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20 abril, 2025

Pesquisador brasileiro desenvolve revolucionária turbina a jato sem pás


*LRCA Defense Consulting - 20/04/2025

Cada detalhe num avião é decisivo tanto em relação à segurança quanto eficiência e custos de produção. A vida de centenas de pessoas pode estar em jogo em voos de carreira e a construção de uma grande aeronave envolve valores muito altos. Um Airbus A380, o maior avião de passageiros em operação na atualidade, não sai por menos de 445,6 milhões de dólares. Mesmo um avião de carreira de menor porte envolve custos muito altos, como o E170 da Embraer, menor jato da companhia, que sai ao custo de 46,3 milhões de dólares.

Turbinas têm grande destaque
Nos projetos de aeronaves, as turbinas têm grande destaque, tendo papel central no grande desenvolvimento da aviação civil a partir de 1953 quando o primeiro avião comercial com motores a jato foi apresentado. Uma turbina, em termos muito simples, capta o ar e o pressuriza, misturando com combustível para que a queima ocorra. Esta reação pode chegar aos mil graus e empurra uma grande quantidade de ar para trás dando impulso para que a aeronave possa voar.

Nesse processo, as pás da hélice da turbina tem um papel muito importante, funcionando basicamente com o mesmo princípio de um ventilador convencional para empurrar o ar.

Mas seria possível uma turbina que funcionasse sem essas pás?
Não só é possível como um projeto desenvolvido pelo professor Cyro Ketzer Saul, do Departamento de Física da UFPR, teve sua patente registrada em 2021 e promete trazer várias vantagens frente às turbinas convencionais, tanto em relação à segurança quanto aos custos de produção e de manuenção.

O projeto, batizado de Dispositivo Híbrido Axial de Propulsão a Jato, foi resultado de oito anos de pesquisas, desde sua concepção inicial em 2013, e utiliza o mesmo princípio dos ventiladores sem pás, desenvolvidos pela empresa Dyson. O que parece ser algum tipo de magia é, na verdade, a aplicação precisa de princípios da mecânica de fluídos que apresenta vantagens em relação à forma tradicional de empurrar o ar utilizando as pás de uma hélice.

“O conceito de ‘amplificação de ar’, cujo nome foi cunhado pela empresa Dyson, corresponde a uma associação entre o Efeito Coanda, a viscosidade do ar e diferenças de pressão, permitindo incrementos consideráveis da vazão dos gases e isto, por sua vez, aumenta o empuxo produzido. A empresa Jetoptera, que emprega o mesmo princípio de ‘amplificação de ar’ em estruturas acionadas por motores elétricos fala em amplificações de até 10 vezes”, explica Saul.

No entanto, a invenção brasileira possui características próprias que a diferem da solução da Jetoptera, o que foi fundamental para a obtenção da patente.

Inovação permite operação em menores temperaturas, o que reduz custos
A nova turbina é similar a uma turbina convencional, mas seu eixo central foi substituído por um duto interno livre que possibilita empregar o efeito de amplificação de ar para aumentar o fluxo de gases e consequentemente o empuxo gerado para movimentar uma aeronave, combinando energias térmica e elétrica para produzir a propulsão a jato.

Ele explica que, no novo modelo, os gases de combustão, em alta temperatura, são misturados com o ar frio já na entrada do motor, de modo que quando eles chegam na entrada do compressor, logo antes de entrar na turbina, suas temperaturas estão muito reduzidas. Tal redução permitiria utilizar materiais mais baratos já que não enfrentariam altas temperaturas.

Saul destaca as vantagens que este tipo de máquina pode ter por operar em temperaturas menores. “A operação da turbina, que é o componente do motor convencional que recebe os gases das câmaras de combustão, ocorre em temperaturas muito elevadas (acima de 1000º C), e isto implica no uso de ligas resistentes a elevadas temperaturas e construções complexas das pás, permitindo injeção de ar frio para isolar seu contato com os gases superaquecidos em alta pressão”, completa.

Outra vantagem é a possibilidade de acionamento descontinuo das câmaras de combustão, uma espécie de revezamento, que pode reduzir ainda mais a temperatura média de operação dos componentes da turbina.

 
 
 

Sem pás no caminho, modelo amplia segurança de voo
Um dos fatores que causam maior preocupação na aviação é a colisão com objetos durante os voos que acabam muitas vezes sugados pelas turbinas. Aves em torno de aeroportos são uma preocupação constante. O modelo desenvolvido por Saul permite que objetos sugados passem direto pela turbina, diminuindo muito as chances de que causem danos significativos.

“Sem dúvida, a inexistência de pás no caminho da passagem dos gases reduz consideravelmente os danos provocados por sucção de objetos estranhos. Para um objeto estranho, (…) o motor aeronáutico convencional (Turbofan, por exemplo) em rotação é como uma parede e a colisão usualmente rompe algumas pás, desequilibrando o motor e obrigando o pouso nos casos menos graves. No caso do dispositivo proposto, um objeto succionado que não colidisse com as paredes internas do duto interno livre, sairia na outra extremidade apenas queimado”, explica o pesquisador.

Aplicações
As inovações proporcionadas pela turbina são revolucionárias e aplicáveis ​​em domínios civis e militares. O conceito foi desenvolvido com o foco em aeronaves comerciais, como aquelas citadas no início da matéria, mas também pode ser adaptado para uso em escala menor. Assim, o sistema pode ser usado para impulsionar uma variedade de aeronaves em aplicações VTOL e STOL: 

- VTOL (Vertical Take-Off and Landing) se refere a aeronaves pilotadas ou não que conseguem decolar e pousar na vertical, dispensando a necessidade de pistas longas, tais como a maioria dos drones, algumas aeronaves militares (Harrier ou o F-35B Lightning II) e projetos de mobilidade aérea urbana (como o Eve, da Embraer).

- STOL (Short Take-Off and Landing) se refere a aeronaves pilotadas ou não que não decolam verticalmente, mas precisam de pistas muito curtas. Elas são projetadas para operar em ambientes com pouco espaço, como rampas de lançamento, pistas improvisadas, campos ou zonas de pouso acidentadas, tais como alguns tipos de drones, aeronaves de patrulha ou de transporte em regiões remotas, algumas aeronaves de aviação regional ou de bush flying (aeronaves pequenas e robustas capazes de decolar e pousar em distâncias curtas, como o Cessna 208 Caravan, Piper Super Cub, ou DHC-2 Beaver).

O sistema de turbinas pode ser adaptado e implantado inclusive em planadores que, eventualmente, possam necessitar de empuxo. 

Além de uma menor necessidade de manutenção, devido à ausência de partes móveis internas, a nova turbina também reduz o ruído mecânico e a assinatura radar, podendo ainda facilitar o resfriamento do fluxo de exaustão, proporcionando uma maior característica de furtividade (stealth) à aeronave.

Situação atual
Depois de obter a patente, com o apoio da Agência de Inovação da UFPR, Saul explica que os próximos passos vão no sentido de buscar parcerias com empresas que tenham interesse e capacidade de produzir a turbina em escala comercial. Ele acredita que, com as vantagens do modelo, será possível chamar a atenção dos fabricantes de aeronaves.

Outras informações podem ser obtidas na Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFPR.

*Fontes: portal Ciência UFPR e LRCA Defense Consulting.

FAMEX 2025: palco de novos negócios entre Embraer e México?

Imagem meramente representativa criada por IA

*LRCA Defense Consulting - 20/04/2026

A 10ª edição da Feira Aeroespacial Mexicana (FAMEX 2025) confirmou a presença de 337 empresas expositoras, mais de 150 organizações, 48 ​​países, 38 embaixadas, cinco comandantes de forças aéreas e mais de 10 representantes de outras forças armadas que se reunirão, de 23 a 26 de abril de 2025, na Base Aérea Militar de Santa Lucía (Base Aérea Militar nº 1), que voltará a ser o epicentro da indústria aeroespacial mexicana.

A FAMEX é um evento organizado pela Secretaria de Defesa Nacional  (SEDENA) por meio da Força Aérea Mexicana (FAM). Trata-se de uma atividade comercial nas áreas aeronáuticas civil, militar, e de segurança e defesa cujo objetivo é reunir os líderes desses setores para promover o intercâmbio comercial e o crescimento da indústria aeroespacial no México, gerando a atração de investimento estrangeiro direto e empregos na comunidade aeronáutica nacional, tendo seu quartel-general na Base Aérea Militar nº 1.

O ano de 2025 tem particular significado, pois marca o 110º aniversário da Força Aérea Mexicana e o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. 

Brasil: convidado de honra
A Embraer está presente no México há mais de 40 anos. A fabricante brasileira conta com mais de 100 de suas aeronaves que voam atualmente no país para companhias aéreas, para autoridades policiais e para o setor de defesa (mais de 50 são aeronaves executivas, três pertencem à FAM e as demais são aeronaves comerciais). Além disso, tem uma subsidiária (EZ Air Interior Limited) em Chihuahua, no México, operando com mais de 1.000 trabalhadores para produzir revestimentos internos para suas aeronaves.

