Decisão política poderia paralisar projetos estratégicos, impactar custos e comprometer a segurança nacional, alertam especialistas e setor produtivo
*LRCA Defense Consulting - 11/07/2025
Uma potencial decisão do governo brasileiro de vetar a aquisição de produtos e serviços de empresas israelenses no setor de defesa e tecnologia, motivada por considerações políticas e ideológicas, acende um alerta vermelho na cúpula das Forças Armadas e na indústria de defesa nacional. A medida, se concretizada, não representaria apenas uma mudança de fornecedores, mas um verdadeiro terremoto com potencial para paralisar projetos estratégicos, elevar custos e, em última instância, comprometer a capacidade de defesa e a soberania do Brasil.
A interdependência entre a indústria de defesa brasileira e a tecnologia israelense é profunda e multifacetada, construída ao longo de décadas. Israel é um parceiro-chave não só na venda de equipamentos, mas na transferência de tecnologia e no desenvolvimento conjunto de soluções que são o "cérebro" de algumas das mais importantes plataformas militares do país.
Projetos de ponta ameaçados
Um dos projetos mais emblemáticos que sentiria o impacto direto é o caça F-39 Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB). Embora de origem sueca (Saab), o Gripen depende intrinsecamente de tecnologia israelense, incluindo o vital pod de guerra eletrônica da Rafael Advanced Defense Systems. Mais crucial ainda é o papel da AEL Sistemas, subsidiária da israelense Elbit Systems no Brasil. A AEL é a principal contratada para a suíte aviônica do Gripen, responsável por displays avançados, computadores, softwares e o capacete HMD, fundamental para a consciência situacional dos pilotos. "Sem essa tecnologia, a operação plena do Gripen seria inviabilizada", afirma uma fonte ligada ao setor. Há até mesmo discussões internas na FAB sobre a possibilidade de trocar jatos modernos por outros mais antigos, caso o veto se concretize.
O cargueiro KC-390 Millenium, um dos orgulhos da Embraer e com alto potencial de exportação, também seria atingido. Suas suítes de autoproteção e guerra eletrônica, essenciais para a segurança da aeronave em cenários de conflito, são fornecidas pela Elbit Systems.
No Exército, o veículo blindado Guarani, fabricado em parceria com a Iveco, utiliza sistemas de visão e controle de empresas israelenses. A ARES Aeroespacial e Defesa, outra subsidiária da Elbit, integra torres remotamente controladas (UT30BR2) e sistemas de armas (REMAX 4 RCWS) que são cruciais para a capacidade de combate do blindado. A modernização da frota de blindados M113 também é feita com eletrônica e armamentos israelenses.
Além disso, programas vitais como o SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), o Link-BR2 (datalink tático para as aeronaves da FAB) e o RDS-Defesa (Rádio Definido por Software para interoperabilidade das Forças Armadas) contam com a participação direta da AEL Sistemas e de tecnologia israelense. Mísseis anticarro Spike (Rafael) e sistemas de defesa antiaérea como o Spyder (Rafael) e o radar ELM-2084 (IAI) equipam as Forças Armadas, e seu suporte e reposição seriam inviabilizados.
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Blindado Guarani com torre remotamente controlada e sistemas de armas |
Impacto para a indústria brasileira
Um veto total implicaria em muito mais do que apenas a busca por novos fornecedores. A AEL Sistemas e a ARES, por exemplo, empregam milhares de brasileiros e são um polo de excelência em tecnologia de defesa, com intensa transferência de know-how. A paralisação de suas operações ou a desvinculação da tecnologia israelense representaria um duro golpe para a base industrial de defesa do país, que busca autonomia e capacidade de exportação.
"Seria uma decisão tão absurda que paralisaria ou até inviabilizaria alguns dos principais projetos das Forças Armadas e da Indústria de Defesa", destaca um documento interno, listando uma série de projetos afetados: C-390, Gripen, Guarani, M113, mísseis antiaéreos e anticarro, VANT Hermes, Praetor 600 AEW&C, UT30BR2, SISFRON, Link-BR2, E-LynX, RDS-Defesa, Sterna, SIC3MB, e a manutenção e modernização de aeronaves como Super Tucanos, F-5M e AMX.
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Displays avançados, computadores, softwares e o capacete HMD, fundamental para a consciência situacional dos pilotos do Gripen |
Custos e alternativas: um desafio gigantesco
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