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10 outubro, 2024

Empresa brasileira desenvolve monóculo capaz de captar o calor emitido pelo corpo


*Revista Fapesp, por Yuri Vasconcelos - 05/10/2024

Um dispositivo óptico que permite que forças militares, policiais e de segurança identifiquem a presença de pessoas, animais, instalações e veículos em condições adversas de luminosidade, apenas pelo calor que emitem, foi desenvolvido pela empresa brasileira especializada em sistemas optrônicos Opto Space & Defense, pertencente ao Grupo Akaer. Sediada em São José dos Campos, a Akaer tem como foco a fabricação de estruturas, equipamentos e sistemas para os setores aeroespacial e de defesa. O monóculo de imagem térmica Olhar, primeiro do gênero criado por uma companhia nacional, foi projetado a partir de requisitos definidos pelo Exército brasileiro. Um primeiro lote com 21 aparelhos foi homologado em agosto, após mais de um ano em testes pela força militar.

“O Olhar foi projetado para ser um equipamento robusto, leve e com dimensões reduzidas. Esse desenvolvimento demonstra que o país detém o conhecimento de visão termal e pode fabricar seus próprios equipamentos. Com ele, ficamos independentes de questões geopolíticas que dificultam a aquisição desses aparelhos pelas Forças Armadas brasileiras”, afirma o engenheiro eletrônico Cláudio Carvas, diretor-presidente da Opto Space & Defense. O projeto, iniciado há mais de 15 anos, foi feito em parceria com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e recebeu apoio, em seu estágio inicial, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Menos de 10 países do mundo, entre eles China, Estados Unidos, França, Israel e Reino Unido, dominam a tecnologia de fabricação de monóculos de visão termal para uso militar – e quem tem essa capacidade restringe a comercialização dos dispositivos.

“A visão termal é fundamental para quem entra em guerra. Especialistas em defesa costumam dizer que o soldado brasileiro é cego, porque guerra de dia a gente só vê no cinema. O conflito real acontece à noite, quando as dificuldades são grandes e equipamentos como o monóculo criado pela Akaer são essenciais”, sustenta o físico Jarbas Caiado de Castro Neto, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), que não participou diretamente do desenvolvimento.

Dispositivos como o Olhar detectam a radiação infravermelha, associada ao calor, emitida pelo corpo humano ou por objetos, e a convertem em uma imagem visível. Para isso, são dotados de sensores, normalmente feitos de silício amorfo ou óxido de vanádio, capazes de captar a emissão de radiação térmica dos corpos. A radiação infravermelha detectada é convertida em sinais elétricos que, por sua vez, são processados dando origem a uma imagem térmica em que diferentes cores ou tons representam diferentes temperaturas. Essa imagem é exibida em um display.

O monóculo criado pela Opto Space & Defense poderá ser usado não apenas em operações militares, mas também em missões de resgate para localizar pessoas, animais e objetos quentes em condições de pouca ou nenhuma visibilidade, como em ambientes com fumaça, poeira e nevoeiro. “O dispositivo detecta partes quentes em uma imagem, seja numa operação noturna ou diurna. Essa é sua grande função”, diz Carvas. “Na maioria das aplicações, o Olhar pode ser utilizado para aumentar a capacidade de observação do usuário.”

Com cerca de 800 gramas e 155 milímetros (mm) de comprimento por 72 mm de largura e 67 mm de altura, o Olhar pode ser operado manualmente ou acoplado a capacetes, fuzis e metralhadoras. Diferentemente da maioria dos concorrentes internacionais, o dispositivo brasileiro tem duas opções de lentes intercambiáveis, com distâncias focais de 14 mm (modelo básico) e 54 mm (modelo Caçador), que aproxima mais a imagem.

Modelo avançado
Carvas explica que o Olhar difere dos óculos de visão noturna. Os militares norte-americanos usaram esses últimos na missão de captura e morte do terrorista Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2011. “Não é a mesma tecnologia. Óculos de visão noturna são intensificadores de luz, ou seja, captam uma luz mínima existente no ambiente e a amplificam para formar uma imagem. O monóculo termal independe da luz ambiente.”

De acordo com a Akaer, que este ano se tornou a primeira empresa brasileira do setor aeroespacial a obter o status de fornecedora global de nível 1, ou Tier 1 (ver box), o monóculo se vale do que há de mais avançado em termos de microeletrônica, mecânica de precisão e óptica. “O projeto óptico das objetivas termais e ocular garante elevado desempenho que se traduz em imagens com alto contraste e baixa distorção”, afirma o executivo da Opto Space & Defense.