Neste ano, a FAMEX terá o Brasil como país convidado de honra, "nação com uma indústria aeroespacial avançada que contribuirá com sua experiência e tecnologia para o evento e que mostrará sua grande indústria aeroespacial por meio de uma de suas aeronaves mais representativas, o C-390 Millenium, que foi exibido tanto em solo quanto em voo pela Embraer". Interessante observar que a programação da FAMEX, ao listar as apresentações aéreas individuais de aeronaves que acontecerão nos dias 23, 24 e 25, cita as três do C-390 Millennium (13h30 - 13h40) como "Demonstração da aeronave de transporte tático mais avançada".

No dia 20 de março de 2024, o comandante da Força Aérea Mexicana liderou a cerimônia de aceitação do Brasil como país convidado de honra, na Base Aérea Militar nº 1 de Santa Lucía, acompanhada pelo Secretário de Relações Exteriores, pelo Embaixador do Brasil no México e pelo diretor do comitê FAMEX, contando ainda com a presença de oficiais do Exército e da Força Aérea Mexicana, além de convidados especiais.

Embraer EMB-145 AEW&C da Força Aérea Mexicana

Força Aérea Mexicana

A FAM conta com poucos meios aéreos modernos, haja vista que sua frota de caças é composta por 10 F-5 Tiger II, a de transporte por 07 Hercules C-130 antigos e, a de treinamento e apoio ao combate, por 62 Pilatus suíços. Em termos de AEW&C, a FAM possui dois Embraer EMB-145 AEW&C, sendo um E-99 e um P-99.

Embraer e México estreitaram relações em 2024
Em 11 de abril de 2024 a Embraer e a Feira Aeroespacial do México - FAMEX assinaram um Memorando de Entendimento para colaborar em oportunidades de desenvolvimento na indústria aeroespacial mexicana. O acordo visa facilitar futuras cooperações com entidades e empresas locais, além de promover os produtos da Embraer Defesa & Segurança no país.

No dia 29 de julho de 2024, um C-390 Millennium chegou à Base Aérea de Santa Lúcia para realizar uma série de demonstrações sob o comando da Força Aérea Mexicana. Segundo observadores especializados, "aparentemente os esforços da fabricante brasileira foram bem sucedidos, porque o México poderá se tornar um dos próximos clientes da aeronave de transporte".

Descobriu-se ainda que, durante a visita da aeronave Embraer C-390 à BAM nº 1, em julho, os diretores da empresa brasileira falaram sobre a possibilidade de incorporar o avião de ataque leve A-29 Super Tucano às fileiras da FAM. Um demonstrador A-29 esteve no México durante a FAMEX 2019, quando pôde ser observado em detalhes pelos comandantes da FAM.

Um ponto que despertou o interesse da FAM foi a complementaridade existente entre a aeronave de ataque leve e treinador avançado A-29 Super Tucano e a aeronave multimissão de transporte militar C-390 Millennium, já que a empresa brasileira possui uma linha completa de soluções e aplicações integradas como Centro de Comando e Controle (C4I), radares, ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento), incluindo ainda sistemas integrados de informação, comunicação, monitoramento e vigilância de fronteiras.

Entre 2018 e 2024, a FAM não incorporou nenhuma aeronave na sua frota, pelo que existe um déficit de cerca de 30 aeronaves com as capacidades do T-6C (do qual a FAM opera mais de 60 unidades), segundo os planos divulgados em 2018. Embora a incorporação de mais unidades do T-6C parecesse uma decisão já tomada, esta pausa de vários anos abre a possibilidade de incorporação de outra aeronave, como o A-29 Super Tucano, haja vista que ela, além de cumprir missões de treinamento avançado e de patrulha, diferencia-se por possuir também poderosas capacidades de Apoio Aéreo Aproximado (CAS) e é altamente valorizada por este motivo.

No dia 30 de setembro de 2024, o CEO das Embraer, Francisco Gomes Neto, foi convidado para a posse da presidente mexicana Claudia Sheinbaum e participou do Fórum de Empreendedores Mexicano-Brasileiros. Lá, assinou um memorando de entendimento (MoU) com a Federação da Indústria Aeroespacial do México para “identificar, com o apoio da Secretaria do Secretário de Estado Mexicano, novas oportunidades de negócios e áreas de interesse para o desenvolvimento potencial de projetos conjuntos de defesa, incluindo possível colaboração com o cluster de defesa do país.”, conforme comunicado oficial da empresa.

Com relação à aviação de transporte, o México pretendia adquirir novos C-130J Super Hercules da Lockheed Martin como substitutos de seus antigos similares, mas também considerou o Airbus A400M. Entretanto, as boas relações entre os governos do México e do Brasil (que têm posições políticas semelhantes), o tarifaço do governo Trump sobre o México e o significativo apoio que a Embraer poderá trazer ao setor aeroespacial do país, poderão balançar decisivamente o pêndulo em direção à empresa brasileira. 

Isto também é apoiado pelo fato de que a companhia aérea Mexicana de Aviación, recém-criada pelo estado em 2023, encomendou um total de 10 jatos E190-E2 e 10 E195-E2 à Embraer em 2024.

Em comunicado publicado sobre a assinatura do MoU com a Associação Aeroespacial Mexicana, o CEO Francisco Gomes Neto não revelou quantas aeronaves de transporte poderão estar envolvidas neste caso, mas dada a dimensão da frota existente acima mencionada, pode-se assumir que se trata de um número de um dígito. “É com grande satisfação que anunciamos este acordo”, afirmou Gomes Neto. “Além de fomentar novos negócios e maior integração entre os dois países, este acordo representa uma grande oportunidade de colaboração estratégica entre a Embraer e a indústria aeronáutica mexicana.”

Imagem meramente representativa criada por IA

Os acordos firmados com a Federação da Indústria Aeroespacial e com a FAMEX, combinados com as urgentes necessidades do México e com a atual situação político-econômica nas Américas, poderão abrir as portas para a aquisição do C-390 Millennium e, talvez, também do A-29 Super Tucano pelo país.

Se realmente esse cenário se tornar realidade, as quantidades, condições e tipos de aeronaves envolvidas são fatos que poderão ser conhecidos em breve. Seja como for, o grande evento internacional representado pela FAMEX tem tudo para ser o palco ideal para a assinatura de um novo contrato entre a Embraer e o governo mexicano.

19 abril, 2025

Embraer aumenta a aposta. Fabricante de aeronaves tenta a Polônia com investimentos bilionários

 


*Business Insider, por ygi - 19/04/2025

A empresa brasileira de aviação Embraer apresentou à Polônia uma oferta abrangente de cooperação industrial, que visa convencer os poloneses a escolherem a fabricante brasileira. No caso de uma oferta civil, isso seria às custas da Airbus, que também está competindo pelo contrato. A decisão é esperada para dentro de algumas semanas (a previsão era no primeiro trimestre de 2025).

A parceria proposta pela Embraer excederia significativamente a escala atual de sua presença na Polônia. Segundo estimativas da empresa, atualmente ela gera cerca de US$ 80 milhões. e fornece 1.350 empregos na indústria da aviação nacional. — A parceria que oferecemos pode contribuir para fortalecer a posição da economia polonesa, gerando um valor de US$ 3 bilhões nos próximos 10 anos. e criar 5 mil novos empregos — enfatiza Luis Carlos Alonso, vice-presidente da empresa.

A fabricante brasileira quer se concentrar em duas áreas estratégicas de cooperação: o programa de aeronaves civis de passageiros E2 para a LOT e o programa de transporte militar KC-390 Millennium.

— Além disso, outros US$ 3 bilhões. pode vir dos futuros programas de desenvolvimento de novas aeronaves da Embraer, embora este seja um cenário para um futuro mais distante, acrescenta Luis Carlos Alonso em resposta às perguntas do Business Insider.

Uma oferta abrangente para o setor de defesa
A proposta para o setor de defesa polonês foi avaliada em quase US$ 1 bilhão e prevê o estabelecimento de uma linha de montagem final para a aeronave de transporte KC-390 Millennium na Polônia. Se o Ministério da Defesa Nacional decidir comprar aeronaves. — A Polônia é um parceiro ideal para a Embraer cooperar na criação de tecnologias de defesa modernas e empregos altamente qualificados — disse Francisco Gomes Neto, chefe do Grupo Embraer, anteriormente em Varsóvia.

De acordo com a oferta apresentada, a Polônia poderá se tornar membro do ecossistema europeu KC-390, que já foi adotado pelas forças armadas da Holanda, República Tcheca, Portugal, Hungria, Áustria e Coreia do Sul. A oferta também inclui a polonização de sistemas de bordo, criação de suporte técnico e reparos, e um Centro Europeu de Treinamento Tático para o KC-390.

Vale lembrar que, durante sua visita a Varsóvia, o CEO da Embraer se encontrou com o vice-ministro da Defesa Nacional, Paweł Bejda, discutindo possíveis áreas de cooperação.

