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18 agosto, 2025

Embraer KC-390 Millennium: pronto para enfrentar todos os desafios operacionais na Europa

 


*ACE - Aerospace Central Europe, por Kateřina Urbanová - 18/08/2025 

A Europa se encontra numa encruzilhada. A era de ouro dos dividendos da paz chegou ao fim, e muitos países estão agora a ajustar a sua postura defensiva e a modernizar as suas capacidades de defesa. Esta foi uma das principais conclusões da edição de 2025 do Paris Air Show, em Le Bourget.

O KC-390 Millennium é a aeronave ideal para enfrentar os novos desafios operacionais da Europa. Desde que entrou em serviço em 2019 no Brasil e, posteriormente, em Portugal e Hungria, a aeronave tem demonstrado consistentemente sua versatilidade, adaptabilidade, facilidade de uso e baixos custos operacionais. Essas qualidades fizeram desta aeronave de nova geração da Embraer uma das estrelas do Paris Air Show.

Portugal encomenda o sexto KC-390 – um sinal claro na Europa

Durante a feira, o governo português confirmou a aquisição do sexto KC-390. Mais do que uma simples aquisição, é uma declaração. Portugal também oferecerá dez opções de compra a outros membros da OTAN por meio de canais governamentais. Isso não é apenas uma estratégia política inteligente — é uma arquitetura estratégica. Ao criar uma estrutura de aquisição compartilhada, Portugal oferece aos seus aliados um caminho para a interoperabilidade e a cooperação industrial.

O desempenho da aeronave fala por si: uma taxa de conclusão de missão acima de 99%, uma capacidade de carga útil de 26 toneladas e a flexibilidade para operar em pistas não pavimentadas. Mas o ponto principal é este: o KC-390 não está apenas pronto para o mundo como ele é — ele está preparado para o mundo como ele pode se tornar.

A escolha da Lituânia: um horizonte báltico

No segundo dia do evento, a Lituânia anunciou a escolha do C-390 Millennium como sua futura plataforma de transporte. A decisão da Lituânia não foi motivada por novidades, mas por uma avaliação detalhada de todas as soluções disponíveis no mercado. Para a Lituânia, o C-390 Millennium é a aeronave ideal para atender às suas necessidades operacionais, ao mesmo tempo em que aprimora a prontidão militar e a interoperabilidade com os aliados da OTAN.

O C-390 Millennium e sua variante de reabastecimento, o KC-390, são aeronaves de transporte versáteis que atendem aos mais rigorosos padrões da OTAN — e vão ainda mais além. Equipadas com aviônicos avançados, incluindo Link 16, comunicações HF/V/UHF, SATCOM e o mais recente padrão IFF, a aeronave pode operar perfeitamente em coordenação com os sistemas C4ISR e AEW (Alerta e Controle Aéreo Antecipado) da OTAN, bem como com aeronaves de combate como o F-35, F-15, F-16, Rafale, Eurofighter, Mirage 2000, F/A-18E/F e JAS 39 Gripen. Ao fazê-lo, torna-se um verdadeiro centro de comunicações aéreas.

O próximo acordo com a Lituânia também inclui cooperação industrial, abrangendo manutenção, reparo, coprodução de peças e parcerias tecnológicas a serem desenvolvidas nesse país.

Holanda: levando a capacidade mais longe
A Força Aérea Real Holandesa, já compradora comprometida do C-390, aproveitou o Paris Air Show para revelar algo radicalmente novo: um módulo aeromédico roll-on/roll-off capaz de transformar qualquer C-390 em uma unidade de terapia intensiva voadora. Este sistema não é conceitual — é real, modular e pronto para uso em campo. Ele permite o tratamento de pacientes que necessitam de suporte de vida completo, mesmo em ambientes contagiosos, protegendo tanto a tripulação quanto os cuidadores.

O fato de uma aeronave de transporte poder ser convertida em poucas horas de um cargueiro para um hospital móvel diz muito sobre a filosofia de design por trás do C-390. Não é uma plataforma construída para se destacar em uma única função — é uma ferramenta multimissão para futuros incertos.

Uma plataforma em voo, uma mensagem no ar
No domingo anterior à abertura do evento, a Embraer ofereceu um voo de demonstração à imprensa. Não foi um gesto teatral, mas sim uma oportunidade íntima de sentir o desempenho da aeronave no ar.

Durante a semana, dezenas de delegações de todo o mundo visitaram o estande, percorreram a rampa e observaram a aeronave em movimento. O que testemunharam foi uma máquina construída não para shows aéreos, mas para missões do século XXI em ambientes contestados, ajuda humanitária, resposta a desastres e as demandas urgentes de evacuação médica.

É um canivete suíço voador — capaz de reabastecer outras aeronaves, lançar cargas em pistas improvisadas, transportar tropas, pacientes ou suprimentos, dependendo da missão. Pode não ser a aeronave mais bonita de Le Bourget, mas pode ser a mais necessária.

A-29N Super Tucano da Força Aérea Portuguesa (imagem representativa)

O Super Tucano com 600.000 horas
Junto com o sucesso do C-390, a Embraer comemorou mais um marco. O A-29 Super Tucano ultrapassou 600.000 horas de voo — uma conquista não apenas de engenharia, mas de relevância operacional duradoura.

Com mais de 290 aeronaves encomendadas e 22 forças aéreas atendidas, o Super Tucano é uma máquina rara que se adaptou a todos os conflitos, todos os climas e todos os orçamentos.

A variante interoperável da OTAN, A-29N, recentemente adquirida por Portugal, destaca como a Embraer continua a refinar suas plataformas para atender aos requisitos da aliança, oferecendo aviônicos ocidentais e comunicações seguras, mantendo um desempenho robusto. Em uma era em que a eficiência de custos muitas vezes significa concessões, o A-29 permanece inquestionavelmente capaz.

Rumo a uma nova geografia do poder aéreo
O sucesso extraordinário da Embraer em Paris não é simplesmente a história de uma aeronave; é a história de uma empresa que entende que o poder aéreo hoje não se trata de dominação, mas de versatilidade, interoperabilidade e adaptabilidade.

As nações que escolhem o C-390 não buscam prestígio. Elas estão escolhendo uma ferramenta confiável, acessível e versátil que lhes permite responder a crises que ainda não podem prever.

26 abril, 2025

Sistema de combate com IA aumentará capacidade de comando e controle da OTAN

Na guerra moderna, o poder de fogo por si só não basta. O lado que analisa os dados mais rápido e age com mais inteligência vence. A OTAN acaba de entrar na corrida — mas ainda está se recuperando. 


*Eurasian Times, por Sumit Ahlawat - 17/04/2025

A OTAN deu um passo significativo em direção à modernização de suas capacidades militares ao adquirir o Maven Smart System NATO (MSS NATO), uma nova plataforma habilitada para inteligência artificial (IA) desenvolvida pela Palantir Technologies Inc.

A aquisição, concluída seis meses após a identificação da necessidade, reflete a intenção da OTAN de manter sua vantagem tecnológica em um ambiente de segurança em rápida evolução.

Ludwig Decamps, gerente geral da Agência de Comunicações e Informações da OTAN (NCIA), disse que o sistema marca uma mudança estratégica na forma como a OTAN prepara suas forças para responder a ameaças emergentes.

“A NCIA tem o prazer de se unir ao Quartel-General Supremo das Potências Aliadas da Europa (SHAPE) e à Palantir para entregar o MSS NATO ao Warfighter, fornecendo capacidades de IA de última geração personalizadas à Aliança e capacitando nossas forças com as ferramentas necessárias no campo de batalha moderno para operar de forma eficaz e decisiva”, disse Decamps.

Desenvolvida por meio de estreita coordenação entre NCIA, SHAPE e Palantir, a plataforma MSS NATO oferece uma infraestrutura digital de última geração adaptada para operações militares modernas.

Como um sistema integrado de comando e controle, ele usa modelos de aprendizado de máquina e análise de dados para dar suporte à fusão de inteligência, aumentar a consciência situacional, melhorar o planejamento operacional e acelerar a tomada de decisões.

O que o sistema faz

O MSS NATO foi projetado para fortalecer as funções de comando e controle da OTAN, auxiliando líderes militares a tomar decisões mais rápidas e bem informadas. Ele coleta e processa dados de diversas fontes para oferecer insights em tempo real e avaliações preditivas, aprimorando a conscientização, a seleção de alvos e a coordenação no campo de batalha.

Em sua essência, o sistema integra dados estruturados e não estruturados de fontes classificadas e abertas. Suas ferramentas de análise de dados geram inteligência acionável para apoiar a tomada de decisões. Isso permite que os comandantes tomem decisões estratégicas e em tempo hábil com base em uma visão abrangente do ambiente operacional.

A plataforma MSS baseia-se no sistema XMSS das Forças Armadas dos EUA, que se tornou uma ferramenta padrão para planejadores do Estado-Maior Conjunto, comandos de teatro de operações e do Escritório Chefe de Inteligência Digital e Artificial (CDAO) do Pentágono. Em 2024, o CDAO concedeu contratos no valor de mais de US$ 500 milhões para expandir o uso do sistema em todo o Departamento de Defesa, de centenas para milhares de usuários.

