- Embraer transforma sua
aeronave militar mais vendida em caçadora de drones, prometendo solução
econômica para ameaça global crescente.
- Esta matéria complemente a divulgada ontem (11).
*LRCA Defense Consulting - 12/11/2025
Em um cenário global onde pequenos drones, outrora vistos como brinquedos ou ferramentas de nicho, podem agora causar estragos de bilhões e representar uma ameaça direta à segurança nacional, a Embraer anunciou uma novidade revolucionária de sua aeronave militar de maior sucesso: o A-29 Super Tucano.
A plataforma, já consolidada mundialmente, agora está equipada para caçar e neutralizar sistemas aéreos não tripulados (UAS), oferecendo uma resposta brasileira inovadora e estratégica para um dos maiores desafios de defesa do século XXI, sem paralelo mundial entre as aeronaves militares com comprovada experiência em combate real.
A nova capacidade anti-drone do Super Tucano surge em um momento crítico na geopolítica e na tecnologia militar. Conflitos recentes, como os observados na Ucrânia, no Oriente Médio e nas escaramuças entre Índia e Paquistão, demonstraram de forma inequívoca como drones de baixo custo – alguns com valores inferiores a US$ 1.000 – podem infligir danos devastadores a alvos que representam investimentos de milhões.
Um exemplo contundente dessa nova realidade foi a "Operação Teia de Aranha" ucraniana, realizada em junho de 2025, onde 117 drones foram empregados para atacar bases aéreas russas, resultando em danos significativos a mais de 40 aeronaves. Esse evento ilustra perfeitamente o dilema enfrentado pelas forças armadas modernas: abater um drone de US$ 10.000 com um míssil de US$ 1 milhão, embora seja uma vitória tática, representa uma clara derrota estratégica e econômica a longo prazo. O Super Tucano Anti-drone chega para alterar fundamentalmente essa equação.
"Os desafios contínuos na guerra moderna e os conflitos recentes em todo o mundo demonstraram a necessidade urgente de soluções para combater drones", afirma Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança. "O A-29 é a ferramenta ideal para neutralizar UAS de forma eficaz e a baixo custo."
Os números são impressionantes: apenas no conflito russo-ucraniano, milhares de drones foram e estão sendo utilizados para reconhecimento, ataques diretos e coordenação de artilharia. Estes dispositivos, muitas vezes baseados em tecnologia comercial adaptada, representam uma ameaça assimétrica que obriga as forças militares tradicionais a repensar e reestruturar suas estratégias de defesa de forma urgente.
O Super Tucano Anti-drone não é uma aeronave completamente nova, mas sim uma evolução inteligente e estratégica de uma plataforma já amplamente comprovada. Com mais de 600.000 horas de voo acumuladas, presente em 22 forças aéreas mundiais e com larga experiência em combate, a nova versão da aeronave brasileira incorpora agora uma série de avanços tecnológicos que a tornam formidável no combate a drones:
● Sensores eletro-ópticos/infravermelhos (EO/IR): para detecção e rastreamento preciso de alvos, mesmo em condições adversas ou com pouca luminosidade.
● Enlaces de dados específicos: para interagir com redes de comando/controle e receber coordenadas de alvos de sistemas terrestres, permitindo uma resposta coordenada e eficiente.
● Foguetes guiados a laser: para neutralização precisa de UAS, minimizando danos colaterais e otimizando o uso de armamento.
● Metralhadoras .50 montadas nas asas: para engajamentos de baixo custo contra alvos menores ou em cenários onde a precisão de um foguete não é a principal necessidade.
"Continuamos a expandir as
capacidades do A-29 para enfrentar os desafios mais recentes que muitas nações
enfrentam em todo o mundo", destaca Costa Junior, evidenciando a
estratégia contínua da empresa de manter sua principal plataforma militar
sempre relevante e à frente das ameaças emergentes.
Um detalhe intrigante que chamou atenção na divulgação da nova capacidade do Super Tucano foi a imagem oficial que mostra a aeronave atacando drones com um canhão laser posicionado sob a fuselagem. Embora a Embraer não tenha fornecido detalhes específicos sobre esta possibilidade, especialistas e analistas do setor veem isso como uma forte declaração de intenções e um vislumbre do futuro da guerra aérea.
Mas a inclusão do laser na imagem pode representar não apenas uma visão de futuro da empresa, e sim, potencialmente, um projeto que já esteja em desenvolvimento. Armas de energia dirigida, como os lasers, oferecem uma vantagem estratégica significativa: a "munição infinita", limitada apenas pela capacidade energética da aeronave, e um custo marginal próximo de zero por disparo. Isso poderia revolucionar a economia da defesa aérea contra enxames de drones, onde cada disparo de um míssil convencional se torna proibitivamente caro.

