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NRA Shooting Illustrated, por Patrick Sweeney - 22/10/2025
A Taurus sempre foi uma fabricante de armas de fogo com boa
relação custo-benefício. A mais recente pistola da linha é a GX2, uma pistola
compacta para porte diário repleta de funcionalidades, mas sem preço inflado.
Aqui estão os pontos básicos que você precisa saber:
A GX2 é uma pistola compacta, o que significa que, apesar
dos esforços da Taurus, há alguns compromissos inevitáveis. Ou seja: ela tem um
cano mais curto que o padrão “service” e os carregadores de encaixe rente
(flush-fit) não têm “meia caixa de munição” de capacidade. É uma fusão dos
recursos desejáveis da Taurus GX4 e da G2C.
Partindo pelo topo, o ferrolho da GX2 (aço ligado,
acabamento preto fosco) traz miras fixas. A mira dianteira é um ponto branco no
pino, enquanto a traseira é uma ranhura (notch) assentada em um dovetail
transversal. Os alojamentos das miras seguem padrão da indústria, então, caso
queira instalar miras mais exóticas, não faltarão opções. Possui ranhuras de
engatilhamento (serrações) na frente e atrás, com um extrator robusto no lado
direito, na traseira da janela de ejeção. Internamente, o cano em aço inox trava
no ferrolho pela janela de ejeção e tem rampa de alimentação integral.
Ao
contrário das 1911, o cano da GX2 não tem link; ele se movimenta para cima e
para baixo por meio de uma rampa-came usinada no pé do cano. O cano é um décimo de polegada mais curto que 3,5 polegadas — cerca de 3,4” (≈86 mm) —
comprimento suficiente para proporcionar boa velocidade do cartucho 9 mm, mas
curto o bastante para que o porte diário não fique incômodo. Isso considerando,
claro, porte diário com coldre adequado.
Características da Taurus GX2
- As
miras consistem em um pino dianteiro com ponto e uma traseira serrilhada,
plana e com ranhura encaixada em dovetail (encaixe em forma de rabo‑de‑andorinha). Esse arranjo vem se tornando
padrão em muitas pistolas de porte.
- Os
controles estão próximos e podem parecer “ocupados”, mas isso se supera
com prática e familiarização.
- Rejeitada
por muitos atiradores veteranos, a trava manual de polegar (manual thumb
safety) tem apelo para atiradores novatos que ainda não confiam plenamente
na manipulação da arma. Ainda assim, é fácil ignorá-la se optar por não
usá-la.
- Apesar
do preço modesto, a GX2 vem com dois carregadores de grande capacidade.
- A
traseira da empunhadura (backstrap) é profundamente esculpida para
encaixar melhor a mão, aumentando o controle.
- Texturização
fina e moldada nas áreas de empunhadura oferece boa aderência.
- Visto
por cima, a Taurus é bastante esguia para uma pistola com trava manual de
polegar. Note também o chanfro na extremidade do ferrolho (muzzle end),
que facilita recolocar a arma no coldre.
O quadro (frame) é uma casca polimérica com o sistema de
disparo e o bloco de came do cano montados internamente. Os controles estão
exatamente onde você espera encontrá-los. No lado esquerdo há a trava de
polegar na traseira, o retém do ferrolho (slide stop) no meio e a alavanca de
desmontagem (takedown lever) à frente, diretamente acima do gatilho. À frente
de tudo isso, no protetor de culatra/guarda do ferrolho (dustcover), há um trilho para acessórios onde
você pode montar lanterna ou laser, se desejar.
A GX2 não é uma pistola ambidestra, mas a Taurus incluiu um
recurso que você não esperaria em um modelo de entrada: o botão de soltura do
carregador (magazine release) é reversível. Sim — é possível trocá-lo de um
lado para o outro se você for canhoto ou quiser configurá-lo dessa forma.
O quadro e a área de empunhadura incorporam extensivamente
painéis antiderrapantes com texturas que variam conforme a necessidade. A
frente da empunhadura (frontstrap), por exemplo, tem textura mais agressiva e
grossa que os painéis laterais, pois os dedos têm mais alavanca ali e isso traz
vantagem. Além disso, a textura mais fina nas laterais evita desgaste no
coldre, roupas, cinto ou — o mais importante — na mão enquanto você porta e/ou
dispara.