Originalmente criado em 2021 como continuação do programa Maven — um sistema de reconhecimento de objetos desenvolvido para escanear horas de vídeo de vigilância e identificar alvos em potencial — o MSS utiliza uma ampla gama de entradas de dados. Ele organiza essas informações em uma plataforma única e pesquisável que oferece suporte a tudo, desde logística e status de fornecimento até dados de segmentação e monitoramento de mídias sociais.

Isso elimina a necessidade de os agentes cruzarem manualmente vários bancos de dados que podem ser incompatíveis ou isolados, um processo que antes levava horas ou até dias. Em vez disso, a plataforma MSS centraliza as informações relevantes e agiliza o acesso, permitindo coordenação e execução mais rápidas.

Atualizações recentes do sistema adicionaram recursos como processamento avançado de linguagem natural e a opção de integrar ferramentas desenvolvidas por terceiros. O MSS foi desenvolvido com uma abordagem de arquitetura aberta, o que permite aos usuários personalizar a interface e adicionar funções analíticas sem alterar os dados base. Isso garante que todos os usuários trabalhem com um conjunto consistente de informações, adaptando as ferramentas às suas necessidades operacionais específicas.

Ao manter uma base compartilhada de dados verificados e oferecer flexibilidade adicional, o MSS permite que múltiplos usuários de diferentes unidades ou comandos colaborem sem depender de um sistema centralizado rígido. Autoridades da OTAN afirmaram que essa flexibilidade foi um dos principais motivos para a rápida adoção da plataforma, seis meses após o surgimento da exigência formal.

Capacidades de IA militar concorrentes
A aquisição do MSS NATO pela OTAN ocorre em meio a preocupações de que a aliança esteja ficando para trás na integração de tecnologias avançadas em seu planejamento e execução militar. A China tem trabalhado em operações baseadas em IA sob seu conceito de "guerra inteligenciada", que se concentra na combinação de aprendizado de máquina, sistemas autônomos e processamento integrado de dados para acelerar a tomada de decisões no campo de batalha.

A China conduziu simulações de jogos de guerra em que comandantes assistidos por IA supostamente superaram equipes lideradas por humanos.

O Exército de Libertação Popular (ELP) investiu em sistemas autônomos, integração de vigilância em tempo real e guerra eletrônica com tecnologias cognitivas. Esses esforços visam reduzir os tempos de resposta e obter vantagem em situações de combate em rápida mudança.

A Rússia também continuou desenvolvendo sistemas habilitados para IA, apesar das sanções econômicas e das operações militares em andamento. As forças russas estariam trabalhando para incorporar IA em drones kamikazes, como o Geran-2, de design iraniano, permitindo capacidades de direcionamento semiautônomo.

Além disso, a Rússia está investindo em sistemas de guerra eletrônica com o objetivo de interromper comunicações via satélite, navegação por GPS e sistemas em rede — áreas das quais os militares dos EUA e da OTAN continuam fortemente dependentes. A incorporação de IA a essas ferramentas de guerra eletrônica pode aumentar sua eficácia, permitindo que respondam mais rapidamente às comunicações adversárias ou interrompam a coordenação com mais eficiência.

Dependência do Setor Privado
A plataforma MSS NATO reflete uma tendência mais ampla de crescente dependência de empresas privadas para desenvolver sistemas de combate.

O crescente papel da Palantir em contratos de defesa faz parte de uma mudança mais ampla. Nos EUA, empresas como Anduril Industries, Shield AI e Raytheon Technologies estão desenvolvendo sistemas que combinam operações autônomas com suporte à decisão por IA.

Na China, empresas como Hikvision e Huawei supostamente desenvolveram sistemas de vigilância com aplicações militares. Em Israel, empresas como Elbit Systems e Rafael Advanced Defense Systems estão produzindo drones com inteligência artificial e tecnologias de mira de precisão.

Ao contrário da aquisição tradicional de equipamentos de defesa por meio de organizações de pesquisa financiadas pelo estado, os sistemas de IA construídos por empresas privadas geralmente permanecem proprietários. Seu funcionamento interno, especialmente os algoritmos, pode não ser transparente ou sujeito à supervisão pública.

Isso pode limitar a capacidade dos governos de adaptar ou auditar os sistemas de forma independente. No caso da plataforma MSS da OTAN, a aliança está adquirindo uma ferramenta desenvolvida por uma empresa privada, que detém o controle sobre componentes-chave de software que também podem ser usados ​​em outros contratos comerciais ou de defesa.

Esse arranjo levanta preocupações sobre a dependência a longo prazo. Ao contrário de equipamentos militares convencionais, como tanques ou aeronaves, as plataformas de IA não são facilmente passíveis de engenharia reversa ou modificação sem o suporte contínuo dos fornecedores. Para os membros europeus da OTAN que não possuem capacidades nacionais de desenvolvimento de IA, isso pode representar riscos à autonomia estratégica a longo prazo.

A principal força da OTAN continua sendo sua capacidade de coordenar operações complexas entre os Estados-membros. Embora a plataforma MSS NATO aprimore essa coordenação, aprimorando o fluxo de informações e a tomada de decisões, ela não altera significativamente a estrutura ou as capacidades militares gerais da OTAN.

Para que a aliança passe por uma transformação fundamental, será necessário integrar tecnologias de IA mais profundamente em sistemas de armas autônomos, plataformas submarinas, redes de defesa cibernética e operações táticas de linha de frente. Até lá, o MSS NATO representa uma atualização importante, porém gradual.

À medida que as estratégias militares migram para operações centradas em dados, a principal vantagem não residirá em quem possui o maior poder de fogo, mas em quem consegue interpretar as informações do campo de batalha mais rapidamente e agir de acordo. A OTAN já entrou nessa arena — mas ainda está se recuperando.

18 abril, 2025

OGMA, do Grupo Embraer, poderá fabricar os Gripen portugueses, caso o país feche com a Saab

Imagem gerada por IA

 *LRCA Defense Consulting - 18/04/2026

A imprensa internacional está repercutindo a decisão portuguesa de pausar as negociações para a aquisição do caça do quinta geração americano Lockheed Martin F-35 e voltar sua atenção para o caça sueco Saab JAS-39 Gripen, caracterizado como de geração 4,5.

O excelente artigo de Bulgarian Military detalha o assunto e levanta a possibilidade de os Gripen portugueses, caso seja fechado o negócio, serem produzidos pela OGMA, uma gigante aeroespacial portuguesa que tem a Embraer como a principal acionista.

Assim, além de vir a produzir os Gripen do Brasil, da Colômbia (e, provavelmente, do Peru) em sua sede no Brasil, a Embraer também teria uma forte participação na produção das aeronaves suecas destinadas a Portugal e, por que não, a outros países europeus e não europeus, haja vista que, com isso, a fabricante sueca diversificaria as unidades produtivas e agilizaria seus prazos de entrega, obtendo mais um trunfo sobre a concorrência.

Em outra reportagem, o ministro da Defesa de Portugal afirmou à mídia portuguesa ECO: "Temos de produzir mais na Europa e comprar mais na Europa. As opções têm de ser as europeias e Portugal tem de estar no ciclo produtivo. Não quer dizer que esteja de A a Z, mas na produção de componentes ou manutenção”. Esta e outras declarações do ministro português reforçam a hipótese de seu país optar pelo Gripen e fazer todo o esforço para que as aeronaves sejam produzidas pela OGMA, total ou parcialmente.
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A ousada mudança de Portugal para o Gripen choca os apoiadores do F-35 na OTAN



*Bulgarian Military, por Boyko Nikolov - 17/04/2025

Em 6 de abril de 2025, Micael Johansson, CEO da gigante aeroespacial sueca Saab, confirmou que a empresa está em negociações com Portugal para potencialmente fornecer caças JAS 39 Gripen, uma medida que pode reformular a estratégia de defesa aérea do país europeu.

O anúncio, feito em uma entrevista ao jornal sueco Dagens Industri , sinaliza a ambição da Saab de expandir sua presença no mercado aeroespacial da OTAN em um momento em que Portugal, um membro de longa data da aliança, busca modernizar sua frota envelhecida de aeronaves F-16.

Este desenvolvimento ocorre em meio a tensões geopolíticas crescentes na Europa e a um debate mais amplo sobre a dependência do continente em equipamentos militares de fabricação americana. Enquanto Portugal avalia suas opções, o Gripen surge como uma alternativa econômica e versátil a plataformas mais caras como o Lockheed Martin F-35, levantando questões sobre as tendências futuras de aquisição da OTAN e as implicações estratégicas para a cooperação transatlântica em defesa.

Resposta pragmática às necessidades de defesa
O interesse de Portugal no Gripen reflete uma resposta pragmática às suas necessidades de defesa e restrições orçamentárias. Com um orçamento de defesa de aproximadamente US$ 4 bilhões anuais, segundo um estudo de 2024 do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, Portugal não está entre os pesos pesados ​​da OTAN.