Na área de eletrônica, foram desenvolvidas placas de circuito impresso com dimensões reduzidas contendo componentes com encapsulamentos muito pequenos. Também foram utilizados módulos de processamento e um microdisplay com tecnologia Oled, que usa diodos orgânicos emissores de luz, além de um sensor termal de alta resolução, comprado no exterior.

“Para a estrutura mecânica, foi necessário projetar e fabricar o corpo do monóculo em dimensões reduzidas, de forma que ele pudesse abrigar e garantir a segurança dos componentes internos”, informa Carvas. “O conjunto mecânico teve que assegurar o alinhamento óptico do sensor termal e da objetiva, sem o qual a imagem não teria boa resolução e nitidez.” A robustez do sistema foi outro pré-requisito estabelecido pelo Exército. O monóculo resiste por 30 minutos dentro d’água e saiu-se bem nos testes de resistência ao choque, conforme a Akaer.

“Trata-se de uma tecnologia desafiadora”, reconhece Castro Neto, do IFSC-USP, que acompanhou o projeto de uma primeira versão do monóculo. Batizado de VDN X-1, ele começou a ser projetado em 2007 nos laboratórios da startup Opto Eletrônica, de São Carlos, da qual o físico foi um dos criadores. Em 2016, a divisão Espaço e Defesa (E&D) da empresa foi comprada pela Akaer e rebatizada de Opto Space & Defense. Três anos depois, o projeto do monóculo foi retomado.

Desenhar e fabricar lentes de visão termal, assim como planejar sua eletrônica, é uma tarefa considerada das mais complexas por quem conheceu o projeto. “Diferentemente das lentes para câmeras no espectro visível, as termais precisam ser feitas de materiais muito específicos, como sulfeto de zinco, silício e germânio, cuja disponibilidade é limitada. O design do sistema óptico é intrincado e precisa ser projetado para anular aberrações cromáticas, distorções e outros problemas, a fim de que se tenha uma imagem precisa”, diz o pesquisador da USP.

Procurado por Pesquisa FAPESP, o Exército limitou-se a informar, por meio de nota, que “a avaliação do projeto foi encerrada recentemente e o equipamento ainda está em estudos para adoção”. Durante os processos de avaliação técnica e operacional e homologação, foram analisados múltiplos requisitos de desempenho em laboratório e em campo, segundo normas compatíveis com as definidas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. O lote com 21 aparelhos entregue ao Exército no ano passado foi submetido a testes de suscetibilidade eletromagnética, emissão sonora, resistência a altas e baixas temperaturas, areia, umidade, entre outros.

Ainda não há uma definição sobre quando o monóculo será incorporado ao braço terrestre das Forças Armadas. “Não sabemos quantos aparelhos serão adquiridos nem quando. Mas já recebemos consultas de outros países interessados no equipamento. A venda para o exterior, contudo, depende da autorização do Exército, já que o projeto foi encomendado por ele”, afirma o diretor da Opto Space & Defense.

A Akaer não revela o preço do monóculo. O valor, segundo a empresa, depende de algumas variáveis, como o número de unidades previstas na negociação. Monóculos de imagem térmica já em operação – como os das norte-americanas Teledyne Flir Systems e L3Harris Technologies, uma das fornecedoras do Exército dos Estados Unidos, da britânica BAE Systems e da israelense Elbit Systems – custam a partir de US$ 3 mil e podem superar US$ 20 mil. O valor varia conforme as características do dispositivo, o nível de sofisticação tecnológica, os acessórios, entre outros fatores. “O Olhar será competitivo. Não seremos o mais caro nem o mais barato do mercado”, destaca Carvas.

17 dezembro, 2021

Grupo Akaer fornecerá monóculo termal para o Centro Tecnológico do Exército


*LRCA Defense Consulting - 17/12/2021

O Grupo Akaer, através da OPTO Space & Defense, vai fornecer o OLHAR, monóculo de imagem termal, para o Centro Tecnológico do Exército (CTEx). O acordo prevê a entrega de 21 unidades até o final de 2022.

O OLHAR foi uma das atrações da Akaer na 6ª Mostra BID Brasil, realizada entre os dias 7 e 9 de dezembro, em Brasília. O monóculo de imagem termal desenvolvido pela OPTO Space & Defense, foi classificado pelo Ministério da Defesa como “Produto Estratégico de Defesa” (PED), em setembro deste ano. A qualificação é motivada pelo seu conteúdo tecnológico, dificuldade de obtenção e por ser considerado imprescindível pelo MD.

