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19 outubro, 2025

Embraer avalia entrada no mercado de jatos executivos de cabine grande

Movimento estratégico pode levar a fabricante brasileira a competir com Gulfstream, Bombardier e Dassault em um segmento de maior valor e rentabilidade 


*LRCA Defense Consulting - 19/10/2025

A Embraer Executive Jets confirmou durante o seu evento de Dia do Investidor, realizado em Nova York, que estuda ativamente a entrada no segmento de jatos executivos de cabine grande — o mais competitivo e lucrativo da aviação de negócios. A "revelação" foi feita pelo presidente e CEO da unidade, Michael Amalfitano, que respondeu a questionamentos de analistas do setor sobre uma possível expansão do portfólio além das linhas Phenom e Praetor.

Segundo Amalfitano, qualquer decisão será tomada “com tempo e reflexão”, mas sem descartar a intenção de desenvolver um produto capaz de revolucionar novamente o mercado, como ocorreu com os modelos Phenom 300 e Praetor 600 em suas categorias. “Se for para entrar nesse segmento, precisa ser da forma correta: com diferenciação, inovação e propósito”, afirmou o executivo.

A sugestão partiu de Dean Roberts, vice-presidente da consultoria Rolland Vincent Associates, que defendeu o momento como ideal para a Embraer ocupar um espaço deixado pelos concorrentes tradicionais. Nos últimos anos, Gulfstream, Bombardier e Dassault concentraram-se em modelos de ultra longo alcance e altíssimo custo, criando uma lacuna para jatos de cabine ampla mais eficientes e acessíveis. Roberts argumenta que há demanda reprimida por aeronaves que combinem conforto de longo curso com custos de operação reduzidos.

Entre as possibilidades em estudo, analistas da indústria sugerem que a Embraer poderia aproveitar a tecnologia do jato comercial E190-E2 para desenvolver uma nova plataforma de grande cabine. O retorno ao uso de bases estruturais já testadas, solução empregada anteriormente nos Legacy 600/650 e no Lineage 1000, permitiria reduzir custos e prazos de desenvolvimento. Ainda assim, um projeto totalmente novo não está descartado, especialmente diante da evolução em materiais compostos e integração de sistemas digitais.

O mercado global de jatos executivos de cabine grande representa cerca de 40% do valor total do setor e vem crescendo de forma constante no pós-pandemia. A expansão desse segmento é atraente para a Embraer, que, em 2024, viu sua divisão de aviação executiva crescer 11%, consolidando-se como o segundo maior negócio do grupo.

Embora ainda não haja cronograma nem nome de projeto oficial, a expectativa entre analistas é que a Embraer anuncie nos próximos anos uma nova família de jatos intercontinentais, capaz de desafiar diretamente o domínio das fabricantes americanas, canadenses e francesas. Amalfitano resume o desafio em uma frase: “Para liberar o próximo salto de inovação, precisamos fazer isso do jeito Embraer, com propósito, eficiência e disrupção.”

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