A sua força aérea opera atualmente 24 jatos F-16AM e quatro F-16BM, muitos dos quais estão perto do fim da sua vida útil. Durante anos, a Força Aérea Portuguesa manifestou o desejo de adquirir caças stealth F-35 de quinta geração, preferência reiterada pela sua liderança em 2019.

No entanto, os altos custos de aquisição e manutenção do F-35, somados às recentes mudanças na política externa dos EUA, levaram Lisboa a explorar alternativas.

Em março de 2025, o então Ministro da Defesa português, Nuno Melo, declarou ao jornal Público que o país estava reconsiderando seus planos para o F-35, citando preocupações com a imprevisibilidade geopolítica e a necessidade de avaliar as opções europeias. O Gripen da Saab, conhecido por sua acessibilidade e flexibilidade operacional, preencheu essa lacuna, posicionando-se como um concorrente viável.

O JAS 39 Gripen E/F, a mais recente versão do caça multifuncional da Saab, está no centro dessas discussões. Projetado para combater ameaças avançadas em campos de batalha modernos, o Gripen E/F é um jato leve e monomotor que combina tecnologia de ponta com eficiência de custos.

Equipado com o motor General Electric F414G, ele atinge velocidade máxima de Mach 2 e um raio de combate de aproximadamente 800 km. O radar de varredura eletrônica ativa Leonardo ES-05 Raven e o sensor infravermelho de busca e rastreamento Skyward G proporcionam robusta consciência situacional, enquanto seu avançado conjunto de guerra eletrônica, incluindo um sistema de alerta de aproximação de mísseis de 360 ​​graus, aumenta a capacidade de sobrevivência em ambientes contestados.

Com 10 pontos de fixação, o Gripen E/F pode transportar até sete mísseis ar-ar MBDA Meteor além do alcance visual, além de mísseis de curto alcance IRIS-T e munições guiadas de precisão para missões ar-solo. Sua arquitetura aviônica modular permite atualizações rápidas de software, permitindo que os operadores integrem novos recursos sem grandes revisões de hardware.

A Saab enfatiza a capacidade do jato de operar a partir de bases austeras, uma característica enraizada na doutrina sueca de operações dispersas da época da Guerra Fria, o que pode atender à necessidade de Portugal de implantação flexível na região do Atlântico.

Comparado aos seus concorrentes, o Gripen E/F oferece vantagens distintas para uma nação como Portugal. O Lockheed Martin F-35A, embora incomparável em furtividade e fusão de sensores, tem um custo unitário superior a US$ 80 milhões e despesas anuais de manutenção que podem sobrecarregar orçamentos menores de defesa.

Um relatório de 2023 do Escritório de Prestação de Contas do Governo dos EUA (GCO) observou que apenas 55% dos F-35 americanos estavam aptos a operar em missões em determinado momento, destacando a complexidade logística da plataforma. O Eurofighter Typhoon, outra opção europeia, oferece desempenho formidável, mas a um preço mais alto que o Gripen, com custos operacionais estimados em US$ 18.000 por hora de voo, em comparação com os US$ 7.000 do Gripen, de acordo com uma análise da Jane's de 2020.

O F-16V modernizado, produzido pela Lockheed Martin, continua sendo um forte concorrente devido à infraestrutura existente do F-16 em Portugal, mas sua falta de recursos de quinta geração pode limitar sua viabilidade a longo prazo.

O Gripen, por outro lado, encontra um equilíbrio entre tecnologia avançada e acessibilidade, com um custo de voo de cerca de US$ 40 milhões por unidade e um design que minimiza o tempo de inatividade para manutenção. Sua capacidade de conduzir missões ar-ar, ar-solo e de reconhecimento o torna uma plataforma versátil e adequada às necessidades multifacetadas de defesa de Portugal.

OGMA/Embraer
A proposta da Saab para Portugal vai além da aeronave em si, enfatizando benefícios industriais e econômicos que poderiam repercutir em Lisboa. A empresa tem um histórico de oferecer transferência de tecnologia e acordos de produção local, como demonstrado em seu acordo de US$ 5,4 bilhões com o Brasil em 2014, que incluiu a instalação de uma linha de produção do Gripen E em Gavião Peixoto, São Paulo.

Em um comunicado à imprensa de 9 de maio de 2023, a Saab observou que a unidade emprega 200 trabalhadores e fortaleceu a indústria aeroespacial brasileira, um modelo que poderia ser atraente para o governo português em sua busca por impulsionar sua economia. Tais acordos poderiam envolver empresas portuguesas como a OGMA, uma empresa de manutenção e fabricação parcialmente controlada pela brasileira Embraer, que já colaborou com a Saab no passado.

Ao integrar Portugal à cadeia de suprimentos do Gripen, a Saab poderia criar empregos e promover parcerias industriais de longo prazo, uma perspectiva que tem peso político em um país que se recupera dos desafios fiscais da última década.

Além disso, a disposição da Saab em personalizar pacotes de suporte, incluindo treinamento e manutenção, pode garantir alta disponibilidade operacional para a força aérea portuguesa, um fator crítico dados os recursos limitados do país.

Portugal desempenha um papel vital nas operações atlânticas da OTAN
O momento dessas negociações é significativo, visto que a Europa enfrenta a evolução da dinâmica de segurança e a busca por maior autonomia de defesa. A agressão contínua da Rússia na Ucrânia, aliada ao seu reforço militar no Ártico, intensificou o foco da OTAN na superioridade aérea e na capacidade de resposta rápida.

Portugal, embora geograficamente distante da Europa Oriental, desempenha um papel vital nas operações atlânticas da aliança, incluindo patrulha marítima e policiamento aéreo sobre os Açores, um arquipélago estratégico que serve como centro de logística militar transatlântica.

A capacidade do Gripen de operar em pistas curtas e sua compatibilidade com a rede de compartilhamento de dados Link 16 da OTAN o tornam ideal para essas missões. Além disso, a recente entrada da Suécia na OTAN em 2024 fortaleceu a credibilidade da Saab como fornecedora para os membros da aliança, posicionando o Gripen como um símbolo da colaboração europeia.

Estratégia mais ampla da Saab
Como Micael Johansson disse ao Dagens Industri, a Saab também está em negociações com o Canadá e vários países latino-americanos, sugerindo uma estratégia mais ampla para desafiar o domínio dos EUA no mercado global de caças.

Historicamente, o Gripen obteve sucesso em países menores da OTAN com orçamentos limitados, o que constitui um estudo de caso para a potencial decisão de Portugal. A República Tcheca, que alugou 14 jatos Gripen C/D em 2004, recentemente estendeu seu contrato com a Saab até 2035, avaliado em US$ 675 milhões, para cobrir a lacuna até o início das entregas do F-35 em 2031.

A Hungria, outra operadora do Gripen, expandiu sua frota com quatro modelos C/D adicionais em fevereiro de 2024, elevando o total para 18 aeronaves. Ambas as nações elogiaram a confiabilidade e os baixos custos operacionais do Gripen, com a Hungria utilizando os jatos para policiamento aéreo sobre a Eslovênia desde 2014. Esses exemplos reforçam o apelo do Gripen para países que buscam equilibrar os compromissos da OTAN com a responsabilidade fiscal.

No entanto, a decisão de Portugal pode ter implicações mais amplas, especialmente à luz das recentes mudanças na política americana. A ênfase do governo Trump no comércio recíproco e a imposição de tarifas sobre produtos europeus, conforme noticiado pela Reuters em 4 de março de 2025, têm tensionado as relações transatlânticas, levando alguns membros da OTAN a diversificar seus fornecedores de defesa.

Imagem gerada por IA e inserida pela LRCA

Desafio
Um desafio para a Saab reside na dependência do Gripen de componentes fabricados nos EUA, notadamente o motor F414G, que exige licenças de exportação e suporte de manutenção de empresas americanas. O Defense Express noticiou em 12 de abril de 2025 que essa dependência poderia complicar os esforços da Saab para comercializar o Gripen como uma alternativa totalmente autônoma às plataformas americanas.

Em meados da década de 2010, a Saab avaliou a substituição do F414G por uma variante produzida localmente do motor EJ200 do Eurofighter Typhoon, mas o projeto foi paralisado. Embora essa questão não tenha prejudicado as vendas anteriores do Gripen, pode gerar preocupações em Portugal, especialmente se as tensões comerciais entre EUA e Europa aumentarem.

Para atenuar esse problema, a Saab enfatizou a arquitetura aberta do jato, que permite aos clientes desenvolver seu próprio software e integrar sistemas não americanos, conforme observado em um comunicado de imprensa da Saab de 2021. Para Portugal, essa flexibilidade poderia permitir a colaboração com empresas de defesa europeias, reduzindo a dependência das cadeias de suprimentos americanas ao longo do tempo.