O equipamento capta a emissão térmica dos corpos e pode ser usado para localizar pessoas, animais e objetos quentes mesmo em condições adversas de ausência de iluminação, fumaça e nevoeiro.

O monóculo é de fácil manuseio e pode ser utilizado manualmente ou montado em armas, como fuzis. Além disso, outras funcionalidades – como o retículo de pontaria e o acessório com zoom óptico de três vezes – fazem com que o OLHAR venha a ser uma adição importante aos equipamentos disponíveis para os operadores de nossas Forças Armadas e forças de segurança.

O OLHAR foi projetado com a mais avançada tecnologia em microeletrônica, mecânica de precisão e óptica para atender aos requisitos operacionais e técnicos do Monóculo de Visão Termal que integra o Sistema Combatente Brasileiro (COBRA).

Testes avançados
Seis unidades do OLHAR estão em fase de avaliação no Exército pelo CAEx (Centro de Avaliações do Exército). Os equipamentos já foram submetidos a uma sequência de testes na OPTO S&D, em novembro e, agora serão verificados em laboratórios externos.

Todas essas avaliações são acompanhadas pelo Exército, pois precisam seguir normas militares. Após essa etapa, unidades especiais do Exército farão a Avaliação Operacional do Monóculo OLHAR, com previsão de término no primeiro trimestre de 2022.

Entre os principais testes realizados durante a avaliação estão: testes de imersão até 1 metro de profundidade; resistência à queda, condições de transporte e temperatura no uso operacional desde 20 graus negativos a mais de 50 graus positivos. A temperatura também é avaliada no local de armazenamento, desde 20 graus negativos a mais de 70 graus positivos.

O OLHAR foi testado pela Polícia Militar de São Paulo, em setembro. Uma unidade foi disponibilizada para o 3º Batalhão de Ações Especiais (BAEP), sediado em São José dos Campos, interior de São Paulo. O intuito foi empregar o OLHAR em treinamentos e operações de campo para colher impressões dos policiais.

Somente com a avaliação do equipamento em condições reais é possível refinar os seus requisitos operacionais e garantir a sua relevância e empregabilidade.

“O OLHAR é um monóculo multiuso e foi desenvolvido para ser utilizado em diferentes situações para garantir segurança, seja em operações específicas ou em patrulhamento e vigilância. Por ter tecnologia 100% nacional, reforça o comprometimento do grupo Akaer com os seus produtos, fornecendo aos clientes capacidade de suporte desde a fabricação até a manutenção dos equipamentos”, destacou Claudio Carvas, CEO da OPTO Space & Defense, empresa do Grupo Akaer.

“O equipamento OLHAR se mostrou uma ferramenta excelente durante ações especiais de polícia, propiciando segurança aos operadores e eficiência no cumprimento das mais variadas missões policiais, como ações de reconhecimento, monitoramento e incursões em áreas de alto risco na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte do estado de São Paulo”, relatou o Major PMESP José Alexandre de Camargo, Subcomandante do 3º BAEP.

Ampla funcionalidade
Pelas suas características, o OLHAR pode servir aos órgãos de segurança pública federal, estadual e municipal. Entre as principais vantagens, é possível destacar a sua capacidade de operação em ambientes com ausência completa de iluminação, nevoeiro, fumaça ou poeira, fornecendo um ganho qualitativo no trabalho de segurança.

História
O OLHAR faz parte da segunda geração de monóculos desenvolvidos pela OPTO Space & Defense com tecnologia brasileira. É uma evolução do OLHAR VND-X1 que começou a ser desenvolvido em 2007 para atender um projeto de desenvolvimento do CTEx e teve subvenção da Finep (empresa pública de fomento à inovação, ciência e tecnologia em empresas). O protótipo foi apreciado no CAEx (Centro de Avaliações do Exército) em testes de laboratório e de campo. E, em 2019, o OLHAR evoluiu para a segunda geração com o aprimoramento de várias funcionalidades, tornando-se mais leve, menor, com melhora na resolução, display entre outros.

“A busca em aprimorar os equipamentos com qualidade é requisito primordial para atender a demanda e manter a confiabilidade do grupo no mercado. A segunda geração do OLHAR faz parte desse processo na OPTO Space & Defense e faz com que estejamos sempre à frente com aplicação de tecnologia de ponta”, disse o CEO.


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