*LRCA Defense Consulting - 02/10/2025
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, realizada no dia 30 de setembro, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, fez um apelo contundente por maior investimento e previsibilidade orçamentária para as Forças Armadas, destacando que o Brasil corre risco de defasagem tecnológica e operacional em um cenário global de intensificação da corrida armamentista.
Diante de senadores e representantes das três Forças, o ministro afirmou que, embora o Brasil tenha instituições militares fortes, com tradição de disciplina e compromisso com a soberania, a falta de recursos ameaça sua capacidade de resposta a ameaças atuais e futuras. “Vim fazer um gravíssimo alerta”, disse Mucio, listando situações que, segundo ele, “humilham um país que deveria ser potência militar na América do Sul”.
Desafios orçamentários e modernização
José Mucio destacou que o Brasil, décima economia mundial,
responde por apenas 1% dos investimentos globais em defesa, enquanto Estados
Unidos e China juntos respondem por 52% dos US$ 2,7 trilhões gastos em 2024.
“Não podemos ficar de braços cruzados enquanto o mundo se arma”, afirmou,
citando o aumento da OTAN para 5% do PIB em investimentos militares, ante os
atuais 2% recomendados anteriormente.
Apesar das limitações, o ministro apresentou avanços
recentes, como a entrega do submarino Humaitá, o lançamento
do Tonelero e o batismo das fragatas Tamandaré e Jerônimo de Albuquerque. Também mencionou o progresso no programa de submarinos
nucleares e o fortalecimento da indústria nacional de defesa, que registrou
recorde de exportações autorizadas em 2025, superando US$ 2,5 bilhões.
Papel estratégico no País e no Continente
O ministro enfatizou o papel das Forças Armadas como braço
operacional do Estado em regiões remotas, onde a presença governamental é
escassa. “Na Amazônia, a Marinha é uma das principais linhas de frente da
presença do Estado”, afirmou, citando os Navios de Assistência Humanitária, que
realizam mais de 100 mil atendimentos médicos por ano.
Na fronteira norte, destacou a Operação Atlas, que garante a soberania brasileira em áreas de tensão com a Venezuela, além de ações de combate ao garimpo ilegal, tráfico de drogas e desmatamento. “O Exército está onde o Brasil precisa”, disse, referindo-se a operações como Catrimani, Munduruku e Caripuna, que resultaram na apreensão de toneladas de minério e combustível.
No plano internacional, Mucio reforçou o compromisso com a paz e a cooperação regional, citando o Brasil como ator-chave em missões de paz da ONU e em exercícios conjuntos com países vizinhos. “A diplomacia e a defesa são irmãs inseparáveis”, afirmou, lembrando a tradição pacífica brasileira, mas alertando que “nenhum Estado pode ser pacífico sem ser forte”.
Inclusão e futuro das Forças Armadas
O ministro celebrou a inclusão de mulheres nas carreiras
militares, destacando que, em 2026, 33 mil mulheres estarão alistadas para o
serviço militar inicial. “É uma ação pioneira do Ministério da Defesa”,
afirmou, citando a primeira mulher comandante de esquadrão de KC-390 e a
presença feminina em cargos estratégicos, como a Secretaria-Geral do
Ministério.
Também anunciou a criação da carreira civil de defesa, que visa integrar especialistas civis nas discussões estratégicas, e o estabelecimento de novas escolas técnicas e centros de pesquisa em Pernambuco, Ceará e Bahia, para formar novas gerações de profissionais.
Apelo ao Congresso
José Mucio pediu apoio do Senado para a aprovação de uma
emenda constitucional que garanta um orçamento mínimo de 1,5% a 2% do PIB para
a defesa. “Precisamos de previsibilidade. Não podemos planejar com orçamentos
de ano a ano”, afirmou. Também se posicionou contra a proibição de militares
concorrerem a cargos eletivos, defendendo que “militares são cidadãos plenos”.
Ao final, o ministro reafirmou seu otimismo: “Acredito que o Brasil tem potencial para ser uma nação próspera, justa e segura. E as Forças Armadas estão prontas para cumprir seu papel”.
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