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18 março, 2024

Com números fortes no balanço e boas perspectivas, Embraer cresce e se fortalece


*LRCA Defense Consulting - 18/03/2024

A Embraer entregou 75 jatos no 4T23, sendo 25 aeronaves comerciais, 49 jatos executivos (30 leves e 19 médios) e 1 C-390 militar. Em 2023, a empresa entregou um total de 181 jatos, dos quais 64 foram aeronaves comerciais, 115 jatos executivos (74 leves e 41 médios) e 2 C-390 militares. As entregas da Embraer aumentaram 13% na comparação com os 160 jatos em 2022. A companhia continua enfrentando desafios na cadeia de suprimentos, que impactaram negativamente os resultados de 2023. 

A carteira de pedidos firmes (backlog) encerrou o 4T23 em US$18,7 bilhões, o maior volume registrado nos últimos 6 anos. A Aviação Executiva e a Aviação Comercial registraram book-to-bill superior a 1:1. O backlog da Embraer Serviços & Suporte atingiu o valor mais alto desde 2017, encerrando o ano em US$3,1 bilhões. 

A receita totalizou R$9,7 bilhões no 4T23 e R$26,1 bilhões em 2023, em linha com as estimativas da empresa e 11% maior do que em 2022. Todas as unidades de negócios tiveram um crescimento nas receitas e volumes em relação ao ano anterior; a Embraer Defesa & Segurança foi o destaque, com crescimento de 21%, seguida pela Aviação Comercial, com 15%. 

O EBIT ajustado atingiu R$889,6 milhões no 4T23, com margens EBIT e EBITDA ajustadas de 9,1% e 12,8%, respectivamente. Em 2023, a empresa reportou um EBIT ajustado de R$1,7 bilhão, com margens EBIT e EBITDA ajustadas de 6,5% e 10,6%. Os valores atenderam as estimativas para o ano da companhia, e foram impulsionados por volume e eficiências corporativas e tributárias. 

O fluxo de caixa livre ajustado sem EVE (FCL) no 4T23 foi de R$3,4 bilhões e elevou o FCL do ano para R$1,4 bilhão, superando as estimativas da companhia. O FCL foi impulsionado por robustos adiantamentos de vendas (PDPs). 

A S&P Global Ratings elevou a classificação da Embraer para grau de investimento (IG), enquanto a Moody's a elevou para Ba1 (um nível abaixo do IG). Enquanto isso, a Fitch, que classifica a empresa como BB+ (um nível abaixo do IG), revisou a perspectiva da empresa para positiva. 

Estimativas para 2024: entregas de aeronaves da aviação comercial entre 72 e 80 e entregas de aeronaves da aviação executiva entre 125 e 135. Receita total da empresa entre US$6,0 e US$6,4 bilhões, margem EBIT ajustada entre 6,5% e 7,5% e fluxo de caixa livre ajustado de US$220 milhões ou maior para o ano.

 
Principais indicadores financeiros
As informações operacionais e financeiras da empresa são apresentadas, exceto quando indicado de outra forma, em uma base consolidada em dólares dos Estados Unidos (US$), de acordo com o IFRS. Os dados financeiros apresentados para os trimestres encerrados em 31 de dezembro de 2023 (4T23), 30 de setembro de 2023 (3T23) e 31 de dezembro de 2022 (4T22) são derivados das demonstrações financeiras não auditadas, exceto os dados financeiros anuais e quando indicado de outra forma.

Receita e margem bruta
A receita consolidada de R$26,1 bilhões em 2023 representou um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Todas as unidades de negócio tiveram expansão nas receitas: Defesa & Segurança (21%), Aviação Comercial (15%), Aviação Executiva (8%) e Serviços & Suporte (8%). A receita total ficou dentro da faixa das estimativas de US$5,2 a US$5,7 bilhões para o ano. 

Aviação Executiva teve receitas que atingiram R$6,9 bilhões, 8% a mais do que no mesmo período do ano anterior. O crescimento se deve principalmente a um aumento nos volumes. A margem bruta caiu de 23,4% para 19,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, devido ao mix de produtos (proporcionalmente mais jatos médios do que jatos leves) e benefícios fiscais não recorrentes. 