Planos para a aviação civil
A oferta civil, no caso das entregas acima mencionadas à LOT, foi avaliada em mais de US$ 2 bilhões. Inclui a produção de segmentos de fuselagem para aeronaves da família E2, a criação do maior centro de manutenção e reparo (MRO) do mundo para essa família de aeronaves, a construção de um centro de revisão de trens de pouso e o lançamento de um programa para converter aeronaves E190 mais antigas de passageiros para cargueiros.

— A Polônia poderia — por meio da LOTAMS — se tornar a maior base de MRO do mundo para E2 . Este é um projeto ambicioso que fortaleceria significativamente a posição da Polônia no mercado global de serviços de aviação, explicou o vice-presidente Alonso.

A empresa brasileira coopera com o setor de aviação polonês há mais de 25 anos. Atualmente, as fábricas polonesas produzem componentes para aeronaves E2 – unidades auxiliares de energia (APU), componentes para motores e assentos Pratt & Whitney. Além disso, a frota da LOT Polish Airlines inclui 47 aeronaves Embraer, incluindo três E195-E2s.

A Embraer assinou recentemente um acordo de cooperação com o Instituto de Aviação da Rede de Pesquisa Łukasiewicz (iLOT). O acordo abrange trabalho de pesquisa e desenvolvimento na área de engenharia de materiais, soluções técnicas futuras para aviação e futuros processos de manutenção.

Realização imediata

Representantes da Embraer ressaltam que os investimentos propostos poderão ser implementados no curto e médio prazo, desde que a oferta da empresa seja selecionada pelas autoridades polonesas. — Estamos prontos para aprofundar a cooperação com a Polônia em dois programas principais. Nossas propostas foram calculadas em detalhes e podem ser implementadas quase imediatamente após a decisão ser tomada, observa Luis Carlos Alonso em resposta à pergunta do Business Insider.

 

18 abril, 2025

OGMA, do Grupo Embraer, poderá fabricar os Gripen portugueses, caso o país feche com a Saab

Imagem gerada por IA

 *LRCA Defense Consulting - 18/04/2026

A imprensa internacional está repercutindo a decisão portuguesa de pausar as negociações para a aquisição do caça do quinta geração americano Lockheed Martin F-35 e voltar sua atenção para o caça sueco Saab JAS-39 Gripen, caracterizado como de geração 4,5.

O excelente artigo de Bulgarian Military detalha o assunto e levanta a possibilidade de os Gripen portugueses, caso seja fechado o negócio, serem produzidos pela OGMA, uma gigante aeroespacial portuguesa que tem a Embraer como a principal acionista.

Assim, além de vir a produzir os Gripen do Brasil, da Colômbia (e, provavelmente, do Peru) em sua sede no Brasil, a Embraer também teria uma forte participação na produção das aeronaves suecas destinadas a Portugal e, por que não, a outros países europeus e não europeus, haja vista que, com isso, a fabricante sueca diversificaria as unidades produtivas e agilizaria seus prazos de entrega, obtendo mais um trunfo sobre a concorrência.

Em outra reportagem, o ministro da Defesa de Portugal afirmou à mídia portuguesa ECO: "Temos de produzir mais na Europa e comprar mais na Europa. As opções têm de ser as europeias e Portugal tem de estar no ciclo produtivo. Não quer dizer que esteja de A a Z, mas na produção de componentes ou manutenção”. Esta e outras declarações do ministro português reforçam a hipótese de seu país optar pelo Gripen e fazer todo o esforço para que as aeronaves sejam produzidas pela OGMA, total ou parcialmente.
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A ousada mudança de Portugal para o Gripen choca os apoiadores do F-35 na OTAN



*Bulgarian Military, por Boyko Nikolov - 17/04/2025

Em 6 de abril de 2025, Micael Johansson, CEO da gigante aeroespacial sueca Saab, confirmou que a empresa está em negociações com Portugal para potencialmente fornecer caças JAS 39 Gripen, uma medida que pode reformular a estratégia de defesa aérea do país europeu.

O anúncio, feito em uma entrevista ao jornal sueco Dagens Industri , sinaliza a ambição da Saab de expandir sua presença no mercado aeroespacial da OTAN em um momento em que Portugal, um membro de longa data da aliança, busca modernizar sua frota envelhecida de aeronaves F-16.

Este desenvolvimento ocorre em meio a tensões geopolíticas crescentes na Europa e a um debate mais amplo sobre a dependência do continente em equipamentos militares de fabricação americana. Enquanto Portugal avalia suas opções, o Gripen surge como uma alternativa econômica e versátil a plataformas mais caras como o Lockheed Martin F-35, levantando questões sobre as tendências futuras de aquisição da OTAN e as implicações estratégicas para a cooperação transatlântica em defesa.

Resposta pragmática às necessidades de defesa
O interesse de Portugal no Gripen reflete uma resposta pragmática às suas necessidades de defesa e restrições orçamentárias. Com um orçamento de defesa de aproximadamente US$ 4 bilhões anuais, segundo um estudo de 2024 do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, Portugal não está entre os pesos pesados ​​da OTAN.

A sua força aérea opera atualmente 24 jatos F-16AM e quatro F-16BM, muitos dos quais estão perto do fim da sua vida útil. Durante anos, a Força Aérea Portuguesa manifestou o desejo de adquirir caças stealth F-35 de quinta geração, preferência reiterada pela sua liderança em 2019.

No entanto, os altos custos de aquisição e manutenção do F-35, somados às recentes mudanças na política externa dos EUA, levaram Lisboa a explorar alternativas.

Em março de 2025, o então Ministro da Defesa português, Nuno Melo, declarou ao jornal Público que o país estava reconsiderando seus planos para o F-35, citando preocupações com a imprevisibilidade geopolítica e a necessidade de avaliar as opções europeias. O Gripen da Saab, conhecido por sua acessibilidade e flexibilidade operacional, preencheu essa lacuna, posicionando-se como um concorrente viável.

O JAS 39 Gripen E/F, a mais recente versão do caça multifuncional da Saab, está no centro dessas discussões. Projetado para combater ameaças avançadas em campos de batalha modernos, o Gripen E/F é um jato leve e monomotor que combina tecnologia de ponta com eficiência de custos.

Equipado com o motor General Electric F414G, ele atinge velocidade máxima de Mach 2 e um raio de combate de aproximadamente 800 km. O radar de varredura eletrônica ativa Leonardo ES-05 Raven e o sensor infravermelho de busca e rastreamento Skyward G proporcionam robusta consciência situacional, enquanto seu avançado conjunto de guerra eletrônica, incluindo um sistema de alerta de aproximação de mísseis de 360 ​​graus, aumenta a capacidade de sobrevivência em ambientes contestados.

Com 10 pontos de fixação, o Gripen E/F pode transportar até sete mísseis ar-ar MBDA Meteor além do alcance visual, além de mísseis de curto alcance IRIS-T e munições guiadas de precisão para missões ar-solo. Sua arquitetura aviônica modular permite atualizações rápidas de software, permitindo que os operadores integrem novos recursos sem grandes revisões de hardware.

A Saab enfatiza a capacidade do jato de operar a partir de bases austeras, uma característica enraizada na doutrina sueca de operações dispersas da época da Guerra Fria, o que pode atender à necessidade de Portugal de implantação flexível na região do Atlântico.

Comparado aos seus concorrentes, o Gripen E/F oferece vantagens distintas para uma nação como Portugal. O Lockheed Martin F-35A, embora incomparável em furtividade e fusão de sensores, tem um custo unitário superior a US$ 80 milhões e despesas anuais de manutenção que podem sobrecarregar orçamentos menores de defesa.

Um relatório de 2023 do Escritório de Prestação de Contas do Governo dos EUA (GCO) observou que apenas 55% dos F-35 americanos estavam aptos a operar em missões em determinado momento, destacando a complexidade logística da plataforma. O Eurofighter Typhoon, outra opção europeia, oferece desempenho formidável, mas a um preço mais alto que o Gripen, com custos operacionais estimados em US$ 18.000 por hora de voo, em comparação com os US$ 7.000 do Gripen, de acordo com uma análise da Jane's de 2020.

O F-16V modernizado, produzido pela Lockheed Martin, continua sendo um forte concorrente devido à infraestrutura existente do F-16 em Portugal, mas sua falta de recursos de quinta geração pode limitar sua viabilidade a longo prazo.

O Gripen, por outro lado, encontra um equilíbrio entre tecnologia avançada e acessibilidade, com um custo de voo de cerca de US$ 40 milhões por unidade e um design que minimiza o tempo de inatividade para manutenção. Sua capacidade de conduzir missões ar-ar, ar-solo e de reconhecimento o torna uma plataforma versátil e adequada às necessidades multifacetadas de defesa de Portugal.

