*Por Luiz Alberto Cureau Júnior, via LinkedIn - 10/05/2025
Enquanto o Brasil assume o protagonismo global na liderança da COP30, há um tema essencial ainda tratado à margem: a segurança climática. A carta da Presidência da Conferência é clara ao convocar um “Mutirão Global” para enfrentar a crise ambiental. Mas quem sustentará essa mobilização nos territórios mais vulneráveis e estratégicos do país? A resposta é simples: as Forças Armadas.
É ingênuo imaginar que a transformação ecológica pode ocorrer apenas por meio de boas intenções e ações simbólicas. Softpower tem valor, mas sem capacidade real de dissuasão, controle e presença, não há governança ambiental efetiva. O crime ambiental na Amazônia, na foz do Amazonas, o garimpo ilegal, o desmatamento e a biopirataria já operam com logística militarizada. Não basta plantar árvores; é preciso proteger o território onde elas crescem.
As Forças Armadas do Brasil desempenham um papel silencioso, mas essencial, na preservação dos biomas. Em regiões remotas como a Amazônia Legal, no nosso oceano, são muitas vezes a única presença do Estado, garantindo soberania, monitoramento e auxílio logístico a operações ambientais e científicas. Ainda assim, persistimos em discutir Defesa como um “gasto” a ser contido, quando, na verdade, é um investimento de segurança estratégica , inclusive climática.
Se queremos liderar o debate internacional sobre clima, precisamos alinhar discurso e estrutura. Isso implica integrar a Defesa Nacional à política ambiental com orçamento próprio, previsível e contínuo. O Brasil deve instituir um orçamento permanente para ações de Defesa, criar Centros Integrados de Vigilância Ambiental com tecnologia dual e capacitar tropas em temas como geopolítica ambiental e operações sustentáveis.
A COP30 é a chance de apresentar ao mundo um novo paradigma: o da Defesa Verde. Um modelo onde nossas Forças Armadas são agentes de sustentabilidade, guardiãs do território e garantidoras da ordem ambiental. A diplomacia brasileira precisa da retaguarda de uma estrutura de Defesa forte e atualizada. Não há argumento climático que se sustente sem soberania territorial. E não há soberania sem Forças Armadas equipadas, treinadas e valorizadas.
O Brasil pode e deve mostrar que proteger o meio ambiente também é uma missão de Defesa Nacional. Porque sem segurança, não há transição ecológica. E sem Defesa, não há futuro verde possível.
*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro e Consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília.
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