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06 junho, 2025

Defesa Verde: quando blindados e árvores marcham juntos

Imagem meramente ilustrativa


*Luiz Alberto Cureau Jr., via LinkedIn - 06/06/2025

Na encruzilhada entre a segurança nacional e a sustentabilidade ambiental, o Brasil encontra uma oportunidade única de redefinir seu papel no cenário global. A COP30 (Conference of the Parties - 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), a ser realizada em Belém, não apenas destaca a necessidade de soluções inovadoras contra as mudanças climáticas, mas também proporciona uma plataforma para demonstrar como a defesa e a bioeconomia podem se unir em prol da sustentabilidade.

O setor de defesa é visto como uma área de investimento pesado, voltado ao desenvolvimento de tecnologias de segurança e equipamentos militares. No entanto, ao integrar a bioeconomia em sua base industrial de defesa, o Brasil pode transformar cada dólar investido em um retorno ampliado. Imagine um cenário onde os recursos que financiam a defesa também promovem a pesquisa e desenvolvimento em biotecnologias.

Um exemplo de inovação que integra defesa e economia circular é a parceria da 6ª Brigada de Infantaria Blindada do Exército Brasileiro com as baterias Moura para os blindados Leopard 1A5-BR. As baterias foram testadas, demonstrando alta resistência e eficiência, atendendo às exigências operacionais dos blindados. Os testes revelaram que essas baterias mantêm o desempenho necessário em condições adversas e incorporam características sustentáveis, como a redução do risco de vazamentos, graças à tecnologia de tampa com labirinto.

A eficiência energética das baterias Moura M110HE, projetadas para altas demandas de corrente e estado parcial de carga, garante um desempenho robusto, essencial para operações militares em terrenos desafiadores.

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A base industrial de defesa do Brasil pode ser um aliado estratégico da bioeconomia. Com investimentos correndo em paralelo, a indústria de defesa pode alavancar inovações tecnológicas que melhoram a eficiência das operações militares, reduzem a pegada de carbono e promovem a sustentabilidade. Por exemplo, a conversão de veículos militares para operar com biocombustíveis diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.

Além disso, a sinergia entre defesa e bioeconomia pode criar um ciclo virtuoso de inovação e segurança. Com a biotecnologia, é possível desenvolver materiais mais resistentes e sustentáveis para equipamentos de defesa. Ao mesmo tempo, a segurança das fronteiras e a preservação de vastas áreas de biodiversidade brasileira podem ser reforçadas através dessas tecnologias.

Portanto, ao integrar o setor de defesa com a bioeconomia, o Brasil não só multiplica o retorno de seus investimentos em defesa, mas também se posiciona como líder global em inovação sustentável. A COP30 é a vitrine perfeita para mostrar que é possível marchar em direção a um futuro mais verde, com blindados que plantam sementes de um amanhã mais sustentável. Em um mundo onde a segurança e a sustentabilidade não precisam ser mutuamente exclusivas, o Brasil tem a chance de liderar pelo exemplo, demonstrando que a verdadeira defesa é aquela que protege o presente e o futuro. 

*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro e Consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília. 

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