Imagem da Embraer mostrando o A-29 atacando um drone com um canhão laser
A versatilidade operacional do Super Tucano oferece vantagens únicas no cenário global de defesa. Diferentemente de sistemas de defesa aérea fixos, que têm limitações geográficas, a aeronave pode patrulhar vastas áreas, operar a partir de pistas não pavimentadas ou improvisadas e responder rapidamente a ameaças emergentes em locais remotos.
Para as 22 forças aéreas que já operam o Super Tucano, a nova capacidade representa uma oportunidade de upgrade natural e altamente estratégico. Países como Colômbia, Filipinas e Nigéria, que historicamente enfrentam ameaças assimétricas crescentes, podem agora adicionar missões anti-drone aos seus perfis operacionais existentes com uma plataforma que já conhecem e confiam.
Recentemente, em julho de 2025, o Paraguai recebeu as primeiras quatro aeronaves A-29 Super Tucano da Embraer, parte de um pedido total de seis unidades. Essas aeronaves estão configuradas especificamente para missões de ataque leve e treinamento, equipadas com aviônicos digitais avançados, sistemas de defesa robustos e capacidade de operar em pistas não pavimentadas. Esta aquisição visa fortalecer as capacidades do Paraguai no combate ao tráfico de drogas e outras ameaças assimétricas, sublinhando a aplicabilidade e relevância do Super Tucano em desafios contemporâneos de segurança.
Apesar do potencial revolucionário, há desafios inerentes à natureza do combate a drones. Condições climáticas adversas, por exemplo, podem afetar significativamente a eficácia dos sensores eletro-ópticos, um componente crucial na detecção e rastreamento. Além disso, enxames muito numerosos de drones ainda representam um desafio complexo para qualquer sistema individual, por mais avançado que seja. A solução reside na integração inteligente com outras plataformas de defesa, formando uma arquitetura de segurança multicamadas.
É importante ressaltar que o Super Tucano Anti-drone não é projetado para substituir sistemas de defesa aérea tradicionais, mas sim para complementá-los de forma inteligente. Ele preenche uma lacuna crítica, tornando-se a peça que faltava no complexo quebra-cabeça da defesa em camadas contra a ameaça dos UAS.
A iniciativa da Embraer sinaliza uma tendência maior e inegável na indústria de defesa global: a adaptação e modernização de plataformas existentes para enfrentar as ameaças emergentes de forma mais custo-efetiva. Com a proliferação acelerada de drones em todo o mundo, soluções como o Super Tucano Anti-drone podem se tornar tão essenciais e onipresentes quanto os radares e mísseis tradicionais já o são.
A empresa brasileira, que já se destaca por exportar o Super Tucano para países em cinco continentes, agora oferece uma solução para um problema universal, com impacto tanto em conflitos de alta intensidade quanto em cenários de segurança interna e combate a atividades ilícitas. Em um mundo onde a ameaça pode vir de um drone comercial de US$ 500 operado por grupos terroristas ou de enxames sofisticados controlados por potências militares, ter uma resposta econômica, eficaz e versátil pode fazer a diferença entre a segurança e a vulnerabilidade de um território.
O anúncio da Embraer chega em um momento estratégico para a indústria de defesa brasileira e global. Com os orçamentos de defesa mundiais sob constante pressão e as ameaças assimétricas em crescimento exponencial, a demanda por soluções custo-efetivas e de alta capacidade nunca foi tão expressiva. O Super Tucano Anti-drone posiciona o Brasil não apenas como um fornecedor de tecnologia de defesa de ponta, mas também como um competidor direto e relevante frente a gigantes americanos e europeus neste segmento emergente.
Para a indústria de defesa brasileira, esta inovação representa uma oportunidade clara de liderança em um segmento emergente e crítico, com potencial de novas parcerias e exportações. Para as forças armadas mundiais, oferece uma ferramenta estratégica que pode redefinir como enfrentamos as ameaças aéreas do futuro, otimizando recursos e aumentando a eficácia operacional.
A guerra dos drones apenas começou, e ela é um fenômeno que moldará as estratégias de segurança por décadas. Com o Super Tucano Anti-drone, o Brasil já mostrou que possui as armas – e, crucialmente, a inteligência e a capacidade de adaptação – para vencer neste novo campo de batalha.