OGMA/Embraer
A proposta da Saab para Portugal vai além da aeronave em si, enfatizando benefícios industriais e econômicos que poderiam repercutir em Lisboa. A empresa tem um histórico de oferecer transferência de tecnologia e acordos de produção local, como demonstrado em seu acordo de US$ 5,4 bilhões com o Brasil em 2014, que incluiu a instalação de uma linha de produção do Gripen E em Gavião Peixoto, São Paulo.

Em um comunicado à imprensa de 9 de maio de 2023, a Saab observou que a unidade emprega 200 trabalhadores e fortaleceu a indústria aeroespacial brasileira, um modelo que poderia ser atraente para o governo português em sua busca por impulsionar sua economia. Tais acordos poderiam envolver empresas portuguesas como a OGMA, uma empresa de manutenção e fabricação parcialmente controlada pela brasileira Embraer, que já colaborou com a Saab no passado.

Ao integrar Portugal à cadeia de suprimentos do Gripen, a Saab poderia criar empregos e promover parcerias industriais de longo prazo, uma perspectiva que tem peso político em um país que se recupera dos desafios fiscais da última década.

Além disso, a disposição da Saab em personalizar pacotes de suporte, incluindo treinamento e manutenção, pode garantir alta disponibilidade operacional para a força aérea portuguesa, um fator crítico dados os recursos limitados do país.

Portugal desempenha um papel vital nas operações atlânticas da OTAN
O momento dessas negociações é significativo, visto que a Europa enfrenta a evolução da dinâmica de segurança e a busca por maior autonomia de defesa. A agressão contínua da Rússia na Ucrânia, aliada ao seu reforço militar no Ártico, intensificou o foco da OTAN na superioridade aérea e na capacidade de resposta rápida.

Portugal, embora geograficamente distante da Europa Oriental, desempenha um papel vital nas operações atlânticas da aliança, incluindo patrulha marítima e policiamento aéreo sobre os Açores, um arquipélago estratégico que serve como centro de logística militar transatlântica.

A capacidade do Gripen de operar em pistas curtas e sua compatibilidade com a rede de compartilhamento de dados Link 16 da OTAN o tornam ideal para essas missões. Além disso, a recente entrada da Suécia na OTAN em 2024 fortaleceu a credibilidade da Saab como fornecedora para os membros da aliança, posicionando o Gripen como um símbolo da colaboração europeia.

Estratégia mais ampla da Saab
Como Micael Johansson disse ao Dagens Industri, a Saab também está em negociações com o Canadá e vários países latino-americanos, sugerindo uma estratégia mais ampla para desafiar o domínio dos EUA no mercado global de caças.

Historicamente, o Gripen obteve sucesso em países menores da OTAN com orçamentos limitados, o que constitui um estudo de caso para a potencial decisão de Portugal. A República Tcheca, que alugou 14 jatos Gripen C/D em 2004, recentemente estendeu seu contrato com a Saab até 2035, avaliado em US$ 675 milhões, para cobrir a lacuna até o início das entregas do F-35 em 2031.

A Hungria, outra operadora do Gripen, expandiu sua frota com quatro modelos C/D adicionais em fevereiro de 2024, elevando o total para 18 aeronaves. Ambas as nações elogiaram a confiabilidade e os baixos custos operacionais do Gripen, com a Hungria utilizando os jatos para policiamento aéreo sobre a Eslovênia desde 2014. Esses exemplos reforçam o apelo do Gripen para países que buscam equilibrar os compromissos da OTAN com a responsabilidade fiscal.

No entanto, a decisão de Portugal pode ter implicações mais amplas, especialmente à luz das recentes mudanças na política americana. A ênfase do governo Trump no comércio recíproco e a imposição de tarifas sobre produtos europeus, conforme noticiado pela Reuters em 4 de março de 2025, têm tensionado as relações transatlânticas, levando alguns membros da OTAN a diversificar seus fornecedores de defesa.

Imagem gerada por IA e inserida pela LRCA

Desafio
Um desafio para a Saab reside na dependência do Gripen de componentes fabricados nos EUA, notadamente o motor F414G, que exige licenças de exportação e suporte de manutenção de empresas americanas. O Defense Express noticiou em 12 de abril de 2025 que essa dependência poderia complicar os esforços da Saab para comercializar o Gripen como uma alternativa totalmente autônoma às plataformas americanas.

Em meados da década de 2010, a Saab avaliou a substituição do F414G por uma variante produzida localmente do motor EJ200 do Eurofighter Typhoon, mas o projeto foi paralisado. Embora essa questão não tenha prejudicado as vendas anteriores do Gripen, pode gerar preocupações em Portugal, especialmente se as tensões comerciais entre EUA e Europa aumentarem.

Para atenuar esse problema, a Saab enfatizou a arquitetura aberta do jato, que permite aos clientes desenvolver seu próprio software e integrar sistemas não americanos, conforme observado em um comunicado de imprensa da Saab de 2021. Para Portugal, essa flexibilidade poderia permitir a colaboração com empresas de defesa europeias, reduzindo a dependência das cadeias de suprimentos americanas ao longo do tempo.

Mudança nas tendências de aquisição da OTAN para alternativa europeia
As ramificações geopolíticas de um possível acordo para o Gripen estendem-se além das fronteiras de Portugal. A decisão de escolher a Saab em vez da Lockheed Martin pode sinalizar uma mudança nas tendências de aquisição da OTAN, incentivando outros membros a priorizar custo e interoperabilidade em detrimento de plataformas centradas em stealth.

Polônia e Noruega, ambas compradoras do F-35, enfrentaram atrasos nas entregas, com os primeiros jatos poloneses não esperados antes de 2026, de acordo com um relatório militar búlgaro de 9 de abril de 2025. Esses contratempos alimentaram o interesse em soluções provisórias como o Gripen, que oferece prazos de entrega mais rápidos e custos de ciclo de vida mais baixos.

Além disso, a compra do Gripen por Portugal poderia reforçar o papel da Suécia como líder em defesa na Europa, reforçando a necessidade de projetos colaborativos como o Future Combat Air System, um programa de caças de última geração envolvendo França, Alemanha e Espanha. Por outro lado, os EUA poderiam encarar tal movimento como um desafio ao seu domínio aeroespacial, potencialmente prejudicando os laços bilaterais com Portugal, um membro fundador da OTAN.

As negociações também destacam o debate mais amplo sobre a autonomia de defesa europeia, um tópico que vem ganhando força desde que o conflito na Ucrânia se intensificou em 2022. O Gripen, juntamente com o Rafale da França e o Eurofighter Typhoon, representa uma alternativa construída na Europa aos sistemas dos EUA, alinhando-se aos apelos por maior autossuficiência.

Em um comentário de 2025 no site Opex360, analistas de defesa franceses argumentaram que a consideração de Portugal pelo Gripen reflete uma abordagem pragmática para equilibrar as obrigações da OTAN com os interesses nacionais. No entanto, a decisão não é isenta de riscos.

Riscos
Optar pelo Gripen pode limitar o acesso de Portugal aos recursos avançados de compartilhamento de dados do F-35, essenciais para operações conjuntas com aliados como os EUA e a Holanda. Além disso, a instabilidade política em Portugal, com eleições parlamentares antecipadas marcadas para 18 de maio de 2025, pode atrasar qualquer decisão final, já que o próximo governo terá a palavra final.

Confiabilidade, potencial em combate e opção atraente
Do ponto de vista operacional, o desempenho do Gripen E/F em exercícios e implantações em situações reais oferece um vislumbre do seu potencial valor para Portugal. Em um exercício Red Flag de 2006 no Alasca, os jatos Gripen C abateram 10 caças F-16, Eurofighters e F-15 sem perdas, demonstrando sua agilidade e eficácia em combate, conforme documentado em uma entrada da Wikipédia de 2025 sobre o Gripen.

Imagem inserida pela LRCA

Mais recentemente, os F-39 Gripens do Brasil passaram por testes climáticos em 2024, operando em temperaturas de 35°C e 85% de umidade, condições semelhantes ao clima costeiro de Portugal. Esses testes, detalhados em um comunicado à imprensa da Saab de 26 de março de 2025, confirmaram a confiabilidade do jato em diversos ambientes, um fator fundamental para as missões portuguesas focadas no Atlântico.

A capacidade do Gripen de realizar reabastecimento em condições adversas e manobras rápidas, com substituições de motor concluídas em menos de uma hora, aumenta ainda mais seu apelo para uma pequena força aérea que prioriza a eficiência.

À medida que Portugal avança na aquisição de caças, a combinação de preço acessível, versatilidade e origem europeia do Gripen o posiciona como uma opção atraente. No entanto, a decisão depende de mais do que especificações técnicas ou custo.

Vontade política, incentivos industriais e dinâmicas de alianças moldarão o resultado, com implicações para a coesão da OTAN e o cenário de defesa da Europa. A persistência da Saab em mercados como Canadá, Colômbia e agora Portugal sugere um esforço calculado para interromper o domínio do F-35, mas o sucesso está longe de ser garantido.

O destino do Gripen em Lisboa dependerá se Portugal o verá como uma ferramenta prática para modernização ou uma declaração ousada de independência estratégica.