Defesa & Segurança atingiu uma receita de R$2,6 bilhões, valor 21% maior em relação a 2022, impulsionada por maiores volumes de C-390. A margem bruta reportada foi de 20,8% em 2022, versus 16,7% em 2023. O resultado na margem bruta deveu-se ao mix de produtos e a revisão de linha de base dos contratos atuais, de acordo com a metodologia de cálculo da porcentagem de conclusão (POC). 

Aviação Comercial apresentou receitas de R$9,1 bilhões, 15% superior ao ano anterior, em virtude do maior número de entregas e do mix de produtos. A margem bruta reportada diminuiu de 10,4% em 2022 para 8,0% em 2023 devido a variação do mix de produtos, frete mais alto (ramp-up das estruturas E2) e benefícios fiscais não-recorrentes. 

Serviços & Suporte expandiu a receita para R$7,1 bilhões, valor 8% maior em relação ao ano anterior. A expansão da unidade de negócios se deve principalmente ao crescimento do segmento. A margem bruta reportada de 28,0% em 2022 diminuiu para 26,7% em 2023 devido ao mix de serviços, com maior contribuição de MRO (Manutenção, Reparo e Revisão, na sigla em inglês) e benefícios fiscais não-recorrentes. 

EBIT ajustado
No 4T23, o EBIT ajustado foi de R$890 milhões, enquanto a margem EBIT ajustada foi de 9,1%, com a exclusão dos itens ajustados acima. Enquanto isso, em 2023, o EBIT ajustado foi de R$1,7 bilhões e a margem EBIT ajustada foi de 6,5%, com um aumento de R$328 milhões em relação ao ano anterior, devido a volumes mais altos em todas as unidades de negócios e outras receitas operacionais (eficiências tributárias em 2023 e despesas corporativas mais altas em 2022).
 
Lucro líquido
O lucro líquido atribuível aos acionistas da Embraer e o lucro por ADS foram de R$943,6 milhões e R$1,2845 por ação no 4T23, comparados a R$119,2 milhões e R$ 0,1623 no 4T22. Se excluirmos os efeitos extraordinários, o lucro líquido ajustado foi de R$350,6 milhões no trimestre, comparado a R$226,2 milhões no ano anterior, e representou um aumento de 55%. No 3T23, os custos de desenvolvimento da EVE começaram a ser capitalizados como ativos intangíveis, devido ao programa ter atingido maturidade suficiente. 

Gestão de dívidas e passivo
A dívida líquida da Embraer sem EVE diminuiu para R$3,9 bilhões no 4T23, comparada com R$5,4 bilhões no trimestre e no ano. O significativo fluxo de caixa livre positivo gerado no trimestre ajudou a explicar a melhora sequencial na posição da dívida líquida da empresa, conforme detalhado abaixo. 

O prazo médio dos empréstimos aumentou para 4,6 anos no 4T23, comparado a 3,4 anos no comparativo anual. A estrutura de prazo da dívida foi de 96% em contratos de longo prazo e apenas 4% em contratos de curto prazo. O custo dos empréstimos denominados em dólares dos Estados Unidos foi de 6,33% a.a. no 4T23, mantendo os níveis do 3T23. Já o custo dos empréstimos denominados em reais diminuiu para 7,11% a.a. no trimestre, comparado a 10,85% no trimestre anterior.

Fluxo de caixa livre
O fluxo de caixa livre ajustado totalizou R$1,4 bilhão em 2023 e superou a orientação para o ano devido aos robustos adiantamentos de vendas (PDPs) no 4T23. 

CAPEX
As adições líquidas ao total de imobilizado foram de R$446,2 milhões no 4T23, contra R$273,8 milhões no 4T22. No trimestre, o CAPEX totalizou R$296,2 milhões, enquanto as adições de peças de reposição do Programa Pool atingiram R$150,0 milhões, e foram parcialmente compensadas por R$12,5 milhões de receitas de vendas de imobilizado. O aumento sequencial em imobilizado está relacionado ao crescimento em serviços de treinamento, manutenção e Aviação Executiva. Em 2023, a empresa investiu um total de R$1,1 bilhão em adições líquidas ao imobilizado e R$974,0 milhões em P&D sem EVE. No 3T23, os custos de desenvolvimento da EVE começaram a ser capitalizados como ativos intangíveis, uma vez que o programa atingiu maturidade suficiente.
 
Capital de giro
O estoque de produtos em andamento diminuiu R$2,5 bilhões em relação ao trimestre anterior, devido ao maior número de entregas no 4T23, o que foi parcialmente mitigado pelo aumento dos passivos contratuais (PDPs e receita diferida) e apoiou a sólida geração de fluxo de caixa no final do ano.

