*LRCA Defense Consulting - 26/12/2025
O Brasil está avançando em negociações com a Itália para adquirir o sistema antiaéreo EMADS, abandonando o Akash indiano em busca de tecnologia de ponta. O Exército Brasileiro prioriza o Enhanced Modular Air Defense Solutions (EMADS), da MBDA, para cobrir lacunas em defesa de média altitude, integrando mísseis CAMM, que são comuns às fragatas Tamandaré.
Negociações bilionárias com MBDA
O contrato em discussão pode ultrapassar US$ 1 bilhão, com foco inicial em
duas baterias de artilharia antiaérea equipadas com 96 mísseis cada, destinadas a Jundiaí
(SP), Brasília e região Norte amazônica. Essa aquisição representa um salto
tecnológico para o Brasil, elevando o teto de interceptação de 3.000 metros
para cerca de 20 km de altitude, combatendo drones de alta altitude e mísseis
de cruzeiro. A escolha pela Itália garante logística compartilhada com a
Marinha, via mísseis CAMM-ER do Sea Ceptor nas Tamandaré.
Ruptura com a Índia e motivos técnicos
As tratativas com empresas indianas como BDL e BEL foram congeladas após o
Brasil rejeitar versões antigas do Akash, que não atendiam demandas por
transparência tecnológica e desempenho contra ameaças modernas de baixa
altitude. O EMADS destaca-se pelo lançamento vertical "soft" (ejeção
a frio), seeker radar ativo "fire-and-forget" e alcance de 40-50 km,
superando o Akash em cenários de guerra híbrida com enxames de drones.
O seeker radar ativo "fire-and-forget" é um sistema de guiamento onde o míssil possui seu próprio radar miniaturizado (seeker) que emite e recebe sinais independentes, permitindo que ele detecte, acompanhe e atinja o alvo de forma autônoma após o lançamento, sem necessidade de orientação contínua da plataforma lançadora.
Relatos indicam que houve relutância indiana em transferir tecnologias israelenses integradas às versões mais novas do Akash-NG.
Sinergia naval e offsets para Embraer
As fragatas Tamandaré, em construção avançada no Estaleiro Brasil Sul (F200
em pico de produção, F202 em montagem de blocos), usarão a mesma família CAMM,
otimizando treinamento e suprimentos entre Forças Armadas. Um pilar da
negociação é o offset tecnológico: transferência para a Embraer Defesa &
Segurança produzir radares avançados domesticamente, ampliando parcerias
existentes como o SABER M200 Vigilante. O governo brasileiro busca um acordo governo a
governo para agilizar suporte de longo prazo.
Implicações estratégicas para o Brasil
O EMADS integra radares AESA como o Giraffe, com arquitetura modular
"plug-and-play" compatível a redes OTAN via Link 16, protegendo
ativos econômicos em SP, a capital federal e fronteiras amazônicas. Essa
pivotagem reflete a prioridade por sistemas comprovados em operações NATO, como o
Land Ceptor britânico de 2018, em meio a ameaças crescentes de drones e mísseis
de precisão na América Latina. Para a indústria brasileira, o negócio impulsiona a soberania via produção local de sensores.

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