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27 abril, 2025

Monóculo de imagem termal da Opto Space & Defense é adotado pelo Exército, em marco importante para a BID e para a Força Terrestre


*LRCA Defense Consulting - 27/04/2025

Com o objetivo de estimular os programas de desenvolvimento de tecnologias na busca pela redução da defasagem tecnológica das Forças Armadas e fortalecer a Base Industrial de Defesa (BID), foi iniciado pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx), em outubro de 2019, o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Monóculo de Imagem Térmica OLHAR, em conjunto com a empresa brasileira Opto Space & Defense, integrante do Grupo Akaer, sediada em São Carlos (SP).

Menos de 10 países do mundo, entre eles China, Estados Unidos, França, Israel e Reino Unido, dominam a tecnologia de fabricação de monóculos de visão termal para uso militar – e quem tem essa capacidade restringe a comercialização dos dispositivos.

Desenvolvimento em quatro fases
Assim, com recursos orçamentários do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército, o projeto do Monóculo OLHAR foi subdividido em quatro fases de desenvolvimento. Na Fase 1, foi realizada a P&D com a fabricação de dois protótipos. Na Fase 2, foram fabricados mais quatro protótipos e foi realizada a avaliação das unidades. Já na Fase 3, o lote-piloto com 21 unidades foi fabricado, enquanto que, na Fase 4, foi realizada a avaliação do lote-piloto.

Em agosto de 2024, foi homologada a avaliação do lote-piloto e, em março de 2025, foi realizada a adoção do material, por intermédio da 2ª Reunião Decisória (2ª RD), coroando o ciclo de P&D do equipamento, com o atendimento de 63 requisitos técnicos absolutos e 22 requisitos operacionais absolutos, todos definidos pelo Sistema Combatente Brasileiro (COBRA). Dessa forma, entre 2019 e 2024, foram percorridas exitosamente todas as fases preconizadas pelas Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar.

Características
O Monóculo OLHAR foi projetado com o que há de mais avançado em microeletrônica, mecânica de precisão e óptica. Com massa e dimensões reduzidas, o equipamento oferece rápido acoplamento a armamentos e capacetes, contando ainda com a possibilidade de troca de objetivas para execução de disparos de precisão. Nas fases de avaliação, o equipamento atingiu distâncias para Detecção (D), Reconhecimento (R) e Identificação (I) compatíveis com os melhores monóculos termais disponíveis no mercado.

O monóculo tem cerca de 800g, 15,5cm de comprimento, 7,2cm de largura e 6,7cm de altura. Entre os atributos técnicos verificados, está a possibilidade de escolha entre dois sistemas ópticos, que permitem uma visão mais ampla ou mais aproximada da cena. Já os atributos operacionais certificaram a resistência do equipamento dentro da água e sua resistência ao choque, entre outros requisitos.

A Akaer não revela o preço do monóculo. O valor, segundo a empresa, depende de algumas variáveis, como o número de unidades previstas na negociação. Monóculos de imagem térmica já em operação – como os das norte-americanas Teledyne Flir Systems e L3Harris Technologies, uma das fornecedoras do Exército dos Estados Unidos, da britânica BAE Systems e da israelense Elbit Systems – custam a partir de US$ 3 mil e podem superar US$ 20 mil. O valor varia conforme as características do dispositivo, o nível de sofisticação tecnológica, os acessórios, entre outros fatores. “O Olhar será competitivo. Não seremos o mais caro nem o mais barato do mercado”, destacou afirma o engenheiro eletrônico Cláudio Carvas, diretor-presidente da Opto Space & Defense, em 2024.

Visão termal é fundamental em operações militares
“A visão termal é fundamental para quem entra em guerra. Especialistas em defesa costumam dizer que o soldado brasileiro é cego, porque guerra de dia a gente só vê no cinema. O conflito real acontece à noite, quando as dificuldades são grandes e equipamentos como o monóculo criado pela Akaer são essenciais”, sustentou (em 2024) o físico Jarbas Caiado de Castro Neto, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), que não participou diretamente do desenvolvimento.

Dispositivos como o Olhar detectam a radiação infravermelha, associada ao calor, emitida pelo corpo humano ou por objetos, e a convertem em uma imagem visível. Para isso, são dotados de sensores, normalmente feitos de silício amorfo ou óxido de vanádio, capazes de captar a emissão de radiação térmica dos corpos. A radiação infravermelha detectada é convertida em sinais elétricos que, por sua vez, são processados dando origem a uma imagem térmica em que diferentes cores ou tons representam diferentes temperaturas. Essa imagem é exibida em um display.

Cláudio Carvas explicou que o Olhar difere dos óculos de visão noturna. Os militares norte-americanos usaram esses últimos na missão de captura e morte do terrorista Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2011. “Não é a mesma tecnologia. Óculos de visão noturna são intensificadores de luz, ou seja, captam uma luz mínima existente no ambiente e a amplificam para formar uma imagem. O monóculo termal independe da luz ambiente.”

Múltiplos usos
Projetado inicialmente para fins bélicos, o equipamento também pode ser utilizado em missões de outra natureza, como operações de segurança pública ou de resgate, visando localizar pessoas, animais e objetos quentes em condições de pouca ou nenhuma visibilidade, como em ambientes com fumaça, poeira e nevoeiro. “O dispositivo detecta partes quentes em uma imagem, seja numa operação noturna ou diurna. Essa é sua grande função”, diz Carvas. “Na maioria das aplicações, o Olhar pode ser utilizado para aumentar a capacidade de observação do usuário.”

O Monóculo OLHAR foi empregado com êxito na Operação Taquari II, que resgatou milhares de civis isolados durante as enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024.

Marco importante para o Exército e para a Base Industrial de Defesa
A entrega do Monóculo OLHAR ao Exército Brasileiro é um marco importante no desenvolvimento de equipamentos de imagem térmica no Brasil, em que o Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTIEx), em conjunto com a BID, dota o Exército Brasileiro das capacidades necessárias para o aprimoramento da Força Terrestre.

O fato também marca um momento importante para a Base Industrial de Defesa brasileira, pois, por meio da Opto Space & Defense, insere o País em um seleto grupo que produz esse tipo de equipamento

*Com informações do Exército Brasileiro e da Revista Fapesp

 

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