*LRCA Defense Consulting - 24/11/2025
A missão Shamal-Navollo LEPTONSat Stratotest, realizada em 23 de novembro de 2025, marcou um marco histórico para o setor espacial brasileiro. O teste, conduzido no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), foi o primeiro voo estratosférico bem-sucedido de um picossatélite nacional dedicado à conectividade IoT (Internet das Coisas), desenvolvido e operado 100% por empresas brasileiras. O sucesso da missão abre caminho para a criação da primeira constelação de satélites IoT "Made-in-Brazil", com lançamentos previstos para 2026.
O que foi testado e como O LEPTONSat, um picossatélite de menos de 250 gramas e aproximadamente cinco centímetros de diâmetro, foi lançado via balão de alta altitude, atingindo cerca de 30 km de altitude. Durante aproximadamente quatro horas de voo, o satélite realizou testes de comunicação de ponta a ponta entre um sensor IoT terrestre, uma estação terrestre compacta e o próprio satélite em voo. O objetivo era validar a capacidade de transmissão de dados em condições extremas, como temperaturas próximas a -100°C, pressão atmosférica ultrabaixa e altos níveis de radiação ionizante. O pouso foi assistido por paraquedas, com recuperação da carga útil próxima ao Aeroporto Executivo Campo de Marte, em São Paulo, dentro de uma das maiores regiões metropolitanas das Américas.
Inovação e impacto nacional
O LEPTONSat representa uma inovação estratégica para o Brasil, pois é o primeiro picossatélite nacional voltado exclusivamente para serviços de conectividade IoT. Sua fabricação utiliza componentes comerciais automotivos, sem restrições de fornecimento internacional, o que facilita a produção em larga escala e reduz custos. O projeto foi desenvolvido em apenas 10 meses, um recorde nacional para o setor espacial, e envolveu uma rede colaborativa de especialistas e empresas parceiras, além do apoio operacional da Força Aérea Brasileira (FAB).
A constelação de satélites LEPTONSat, prevista para ser lançada até o fim de 2026, terá 10 unidades e oferecerá conectividade comercial para dispositivos IoT em áreas remotas do país. As aplicações incluem monitoramento de sensores físicos, químicos e ambientais na agricultura, mineração, óleo e gás, recursos hídricos, segurança de barragens, transporte de cargas, logística, segurança patrimonial e monitoramento de animais de criação por coleiras eletrônicas. Segundo Gilberto Damasceno Jr., CEO da Shamal Space, o serviço será pioneiro no Brasil e permitirá o monitoramento de ativos fixos e móveis em regiões onde não há outros meios de conectividade.


Colaboração e futuro do setor espacial brasileiro
A missão foi 100% autofinanciada e contou com o apoio de especialistas e empresas parceiras, além da autorização e suporte operacional da FAB. O Parque Tecnológico de Sorocaba, onde o teste foi realizado, está se consolidando como um polo de inovação e capacitação para o setor aeroespacial, com a inauguração de uma sala específica para qualificação de operadores de controle de órbita de nanosatélites. Nelson Cancellara, presidente do PTS, destacou que a inovação demonstra a capacidade do Brasil de competir globalmente no setor estratégico de tecnologias espaciais.


A Shamal Space e a Navollo Aerospace já anunciaram que revelarão em breve novos detalhes sobre o Programa de Lançamento Constellation LEPTONSat 2026, marcando o próximo passo na ascensão do Brasil como provedor soberano de conectividade IoT baseada no espaço. O sucesso da missão Shamal-Navollo LEPTONSat Stratotest é uma celebração da visão e execução de uma jornada ambiciosa que coloca o Brasil na vanguarda do NewSpace nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será submetido ao Administrador. Não serão publicados comentários ofensivos ou que visem desabonar a imagem das empresas (críticas destrutivas).