Poderá este acordo marcar o início de uma mudança mais ampla na Europa, afastando-se dos sistemas americanos, ou permanecerá uma exceção em um mercado ainda dominado por gigantes americanos? Só o tempo dirá, mas a conversa em si destaca um momento crítico na evolução do poder aéreo global.
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“Portugal tem de estar no ciclo produtivo” da defesa europeia, diz Nuno Melo


*ECO, por Mariana Bandeira - 17/04/2025

Portugal deve ‘pressionar o gatilho’ das linhas de produção de maquinaria e componentes para a defesa. É esta a mensagem do ministro Nuno Melo, que acredita que o país tem uma nova oportunidade de reindustrialização perante os desafios que a segurança europeia enfrenta.

“Temos de produzir mais na Europa e comprar mais na Europa. As opções têm de ser as europeias e Portugal tem de estar no ciclo produtivo. Não quer dizer que esteja de A a Z, mas na produção de componentes ou manutenção”, apelou esta quinta-feira o ministro da Defesa, na conferência “Relatório Draghi” sobre segurança e defesa, organizada pelo ECO.

As aquisições da União Europeia (UE) na área da defesa, a maioria provinda de países extra-UE, também são uma preocupação do atual Governo, que considera Portugal uma nação com capacidade exportadora neste setor. “Cerca de 80% das aquisições da UE vêm de fora da UE, portanto há uma margem brutal. E têm de ser nossas também”, disse.

O ministro da Defesa referia-se a aquisições no âmbito da Lei de Programação Militar (LPM) e fora deste quadro legislativo, nomeadamente de aeronaves de instrução, simuladores, bombardeiros para combate aos fogos, sistema de artilharia, viaturas blindadas e não blindadas, drones ou navios reabastecedores.

“Fabricam-se em Portugal alguns dos melhores drones que se produzem no mundo inteiro, para contextos de guerra ou de paz. Devemos encarar as fragilidades nas indústrias da defesa na União Europeia como uma oportunidade. Não a podemos perder. Portugal não pode ficar à margem da dinâmica de um processo que não volta atrás”, advertiu o governante.

Segundo Nuno Melo, o investimento nacional na defesa – atualmente de 3,1 mil milhões de euros – não requer retirar verbas de outros setores nem “se compara com outras áreas da soberania”, como a educação, para onde estão alocados mais de sete mil milhões de euros, anualmente. “Queremos gerar retorno para a economia e não retirar dinheiro do Orçamento do Estado”, reiterou.

Imagem inserida pela LRCA

“Cada KC vendido são 10 milhões para o Estado”
E deu como exemplo da recente aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano por 200 milhões de euros, cuja reforma será realizada em Portugal. Ou seja, a reconfiguração das aeronaves da Embraer para o contexto da NATO será feita exclusivamente por empresas portuguesas e 75 milhões de euros serão investidos nos privados para o desenvolvimento de tecnologias de defesa. “Mesmo na política de aquisições queremos assegurar retorno para a economia”, explicou Nuno Melo, esclarecendo que as compras em Portugal são de dimensão militar e civil.

O ministro da Defesa disse ainda que Portugal opera quase como uma agência de vendas de aviões militares KC na Europa. “Cada KC que é vendido significam 10 milhões que entram nos cofres do Estado”, revelou.

A propósito do relatório Draghi sobre a competitividade europeia, Nuno Melo elencou uma série de tópicos que se relacionam com o país, entre os quais o capital – importância da “indústria intensiva que requer reforço do investimento e financiamento” -, o controle das contas públicas – pasta entregue a Miranda Sarmento, com quem se está a coordenar – e a contratação pública com a ‘via verde’, “que envolve transparência” e desburocratização.

Destacou ainda a estreita ligação do Ministério que dirige com o Ministério da Economia, liderado por Pedro Reis, de forma a maximizar o retorno econômico do reforço do investimento em Defesa.
 

17 abril, 2025

Após certificação, Azorra entrega o primeiro Embraer E195-E2 da Mongólia para a Hunnu Air

 


*LRCA Defense Consulting - 17/04/2026

Um dia após a certificação pelas autoridades aeronáuticas do país, a Azorra entregou a primeira de duas novas aeronaves Embraer E195-E2 para a Hunnu Air, marcando uma nova parceria para a locadora e o primeiro E2 a operar na Mongólia.

O E195-E2, entregue a partir da carteira de pedidos firmes da Azorra com a Embraer, apoiará a Hunnu Air no crescimento de sua frota e na expansão de sua malha aérea para destinos importantes na Ásia-Pacífico, oferecendo maior capacidade e alcance mais longo.

John Evans, CEO e fundador da Azorra, afirma: "Estamos entusiasmados em entregar a primeira aeronave Embraer E195-E2 da Mongólia aos nossos valiosos parceiros da Hunnu Air. Este é um passo significativo no crescimento da Hunnu Air e um marco importante para o futuro da aviação na Mongólia. Esta entrega também reforça nossa forte parceria com a Embraer. O E195-E2 é uma aeronave moderna e com baixo consumo de combustível, projetada de forma otimizada para reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência nos mercados existentes, ao mesmo tempo em que facilita a exploração e o desenvolvimento de novos mercados. À medida que a demanda por esses jatos aumenta na região da Ásia-Pacífico, estamos entusiasmados em continuar fornecendo aos nossos parceiros aéreos soluções inovadoras para frotas."

Munkhjargal Purevjal, CEO da Hunnu Air, afirma: “Somos operadores do E190 desde 2019 e o E195-E2 é a extensão perfeita para atender à crescente demanda por viagens aéreas na Mongólia e além. Essas aeronaves de nova geração nos permitirão aumentar a capacidade para Haikou, Sanya e Phu Quoc, expandir os serviços para o Japão, China, Vietnã, Índia e Coreia do Sul e introduzir voos regulares para Tashkent. Agradecemos o apoio da Azorra e da Embraer, pois o E2 será essencial para o nosso crescimento a longo prazo.”

Martyn Holmes, Diretor Comercial da Embraer Aviação Comercial, afirma: “A chegada do E195-E2 à Mongólia representa um desenvolvimento fundamental para o cenário da aviação na região. A tecnologia avançada da aeronave, os baixos níveis de ruído, a eficiência incomparável e o conforto incomparável para os passageiros a tornam a escolha ideal para companhias aéreas que buscam crescer estrategicamente, otimizando os custos operacionais. Estamos ansiosos para apoiar o crescimento estratégico da Hunnu Air e agradecemos à Hunnu Air pela parceria contínua e à nossa parceira de leasing, a Azorra, pela colaboração contínua, unindo-se novamente à Embraer.”

A Azorra continua trabalhando com a Embraer para fortalecer a presença do E2 na Ásia, tendo entregue anteriormente a primeira aeronave E2 da região à Scoot em abril de 2024. A adição da Hunnu Air à crescente rede de clientes da Azorra destaca a crescente demanda por aeronaves de nova geração, confortáveis ​​e com baixo consumo de combustível na região.

16 abril, 2025

Navollo e Shamal lançam mais um inédito produto nacional voltado para aplicações Aeroespaciais e de Defesa

 

*LRCA Defense Consulting - 16/04/2026

A Navollo Aerospace e a Shamal Space - dando continuidade a uma série de comunicados públicos sobre os produtos Navollo-Shamal totalmente projetados e fabricados no Brasil, voltados para aplicações Aeroespaciais e de Defesa (Sistemas de Navegação Inercial SINAI SD80, SINAI SD150 e Comunicação IoT via Picosatélite LEPTONSat) -  estão realizando agora o lançamento do Navollo-Shamal XYTrackerPro.

O XYTrackerPro é um sistema de navegação 2D baseado em Sistema de Visão Artificial com Fluxo Óptico, que permite estimar, com precisão milimétrica, deslocamentos no plano, com acelerações de até 5g.

O Navollo-Shamal XYTrackerPro é um avanço tecnológico desenvolvido inteiramente pelas duas empresas, contando com um processador RISC-V totalmente integrado e algoritmos de Visão Computacional capazes de processar imagens a uma taxa de 200 quadros por segundo, além de um filtro de Kalman que estima as coordenadas de posicionamento de forma mais suave e precisa.

Todas as configurações e parâmetros são acessados por meio de uma porta USB-C com interface padrão CAN Bus.

Características do Navollo-Shamal XYTrackerPro

● Super acessível e competitivo em comparação com produtos importados de características e desempenho semelhantes.
● Fabricado com componentes disponíveis no mercado brasileiro (prazo de entrega super curto, sem complicações com processos de importação de componentes críticos).
● Livre de ITAR.
● Sistema de Navegação 2D (eixos XY) com resolução milimétrica.
● Tecnologia de Fluxo Óptico.
● Preparado para ambientes sem GNSS.
● Suporta acelerações de até 5g.
● Design SWaP-C.
● Instalação e configuração fáceis.
● Interface web opcional para configuração.
● Dimensões super reduzidas: 80 x 55 x 35 mm.
● Super leve: < 120g.
● Alimentação: 5V @ 80mA.
● Carcaça em PU injetado para confiabilidade e robustez.
● Vidro de proteção para o sistema óptico.
● Customização e incorporação de comunicações via IoT por satélite disponíveis.

