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06 setembro, 2025

Brasil se tornará a primeira nação Sul-Americana a operar o míssil Javelin

Exército Brasileiro finaliza aquisição histórica de mísseis antitanque americanos em operação de US$ 74,4 milhões
 



*LRCA Defense Consulting - 06/09/2025 (atualizado em 07/09, às 22h22)

O Exército Brasileiro acaba de marcar um divisor de águas em sua modernização militar ao concluir, em setembro de 2025, a aquisição de mísseis antitanque FGM-148F Javelin, estabelecendo o país como pioneiro sul-americano no emprego deste sistema considerado o padrão-ouro mundial em armas anticarro portáteis.

Negociação estratégica de três anos
A operação, fruto de intensas negociações iniciadas em 2022, foi estruturada através do programa Foreign Military Sales (FMS) do Pentágono, modelo que garante não apenas o fornecimento do armamento, mas todo o ecossistema logístico necessário para sua operacionalização efetiva.

O contrato brasileiro está inserido em uma adjudicação global de US$ 900,5 milhões realizada pelo Exército dos EUA com a Javelin Joint Venture, consórcio formado pela Raytheon e Lockheed Martin, para a produção de mísseis Javelin no ano fiscal de 2025. Este valor global engloba encomendas de múltiplos países, incluindo diversos clientes internacionais, como Brasil, Tunísia, Estônia, Bulgária e Austrália.

No caso específico do Brasil, o contrato prevê a entrega de 222 mísseis e 33 unidades de lançamento CLU (Command Launch Unit), além de simuladores de treinamento, equipamentos de apoio terrestre, estoque inicial de peças de reposição, programas de instrução e suporte logístico integrado, conforme o modelo Total Package Approach (TPA). O valor correspondente ao contrato brasileiro é de até US$ 74 milhões, limitado ao lote adquirido e ao pacote de suporte negociado pelo país. Assim, mais que uma simples compra de armamentos, o acordo garante autonomia operacional ao Brasil.

Revolução tática nas forças terrestres
Para os estudiosos de doutrina militar, a chegada do Javelin representa uma transformação paradigmática nas capacidades anticarro brasileiras. O sistema será prioritariamente distribuído entre as brigadas de infantaria leve, unidades paraquedistas, aeromóveis e os prestigiosos batalhões de Operações Especiais - setores onde a portabilidade e letalidade do sistema encontram aplicação ideal.

O FGM-148F destaca-se por sua dupla modalidade de ataque: o modo direto, para alvos em campo aberto, and o devastador "top-attack", que direciona a ogiva contra a couraça superior dos veículos blindados, tradicionalmente seu ponto mais vulnerável. Com alcance efetivo superior a 4 quilômetros e operação por um único combatente, o Javelin incorpora tecnologia "fire-and-forget", permitindo que o atirador abandone a posição imediatamente após o disparo, minimizando sua exposição ao fogo inimigo.

Inserção em estratégia de longo prazo
A aquisição se alinha perfeitamente ao Plano Estratégico do Exército 2024-2027, documento que norteia a modernização das forças terrestres brasileiras com foco na ampliação da letalidade, mobilidade e atualização doutrinária. A escolha do Javelin não representa apenas uma compra pontual, mas sim um investimento estratégico na capacidade de dissuasão terrestre nacional.

Fontes militares indicam que o sistema será fundamental para o desenvolvimento de novas táticas de emprego em operações assimétricas, defesa anticarro em terreno urbano e apoio direto à infantaria em cenários de alta intensidade - competências cada vez mais relevantes no atual panorama de ameaças.

Parceria estratégica Brasil-EUA
A formalização do contrato, após tramitação pelo Comando Logístico do Exército (COLOG), análise jurídica rigorosa e autorização para pagamento antecipado parcial, consolida o aprofundamento das relações de defesa entre Brasília e Washington.

As primeiras entregas estão programadas para os próximos anos, acompanhadas de treinamento especializado para instrutores brasileiros em centros de excelência americanos. Estes militares retornarão ao País com a missão de disseminar o conhecimento nas unidades operacionais, garantindo a absorção efetiva da tecnologia.

Projeção de poder regional
Com esta aquisição, o Brasil ingressa no seleto grupo de operadores do Javelin - que inclui potências como Reino Unido, França, Austrália e diversos membros da OTAN - projetando um novo patamar de capacidades militares na região sul-americana.

Para analistas de defesa, a chegada do sistema americano não apenas moderniza o arsenal nacional, mas estabelece um novo paradigma de dissuasão terrestre, adequado aos desafios contemporâneos e alinhado às melhores práticas internacionais de emprego de sistemas anticarro de terceira geração.

A operação marca, definitivamente, um capítulo histórico na modernização das Forças Armadas brasileiras e na consolidação de parcerias estratégicas internacionais no setor de defesa.

 

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