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05 julho, 2025

Venda de caças Gripen E/F para Peru e Colômbia abre caminho para produção conjunta com a Embraer

 Brasil poderá se posicionar como polo regional na fabricação e manutenção do caça sueco


*LRCA Defense Consulting - 05/07/2025

Em um momento que poderá ser emblemático para a indústria de defesa sul-americana, o Peru anunciou ontem (04) a aquisição de 24 caças Gripen E/F, produzidos pela sueca Saab. Esse movimento ocorre logo após a Colômbia, no início de abril, confirmar a compra de um lote de 16 a 24 aeronaves do mesmo modelo.

Embora tenha sido anunciado pela própria Presidente do Peru, Dina Boluarte, o negócio aguarda ainda a assinatura de um decreto presidencial de interesse nacional, previsto para este mês, autorizando o uso dos recursos necessários para a aquisição dos novos caças. 

Se o contrato for adiante, o Peru se tornará o terceiro país latino-americano a operar o Gripen, depois do Brasil e da Colômbia. 

A Embraer como parceira natural
A Embraer já é parceira do programa Gripen no Brasil, atuando na produção de aeroestruturas, aviônicos e integração de sistemas. O know-how acumulado servirá como base para que futuros contratos para o Peru e a Colômbia também prevejam o envolvimento da empresa brasileira.

A Saab, inclusive, já declarou que vê a Embraer como um hub industrial regional, capaz de atender múltiplos clientes latino-americanos, o que facilita a logística, reduz os custos de transporte e acelera os prazos de entrega.

No entanto, durante as discussões que levaram à decisão peruana, fontes da defesa do país teriam expressado preocupação com a potencial dependência logística do Brasil, especialmente sob o atual governo. 

Cooperação regional intensificada
Produzir no Brasil traria significativos benefícios operacionais e geopolíticos, como:

- Redução expressiva de custos e maior velocidade na entrega aos países vizinhos, que já cooperam militarmente com o Brasil.

- Maior autonomia logística e agilidade para manutenção e suporte técnico, com a possibilidade de transferir ainda parte da montagem final para os próprios Peru e Colômbia.

- Consolidação do Brasil como hub regional de defesa, com ganhos industriais e econômicos permanentes.

Detalhes dos anúncios
Na Colômbia, embora o contrato ainda esteja em fase de negociação, bas questões operacionais estão bem encaminhadas, com possível assinatura entre julho e setembro de 2025 e consequente entrega das primeiras unidades de 16 e 18 meses depois.

No caso do Peru, o Ministro da Defesa sueco, Pål Jonson, deverá chegar ao país em 10 de julho para uma reunião bilateral com seu homólogo peruano, Walter Astudillo Chávez, em uma visita que deverá finalizar o acordo intergovernamental sobre os caças. O ministro sueco e o CEO da Saab, Micael Johansson, estarão ainda presentes na 12ª edição da Feira Internacional Aeronáutica e Espacial da Colômbia, que será realizada de 9 a 13 de julho no Aeroporto Internacional José María Córdova, em Rionegro, Antioquia, onde deverão se reunir com autoridades colombianas e peruanas. 

Perspectivas estratégicas
Um arranjo de coprodução similar ao do Brasil, com a Embraer fornecendo estruturas e sistemas, e com montagem final possivelmente no Brasil (ou até, em parte, em solo peruano ou colombiano, de acordo com cláusulas de offset), combinado com a possibilidade de a Embraer se aproximar de um contrato robusto para mais de 40 unidades (somando os dois países), criaria enorme sinergia com a linha de produção brasileira.

Com isso, o Brasil poderia expandir sua posição de liderança em defesa na América Latina, com impacto positivo em renda, empregos qualificados, tributos e protagonismo industrial.

O que vem a seguir
Julho/setembro de 2025: possível assinatura oficial do contrato com a Colômbia.

Até o final do ano ou início de 2026: conclusão das negociações formais com o Peru, incluindo a definição do envolvimento da Embraer.

Em 2026/2027: chegada das primeiras aeronaves colombianas e inauguração de uma nova fase de produção regional do Gripen para o continente.

Centro industrial estratégico
O avanço dos acordos com a Colômbia e com o Peru poderá consolidar o Brasil, especialmente a Embraer e seu sistema de empresas envolvidas, como um centro industrial estratégico na montagem e logística de caças na América Latina, firmando a empresa como o principal parceiro industrial da Saab na região, haja vista que, neste cenário, ela realizará fabricação parcial, montagem, suporte e manutenção dos caças Gripen E/F para os três países. 

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