 Backlog - Pedidos firmes em carteira
O backlog da empresa aumentou em US$1,2 bilhão em relação ao ano anterior e atingiu um total de US$18,7 bilhões em 2023 - o maior número registrado nos últimos 6 anos. A Embraer Serviços & Suporte foi o destaque, com uma carteira de pedidos de US$3,1 bilhões, US$400 milhões a mais em relação ao ano anterior e o nível mais alto já registrado. A Aviação Executiva, por sua vez, encerrou o ano com um book-to-bill superior a 1,3:1 e uma carteira de pedidos de US$4,3 bilhões, US$400 milhões a mais em relação ao ano anterior. Em Defesa & Segurança, a Coreia do Sul foi destaque com a vitória do C-390 Millennium. Por fim, a Aviação Comercial encerrou o ano com um book-to-bill superior a 1,1:1.

A Embraer entregou 75 jatos no 4T23, sendo 49 jatos executivos (30 leves e 19 médios), 25 jatos comerciais e 1 C-390 militar. Em 2023, a Embraer forneceu 181 aeronaves, um aumento de 13% em relação ao ano anterior, quando a empresa entregou 160 unidades. A empresa continua enfrentando atrasos na cadeia de suprimentos que impactaram negativamente as entregas de 2023.
 
Aviação Executiva
A Aviação Executiva entregou 30 jatos leves e 19 médios, totalizando 49 aeronaves no 4T23 e 115 em 2023. O volume representa um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram entregues 102 jatos.

A unidade de negócios continuou seu impulso positivo de vendas com demanda sustentada em todo o seu portfólio de produtos e forte aceitação dos clientes nos mercados de varejo e de frota. O Phenom 300 foi o jato leve mais entregue pelo 12º ano consecutivo e o jato bimotor mais entregue pelo 4º ano consecutivo.

A Embraer anunciou a entrega de um Praetor 600 ao Centro de Serviços de Inspeção de Voo da Coreia do Sul. O jato é capaz de realizar uma ampla gama de tarefas de inspeção de voo. Este é o primeiro Praetor 600 no país asiático. 

Defesa & Segurança
A Coreia do Sul anunciou o C-390 Millennium da Embraer como o vencedor da licitação pública Large Transport Aircraft (LTA) II para o fornecimento de novas aeronaves de transporte militar. O país é o 7º cliente do C-390 Millennium e o 1º na região. O contrato inclui um número não revelado de aeronaves, bem como um pacote de serviços e suporte que inclui treinamento, equipamentos de apoio em solo e peças de reposição.

No Oriente Médio, foi assinado um Memorando de Entendimento (MoU) entre a Embraer e a SAMI, com o objetivo de apoiar a expansão da presença operacional de ambas as empresas no Reino da Arábia Saudita. O acordo é focado na promoção das capacidades da aeronave C-390 Millennium e na prestação de suporte ao Ministério da Defesa do reino. A SAMI e a Embraer trabalharão para estabelecer diversas atividades no país, incluindo manutenção, montagem final de aeronaves, integração de sistemas de missão e atividades de treinamento.

Na Europa, a Embraer assinou outro Memorando de Entendimento (MoU) com a Netherlands Industries for Defence & Security (NIDV) com o objetivo de explorarem conjuntamente oportunidades alinhadas com a Estratégia da Indústria de Defesa da Holanda, com foco principal no C-390 Millennium e no A-29N Super Tucano.

Finalmente, em outubro, entrou em serviço o 1º KC-390 Millennium da Força Aérea Portuguesa (FAP). A aeronave inclui equipamentos padrão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e, desde então, tem demonstrado o mesmo nível excepcional de produtividade registrado pela frota da Força Aérea Brasileira. 

Aviação Comercial
A Embraer entregou 25 jatos comerciais no 4T23 e 64 aeronaves em 2023, 12% a mais do que no ano anterior.

Na América do Norte, a Porter Airlines exerceu seus direitos de compra para fazer um pedido firme de 25 jatos E195-E2, que se somaram aos seus 50 pedidos firmes existentes. A companhia aérea canadense utilizará as novas aeronaves para ampliar seu premiado serviço para destinos em todo o continente. O negócio, avaliado em US$2,1 bilhões a preço de lista, entrou na carteira de pedidos no 4T23 e aumentou os pedidos firmes da companhia aérea com a Embraer para 75 aeronaves, com 25 direitos de compra remanescentes.

