*Luiz Alberto Cureau Jr., via LinkedIn - 23/06/2025
A COP30 era a oportunidade perfeita para o Brasil assumir, sem hesitação, o centro do tabuleiro climático combinando soft power de país florestal com hard power de potência energética e militar. Mas, em vez disso, entregamos ao mundo um espetáculo de improviso, vaidade política e perda estratégica.
Enquanto países desenvolvidos analisavam a conferência como um teste de maturidade institucional do Brasil, o que viram foi desorganização, infraestrutura precária, fiascos operacionais e um governo mais preocupado em capitalizar politicamente o evento do que em transformar a COP em agenda real de Estado. O incêndio na blue zone, as falhas de segurança, credenciais atrasadas e não entregues, as delegações reduzidas e o afastamento da própria ONU da gestão do espaço tornaram-se símbolos de um anfitrião que não se preparou para o próprio discurso.
Perdemos a chance de discutir geopoliticamente o que realmente interessa: segurança climática, defesa da Amazônia como ativo estratégico, uso regulado da nossa ZEE, também conhecida por nós militares por Amazônia azul, corredores verdes, cadeias logísticas resilientes e o papel do Brasil na arquitetura global de carbono.
Ninguém viu o país posicionar suas Forças Armadas como guardiãs ambientais do século XXI, com investimentos e planejamento, nem apresentar um plano robusto para liderar mercados verdes, integridade climática ou instrumentos financeiros de transição. Faltou estratégia. Faltou Estado. Faltou ambição.
Lá fora, a percepção dominante foi clara: o Brasil fala como líder, mas age como amador. E liderança climática não se improvisa, se constrói com governança, previsibilidade, segurança jurídica e capacidade institucional. A COP30 poderia ter sido a coroação do Brasil no debate climático global e também a afirmação da quarta safra brasileira, a safra do carbono. Terminou como um alerta incômodo de que ainda estamos longe de ocupar o lugar que insistimos em reivindicar. Como mudar isso? É fácil, com governança de verdade.
*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro, Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército, foi comandante do Centro de Capacitação Física do Exército e, atualmente, é consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília.

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