Mudança nas tendências de aquisição da OTAN para alternativa europeia
As ramificações geopolíticas de um possível acordo para o Gripen estendem-se além das fronteiras de Portugal. A decisão de escolher a Saab em vez da Lockheed Martin pode sinalizar uma mudança nas tendências de aquisição da OTAN, incentivando outros membros a priorizar custo e interoperabilidade em detrimento de plataformas centradas em stealth.

Polônia e Noruega, ambas compradoras do F-35, enfrentaram atrasos nas entregas, com os primeiros jatos poloneses não esperados antes de 2026, de acordo com um relatório militar búlgaro de 9 de abril de 2025. Esses contratempos alimentaram o interesse em soluções provisórias como o Gripen, que oferece prazos de entrega mais rápidos e custos de ciclo de vida mais baixos.

Além disso, a compra do Gripen por Portugal poderia reforçar o papel da Suécia como líder em defesa na Europa, reforçando a necessidade de projetos colaborativos como o Future Combat Air System, um programa de caças de última geração envolvendo França, Alemanha e Espanha. Por outro lado, os EUA poderiam encarar tal movimento como um desafio ao seu domínio aeroespacial, potencialmente prejudicando os laços bilaterais com Portugal, um membro fundador da OTAN.

As negociações também destacam o debate mais amplo sobre a autonomia de defesa europeia, um tópico que vem ganhando força desde que o conflito na Ucrânia se intensificou em 2022. O Gripen, juntamente com o Rafale da França e o Eurofighter Typhoon, representa uma alternativa construída na Europa aos sistemas dos EUA, alinhando-se aos apelos por maior autossuficiência.

Em um comentário de 2025 no site Opex360, analistas de defesa franceses argumentaram que a consideração de Portugal pelo Gripen reflete uma abordagem pragmática para equilibrar as obrigações da OTAN com os interesses nacionais. No entanto, a decisão não é isenta de riscos.

Riscos
Optar pelo Gripen pode limitar o acesso de Portugal aos recursos avançados de compartilhamento de dados do F-35, essenciais para operações conjuntas com aliados como os EUA e a Holanda. Além disso, a instabilidade política em Portugal, com eleições parlamentares antecipadas marcadas para 18 de maio de 2025, pode atrasar qualquer decisão final, já que o próximo governo terá a palavra final.

Confiabilidade, potencial em combate e opção atraente
Do ponto de vista operacional, o desempenho do Gripen E/F em exercícios e implantações em situações reais oferece um vislumbre do seu potencial valor para Portugal. Em um exercício Red Flag de 2006 no Alasca, os jatos Gripen C abateram 10 caças F-16, Eurofighters e F-15 sem perdas, demonstrando sua agilidade e eficácia em combate, conforme documentado em uma entrada da Wikipédia de 2025 sobre o Gripen.

Imagem inserida pela LRCA

Mais recentemente, os F-39 Gripens do Brasil passaram por testes climáticos em 2024, operando em temperaturas de 35°C e 85% de umidade, condições semelhantes ao clima costeiro de Portugal. Esses testes, detalhados em um comunicado à imprensa da Saab de 26 de março de 2025, confirmaram a confiabilidade do jato em diversos ambientes, um fator fundamental para as missões portuguesas focadas no Atlântico.

A capacidade do Gripen de realizar reabastecimento em condições adversas e manobras rápidas, com substituições de motor concluídas em menos de uma hora, aumenta ainda mais seu apelo para uma pequena força aérea que prioriza a eficiência.

À medida que Portugal avança na aquisição de caças, a combinação de preço acessível, versatilidade e origem europeia do Gripen o posiciona como uma opção atraente. No entanto, a decisão depende de mais do que especificações técnicas ou custo.

Vontade política, incentivos industriais e dinâmicas de alianças moldarão o resultado, com implicações para a coesão da OTAN e o cenário de defesa da Europa. A persistência da Saab em mercados como Canadá, Colômbia e agora Portugal sugere um esforço calculado para interromper o domínio do F-35, mas o sucesso está longe de ser garantido.

O destino do Gripen em Lisboa dependerá se Portugal o verá como uma ferramenta prática para modernização ou uma declaração ousada de independência estratégica.

Poderá este acordo marcar o início de uma mudança mais ampla na Europa, afastando-se dos sistemas americanos, ou permanecerá uma exceção em um mercado ainda dominado por gigantes americanos? Só o tempo dirá, mas a conversa em si destaca um momento crítico na evolução do poder aéreo global.
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“Portugal tem de estar no ciclo produtivo” da defesa europeia, diz Nuno Melo


*ECO, por Mariana Bandeira - 17/04/2025

Portugal deve ‘pressionar o gatilho’ das linhas de produção de maquinaria e componentes para a defesa. É esta a mensagem do ministro Nuno Melo, que acredita que o país tem uma nova oportunidade de reindustrialização perante os desafios que a segurança europeia enfrenta.

“Temos de produzir mais na Europa e comprar mais na Europa. As opções têm de ser as europeias e Portugal tem de estar no ciclo produtivo. Não quer dizer que esteja de A a Z, mas na produção de componentes ou manutenção”, apelou esta quinta-feira o ministro da Defesa, na conferência “Relatório Draghi” sobre segurança e defesa, organizada pelo ECO.

As aquisições da União Europeia (UE) na área da defesa, a maioria provinda de países extra-UE, também são uma preocupação do atual Governo, que considera Portugal uma nação com capacidade exportadora neste setor. “Cerca de 80% das aquisições da UE vêm de fora da UE, portanto há uma margem brutal. E têm de ser nossas também”, disse.

O ministro da Defesa referia-se a aquisições no âmbito da Lei de Programação Militar (LPM) e fora deste quadro legislativo, nomeadamente de aeronaves de instrução, simuladores, bombardeiros para combate aos fogos, sistema de artilharia, viaturas blindadas e não blindadas, drones ou navios reabastecedores.

“Fabricam-se em Portugal alguns dos melhores drones que se produzem no mundo inteiro, para contextos de guerra ou de paz. Devemos encarar as fragilidades nas indústrias da defesa na União Europeia como uma oportunidade. Não a podemos perder. Portugal não pode ficar à margem da dinâmica de um processo que não volta atrás”, advertiu o governante.

Segundo Nuno Melo, o investimento nacional na defesa – atualmente de 3,1 mil milhões de euros – não requer retirar verbas de outros setores nem “se compara com outras áreas da soberania”, como a educação, para onde estão alocados mais de sete mil milhões de euros, anualmente. “Queremos gerar retorno para a economia e não retirar dinheiro do Orçamento do Estado”, reiterou.

Imagem inserida pela LRCA

“Cada KC vendido são 10 milhões para o Estado”
E deu como exemplo da recente aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano por 200 milhões de euros, cuja reforma será realizada em Portugal. Ou seja, a reconfiguração das aeronaves da Embraer para o contexto da NATO será feita exclusivamente por empresas portuguesas e 75 milhões de euros serão investidos nos privados para o desenvolvimento de tecnologias de defesa. “Mesmo na política de aquisições queremos assegurar retorno para a economia”, explicou Nuno Melo, esclarecendo que as compras em Portugal são de dimensão militar e civil.

O ministro da Defesa disse ainda que Portugal opera quase como uma agência de vendas de aviões militares KC na Europa. “Cada KC que é vendido significam 10 milhões que entram nos cofres do Estado”, revelou.

A propósito do relatório Draghi sobre a competitividade europeia, Nuno Melo elencou uma série de tópicos que se relacionam com o país, entre os quais o capital – importância da “indústria intensiva que requer reforço do investimento e financiamento” -, o controle das contas públicas – pasta entregue a Miranda Sarmento, com quem se está a coordenar – e a contratação pública com a ‘via verde’, “que envolve transparência” e desburocratização.

Destacou ainda a estreita ligação do Ministério que dirige com o Ministério da Economia, liderado por Pedro Reis, de forma a maximizar o retorno econômico do reforço do investimento em Defesa.
 

24 dezembro, 2024

2024: o ano da decolagem da Embraer Defesa & Segurança


 

*LRCA Defense Consulting - 24/12/2024

O ano de 2024, já quase em seu final, está se caracterizando como o ano da decolagem da divisão de Defesa & Segurança da Embraer.

C-390 Millennium
Afinal, o seu transporte tático multimissão C-390 Millennium está ou estará presente no Brasil, na Coreia do Sul e em sete países da OTAN - Organização do Atlântico Norte: Portugal, Áustria, Holanda, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Suécia.

Ao escolher o C-390, as nações europeias estão formando uma rede de operadores que se beneficiarão de infraestrutura compartilhada e logística simplificada — um desenvolvimento que coloca as aeronaves da Embraer em competição direta com plataformas antigas e/ou menos flexíveis.

Atenta às necessidades do mercado mundial, a Embraer já está trabalhando em variantes modulares do C-390 Millennium, como a de Patrulha Marítima Armada (MPA), enriquecendo ainda mais as potencialidades multimissão da aeronave.