Na Ásia, o E190-E2 e o E195-E2 obtiveram a certificação de tipo da Autoridade de Aviação Civil de Cingapura (CAAS). As aeronaves são as de corredor único mais silenciosas e eficientes em termos de combustível do mundo. A Scoot, subsidiária de baixo custo da Singapore Airlines, deve começar a operar o E190-E2 em 2024.

Por fim, o E195-E2 recebeu da EASA (Agência Europeia para a Segurança da Aviação) a certificação para Steep Approach no Aeroporto da Cidade de Londres (LCY). Essa conquista é um desenvolvimento significativo, que permite que as companhias aéreas operem o E195-E2 no Aeroporto da Cidade de Londres, conhecido por sua aproximação desafiadora e pista curta. Juntamente com o E190-E2, que recebeu a certificação Steep Approach em 2021, ambos os membros da família E2 estão agora aprovados para operações a partir do LCY. 

Serviços e Suporte
A Embraer Serviços & Suporte atingiu um marco significativo no 4T23 com o avanço do programa de conversão de aeronaves de passageiros para cargueiros, marcando o início de uma nova fase com a apresentação da nova pintura e o início dos testes em solo.

A unidade de negócios continuou a acelerar sua expansão e dobrou a capacidade de serviços de manutenção de jatos executivos nos Estados Unidos. A expansão apoiará o crescimento contínuo de sua base de clientes por meio da adição de 3 instalações de Manutenção, Reparo e Revisão (MRO) da Aviação Executiva em Dallas Love Field (Texas), Cleveland (Ohio), e Sanford (Flórida).

A Embraer-CAE Training Services (ECTS) anunciou uma expansão estratégica de sua capacidade de treinamento com a introdução de dois simuladores de voo do Phenom 300. O principal objetivo da joint-venture é atender à crescente demanda por treinamento em jatos executivos nos mercados norte-americano e europeu, reforçando o compromisso da companhia com os clientes da Aviação Executiva.

Estimativas 2024 (não considera a EVE)
- Entregas da Aviação Comercial 72 - 80
- Entregas da Aviação Executiva 125 - 135
- Receitas consolidadas (US$ bilhões) 6,0 – 6,4
- Margem EBIT ajustada 6,5% - 7,5%
- Fluxo de caixa livre (US$ milhões) 220 ou maior

Início de um novo ciclo para a empresa
Segundo CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, "Hoje divulgamos os resultados financeiros do ano passado e tenho orgulho de dizer que 2023 foi um ano marcante para a Embraer. Ele representou o início de um novo ciclo para a empresa: uma fase focada no crescimento sustentável para capturar todo o nosso potencial. Nossa atividade comercial se intensificou em todas as unidades de negócios, com sólida demanda nos principais mercados da empresa. O foco contínuo na eficiência e inovação dos negócios, bem como o maior esforço de vendas, foram fundamentais para alcançar os expressivos resultados de 2023 e continuarão a ser chave neste e nos próximos anos. Portanto, vamos comemorar os 55 anos da Embraer neste ano em ótima forma. Continuamos otimistas com a nossa estratégia de crescimento e geração de valor para clientes, acionistas, colaboradores e sociedade".

Dividendos em 2025
Em meio à euforia justamente pelo crescimento das encomendas da companhia, a Embraer anunciou que pode voltar a pagar dividendos ano que vem.

“A gente ainda tem prejuízos acumulados. Então, a gente precisa de 2024 e um pedaço de 2025 para zerar o prejuízo. Sendo assim, a empresa está qualificada a voltar a pagar dividendos, que é o nosso plano e nosso sonho para 2025”, disse o CFO Antonio Carlos Garcia a analista.

“Sobre quantidade de pagamento de dividendos, a gente não chegou lá ainda, pois estamos revendo nossa política. A gente hoje tem uma política que é muito simples de 25% do lucro líquido no período, mas a gente está fazendo uma revisão até para desenhar o futuro da companhia”, ressaltou.

“Então, no geral, 2025 (para pagamento de dividendos), mas a primeira fronteira é zerar o prejuízo acumulado que ainda existe”, afirmou.

Pelo balanço da Embraer, o prejuízo acumulado em 31 de dezembro de 2023 era de R$ 1,593 bilhão.
 

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