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01 dezembro, 2025

Tecnologia brasileira na linha de frente: CC2 da Embraer ampliam o alcance do SISFRON

 


*LRCA Defense Consulting - 01/12/2025

Os Centros de Comando e Controle Móveis (CC2) da Embraer, recentemente entregues ao Exército Brasileiro no âmbito da Fase 2 do SISFRON, representam um salto qualitativo na capacidade de comando, controle e comunicações das tropas que atuam na faixa de fronteira oeste. Eles combinam mobilidade tática, infraestrutura de TI robusta e integração com sensores e redes do SISFRON, permitindo ao comandante “levar o centro de operações para o terreno”, com consciência situacional em tempo quase real.

Nova etapa para o SISFRON
A entrega das primeiras quatro unidades do Centro de Comando e Controle Móvel (CC2) marca um novo marco na implantação da Fase 2 do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), programa estratégico do Exército Brasileiro dedicado a vigiar os 16,8 mil quilômetros de fronteiras terrestres do país. Ao todo, 15 unidades deverão ser entregues nesta fase, compondo uma malha de centros móveis capazes de apoiar diretamente os comandos na região oeste, área crítica para o combate a crimes transnacionais, contrabando e tráfico de drogas.​

O SISFRON foi concebido não apenas como um “sistema de sensores”, mas como uma arquitetura completa de comando, controle, comunicações, computação e inteligência (C4I), integrando radares, sistemas optrônicos, redes de dados e centros de operações militares. Nesse contexto, os CC2 móveis funcionam como elos essenciais entre o que é detectado na fronteira e a capacidade de transformar dados em decisões rápidas e coordenadas.​

O que são os CC2 móveis
O Centro de Comando e Controle (CC2), na doutrina de comando e controle do Exército, é a estrutura em que o comandante e seu estado‑maior recebem, analisam e difundem informações, planejam operações e emitem ordens. Na versão móvel concebida para o SISFRON, essa estrutura é instalada em viaturas táticas ou abrigos transportáveis, climatizados, com estações de trabalho, servidores, sistemas de visualização e múltiplos meios de comunicação seguros.​

Essas plataformas são projetadas para operar em deslocamento ou após rápida instalação, criando um “posto de comando avançado” próximo à área de interesse. Isso reduz o tempo entre a detecção de um evento na fronteira – por um radar, câmera ou patrulha – e a ação efetiva das tropas, permitindo que o comandante acompanhe o cenário em telas georreferenciadas, atualizadas por diversos sistemas conectados em rede.​

Tecnologia embarcada e comunicações seguras
Os CC2 móveis fornecidos pela Embraer integram rádios táticos de longo, médio e curto alcance, enlaces de dados, comunicações satelitais e redes IP que permitem voz, dados e vídeo, com camadas de segurança compatíveis com os requisitos militares. Em campo, isso significa que o centro móvel pode conversar tanto com um pelotão em patrulha na selva quanto com um comando de brigada ou de área, mantendo o fluxo contínuo de dados e ordens, mesmo em ambientes de difícil infraestrutura civil.​

Além das comunicações, os CC2 reúnem softwares de comando e controle capazes de consolidar informações de sensores do SISFRON, sistemas de rastreamento de tropas e ativos, bancos de dados e inteligência. Esse conjunto permite montar o “quadro situacional comum”, ferramenta vital para decidir onde reforçar patrulhas, qual rota interditar e como coordenar operações com outras agências de segurança na região de fronteira.​

Fase 2: expansão e consolidação do sistema
A Fase 1 do SISFRON teve foco principal no Comando Militar do Oeste, com o projeto‑piloto em Mato Grosso do Sul, e comprovou ganhos operacionais na detecção e repressão a ilícitos transfronteiriços. A Fase 2, que envolve o atual contrato com a Embraer, amplia essa experiência para novos setores da fronteira, com a entrega de dezenas de viaturas táticas de comunicações e múltiplos centros de comando, entre eles os CC2 móveis.​

Segundo informações institucionais, a Embraer já superou a marca de 50 soluções veiculares entregues ao programa, incluindo viaturas de comunicações, centros móveis, postos de comando e outras plataformas especializadas, consolidando seu papel como integradora do SISFRON. Os 15 CC2 desta fase se somam a esse pacote, compondo uma rede distribuída de comando que aumenta a resiliência do sistema frente a ameaças, falhas locais de infraestrutura ou ações de guerra eletrônica.​

Como os CC2 mudam a rotina na fronteira
Na prática, a presença de um CC2 móvel em operação permite que operações de fronteira deixem de depender exclusivamente de centros fixos distantes e ganhosse uma capacidade de “comando à frente”, colada às tropas. Em uma operação conjunta contra rotas do crime, por exemplo, o CC2 pode ser posicionado próximo às principais vias de acesso, conectando em tempo real dados de sensores do SISFRON, patrulhas de cavalaria, unidades de selva e até órgãos civis, como polícia e fiscalização.​

Essa aproximação encurta o ciclo de decisão: alertas de intrusão ou de atividade suspeita captados pelos sensores são rapidamente avaliados e transformados em ordens de bloqueio, interceptação ou acompanhamento, com rastreamento em mapas digitais. Em cenários de Garantia da Lei e da Ordem ou de apoio a outros órgãos, o CC2 oferece ainda condições adequadas para coordenação interagências, planejamento e acompanhamento de incidentes complexos.​

Quadro-resumo: CC2, SISFRON e efeitos principais

Aspecto

Descrição resumida

Função dos CC2 móveis

Centros táticos de comando e controle, em viaturas, que integram dados, comunicações e tomada de decisão. 

Papel no SISFRON

Nós de C2 que conectam sensores, tropas e escalões superiores, transformando dados em ações rápidas. 

Alcance geográfico

Apoio a comandos na faixa de fronteira terrestre, com foco inicial na região oeste do país. 

Quantidade na Fase 2

15 unidades de CC2 móveis previstas, dentro de um pacote mais amplo de viaturas táticas e centros de comando. 

Ganhos operacionais

Maior mobilidade de comando, consciência situacional integrada e melhor coordenação interagências. 

Impacto industrial

Fortalecimento da Embraer como integradora de C4I terrestre e estímulo à Base Industrial de Defesa. 

Impactos para a Base Industrial de Defesa
Além do efeito direto na capacidade operacional, a entrega dos CC2 móveis e de outras viaturas do SISFRON reforça a Base Industrial de Defesa brasileira, ao consolidar a Embraer como integradora de sistemas terrestres complexos. Estudos acadêmicos sobre o SISFRON apontam o programa como um dos vetores de desenvolvimento tecnológico nacional, com potencial de spillover para setores civis em áreas como telecomunicações seguras, integração de sensores e tecnologias de comando e controle.​

O modelo adotado no programa estimula a articulação entre Forças Armadas, indústria e centros de pesquisa, alinhado ao conceito de “hélice tríplice” de inovação em defesa, fortalecendo competências críticas em software, cibersegurança, integração de sistemas e engenharia de sistemas complexos. Nesse cenário, a linha de CC2 móveis e outras soluções veiculares de comando se insere como vitrine tecnológica exportável, somando‑se ao portfólio de produtos de defesa brasileiros com potencial de interesse de outros países com desafios de fronteira semelhantes. 

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