*Luiz Alberto Cureau Jr., via LinkedIn - 18/09/2025
A COP-30 em Belém será mais do que uma conferência climática. Será o teste de maturidade do Brasil como potência verde e estratégica. No discurso internacional, falamos de floresta, carbono e ODS, mas ignoramos um ponto vital: sem defesa, não há sustentabilidade.
O Ministro da Defesa foi direto ao ponto em recente entrevista: “Falta combustível até para os aviões da FAB… temos caças parados, aviões de combate parados. A defesa não é do governo, é do país.”
Essa realidade expõe uma contradição perigosa: somos donos de 17 mil km de fronteiras, 8 mil km de costa, a Amazônia continental e a Amazônia Azul, que sozinha soma mais de 5,7 milhões de km² de área marítima rica em petróleo, biodiversidade e minerais estratégicos. Ainda assim, temos forças aéreas e navais menores do que as de vizinhos como Chile e Peru.
Enquanto o mundo gastou US$ 2,7 trilhões em defesa em 2024, o Brasil manteve apenas 1% do PIB. Para proteger nossas riquezas, como terras raras, água, biodiversidade terrestre e marinha, precisamos de previsibilidade orçamentária. A proposta da PEC da Previsibilidade, como destacou o Ministro, busca garantir dotação estável e contínua para a defesa, despolitizando o tema e permitindo planejamento de longo prazo.
E por que isso importa para a COP-30? Porque a conferência demandará uma operação logística inédita no coração da Amazônia: transporte aéreo, segurança, monitoramento ambiental, telecomunicações, mobilidade fluvial e marítima. Sem uma força operacional robusta, o Brasil arrisca comprometer não apenas a imagem de anfitrião, mas também a credibilidade como potência climática.
É hora de ir além da retórica. As Forças Armadas não podem ser apenas o suporte logístico, mas o protagonista operacional na proteção da Amazônia verde e azul. Sem defesa sólida, a sustentabilidade será apenas discurso. Será que é isso que queremos? Será que estamos preparados?
*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro e Consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília.
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