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25 setembro, 2025

Saab Brasil amplia papel no Programa Gripen ao dobrar produção da fuselagem traseira


*LRCA Defense Consulting - 25/09/2025

A Saab Brasil iniciou a operação de uma segunda linha de produção da fuselagem traseira do caça Gripen em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). O marco simboliza a maturidade industrial da planta nacional, consolidando a fabricação de uma das aeroestruturas mais complexas do jato, responsável por abrigar o motor. Com a nova linha, a capacidade anual da unidade passa de 8 para 16 fuselagens, representando um salto significativo na contribuição brasileira à cadeia global do programa.

“A instalação da segunda linha de produção da fuselagem traseira é a prova da excelência alcançada no Brasil. Esse marco vai além do contrato de compensação (offset) do Programa Gripen brasileiro e é resultado direto da transferência de tecnologia, que formou profissionais altamente qualificados e capazes de multiplicar conhecimento no país”, afirma Peter Dölling, diretor-geral da Saab Brasil.

Expansão no Programa Gripen

A unidade de São Bernardo do Campo é hoje um elo estratégico no Programa Gripen, que envolve a cooperação entre Brasil e Suécia para o desenvolvimento, produção e operação da nova frota da Força Aérea Brasileira (FAB). Mais de 70 engenheiros e técnicos brasileiros foram treinados diretamente na matriz da Saab, em Linköping, trazendo para o país competências avançadas em engenharia de produção, modelagem digital e integração de sistemas.

Além disso, a Saab Brasil tornou-se responsável por produzir e fornecer globalmente a fuselagem traseira, os freios aerodinâmicos e o cone de cauda do Gripen E/F, bem como a fuselagem dianteira da versão monoposto. Ou seja, parte dos caças que hoje integram tanto a FAB quanto a Flygvapnet (Força Aérea da Suécia) já decolam com componentes fabricados no Brasil.

Segundo a empresa, a expectativa é que a fábrica siga ampliando sua relevância internacional dentro do programa, não apenas como fornecedora de aeroestruturas, mas também como suporte a futuras manutenções, reparos e atualizações da frota em operação no Brasil.

Transferência de tecnologia e impacto industrial
Inaugurada em 2018, a planta brasileira é a primeira instalação de produção de aeroestruturas do Gripen fora da Suécia e opera com os mesmos ferramentais, softwares e metodologias de Linköping. Destaca-se o uso do conceito Model-Based Definition (MBD), que utiliza modelos digitais em 3D como fonte única de informação confiável, garantindo precisão de manufatura, rastreabilidade e integração plena com a matriz sueca.

A consolidação da segunda linha fortalece ainda mais a capacidade do Brasil no setor aeroespacial, consolidando um parque de competências que pode ser aplicado a futuros programas de Defesa. “Já dominamos processos de manufatura de altíssima complexidade. Ter capacidade local para produzir aeroestruturas de uma aeronave supersônica coloca o Brasil em um seleto grupo de países, abrindo portas para novos desenvolvimentos”, acrescenta Dölling.

A indústria nacional se beneficia não apenas da geração de empregos de alta qualificação, mas também da inserção em uma cadeia global que pode garantir sustentabilidade tecnológica e comercial ao longo do ciclo de vida do Gripen, estimado em mais de 30 anos.

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