E o futuro próximo é bastante risonho para a divisão de Defesa e Segurança da gigante aeroespacial brasileira, pois aí estão as megalicitações da Índia (40 a 80 aviões) e da Arábia Saudita (33 aviões), além de prováveis aquisições de outros países como Vietnã (até 30 aviões), Marrocos, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos, Polônia, África do Sul e outros.

Super Tucano
O A-29 Super Tucano - aeronave de ataque leve, contrainsurgência, apoio aéreo aproximado (CAS), inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) e treinamento avançado - é o líder global em sua categoria, ostentando mais de 260 pedidos, ultrapassando 570.000 horas de voo, com 60.000 delas em combate. O número de forças aéreas operando o A-29 Super Tucano está se expandindo constantemente devido à sua combinação incomparável de capacidades, tornando-o a opção mais econômica do mercado.

Em 2024, mais três países decidiram incorporar o Super Tucano em suas respectivas forças aéreas: Uruguai, Paraguai e Portugal. A aquisição portuguesa, já no padrão OTAN, caracteriza o país como o primeiro operador europeu do A-29N, marcando também o ingresso da aeronave no seleto e exigente grupo de nações que integram a OTAN e abrindo caminho para que outras forças aéreas da organização o adquiram, especialmente aqueles que já contam com o C-390, como a holandesa, por exemplo, que já teria manifestado interesse. Para além da Europa, o Líbano, o Vietnã e alguns países da África estariam interessados na aeronave, especialmente após ter sido conhecida sua potencialidade como uma "caçadora de drones".

Embraer Defense Europe
O sucesso é tão estrondoso que a Embraer anunciou com orgulho seu novo escritório (Embraer Defense Europe) focado em atividades de defesa e segurança em Lisboa, Portugal, que será vinculado à subsidiária portuguesa do grupo Embraer.

Com a abertura do escritório, a empresa estabelece um marco estratégico para sua expansão na Europa, reforçando o seu compromisso em fortalecer sua presença na região, com foco em soluções inovadoras de defesa e segurança para os países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia (UE).

A Embraer Defense Europe atenderá a todos os requisitos necessários da OTAN e da UE. Ela servirá como ponta de lança das iniciativas de defesa da Embraer na Europa, com uma equipe dedicada de profissionais altamente qualificados, especializados em gerenciamento de programas, suporte e engenharia, para fornecer soluções de última geração adaptadas às necessidades das forças armadas europeias e parceiros da OTAN.

Família de radares SABER M200
Durante a Mostra BID Brasil - Feira Nacional de Defesa e Segurança. a Embraer e o Exército Brasileiro assinaram um contrato no valor de R$ 102 milhões, para a entrega de uma unidade do radar SABER M200 Vigilante já na configuração de série. O processo prevê ainda a continuidade da avaliação técnica e operacional do equipamento e seu futuro emprego nas unidades de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro. 

O radar SABER M200 Vigilante utiliza tecnologia avançada de processamento de sinais para identificar e rastrear posições e trajetórias de aeronaves, classificando com precisão os alvos aéreos. Este sistema oferece autonomia estratégica às forças terrestres brasileiras, otimizando seus sistemas de defesa aérea de baixa e média altitude.

Entre suas características notáveis ​​está um gerador de energia integrado que permite operação autônoma por até 48 horas, facilitando o transporte, tanto terrestre quanto aéreo. Este design modular e portátil amplia as possibilidades de implantação operacional, tornando o radar uma solução versátil para diferentes cenários táticos.

O Exército Brasileiro será o primeiro operador do SABER M200 Vigilante, o que reforça sua capacidade de defesa antiaérea e o posiciona como referência na implementação desta tecnologia dentro das Forças Armadas Brasileiras. O uso bem-sucedido desse sistema poderá abrir oportunidades tanto para sua adoção pela Marinha e Força Aérea brasileira, quanto para sua exportação para mercados internacionais, sendo que República Tcheca, Áustria e Arábia Saudita estão entre os países que já demonstraram interesse.

No mesmo evento em Brasília, a Embraer assinou um contrato com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 147 milhões, para a conclusão das novas tecnologias que serão utilizadas no radar SABER M200 Multimissão, uma versão maior, mais robusta e com mais finalidades, que será um instrumento fundamental para o Brasil dispor de um Sistema de Defesa Antiaérea de Média Altura, essencial para fortalecer a capacidade de dissuasão do País.

Trata-se de um radar AESA multimissão Banda S, tridimensional, tipo phased array com varredura 100% eletrônica em azimute e elevação, de médio alcance, instalado em um contêiner de 20 pés. Diferente do seu irmão menor Vigilante, o Multimissão é capaz de guiar sistemas de defesa antiaérea de média altura em um raio de 400 km~500 km. Pode ser transportado ou operado em caminhões 8x8 ou somente transportado em aeronaves C-390 ou C-130.



16 dezembro, 2024

Com a aquisição de 12 Embraer A-29N Super Tucanos hoje, Portugal abre as portas da OTAN para a aeronave


*LRCA Defense Consulting - 16/12/2024

Hoje (16), o Ministério da Defesa Nacional Português assinou um contrato com a Embraer  para adquirir 12 A-29N Super Tucanos que equiparão a Força Aérea Portuguesa, tornando Portugal o cliente de lançamento da nova variante desta aeronave avançada de treinamento e ataque leve. Esta aquisição reflete o compromisso de Portugal em modernizar sua Força Aérea com uma aeronave versátil e comprovada, ideal para missões de Treinamento Avançado de Pilotos, Ataque Leve, Apoio Aéreo Aproximado (CAS) e Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR).

A variante A-29N Super Tucano incorpora aviônicos avançados, sistemas de comunicação específicos da OTAN e outras novas capacidades não divulgadas, adaptadas para atender aos requisitos operacionais de Portugal. Com esta compra, Portugal se torna a primeira nação a operar o A-29N, liderando o caminho na adoção de uma plataforma muito capaz, projetada para dar suporte a uma ampla gama de missões de defesa modernas.

“Gostaríamos de agradecer ao Ministério da Defesa Nacional e à Força Aérea de Portugal pela confiança que depositam nas soluções da Embraer. Este contrato nos dá a oportunidade de contribuir para a modernização da Força Aérea Portuguesa e aprofundar ainda mais nossa forte parceria, abrindo caminho para uma cooperação industrial adicional com a indústria de defesa local”, disse Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.

A cerimônia de assinatura do contrato de aquisição junto à Embraer S.A foi presidida pelo Ministro da Defesa Nacional de Portugal, Nuno Melo, tendo início às 14 horas de hoje (16) no Hangar 8 da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, localizada no Parque Aeronáutico de Alverca.

Trata-se de um investimento de cerca de 200 milhões de euros na aquisição de doze aeronaves, simulador de voo e bens e serviços de sustentação logística, e ainda a plena concretização do programa de aquisição e sustentação das aeronaves.

O projeto envolverá uma forte participação da indústria portuguesa em áreas altamente tecnológicas, tendo em vista a reconfiguração das aeronaves para os padrões e especificações da OTAN (NATO).

A-29 Super Tucano: líder global em sua categoria
O A-29 Super Tucano é o líder global em sua categoria, ostentando mais de 260 pedidos, ultrapassando 570.000 horas de voo, com 60.000 delas em combate. O número de forças aéreas operando o A-29 Super Tucano está se expandindo constantemente devido à sua combinação incomparável de capacidades, tornando-o a opção mais econômica do mercado.

Para Forças Aéreas que buscam uma solução comprovada, abrangente, eficiente, confiável e econômica em uma única plataforma, juntamente com grande flexibilidade operacional, o A-29 Super Tucano oferece uma ampla gama de missões, como Treinamento Avançado de Pilotos, CAS, Patrulha Aérea, Interdição Aérea, Treinamento JTAC, ISR Armado, Vigilância de Fronteiras, Reconhecimento e Escolta Aérea.

O A-29 Super Tucano é a aeronave multimissão mais eficaz em sua categoria, equipada com tecnologia de ponta para identificação precisa de alvos, sistemas de armas e um conjunto abrangente de comunicações. Sua capacidade é ainda mais aprimorada por sistemas aviônicos HMI avançados integrados a uma estrutura robusta capaz de operar em pistas não pavimentadas em ambientes austeros e sem infraestrutura. Além disso, a aeronave tem requisitos de manutenção reduzidos e oferece altos níveis de confiabilidade, disponibilidade e integridade estrutural com baixos custos de ciclo de vida.

Porta de entrada para a OTAN
Com a aquisição, Portugal se tornará o primeiro operador europeu do A-29N, marcando o ingresso da aeronave no seleto e exigente grupo de nações que integram a OTAN. 

Após Portugal ter confirmado, em julho deste ano, que iria adquirir o Embraer A-29N Super Tucano para equipar sua Força Aérea, os meios especializados passaram a comentar que a Real Força Aérea da Holanda seria o próximo cliente interessado na versão OTAN da aeronave. O objetivo seria o de substituir seus 13 treinadores Pilatus PC-7, todos com mais de 36 anos de uso. Recorde-se que, em maio de 2023, Bosco da Costa Junior, CEO da Embraer Defesa & Segurança, havia colocado Portugal e Holanda como possíveis clientes.

