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30 janeiro, 2024

Spectra compra 20% da XMobots e Embraer amplia participação na empresa


*LRCA Defense Consulting 30/01/2024

O portal Fusões & Aquisições noticiou ontem (29), no bojo de uma reportagem maior publicada inicialmente pelo portal Pipeline, que a Spectra Investimentos, gestora focada no mercado secundário, acaba de comprar de um fundo ligado ao governo de Minas Gerais a participação na XMobots, fabricante de drones que tem também a Embraer como acionista, na qual a gestora terá uma posição de 20% (valuation de R$ 475 milhões)

A fatia adquirida pertencia ao FIP Aerotec, que é gerido pela Ouro Preto Investimentos e tem como principal cotista a estatal mineira Codemge, agência de desenvolvimento do estado. 

“São ativos que já cresceram muito, mas que acreditamos que ainda há um período de maturação até que sejam vendidas por meio de um IPO ou por outras formas de desinvestimento”, afirmou Rafael Bassani, sócio da Spectra, ao Pipeline, referindo-se à XMobots e a uma outra empresa.

A XMobots faturava R$ 1 milhão há 10 anos, quando o Aerotec virou acionista, e hoje tem uma receita anual de R$ 250 milhões. Considerada a maior fabricante de drones da América Latina, a empresa é especializada em atender aos segmentos de agronegócio (para monitoramento de plantio e pulverização de colheita, por exemplo) e de segurança (para forças armadas e polícias).

Já em relação ao fornecimento para forças de segurança pública, Bassani reconhece que se trata de um mercado que um dia vai bater em um teto em termos de demanda, mas que ainda está no começo da curva de adoção. “Entre municípios, por exemplo, há cerca de 500 no Brasil com porte suficiente para ter um monitoramento policial via drone, mas só quatro ou cinco usam. Há um espaço gigantesco nesse mercado antes de virar carne de osso.”

Segundo Bassani, a companhia tem ambição de abrir capital, mas precisa de mais tempo de maturação para um IPO. “Em quatro ou cinco anos talvez seja o período para isso”, diz. “Mas a empresa tem um acionista capitalizado e listado, que é a Embraer, que já conhece esse tipo de estratégia e há uma alinhamento com os interesses de todos.” 

Ainda segundo o portal Fusões & Aquisições, a Embraer aproveitou a entrada da Spectra para fazer um cheque adicional. 

Drone Nauru 1000C, da XMobots, armado com mísseis ENFORCER produzidos pela MBDA


Embraer & XMobots:  uma parceria gigante em drones civis e militares

No dia 20 de setembro de 2022, a Embraer anunciou a assinatura de acordo de investimento para participação minoritária na XMobots, empresa localizada em São Carlos (SP), classificada como a maior companhia de drones da América Latina e fabricante do Nauru 1000C, o RPAS CAT 2 (Remotely Piloted Aircraft System) selecionado pelo Exército Brasileiro para missões ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento), pesando 150kg.

O negócio tem os objetivos de acelerar o futuro do mercado de drones autônomos de médio e grande porte, explorar conjuntamente novos nichos de mercado e ampliar a rede de colaboração em pesquisa de novas tecnologias que tenham sinergias com as áreas de desenvolvimento tecnológico, unidades de negócio e inovação da Embraer, bem como da Embraer-X. Além disso, a Embraer poderá abrir as portas do mercado internacional para a XMobots por meio de sua imensa e capilarizada rede mundial de clientes, escritórios, manutenção e parceiros.

Com o dinheiro injetado pela Embraer, o plano da XMobots é entrar em novos segmentos, conforme publicou o portal NeoFeed. O primeiro deles é explorar o monitoramento de redes de transmissão elétricas. O segundo é trabalhar no transporte para plataformas de petróleo em alto mar. E, por último, colocar suas asas de fora e aterrissar no mercado de mobilidade urbana no qual o delivery tem um enorme potencial de crescimento.

O valor do negócio não foi revelado, mas a Embraer se tornou uma acionista minoritária com a opção de aumentar a participação em aportes futuros, como parece ser o caso de agora.

Embora não tenha sido divulgado o valor ou o percentual da participação adquirida pela Embraer na XMobots, é lícito acreditar que tenha sido substancial, haja vista que dificilmente esta última teria condições para bancar sozinha um investimento da amplitude que está fazendo, praticamente dobrando o quadro de funcionários.

No que tange à área de Defesa, é provável que, na prática, a XMobots passe a ser o braço da Embraer Defesa e Segurança responsável pela produção de drones militares destinados às missões de Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos, Reconhecimento e Ataque, preenchendo as necessidades das Forças Armadas brasileiras, ao abrigo das diretrizes do governo, que reputa a produção de tais drones como uma das prioridades para a segurança nacional.

Por fim, considerando as parcerias estratégicas que a 3ª maior fabricante mundial de aeronaves tem com a BAE Systems, com a Thales, com a L3 Harris e com outras gigantes mundiais do Setor de Defesa, além de sua inequívoca expertise em aeronaves de todo o tipo e, no segmento de eVTOL, em conjunto com sua spin-off  Eve Air Mobility, também é bastante provável admitir que a gigante brasileira do setor aéreo possa estar com intenção de ingressar com força no cobiçado, enorme e bilionário mercado internacional de drones militares e civis.

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