste, certificação e parceria a aproximam da próxima era da mobilidade.

Por fim, a Eve Air Mobility está demonstrando que o futuro do voo elétrico urbano deixou de ser uma ideia futurista e começa a tomar forma concreta. Ao combinar inovação tecnológica, parcerias estratégicas e um modelo de negócios estruturado, a empresa reforça sua posição como protagonista no nascente mercado global de mobilidade aérea urbana. O cenário agora aponta para uma nova etapa, com foco em certificação, industrialização e entrega das primeiras unidades. 

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