Assim, a aquisição portuguesa abre as portas para aquisições de outros países da OTAN, especialmente aqueles que já adquiriram o C-390.

Participação portuguesa por meio da OGMA e de mais três empresas
A Embraer construiu laços estreitos com Portugal, e especialmente com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal S.A., a principal empresa aeroespacial portuguesa, da qual a gigante brasileira detém 65%. 

Com o memorando de entendimento assinado em abril de 2023, a Embraer e quatro entidades portuguesas (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto - CEiiA e as empresas Empordef Tecnologias de Informação, S.A. - ETI; GMVIS Skysoft, S.A. - GMV e OGMA S.A.) comprometeram-se a cooperar para o desenvolvimento da Base Tecnológica e Industrial de Defesa de Portugal, especialmente em tecnologias relacionadas com o A-29N. Este acordo garante a integração da indústria portuguesa no projeto e aumenta a contribuição nacional.

Assinatura do memorando de entendimento em abril de 2023

Desde 2003, a OGMA atua como parceira da Embraer no programa Super Tucano, sendo responsável por:

- Produção de Componentes e Montagem: fabrica e monta estruturas importantes da aeronave, como asas e fuselagens. Esses componentes são enviados para o Brasil, onde são integrados ao restante da aeronave na linha de montagem final da Embraer.

- Manutenção e Suporte Logístico: desempenha um papel crucial no suporte pós-venda, oferecendo serviços de manutenção, reparo e revisão (MRO) para operadores do Super Tucano, especialmente na Europa, África e Oriente Médio.

Essa parceria reflete a integração da OGMA na cadeia global de produção da Embraer, uma relação que se fortaleceu ainda mais após a aquisição de uma participação majoritária da OGMA pela Embraer em 2005. Isso permitiu à OGMA consolidar sua posição como um fornecedor estratégico para diversos programas da Embraer, incluindo o Super Tucano. Além disso, a OGMA está fortemente envolvida no programa Embraer C-390, incluindo fabricação da fuselagem central, carenagem, ligas metálicas, materiais compostos e elevons (estabilizadores instalados na borda de fuga das asas, que controlam o pitch e a atitude da aeronave durante o voo). 

A OGMA também dará suporte ao Super Tucano na versão NATO (A-29N) para clientes europeus, assim como já faz com o C-390 Millennium.

Sede da OGMA, em Alverca, Portugal

Primeiro escritório da Embraer Defesa & Segurança na Europa
Lisboa será a sede do primeiro escritório na Europa da Embraer Defesa & Segurança, cuja inauguração está prevista para esta terça-feira (17), pelo ministro da defesa, Nuno Melo.

A empresa reforça a presença no mercado europeu porque a OTAN e outros países do continente têm interesse em comprar aviões C-390 e Super Tucano, fabricados pela companhia brasileira.

Super Tucano versão A-29N
A versão A-29N do Super Tucano está especialmente configurada para atender às exigências dos países da NATO (OTAN), tornando-o particularmente adequado às necessidades da Força Aérea Portuguesa (FAP), por exemplo.

A versão NATO inclui equipamentos e funcionalidades, tais como um novo datalink, single-pilot operation, entre outras modificações. Tais funcionalidades aumentam ainda mais as possibilidades de emprego da aeronave, permitindo, por exemplo, sua utilização em missões de treinamento JTAC  (Joint Terminal Attack Controller). Os dispositivos de treinamento foram igualmente atualizados para os padrões mundiais mais exigentes, incluindo realidade virtual, aumentada e mista, oferecendo uma plataforma versátil para treinamento de pilotos de caça.

O Super Tucano é uma aeronave projetada para realizar diversas missões, incluindo ataque leve, reconhecimento armado e treinamento tático. Destaca-se pelo seu design robusto, capaz de resistir aos ambientes mais hostis e, ao mesmo tempo, minimizar as necessidades de manutenção. Graças a uma plataforma extremamente durável, ele pode operar em pistas despreparadas e oferece alta capacidade de sobrevivência com recursos de proteção ativa e passiva.

A cabine do A-29N foi projetada para reduzir a carga de trabalho do piloto e maximizar a consciência situacional, com uma interface homem-máquina avançada, ergonomia superior e acessibilidade ideal. Os controles intuitivos permitem que o piloto se concentre nos resultados da missão enquanto se beneficia de proteção aprimorada com blindagem na cabine e no compartimento do motor (opcional). Os sistemas a bordo incluem sensores eletro-ópticos/infravermelhos de última geração, um designador de laser integrado para ataques precisos e sistemas seguros de comunicação tática e navegação.

Em termos de desempenho, o Super Tucano A-29N tem uma autonomia de 3,4 horas com combustível interno, estendendo-se para 5,2 horas com tanques externos e sensores EO/IR. Ele pode subir a uma velocidade de 3.240 pés por minuto, com teto de serviço de 35.000 pés. Sua capacidade de decolar e pousar em distâncias curtas (900 metros para decolagem e 860 metros para pouso) o torna um grande trunfo para operações a partir de bases avançadas. 

A aeronave possui velocidade máxima de 520 km/h, rápida o suficiente para oferecer uma pronta resposta a alvos aéreos detectados pelos radares terrestres, como helicópteros, pequenos aviões e drones de médio e grande porte. Sua velocidade de estol é de 148 km/h, permitindo-lhe manobrar e combater drones que naveguem próximo desta velocidade, mesmo em baixas altitudes.

O sistema de gerenciamento de segurança (SMS) do A-29N é totalmente integrado, gerenciando cinco estações padrão da OTAN e duas metralhadoras internas calibre .50. Esta configuração permite grande flexibilidade no armamento, oferecendo mais de 160 possibilidades de configuração para atender às necessidades específicas da missão. O Super Tucano também é equipado com um sofisticado sistema de proteção eletrônica, incluindo contramedidas automatizadas e sistemas de alerta de radar e mísseis, além de assentos ejetáveis ​​zero-zero para segurança da tripulação em emergências.

O A-29N também é reconhecido por sua solução logística integrada, proporcionando amplo suporte da Embraer. Isto inclui serviços de manutenção, gestão de peças sobressalentes e um centro de contacto com o cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana, para garantir a máxima disponibilidade operacional da frota. A Embraer também oferece uma linha completa de dispositivos e estações de treinamento em solo, reduzindo as horas de voo necessárias para treinamento de pilotos, acelerando o processo de aprendizagem e otimizando custos operacionais.
 
A Força Aérea Portuguesa está adquirindo o A-29N visando dispor de uma aeronave com capacidade para realizar missões de apoio aéreo aproximado (CAS) e de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) em teatros de operações com infraestrutura limitada, bem como treinamento avançado de pilotos.

A aquisição destas aeronaves não só fortalecerá as capacidades de defesa de Portugal, mas também apoiará as suas missões de manutenção da paz, particularmente na África, onde o país está ativamente envolvido. Além disso, a FAP já planejava implantar os Super Tucanos no 103º Esquadrão “Caracóis”, retomando assim as operações de treinamento de pilotos que haviam sido suspensas após a retirada do Alpha Jet em 2018.

 

13 dezembro, 2024

Portugal irá adquirir 12 aeronaves Embraer Super Tucano


*CNN Portugal - 13/12/2024

O Governo vai investir cerca de 200 milhões de euros na aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano à empresa brasileira Embraer, processo que terá “forte participação da indústria portuguesa” ao nível tecnológico.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros de quinta-feira, foi aprovada uma resolução “que investe cerca de 200 milhões de euros na aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano, simulador de voo e bens e serviços de sustentação logística, à Embraer, S.A., e ainda a plena concretização do programa de aquisição e sustentação das aeronaves”.

Esta decisão surge na sequência de “discussões técnicas e negociais” autorizadas pelo Governo em julho, numa anterior resolução de Conselho de Ministros.

De acordo com o executivo, este projeto vai envolver “uma forte participação da indústria portuguesa em áreas altamente tecnológicas, tendo em vista a reconfiguração das aeronaves para os padrões e especificações NATO”.

Este procedimento será semelhante ao investimento feito nas aeronaves KC-390, também produzidas pela brasileira Embraer e nas quais foram introduzidas modificações para as adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia.

Estas modificações, certificadas pela Autoridade Aeronáutica Nacional, fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países membros da NATO ou União Europeia, com lucro para o Estado português.

Em 2019, Portugal acordou adquirir à brasileira Embraer cinco aeronaves KC-390 e um simulador, tendo já sido entregues duas, com o objetivo de substituir os Hercules C-130, por um valor de 850 milhões de euros.

30 outubro, 2024

Em Portugal, o Embraer C-390 é certificado no padrão OTAN

 

 

*LRCA Defense Consulting - 30/10/2024

O Comando Aéreo, em Monsanto, Portugal, acolheu a cerimônia de certificação da aeronave KC-390, que contou com a presença do Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea e Autoridade Aeronáutica Nacional, General João Cartaxo Alves.