Há também painéis texturizados no quadro, acima e à frente
do gatilho, como pontos de referência para o dedo indicador quando estiver fora
do guarda-gatilho. A frontstrap tem um pequeno sulco/hook para o dedo — apenas
um — como ponto adicional de tração antideslizante. As laterais do quadro têm
uma crista elevada (não muito grande, mas suficiente) que termina na traseira
do botão do carregador. Assim, há pouca chance de que a GX2, no coldre, faça o
carregador se soltar caso pressão seja aplicada acidentalmente no botão.
A traseira da empunhadura (backstrap) tem uma
saliência/curvatura que posiciona a mão mais alta no quadro (na verdade,
incentiva isso) e preenche a palma quando você segura a GX2. A backstrap não é
substituível — um compromisso para manter o custo baixo. Como já mencionei
várias vezes, por mais de um século as pistolas existiram sem backstraps
substituíveis e funcionavam bem para a maioria dos atiradores. Se, entretanto,
a falta de backstrap substituível na GX2 fizer com que ela simplesmente não se
adapte à sua mão, a Taurus fabrica muitas outras pistolas de qualidade.
Tenho mãos grandes, mas o quadro da GX2 é apenas longo o
suficiente para eu conseguir colocar todos os dedos sobre o quadro, embora o
dedo mínimo fique pressionando bastante a base do carregador. Ou seja: é
definitivamente uma pistola compacta.
Os carregadores em aço que acompanham a pistola são
fabricados estampando chapas de aço, dobrando-as e soldando-as em tubo. Eles
comportam 13 cartuchos, e a base do carregador (baseplate) é removível para
limpeza. A GX2 vem com um par de carregadores padrão encaixados e de 13 tiros.
Contudo, se você sentir necessidade de mais carregadores — ou mais cartuchos —
os modelos de 15 tiros da GX4 Carry funcionarão e estão prontamente
disponíveis. Os de 15 cartuchos têm um basepad (extensor) maior para criar espaço para duas
munições a mais. Se você tem mãos grandes, o basepad extra pode ser justamente
o que faltava para uma empunhadura mais confortável, mesmo que não esteja
interessado em mais munição (mas quem não está?).
O gatilho da GX2 é o esperado, com lâmina de segurança
(trigger blade) embutida dentro do guarda-mato. Entretanto, o gatilho tem
face plana e foi projetado para ficar a 90 graus em relação ao eixo do cano no
momento do disparo. Isso reduz a chance de um puxão fora de eixo influenciar o
ponto de impacto do tiro. Sendo uma pistola de nível de entrada, você poderia
esperar um puxador (pull) um pouco pesado — e estaria certo. A amostra de teste
exigiu algumas onças a mais que 7 libras (≈3,2 kgf) para liberar o percussor.
Ainda assim, foi um curioso gatilho de 7 libras: sem asperezas, sem creep (arrasto do gatilho) ou
deslocamento perceptível. O processo era simples: eliminar a folga e então,
quando o gatilho parava, aplicar pressão; pouco além das 7 libras, o percussor
disparava. Nada mais — lembrava bastante várias 1911 da Grande Guerra que
testei; elas também tinham gatilhos de 7 libras, sem creep (arrasto do gatilho) ou problemas. Puxe
com pressão e bang.
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Características adicionais da Taurus GX2
- As
serrilhas dianteiras e traseiras do ferrolho não são discretas; são
grandes em relação ao porte da pistola, reduzindo confusão em situações de
estresse.
- Apesar
das dimensões compactas, a Taurus conseguiu incluir um trilho de três
ranhuras para acessórios (lanternas/lasers).
- Desmontagem
sem ferramentas para manutenção rotineira é facilmente feita na GX2.
- O
elegante e distintivo logotipo de touro da Taurus aparece em pistolas
progressivamente melhores — feito notável mantendo o preço baixo.
