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25 abril, 2020

No novo cenário mundial, poderia a Embraer ser vendida à China?


*LRCA Defense Consulting, com informações de O Vale e AirWay

A Embraer vem registrando prejuízos líquidos seguidos desde o segundo trimestre do ano passado, tendo encerrado 2019 com prejuízo líquido ajustado (excluindo-se impostos diferidos e itens especiais) de R$ 862,7 milhões.

Parte da queda deve-se aos custos com a separação da aviação comercial do restante da companhia, para o então negócio com a Boeing, cujos gastos exigiram R$ 485,5 milhões no ano passado.

Antes da pandemia, a empresa já estava em processo de separação física dos seus funcionários para a nova sede no distrito de Eugênio de Melo, na região leste de São José dos Campos. As instalações foram ampliadas e inauguradas em janeiro deste ano, com investimento de US$ 30 milhões.

Além disso, a Embraer já vinha separando seus sistemas e transferindo a aviação executiva para Gavião Peixoto.

Tudo isso desaba com a desistência da Boeing, e deixa o futuro incerto diante dos desafios de competitividade e liquidez em um mercado que ninguém sabe como será por causa da e após a pandemia.

A opção chinesa
Em sites especializados, analistas apontam uma alternativa para a Embraer: a venda para os chineses.

Como se sabe, a indústria de aviação chinesa tem feito enormes investimentos para entrar na competição com Boeing e Airbus. A face mais visível desse esforço é o jato C919, da estatal Commercial Aircraft Corporation - COMAC, equivalente ao A320 e 737, mas que tem passado por vários problemas em seu desenvolvimento.

Faltam aos chineses justamente a experiência e capacidade da Embraer, além do que a linha de jatos brasileira seria complementar ao C919. O suposto acordo abriria as portas do desejado mercado chinês, ao mesmo tempo em que a Embraer daria respaldo ao jato da COMAC em outras partes do mundo.

De volta
Para a Embraer, seria o retorno em grande estilo à China, onde teve uma joint venture com a empresa AVIC por 13 anos e que foi encerrada em 2016 após montar localmente jatos ERJ-145 e Legacy. Na época, o argumento para o fim da parceria foram os altos custos de produção na China, que ironicamente tornavam os aviões mais caros que os produzidos no Brasil.

A Embraer até cogitou montar seus E-jets na China, mas o governo do país viu nessa ação uma concorrência direta para o ARJ21, primeiro jato comercial chinês, fabricado pela COMAC.

A dúvida gerada pelo novo cenário mundial
A grande dúvida que fica se essa hipótese começar a se tornar concreta, é como os acionistas, o governo brasileiro (que detém a golden share) e os EUA reagirão, já que, muito mais do que jogos de guerra ou simulações de desastres naturais, a #COVID19 está se tornando uma experiência real de aprendizado sobre os efeitos e custos de uma interrupção de suprimentos críticos da China comunista, seja por que motivo for.

A miséria que a China trouxe para o resto do mundo com esse vírus tem trazido uma luz desinfetante à dependência das cadeias de suprimentos globais, já que muitas democracias ocidentais, como os Estados Unidos, hoje dependem quase completamente de uma cadeia de suprimentos controlada por uma nação totalitária e comunista.

Esse novo cenário poderá fazer com que os controladores da Embraer, seus acionistas, o governo brasileiro e os governos mundiais direta ou indiretamente interessados procurem uma solução que possa suplantar o fascínio do dinheiro fácil, mas ideologicamente engajado, de uma estatal chinesa.

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