O momento, realizado ontem, 22 de outubro, assinalou a entrega de certificados emitidos pela Autoridade Aeronáutica Nacional, reconhecendo a aeronavegabilidade das aeronaves após as modificações necessárias à configuração base para cumprir os requisitos das alianças internacionais de que Portugal faz parte, como a NATO, ONU e UE.

Depois da entrega da primeira aeronave ao Estado Português, o KC-390 foi sujeito a modificações à configuração base com o objetivo de se incorporar sistemas seguros de comunicação de voz e dados, de navegação e de conhecimento situacional do teatro de operações, garantindo assim potenciar capacidades de sobrevivência em cenários exigentes e com graus de ameaça diversificados.

Aquelas modificações foram projetadas pela OGMA, SA, Northtrop Grumman e Rockwell Collins, sob coordenação da EMBRAER e certificação da Autoridade Aeronáutica Nacional. Todo este processo de certificação das modificações são a garantia de que as aeronaves da Força Aérea Portuguesa cumprem com os mais elevados padrões internacionais de aeronavegabilidade, de inovação e de interoperabilidade.

Durante a cerimônia, o Diretor de Operações da Embraer, Walter Pinto Junior, elogiou a excelência da aeronave e a colaboração entre os parceiros.

O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea e Autoridade Aeronáutica Nacional sublinhou a complexidade do processo e a parceria de uma década com a Embraer, desde o início do projeto até à definição dos requisitos para a nova aeronave. "Estamos a celebrar a capacidade da indústria nacional e da engenharia militar em criar valor acrescido para o país", declarou.

O General João Cartaxo Alves destacou ainda o sucesso operacional do KC-390, evidenciando a aceitação crescente da aeronave por operadores europeus. “A prontidão com que atuamos e todos os sistemas de modernização permitiram que a aeronave adoçasse o apetite dos nossos parceiros pela Europa”, concluiu.

Já o Ministro da Defesa realçou a importância da colaboração internacional no contexto da defesa, destacando que "vivemos um quadro geopolítico instável e precisamos de contribuir para a estabilização, preferencialmente pelos instrumentos de paz", afirmou. Nuno Melo também enfatizou o papel das pessoas no sucesso do projeto, referindo que "este círculo virtuoso merece reconhecimento e atesta o que Portugal pode entregar ao mundo".

O KC-390, uma aeronave bimotora de transporte, é equipada com tecnologia avançada, cumprindo os mais exigentes padrões de navegação aérea e interoperabilidade. Com capacidade para diversas missões, incluindo reabastecimento em voo, representa um marco significativo para a Força Aérea. Este dia não só reforça a posição de Portugal no contexto da aviação militar, como evidencia o papel da Força Aérea Portuguesa na colaboração com a indústria, a ciência e a defesa nacional.

*Com informações da Força Aérea Portuguesa.

18 agosto, 2024

Com 90 milhões de euros, Embraer quer triplicar receitas da OGMA; empresa terá novos e importantes contratos para revelar

Gomes Neto: "a Embraer terá novos e importantes contratos para revelar"


*Surge Radio, por Leonardo Vargas - 18/08/2024

A gigante brasileira, fabricante de aviões, Embraer vai investir 90 milhões de euros (540 milhões de reais) para expandir a OGMA, unidade que controla em Portugal. Os recursos apoiarão a montagem de aeronaves Super Tucano A-29, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A injeção de recursos permitirá à OGMA triplicar a sua receita anual nos próximos anos, até 600 milhões de euros (3,6 mil milhões de reais).

O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, informou que, além da montagem do Super Tucano, a OGMA portuguesa também irá adaptar o avião militar KC-390, o maior cargueiro militar construído no hemisfério sul, para os países da OTAN. Aliás, a organização já realizou exercícios militares com o KC-390 em aeroportos da Alemanha e de outros países europeus.

O executivo não esconde o entusiasmo pelos negócios da Embraer em Portugal. Esteve em Alverca, nos arredores de Lisboa, há duas semanas, para a inauguração do projeto norte-americano Pratt & Whitney, uma unidade de manutenção e centro de serviços global na Europa. A empresa é uma das três maiores fabricantes de motores para aeronaves do mundo.

A associação da Embraer, que detém 65% do capital da OGMA, com a Pratt & Whitney é considerada fundamental para a empresa brasileira, destacou Gomes Neto. Segundo ele, a empresa vive “um momento muito especial, com perspectivas positivas para os próximos anos e crescimento sustentado em todas as linhas de negócio”. Confirmada a venda de sete aeronaves KC-390 para Áustria e Holanda e seis aeronaves A-29 Super Tucano para o Paraguai.

Embraer terá novos e importantes contratos para revelar
A imprensa especializada também noticia a aquisição pela Índia de cerca de 80 cargueiros KC-390 que poderá ser concluído no final do ano, com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático. Sobre este tema, Gomes Neto limitou-se a dizer que a Embraer terá novos e importantes contratos para revelar. E acrescentou que Portugal tem sido um parceiro muito importante, já que “a empresa fornece peças para aeronaves como o KC-390, além de ser um grande centro de serviços para aeronaves civis e militares”.

Embraer e a OGMA: estratégicas para a OTAN
A OTAN tem em Portugal uma das referências mais importantes no fabrico de peças e conjuntos para aeronaves militares na Europa. A Embraer e a OGMA tornaram-se estratégicas para a organização. Ciente disso, o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, anunciou que dará continuidade ao acordo assinado entre Lula e o antigo governo socialista de António Costa.

O equipamento Super Tucano, homologado pela NATO, vai substituir o antigo Alpha Jet da Força Aérea Portuguesa, adquirido na década de 90, durante o governo Cavaco Silva, que deixou de voar em 2018. O Conselho de Ministros do Governo aprovou o início das negociações e a assinatura do memorando ocorreu no ano passado nas instalações da OGMA.

Ações valorizadas

Devido a todos os contratos assinados recentemente e aos que estão por vir, as ações da Embraer na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) valorizaram mais de 44% em um ano. A empresa está avaliada em 5,5 bilhões de euros (32,8 bilhões de reais). Só no segundo trimestre deste ano, os pedidos totalizaram 21 bilhões de dólares (R$ 117,6 bilhões), o maior valor em sete anos.

As operações da Embraer em Portugal enquadram-se na estratégia de internacionalização da empresa no mercado europeu. Segundo relatórios elaborados pelos bancos BTG Pactual (brasileiro) e JP Morgan (norte-americano), “todas as divisões de negócios da empresa vivem cenários industriais favoráveis”. Portugal adquiriu cinco cargueiros militares, dois dos quais já foram entregues. A aeronave KC-390 é apresentada como uma opção ao antigo C-130 Hercules em todo o mundo.

A Embraer registrou receitas de 1,3 bilhão de euros (7,8 bilhões de reais) entre abril e junho, um aumento de 76% em relação ao trimestre anterior. As receitas da aviação comercial são 190% superiores na mesma base de comparação. Desde 1969, a empresa já entregou mais de 8 mil aeronaves.

20 julho, 2024

Forças Armadas Polonesas se tornam a terceira maior força da OTAN


*Army Recognition - 17/07/2024

De acordo com as últimas estimativas da OTAN para este ano, o exército polonês se tornou a terceira maior força militar dentro da aliança e a maior da Europa, com um total de 216.100 pessoas. Este número coloca a Polônia atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 1,3 milhão de pessoas, e da Turquia, com 481.000 membros. Depois da Polônia estão as forças armadas francesas com 204.700 pessoas, a Alemanha com 185.600, a Itália com 171.400 e o Reino Unido com 138.100.

Na última década, o tamanho do exército polonês mais que dobrou. Em 2014, tinha apenas 99.000 efetivos e estava em nono lugar na OTAN. Esse número aumentou gradualmente ao longo dos anos, chegando a 116.200 em 2020, época em que ainda era apenas o oitavo maior da OTAN. No entanto, desde então, o número de efetivos aumentou rapidamente, superando todos os outros países da OTAN, exceto os Estados Unidos e a Turquia. Em março de 2022, uma nova lei de defesa nacional estabeleceu uma meta de dobrar o tamanho das forças armadas da Polônia para 300.000 efetivos, incluindo 250.000 soldados profissionais e 50.000 territoriais. Naquele ano, o exército polonês registrou o maior número de novos recrutas desde o fim do serviço militar obrigatório.

Naquela época, o então Ministro da Defesa Mariusz Błaszczak declarou que "o exército polonês se tornaria a força terrestre mais poderosa da Europa" por meio da expansão do recrutamento, aquisição e modernização. Hoje, Jacek Siewiera, chefe do National Security Bureau (BBN) da Polônia, declarou que novos dados da OTAN confirmam que "a Polônia ter o maior exército da Europa se tornou uma realidade". Ele acrescentou que o aumento no tamanho do exército polonês é "um fator que afasta o espectro da guerra".