Aplicações
● Robôs e veículos autônomos voltados para aplicações de missão crítica
● Detecção de micro-movimentos (prédios, estruturas, torres...)

 

ITA, CNPq e Mac Jee oferecem bolsas (mestrado/doutorado) para pesquisas ligadas aos projetos RATO-14X e Dagger

 

*LRCA Defense Consulting - 16/04/2026

O ITA, o CNPq e a Mac Jee estão oferecendo cinco bolsas de pesquisa, sendo duas em nível de doutorado e três em nível de mestrado, para temas de pesquisa ligados aos projetos inovadores RATO-14X e Dagger.
 
O programa MAI/DAI (Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação) é uma iniciativa do CNPq que oferece aos pesquisadores oportunidade de desenvolver projetos de pesquisa mais aplicados à realidade e à necessidade do setor industrial brasileiro, como também oferecer às indústrias os benefícios da pesquisa e do desenvolvimento em alto nível.
 
Temas de interesse

Os temas de interesse da Mac Jee e do ITA nessa chamada estão abaixo listados:
 
BOLSA DE DOUTORADO 1 (Química / Materiais Energéticos)
Tema: Desenvolvimento e Avaliação de Binders de Origem Vegetal para Propelentes Sólidos em Aplicações Aeroespaciais
 
BOLSA DE DOUTORADO 2 (Eng Aeronáutica)
Tema: Avaliação de estratégias de sistemas de separação de veículos hipersônicos
 
BOLSA DE MESTRADO 1 (Eng Aeronáutica / Estruturas)
Tema: Caracterização de efeitos aeroelásticos em veículo acelerador hipersônico
 
BOLSA DE MESTRADO 2 (Eng Aeronáutica / Dinâmica de Voo e Otimização)
Tema: Otimização de trajetória de veículo acelerador hipersônico
 
BOLSA DE MESTRADO 3 (Eng Controle e Automação / Visão Computacional)
Tema: Guiamento em fase de aproximação sem uso de GNSS para veículos aéreos equipados com asa fixa e aletas de controle de atitude

Inscrição
Os candidatos deverão primeiramente fazer a inscrição para o processo seletivo de mestrado ou doutorado no ITA, com ingresso no segundo semestre de 2025, até 5 de maio de 2025, através do site: https://lnkd.in/e2t-XNB
 
Vinculação e informações
Os candidatos interessados em vincular o mestrado/doutorado do ITA a essa oportunidade de bolsa MAI/DAI CNPq/Mac Jee, ou que queiram saber mais informações a respeito das oportunidades listadas acima, devem em seguida enviar e-mail a parceria.ita@macjee.com.br, até o dia 30/04, com o envio dos seguintes documentos:
- Breve apresentação do candidato e da sua área de interesse no corpo do e-mail
- Currículo (PDF)
- Diploma de graduação (PDF)
- Diploma de mestrado (para os candidatos às bolsas de doutorado) (PDF)
 
Seleção e valor das bolsas
Os valores totais das bolsas (considerando a contrapartida do CNPq e da Mac Jee) são equivalentes às bolsas FAPESP.
 
A seleção será feita conjuntamente entre o ITA e a Mac Jee, com divulgação do resultado no mês de julho. Os estudantes ficarão locados no ITA, com idas periódicas e participação nos projetos da empresa, em estreita cooperação e contato com o corpo técnico da Mac Jee. É uma excelente oportunidade para início de carreira profissional, atacando problemas reais de engenharia. Venha fazer parte e ajude na divulgação dessa oportunidade!
 

Jatos Embraer E190-E2 e E195-E2 são certificados para operar na Mongólia

 


*LRCA Defense Consulting - 16/04/2026

Os jatos E190-E2 e E195-E2 aeronaves de corredor único mais silenciosas e com maior eficiência de combustível do mundo, receberam os certificados de tipo da Autoridade de Aviação Civil da Mongólia. Esse é um marco importante para a introdução da família E-Jets E2 no promissor mercado de aviação da Mongólia. 

A certificação é resultado de avaliações rigorosas realizadas no país asiático, que se alinham com os padrões globais de aviação já atendidos pelos jatos da Embraer por meio de certificações da FAA (EUA), EASA (Europa), ANAC (Brasil), CAAS (Singapura) e CAAC (China). 

"Somos gratos à Autoridade de Aviação Civil da Mongólia por sua avaliação diligente e pela confiança nas aeronaves da Embraer", afirma Martyn Holmes, Diretor Comercial da Embraer Aviação Comercial. "A certificação abre caminho para mais oportunidades de negócios, à medida que continuamos a expandir nossa presença na Mongólia. O E2 está pronto para ser um ativo estratégico para as companhias aéreas locais, que buscam modernizar suas frotas e expandir suas malhas. Temos grandes expectativas de apoiar o promissor mercado de aviação da Mongólia com nossos jatos inovadores”. 

A Embraer está presente na Mongólia desde 2018, quando o ERJ 145 entrou em serviço com a Aero Mongolia. Em seguida, a Hunnu Air - maior companhia aérea privada do país - adicionou dois E190s à sua frota, em 2019. A Hunnu Air beneficiou-se da eficiência e da versatilidade dos jatos da Embraer para atender rotas domésticas e internacionais dentro da Mongólia e em seu entorno. Mais recentemente, em 2023, a Hunnu Air lançou voos diretos entre Ulan Bator e Pequim com os E-Jets de sua frota. Esses marcos reforçam a parceria de longa data da Embraer com as companhias aéreas locais, para apoiar o avanço dos recursos da indústria de aviação disponíveis para a Mongólia.

15 abril, 2025

Embraer ou Airbus? Licitação de 84 aeronaves para a polonesa LOT Airlines será divulgada em algumas semanas

 


*Polskie Radio - 06/02/2025

Os resultados da licitação para a frota regional da LOT Airlines serão conhecidos em algumas semanas.

A licitação para o fornecimento de uma frota regional para a companhia aérea polonesa LOT será concluída em breve, e seus resultados serão anunciados em algumas semanas, disse o vice-ministro de Infraestrutura, Maciej Lasek.

Vale lembrar que a LOT quer comprar mais de 80 aeronaves para atender rotas de curta e média distância. A licitação considera duas propostas apresentadas pela Airbus e pela Embraer.

As aeronaves propostas têm parâmetros semelhantes, então a escolha será determinada pelos detalhes, diz o vice-ministro:

- Esta é uma compra para os próximos 20 anos. Devido ao fato de que a LOT, por meio de voos regionais, também levará passageiros aos pontos de partida de voos de trânsito, ela deve ter aeronaves excelentes e competitivas à sua disposição. Sabemos que este é um mercado muito exigente, inclusive que precisamos migrar para aeronaves com menor coeficiente de ruído.

Duas semanas atrás, a LOT anunciou que também compraria duas aeronaves wide-body Boeing 787-Dreamliner. Eles serão incluídos na frota da transportadora no ano que vem.

Embraer ainda mais próxima da Polônia: LOTAMS será o primeiro Centro de Serviço Autorizado para os jatos E2 na Europa


*LRCA Defense Consulting - 15/04/2026

A Embraer anunciou hoje que a LOTAMS se tornará o primeiro Centro de Serviço Autorizado da Embraer (EASC, na sigla em inglês) da Europa para a família de aeronaves E2, após a conclusão do processo de autorização e auditoria conduzido pela Autoridade de Aviação Civil da Polônia.  

A Polônia se tornará a maior MRO do mundo – ou seja, base de suporte técnico e serviços para aeronaves E2 – de acordo com o que informou ao portal polonês ISBnews o vice-presidente de Engenharia e Desenvolvimento Tecnológico da Embraer, Luis Carlos Affonso.

O fato aproxima ainda mais a Embraer da Polônia e reforça sua ambição de vender ao país 84 aeronaves E195-E2 para a frota regional da LOT Polish Airlines e aeronaves C-390 Millennium para sua Força Aérea, com montagem final no país (dependendo da encomenda), além de criar ali um Centro Europeu de Treinamento Tático. (Leia os dois artigos no "Saiba mais" ao final da matéria)

A LOTAMS, uma das principais fornecedoras de serviços de manutenção, reparo e revisão (MRO, na sigla em inglês) da Europa, possui bases em toda a Polônia, e atende a algumas das maiores companhias aéreas do mundo. A LOTAMS será o primeiro EASC na Europa para os jatos E2, fornecendo verificações de rotina; manutenção programada e não programada; e reparos de componentes. 