Outro detalhe: a trava de polegar é bastante pequena,
portanto improvável de ser acionada por atrito no coldre. Está perfeitamente
posicionada para ser desengatada quando necessário. Não tive problemas para
desengatar a trava durante o manejo, mas percebi que não conseguia usar o
polegar da mão de tiro para colocá-la em “safe” — o que é positivo: significa
que dificilmente ela voltará ao seguro durante o disparo. Ao terminar de
atirar, você precisará do polegar da mão de apoio para recolocá-la em seguro, o
que é o ajuste que prefiro em travas tipo 1911: moderadamente rígida para ir
para fogo e quase duas mãos para retornar ao seguro. Isso é desejável em uma
pistola defensiva com trava manual.
Um último detalhe que a Taurus cortou para tornar a GX2 o
mais acessível possível: ela não vem usinada para montagem de óptica tipo
red-dot. Os red-dots estão em voga, mas nem todo atirador quer um, ou quer
ainda a carga de aprender a usá-lo. Para quem tem orçamento apertado, a GX2
atende: adicionar uma mira eletrônica — especialmente de qualidade — aumentaria
o preço da arma em quase 50%.
A desmontagem da GX2 é simples: remova o carregador, esvazie
o cano (passando o ferrolho para trás) e verifique três vezes que não há
munição na arma. Trave o ferrolho aberto, gire a alavanca de desmontagem,
deslize o ferrolho para frente e, quando parar, efetue um disparo a seco. Agora
você pode retirar o conjunto do ferrolho do quadro. O conjunto da mola de recuo (recoil spring) é uma unidade autocontida e, uma vez removida, você pode pivotar
o cano para fora do ferrolho. É tudo. Não é necessário remover os internos do
quadro para limpar; você pode aplicar aerossol, pingar algumas gotas de
lubrificante e remontar.
Nos testes, a GX2 mostrou-se totalmente confiável. Não houve
falhas de alimentação, ignição ou ejeção. O ferrolho travou para trás após o
último cartucho disparado, todas as vezes. Os tiros bateram no ponto de mira, e
os painéis texturizados do quadro facilitaram manter uma empunhadura firme
apesar do recuo. (Não que 9 mm tenha tanto recuo, mas mesmo assim a arma se
manteve estável.) Assim que o funcionamento do gatilho ficou claro, não foi
difícil conseguir boas agrupamentos com a GX2.
Enquanto alguns reclamam que um gatilho de 7 libras é pesado
demais, é útil lembrar que, nos “bons velhos tempos” em que revólveres eram o
porte diário típico, um puxador double-action de menos de 12 libras era
considerado muito bom. O fato do gatilho da GX2 não apresentar creep (arrasto do gatilho), aspereza
ou “engasgos” no movimento faz com que o peso do pull importe menos. Alguns
podem até ver isso como vantagem, pois torna a pistola mais resistente a
disparos acidentais sob estresse.
Resultados de tiro da Taurus GX2
Se preto fosco é seu estilo, a GX2 cobre isso. Se quer cor
sem o custo de um acabamento custom, a GX2 pode ser encontrada em seis outras
cores de quadro (ciano, roxo escuro, roxo claro, oliva, areia e cinza) e com
slide preto ou inox. Aviso: a opção de ferrolho inox na GX2 custa apenas US$15 a
mais no preço de tabela. Confesso atração pelo conjunto ferrolho inox com quadro
cinza.
Para quem vive em estados com restrições, existem modelos
com carregador de 10 tiros, e recentemente a GX2 foi aprovada na polêmica roster (lista oficial) de pistolas aprovadas da Califórnia. A aprovação na Califórnia exigiu
que a Taurus enviasse três pistolas para testes destrutivos e cobrisse os
custos do teste. A Taurus o fez, e agora os interessados naquela jurisdição têm
a opção de possuir uma GX2.
Com preço de tabela pouco acima de US$300, é provável que
você encontre a GX2 em sua revenda local por menos de US$300. A Taurus, mais
uma vez, produz um produto com bom custo-benefício sem ser “barato”. É uma
pequena pistola sólida que funciona 100% do tempo. Isso significa que sua
economia (em comparação a uma pistola mais cara) pode ser investida sabiamente
em um bom coldre de ocultação, mais munição para treino ou até outro curso de
treinamento.