Nos últimos dez anos, a Polônia intensificou significativamente suas parcerias internacionais de armamento como parte de sua estratégia de modernização militar e fortalecimento da segurança nacional. Uma das parcerias mais significativas foi com os Estados Unidos, marcada pela compra de sistemas de defesa antimísseis Patriot em 2018, um acordo multibilionário que visa aprimorar a defesa aérea polonesa. Mais recentemente, em 2020, a Polônia concluiu um acordo para adquirir 32 aeronaves de combate F-35 Lightning II, reforçando assim suas capacidades de defesa aérea com esta tecnologia de ponta.

Além disso, a cooperação com a Coreia do Sul se tornou um foco importante, culminando na compra de tanques K2 Black Panther e obuses K9 Thunder em 2021, demonstrando a expansão da cooperação militar da Polônia além das fronteiras da OTAN.

Além de aumentar seu efetivo militar, a Polônia também tomou medidas significativas para aumentar seus gastos com defesa. De acordo com o relatório 'Despesas de Defesa dos Países da OTAN (2014-2023)' da OTAN, a Polônia mostra uma taxa de gastos com defesa estimada em 3,93% de seu PIB para 2023, liderando assim a lista da OTAN, à frente dos Estados Unidos com 3,24% e da Grécia com 3,05%. Desde 2014, a Polônia está em quarto lugar em termos de crescimento de gastos com defesa com um aumento de 190%, atrás da Letônia com 208,87%, Hungria com 213,26% e Lituânia com 302,46%. Esses esforços refletem o compromisso contínuo da Polônia em fortalecer sua postura de defesa dentro da aliança.

Grande número de voluntários para o exército polonês

*Army Recognition - 11/07/2024

As Forças Armadas Polonesas já atingiram suas metas de recrutamento para todo o ano de 2024 no início de julho, com voluntários adicionais ainda aguardando sua vez. Esse aumento no alistamento cria oportunidades e desafios, conforme indicado pelo General Wiesław Kukuła durante uma coletiva de imprensa no Estado-Maior.

Esta informação foi revelada durante uma conferência abordando a situação na fronteira oriental e os preparativos futuros associados. Uma questão foi levantada sobre um documento divulgado recentemente pela TV Republika, que supostamente indicava uma redução nas despesas planejadas para modernização técnica.

O General Kukuła respondeu inesperadamente, afirmando que as Forças Armadas têm recursos financeiros crescentes, mas estão enfrentando despesas adicionais para manter o equipamento militar moderno recém-adquirido. Ele citou os caças FA-50 e os tanques M1A1 Abrams como exemplos. O número inesperado de voluntários também gerou custos imprevistos.

Em muitos países, recrutar voluntários para as forças armadas representa um desafio considerável. Os motivos são múltiplos e frequentemente complexos. Primeiro, as tendências demográficas desempenham um papel crucial. Em sociedades envelhecidas, o grupo de jovens elegíveis para se alistar está diminuindo, o que limita o número de recrutas em potencial. Segundo, as percepções socioculturais de uma carreira militar também influenciam o recrutamento. Em algumas nações, o serviço militar pode ser percebido como menos prestigioso ou menos atraente em comparação a outras carreiras profissionais.

Além disso, os rigorosos requisitos físicos e psicológicos do exército podem deter muitos jovens. A competição com o setor privado, que pode oferecer salários mais altos e condições de trabalho percebidas como melhores, também complica os esforços de recrutamento.

Diferentemente de muitas nações, a Polônia atualmente parece se beneficiar de um entusiasmo particular pelo serviço militar. Vários fatores podem explicar esse fenômeno.

Primeiro, a situação geopolítica da Polônia desempenha um papel significativo. Localizada na fronteira leste da OTAN e perto de zonas de tensão, a consciência nacional da necessidade de defesa é particularmente aguda. Ameaças percebidas, especialmente devido à instabilidade em algumas regiões vizinhas, encorajam os cidadãos a se envolverem mais ativamente na defesa nacional.

Em segundo lugar, o governo polonês implementou políticas e programas de incentivo para atrair voluntários. Essas medidas incluem benefícios financeiros, programas educacionais e de treinamento, bem como uma campanha para promover a carreira militar. Essas iniciativas tornam o serviço militar mais atraente para os jovens poloneses.

A Polônia tem uma forte tradição histórica e cultural de serviço militar. Patriotismo e um senso de dever nacional são valores profundamente arraigados na sociedade polonesa, o que fortalece a disposição dos jovens de se juntar às forças armadas.

Enquanto muitos países lutam para atrair voluntários para suas forças armadas, a Polônia se encontra em uma posição única, onde o fluxo de recrutas excede as expectativas. Esse entusiasmo pode ser explicado por fatores geopolíticos, políticas governamentais atraentes e uma tradição cultural de serviço militar. No entanto, esse fluxo apresenta desafios logísticos e financeiros, exigindo ajustes no planejamento orçamentário e na gestão de recursos militares para integrar efetivamente esses novos voluntários.

 

08 julho, 2024

Real Força Aérea da Holanda poderá ser a nova operadora do Embraer A-29N Super Tucano


*LRCA Defense Consulting - 07/07/2024

Após Portugal ter confirmado que irá adquirir o Embraer A-29N Super Tucano para equipar sua Força Aérea, comenta-se nos meios especializados que a Real Força Aérea da Holanda seria o próximo cliente interessado na versão OTAN da aeronave. O objetivo seria o de substituir seus 13 treinadores Pilatus PC-7, todos com mais de 36 anos de uso. Recorde-se que, em maio do ano passado, Bosco da Costa Junior, CEO da Embraer Defesa & Segurança havia colocado Portugal e Holanda como possíveis clientes.

Essa aquisição poderia fechar um "pacote C-390 e A-29N", onde a Real Força Aérea Holandesa teria aeronaves de transporte tático e de treinamento (além de ataque leve, reconhecimento/vigilância e anti-drone)  de um mesmo fabricante, facilitando enormemente a questão logística.

A se confirmarem as aquisições de Portugal e da Holanda, o A-29N teria portas abertas para os demais membros da OTAN, especialmente aqueles que já adquiriram o C-390.

Corroborando essa possibilidade, em 30/11/2023, a Embraer e a Netherlands Industries for Defense & Security (NIDV) assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) que passou a ser um "elemento-chave no relacionamento estratégico desenvolvido entre a Embraer e a Holanda e incluiu iniciativas já em curso, associadas ao C-390 Millennium e ao A-29 Super Tucano".

O Memorando de Entendimento com a NIDV somou-se às parcerias e aos relacionamentos estratégicos da Embraer no país. Além disso, o acordo estabeleceu uma estrutura conjunta destinada a explorar oportunidades futuras, alinhadas com as prioridades da Estratégia da Indústria de Defesa da Holanda.

Essas oportunidades poderiam incluir serviços e desenvolvimento de novas capacidades dentro dos projetos já existentes da Embraer, contribuindo ainda mais para a aplicação de conhecimento em defesa, tecnologias e capacidades industriais no país. Um dos principais objetivos foi reforçar a participação da indústria holandesa na cadeia de suprimentos do C-390.

“A colaboração com a Embraer é importante para a NIDV e seus membros. A Embraer é uma fabricante voltada para o futuro, com um forte foco em inovação e novas ideias para contribuir com a prontidão operacional de suas plataformas. Estou convencido de que a Embraer agrega valor à Base Industrial e Técnica de Defesa da Holanda”, afirmou Hans Huigen, Diretor do NIDV.

“Estamos satisfeitos em aprofundar a nossa parceria com a NIDV.  Estamos confiantes de que as estratégias de colaboração deste MoU trarão mais valor ao ecossistema holandês de defesa e segurança, incluindo institutos de pesquisa e a comunidade empresarial em diferentes setores”, declarou Bosco da Costa Junior.

As contribuições da NIDV aprofundaram a colaboração da Embraer com a base técnica e industrial de defesa da Holanda, que por sua vez estão alinhadas com as diretrizes do Ministério da Economia e Política Climática do país. A parceria foca no desenvolvimento de soluções inovadoras em defesa e no apoio à plataforma multimissão C-390 Millennium. Este acordo está alinhado com vários outros Memorandos de Entendimento em vigor, envolvendo parceiros tecnológicos e industriais como Fokker Services Group e MultiSIM, e institutos de pesquisa como o Royal Dutch Aerospace Centre (Royal NLR) e a Netherlands Organization for Applied Scientific Research (TNO).

Desde 2005, a Embraer está inserida em diversos projetos de pesquisa e desenvolvimento na Europa, reunindo universidades e indústrias para desenvolver soluções tecnológicas e contribuir para acelerar a inovação na indústria aeroespacial. Para promover ainda mais essa missão, a Embraer-X, subsidiária de inovação disruptiva da Embraer, fortaleceu essa jornada colaborativa ao abrir um escritório no Aerospace Innovation Hub@TUD, no TU Delft Campus.

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