Após 10 anos de colaboração, a Embraer e a LOTAMS formalizaram sua relação de MRO em 2012, com a LOTAMS se tornando um Centro de Serviço Autorizado da Embraer para aeronaves ERJ-145 e E-Jets de primeira geração. Desde então, a LOTAMS atendeu E-Jets da Embraer de companhias aéreas de toda a Europa, com uma média de 250.000 horas/ano em verificações de manutenção pesada e de linha – acumulando cerca de três milhões de horas até o momento. Com o volume significativo de atendimento, a LOTAMS é um dos principais MROs da Europa para os jatos da Embraer, com cinco posições dedicadas à manutenção de E-Jets e planos de adicionar outras, com o objetivo de atender à crescente frota de E2 na região. 

“Estamos gratos pela oportunidade de participar deste projeto e pela certificação de nossas instalações como um Centro de Serviço Autorizado da Embraer para os jatos E2. Esse projeto é uma continuidade da longa cooperação estabelecida desde o início da LOTAMS. Com o processo de certificação concluído, estamos prontos para fornecer serviços de manutenção para a frota de jatos E2 em toda a Europa", afirma Ewa Kołowiecka, CEO da LOTAMS. 

“Nossa colaboração com a LOTAMS se estende por décadas, resultando em milhões de horas de trabalho de alta qualidade. A aprovação da LOTAMS como o primeiro Centro de Serviço Autorizado da Embraer qualificado para atender aos jatos E2 da Europa é fruto do relacionamento forte e duradouro que temos. Damos as boas-vindas à LOTAMS e aguardamos com expectativa o início da manutenção da frota E2 na capital da Polônia", disse Carlos Naufel, Presidente e CEO da Embraer Serviços & Suporte. 

Saiba mais:
- Com cooperação Embraer e LOT AMS, Polônia se tornará a maior MRO do mundo para E Jets E2

- Por que a Embraer é favorita para vender aviões comerciais e militares à Polônia

14 abril, 2025

Caça turco de 5ª geração TAI TF KAAN atrai a atenção mundial, inclusive do Brasil


*LRCA Defense Consulting - 14/04/2026

No dia 07 de abril, após a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) para explorar uma potencial cooperação industrial entre a Turkish Aerospace e a Embraer, esta Consultoria noticiava, em caráter pioneiro no mundo, que tal acordo de colaboração industrial poderá ir muito além da produção dos E Jets E2 na Turquia, passando pela aquisição do C-390 pelo país e até pela produção conjunta do caça de 5ª geração KAAN, em desenvolvimento pela Turquia.

É importante frisar que, até o momento, nem a Embraer e nem a Turkish Aerospace comentaram sobre a venda do C-390 para a Turquia ou sobre a cooperação no desenvolvimento do caça TF KAAN. Quem afirmou que o Brasil está em negociações com a Turquia, Polônia e Finlândia para uma possível compra de aeronaves militares Embraer C-390 foi o Ministro da Defesa brasileiro, José Mucio Monteiro, em 02 de abril, durante a LAAD. Já as ilações unindo o desenvolvimento do caça KAAN à Embraer são fruto de análise desta Consultoria.

Caso venha a se confirmar a extensão do acordo para o setor de defesa, a Embraer se tornará mais uma grande empresa da Base Industrial de Defesa do Brasil a estabelecer parceria com empresas da Turquia para este fim. As demais são a Taurus Armas, que está em negociações para adquirir a empresa turca Mertsav Savunma Sistemleri; a Akaer, que participa do programa HÜRJET, da Turkish Aerospace Industry; a SIATT, que tem um acordo de importação com a Kale Jet Engines para o fornecimento de motores turbojato destinados a mísseis; e a CBC, que possui um acordo de importação e distribuição espingardas e rifles dos fabricantes turcos Khan Arms e ATA Arms. A WEG também possui uma unidade produtiva na Turquia e, embora seja uma Empresa Estratégica de Defesa no Brasil, não há informações sobre eventuais destinações militares para os motores elétricos industriais e comerciais naquele país.

A excelente matéria abaixo, além de mostrar o interesse e os motivos estratégicos da Indonésia em se juntar ao programa de caças de quinta geração desse país, detalha as características do caça e evidencia, mais uma vez, a importância que a indústria de defesa turca vem assumindo no cenário mundial.
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Indonésia recorre à Turquia para obter vantagem sobre o caça KAAN de quinta geração em um equilíbrio Indo-Pacífico em mudança

*Army Recognition - 14/04/2025

Durante visita oficial a Ancara em 10 de abril de 2025, o presidente indonésio, Prabowo Subianto, expressou o interesse de seu país em se juntar ao programa de caças de quinta geração da Turquia, o KAAN, enfatizando o fortalecimento da parceria de defesa com a Turquia, particularmente nos setores aeroespacial e naval, conforme noticiado pela Bloomberg. O anúncio ocorre em meio ao fortalecimento dos laços estratégicos entre a Indonésia e a Turquia, enquanto Jacarta busca ativamente modernizar suas antigas capacidades de defesa aérea em resposta às persistentes ameaças regionais e à necessidade de maior autonomia estratégica.

Em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, o presidente Subianto declarou que "a Indonésia deseja participar do desenvolvimento do caça KAAN de quinta geração, bem como do desenvolvimento de submarinos com a indústria turca". Suas declarações, divulgadas pela agência de notícias indonésia Antara, refletem a ambição de Jacarta de diversificar suas parcerias de defesa em um cenário internacional cada vez mais moldado pela competição entre grandes potências. Essa intenção foi reforçada pela assinatura de novos acordos bilaterais nas áreas de cultura, gestão de desastres e mídia, que se somam aos treze acordos de cooperação assinados entre Ancara e Jacarta em fevereiro.

Programa KAAN
O programa KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), foi lançado oficialmente em 2011 por iniciativa da Subsecretaria de Indústrias de Defesa (SSM) da Turquia, com o objetivo de reduzir a dependência de aeronaves de combate estrangeiras e fortalecer a soberania tecnológica do país. O programa ganhou força após a retirada da Turquia do programa F-35 dos EUA em 2019, consequência direta da aquisição por Ancara de sistemas de defesa aérea russos S-400. Washington alegou preocupações de que tecnologias sensíveis do F-35 pudessem ser comprometidas por sistemas de radar russos. Desde então, o KAAN tornou-se uma prioridade estratégica para o governo turco, posicionando o país como um ator autônomo no desenvolvimento da aviação militar de próxima geração.

Anteriormente conhecido como TF-X, o KAAN é uma aeronave de caça de quinta geração que está sendo desenvolvida com o suporte técnico da BAE Systems. Ele apresenta um design stealth avançado usando materiais de absorção de radar (RAM) que são considerados dez vezes mais eficazes do que aqueles usados ​​no F-35 em condições ambientais extremas. Alimentado por dois motores gerando até 38.000 libras de empuxo, a aeronave é capaz de atingir velocidades de Mach 1,8, superando o F-35, que é limitado a Mach 1,6. O KAAN também foi projetado para incorporar inteligência artificial para suporte à decisão em tempo real, fusão de sensores e coordenação com sistemas não tripulados, como drones leais alas, em cooperação com o fabricante turco de UAV Baykar. Esses recursos visam aumentar a eficácia operacional em ambientes de combate com uso intensivo de dados e alta ameaça.

Operacionalmente, o KAAN foi projetado para missões de superioridade aérea, interceptação e ataque de precisão. Oferece uma carga útil interna e externa de armas comparável à do F-35, estimada em mais de 8.300 kg. Espera-se que a aeronave transporte mísseis ar-ar de fabricação turca, como o Gökdoğan (longo alcance) e o Bozdoğan (curto alcance), mantendo a capacidade de furtividade através de seu compartimento interno de armas. Seu radar AESA, sistemas de guerra eletrônica e arquitetura de combate em rede proporcionam-lhe forte consciência situacional — um fator essencial em cenários de combate modernos.

O KAAN completou seu voo inaugural em fevereiro de 2024, atingindo uma altitude de 8.000 pés a 230 nós. Um segundo voo de teste bem-sucedido ocorreu em maio de 2024, validando elementos críticos como a integridade da fuselagem, propulsão e aviônicos. Espera-se que protótipos adicionais entrem em uma fase intensiva de testes no final de 2025 ou início de 2026. O gerente geral da TAI, Mehmet Demiroglu, declarou que a campanha de testes será acelerada para entregar a primeira aeronave operacional à Força Aérea Turca entre 2028 e 2029. Ele também confirmou que o KAAN integrará gradualmente os recursos de sexta geração para manter sua competitividade ao longo do tempo.

Interesse de vários países
Em entrevista ao Breaking Defense, Demiroglu observou que vários países manifestaram interesse em aderir ao programa, embora tais decisões envolvam negociações complexas e de alto nível que levam tempo. 

O interesse da Indonésia, juntamente com sinais anteriores dos Emirados Árabes Unidos e, mais recentemente, da Arábia Saudita — que supostamente considerou adquirir mais de 100 unidades — ressalta o crescente impulso para a colaboração internacional em torno do programa KAAN e destaca seu potencial como plataforma multinacional de defesa.

