Exercício histórico marca novo avanço do caça sueco na defesa aérea brasileira e aproxima aeronave da plena capacidade operacional
*LRCA Defense Consulting - 17/12/2025
A Força Aérea Brasileira alcançou
um marco decisivo na consolidação do programa F-39 Gripen ao realizar, pela
primeira vez em território nacional, um exercício de tiro aéreo com o canhão
Mauser BK-27 da aeronave. O teste foi conduzido na Base Aérea de Santa Cruz, no
Rio de Janeiro, neste mês, inaugurando uma nova fase na qualificação dos pilotos
brasileiros e no desenvolvimento doutrinário do Primeiro Grupo de Defesa Aérea.
Última etapa da certificação
O exercício representa a etapa final de certificação do F-39 Gripen, após a
validação do míssil de longo alcance Meteor e a certificação do reabastecimento
em voo com o KC-390 Millennium. Com este teste bem-sucedido, o caça sueco
atinge a plena capacidade operacional para missões ar-ar, tornando-se
plenamente apto para cumprir o Alerta de Defesa Aérea do Brasil.
O responsável pelo disparo
inaugural foi o Comandante do 1º GDA, Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln
Santos Fórneas, que descreveu o momento como histórico e coletivo, envolvendo
pilotos, mantenedores, técnicos e toda a equipe que trabalha no sistema Gripen.
Características do armamento
O canhão empregado no F-39E é o Mauser BK-27, fabricado pela empresa alemã
Rheinmetall, com calibre de 27 milímetros — o mesmo utilizado em caças europeus
como o Eurofighter Typhoon e o Panavia Tornado. A munição possui
características traçante, explosiva e perfurante, otimizada para engajamento
contra aeronaves de baixa performance e missões de policiamento do espaço
aéreo.
Durante os testes, o armamento
demonstrou elevada estabilidade e precisão. O Major Aviador Felipe Braga Galvão
de Souza, piloto do 1º GDA, destacou que o canhão impressionou pela cadência de
tiro e pela confiabilidade mesmo em perfis de voo desafiadores.
Participação da indústria
nacional
O exercício também evidencia os frutos da transferência de tecnologia
prevista no contrato com a Saab. A empresa brasileira Akaer, de São José dos
Campos, participou do desenvolvimento da seção estrutural "gun unit",
que acomoda o canhão na fuselagem do F-39E. Este trabalho de engenharia
nacional representa um indicador do impacto positivo do programa no
desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil.
Avaliação operacional completa
Além do tiro propriamente dito, o exercício simulou todo o ciclo
operacional: preparação das aeronaves, tempo de reposicionamento após missão,
remuniciamento e efetividade do Gripen na interceptação de alvos típicos do
contexto brasileiro. A aeronave foi testada em condição de Alerta de Defesa
Aérea, validando sua prontidão para emprego imediato.
Para o Tenente-Brigadeiro do Ar
Raimundo Nogueira Lopes Neto, Comandante de Preparo, o teste consolida o país
em um novo patamar de defesa. Com o canhão validado, o lançamento do míssil
Meteor e a certificação do reabastecimento em voo, o Brasil dispõe agora de um
vetor moderno e plenamente integrado aos sistemas de defesa aeroespacial.
Programa Gripen no Brasil
O programa F-39 Gripen foi firmado em 2014, prevendo a aquisição de 36
aeronaves — 28 monoposto (Gripen E) e oito biposto (Gripen F) — em um contrato
de aproximadamente US$ 4,5 bilhões. As entregas iniciaram em 2020, e o programa
inclui uma ampla transferência de tecnologia que capacitou mais de 350
profissionais brasileiros.
Atualmente, o Brasil recebeu dez
aeronaves operacionais, que equipam o 1º Grupo de Defesa Aérea em Anápolis. O
cronograma prevê a entrega de todas as unidades até 2032, com parte da produção
sendo realizada na planta da Embraer em Gavião Peixoto, interior de São Paulo.
Peter Dölling, diretor-geral da
Saab Brasil, destacou que o primeiro exercício de tiro aéreo com canhão
demonstra o avanço consistente das capacidades da FAB com o sistema, resultado
de um trabalho conjunto e altamente colaborativo entre as duas nações.
Próximos passos
Com a conclusão desta etapa, o F-39E Gripen está agora habilitado para
cumprir todas as missões de defesa aérea previstas, incluindo interceptação de
aeronaves não identificadas, policiamento do espaço aéreo e proteção da
soberania nacional. O teste bem-sucedido do canhão representa não apenas um
marco técnico, mas também a consolidação de uma parceria estratégica de longo
prazo entre Brasil e Suécia na área de defesa.

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