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15 agosto, 2019

Taurus Armas lucra no 2 tri e vê expansão no país após decretos

Governo editou três decretos que ampliam a potência do armamento liberado ao cidadão comum

WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL
Nuhs, presidente da Taurus, afirma que direito à arma de fogo foi legitimado pela população nas últimas eleições
Depois de mais um trimestre com crescimento no volume de vendas, a Taurus Armas aposta na expansão do mercado doméstico, aproveitando o direcionamento do governo brasileiro. Em entrevista ao Valor, o presidente da companhia, Salesio Nuhs, afirmou que a regulamentação de três decretos publicados pelo governo em junho sobre porte de armas de fogo deve permitir um “crescimento importante” das vendas no país.

O presidente Jair Bolsonaro editou dois decretos sobre porte de armas em maio, mas os textos acabaram sendo revogados depois de grande polêmica. Em junho, foram editados três novos decretos, que ampliaram a potência das armas que podem ser liberadas para o cidadão comum, com a determinação de que o Exército regulamente as regras em um prazo de 60 dias — que vence na próxima semana. Também foi enviado ao Congresso um projeto de lei sobre o tema.

“Com essa regulamentação, a Taurus vai ter a oportunidade de vender no Brasil todo seu portfólio, algo que não podemos fazer hoje e que nos traz grande frustração”, disse Nuhs. Segundo ele, a companhia tem um portfólio completo de revólveres, pistolas, armas táticas e esportivas, mas só consegue vender 5% delas no Brasil, por conta de restrições de calibre e modelo. “Vamos poder crescer com uma venda muito maior. É um fator que nos alegra e nos faz entender que as vendas vão aumentar muito”, disse.

Mesmo que os decretos anteriores não tenham surtido efeito prático, a Taurus viu as vendas no Brasil crescerem nos últimos meses, ainda que permaneçam muito distantes do desempenho nos Estados Unidos, principal mercado da companhia. No segundo trimestre do ano, as vendas no Brasil avançaram 13,6%, para 25 mil unidades. Nos Estados Unidos, o crescimento foi de 12,1%, para 286 mil unidades. “A questão do direito à legítima defesa, do direito do cidadão brasileiro ter uma arma de fogo, foi legitimada pela população.”

Ele criticou o referendo sobre comercialização de armas e munições de 2005, que tinha uma pergunta “dúbia” e que foi explorada pelos governos da época, segundo Nuhs. “Desde a campanha desse novo governo, isso foi muito discutido e conversado. O cidadão de bem entende que pode adquirir uma arma de fogo, isso está nos nossos resultados e vai continuar.”

A companhia tem capacidade de atender aumentos na demanda. Atualmente, quase 90% da produção no Brasil é exportada, e a companhia está em processo de mudança de sua fábrica nos Estados Unidos, saindo da Flórida para se instalar na Georgia, onde terá o dobro da capacidade de produção.

No mercado doméstico, a companhia não quer ser “a única” opção de compra, por restrições a importações de armas, mas sim “a melhor opção”

A reestruturação que vem sendo implementada nas suas operações desde o ano passado já começou a render frutos. A fabricante de armas teve lucro líquido de R$ 43,6 milhões no segundo trimestre do ano. No mesmo período de 2018, havia registrado prejuízo de R$ 93,8 milhões.

No trimestre, a Taurus amortizou uma parcela de R$ 58,7 milhões do principal da sua dívida com bancos, o que possibilitou uma redução importante das despesas financeiras, e ajudou a impulsionar a última linha do balanço. “Grande parte dos recursos usados para pagamento da dívida veio da nossa operação. Hoje, a companhia é geradora de caixa, com operação muito eficiente”, disse. A expectativa do executivo é de que o momento positivo continue nos próximos trimestres.

Para o pagamento da próxima parcela da dívida, que vence em 2020, a companhia contará com a geração de caixa e também com recursos da venda de dois ativos, um terreno em Porto Alegre e a fábrica de capacetes. “Temos interessados nos ativos, estamos sendo bastante exigentes na negociação”, disse Nuhs. A Taurus “não está desesperada” para concluir os desinvestimentos, por sua posição de caixa. “Hoje a companhia é geradora de caixa”, disse.

“Tudo que fizemos foram mudanças consistentes que estão se refletindo nos números. Não fizemos um ‘negócio da China’ em um mês e fizemos um grande resultado. A companhia vem colhendo as melhorias mês a mês, trimestre a trimestre”, disse.

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