Estratégia pragmática

Para a Indonésia, esta iniciativa faz parte de uma estratégia pragmática para abordar as deficiências persistentes de sua força aérea. Uma análise de 2021 da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam (RSIS) de Singapura apontou a composição heterogênea da frota indonésia — que inclui caças F-16 americanos, caças Hawk britânicos e caças Su-27/30 russos — como fonte de complexidade de manutenção e altos custos logísticos, com interoperabilidade limitada. Esses desafios são agravados por restrições orçamentárias recorrentes, falta de transparência nas aquisições e compromisso político inconsistente. Nesse contexto, a parceria com a Turquia, vista como um fornecedor de defesa não ocidental, poderia proporcionar à Indonésia um caminho mais flexível e econômico para a modernização, incluindo a possibilidade de transferência de tecnologia favorável.

O anúncio do Presidente Subianto reflete um reposicionamento geopolítico e industrial mais amplo. Ao se alinhar à Turquia, a Indonésia não apenas diversifica sua cadeia de suprimentos, mas também busca um papel no codesenvolvimento de sistemas de defesa de próxima geração. Caso essa cooperação se concretize, poderá ter implicações significativas para o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico, conectando duas potências médias emergentes do Oriente Médio e do Sudeste Asiático por meio de um projeto tecnológico estratégico.

No entanto, diversas incertezas permanecem, incluindo a capacidade financeira da Indonésia, as prioridades industriais da Turquia e os obstáculos técnicos que ainda precisam ser superados no desenvolvimento do KAAN. No entanto, a manifestação de interesse de Jacarta sinaliza a disposição de se adaptar a um ambiente de segurança em evolução, onde alianças diversificadas e parcerias tecnológicas se tornam cada vez mais necessárias diante do aumento das tensões e dos alinhamentos globais fragmentados.

Trajetória dupla
Em última análise, o interesse da Indonésia no programa KAAN ilustra uma trajetória dupla: um país em busca de autossuficiência militar em um contexto regional tenso e uma nação produtora de defesa — a Turquia — trabalhando para se estabelecer no mercado global de aeronaves de combate de última geração. À medida que o programa avança, sua evolução para uma plataforma colaborativa pode remodelar a dinâmica industrial no setor de aviação de defesa, oferecendo uma alternativa às aeronaves existentes fabricadas no Ocidente.

13 abril, 2025

Shamal e Navollo lançam o Sistema de Navegação Inercial SINAI SD150 FOG para os setores aeroespacial e de defesa


 

*LRCA Defense Consulting - 13/04/2026

As empresas Shamal Space e Navollo Aerospace anunciam o lançamento do Sistema de Navegação Inercial SINAI SD150 FOG (Fiber Optic Gyro), voltado para aplicações high-end nos setores aeroespacial e de defesa.

Medindo apenas 150 x 150 x 112 mm e pesando apenas 2,5 Kg, o Sistema de Navegação Inercial baseado em tecnologia SINAI SD150 FOG - uma solução de Navegação Estratégica Inercial (ITAR free), genuina e totalmente projetada e fabricada no Brasil - tem como objetivo fornecer aos clientes locais e globais, tanto para aplicações civis quanto para o setor de defesa, uma alternativa altamente competitiva (Entrega de Alto Desempenho com Investimento Acessível).

Aplicativos:
● Veículos autônomos não tripulados de alta precisão.
● Posicionamento e navegação assistida por GNSS de trens, transporte aéreo e terrestre.
● AHRS (Sistema de Referência de Atitude e Direção).
● MRU (Unidades de Referência de Movimento).
● Segmentação de antena.
● Navegação subterrânea.

*ITAR free: Não sujeita aos Regulamentos de Tráfico Internacional de Armas do Departamento de Estado dos EUA.
 

Em parceria com a brasileira Akaer, Portugal terá sua primeira aeronave civil/militar projetada e fabricada no país


*LRCA Defense Consulting - 13/04/2026

Em dezembro de 2024, esta Consultoria noticiou que a  Akaer, uma das empresa brasileiras líderes em inovação nas áreas de Defesa e Aeroespacial, foi selecionada pela portuguesa EEA Aircraft and Maintenance, S.A. para produzir as estruturas da aeronave LUS-222.

A Akaer será responsável pela fabricação, no Brasil, da fuselagem, asa completa, estabilizadores horizontais e verticais e também de todas as superfícies de controle do avião.

O LUS-222 é uma aeronave regional leve, desenvolvida para usos civis e militares, para o mercado global. O Programa LUS-222 é liderado pela EEA Aircraft and Maintenance e tem a participação de várias empresas do ecossistema aeronáutico português, com apoio da Força Aérea do país e do Governo de Portugal.

A Akaer será a primeira empresa brasileira a fornecer a estrutura total de uma aeronave de transporte regional e de cargas. A produção acontecerá em São José dos Campos (SP) a partir do primeiro trimestre de 2025. O primeiro voo do LUS-222 está previsto para 2027.

Neste ano, a aeronave foi apresentada na LAAD Defense & Security 2025, como pode ser visto na matéria abaixo.
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Portugal apresenta o primeiro avião civil-militar LUS-222 e procura contratos no Brasil

*Expresso - 02/04/2025

Representantes da CTI Aeroespacial, incluindo militares da Força Aérea Portuguesa e da empresa Aircraft and Maintenance, apresentaram esta quarta-feira a aeronave LUS-222, no Brasil, durante a feira LAAD Defense & Security, realizada no Rio de Janeiro.

O LUS-222 é um bimotor de asa alta com porta de carga traseira projetado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), a Força Aérea Portuguesa e a empresa Geosat, primeira aeronave projetada e fabricada em Portugal, que deverá realizar o primeiro voo em 2028.

Os desenvolvedores do projeto preveem que o avião terá a capacidade de transportar 19 passageiros ou até duas toneladas de carga, podendo atuar em missões militares, missões de busca e salvamento e também na aviação comercial regional. A aeronave terá um alcance de até 2.100 quilómetros e poderá atingir velocidade de até 370 quilómetros por hora.

João Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa, disse à Lusa que a aeronave foi projetada inicialmente transporte civil regional, mas com a adesão da Força Aérea houve o desenvolvimento de capacidades e perspetivas para missões militares.

“A Força Aérea juntou-se ao projeto por ver as necessidades [do mercado] e também por poder adaptar a aeronave para cumprir determinadas missões fundamentais, nomeadamente, desde logo, o apoio à preservação da vida em evacuações aeromédicas, em busca e salvamento, em transporte e carga, lançamento de carga para sítios em que haja necessidade e que haja impossibilidade de aterrar”, explicou Cartaxo Alves.

“É para isso que a Força Aérea se juntou a este projeto para desenvolver esta característica do ‘dual-use’ civil e militar e é nisso que estamos a desenvolver este projeto”, acrescentou.

Investimento de 220 milhões
O projeto do LUS-222 conta com investimentos de 220 milhões de euros, que incluem a construção de uma fábrica em Ponte de Sor, capaz de produzir 12 aviões por ano num turno e 20 aviões por ano em dois turnos.

O projeto é financiado por fundos públicos nacionais e europeus, através do apoio do Governo português, por capitais próprios dos acionistas da empresa e fundos de investimento privados.

Miguel Braga, administrador da Aircraft and Maintenance, empresa que está a desenvolver e que vai construir, industrializar e comercializar o avião, apontou que a aeronave portuguesa tem um trem de poiso fixo e pode aterrar em pistas não preparadas, não pavimentadas e muito curtas e, portanto, o Brasil é um bom mercado para sua comercialização.

“Porquê o Brasil? Por duas razões principais. Uma, é público que a Força Aérea Brasileira quer substituir a aeronave Bandeirantes, que continua a operar, mas que já não se fabrica e o Brasil tem mais de 60 aviões Bandeirantes hoje em operação que vão terminar o seu tempo de vida”, afirmou Braga.

“Portanto, o Luz 222 apresenta-se como uma das soluções para a Força Aérea Brasileira substituir a sua frota de aviões do mesmo segmento que já vão deixar de voar”, acrescentou.

Relação com o Brasil estende-se à Embraer

Falando sobre a parceria entre Brasil e Portugal no segmento de Defesa e Aviação, que vai além da aeronave apresentada na maior feira de Defesa da América Latina no Rio de Janeiro, Cartaxo Alves classificou a relação entre os países de “virtuosa e fundamental”.

“Nessas parcerias ao nível da aeronáutica aeroespacial, desde logo, vemos o caso do KC-390 da Embraer. A Força Aérea Portuguesa, depois a seguir, veio ajudar também no desenvolvimento de algumas capacidades do Supertucano [da Embraer]”, lembrou o chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa.

“E, agora, vemos aqui também uma parceria muito interessante entre capacidades de Portugal e do Brasil, nomeadamente a conceção, o pensamento e o desenvolvimento de uma aeronave totalmente portuguesa, mas também com a Akaer, uma empresa brasileira, que vai desenhar estruturas das aeronaves, as asas, a fuselagem, e portanto há uma parceria virtuosa”, concluiu.

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