![]() |
Viatura anfíbia blindada Urutu modernizada pela "nova Engesa" |
*LRCA Defense Consulting - 19/08/2025
Após três décadas de silêncio, a Engesa (Engenheiros Especializados S.A.), gigante outrora na vanguarda da indústria bélica nacional, "ressurge" em 2025, prometendo reescrever sua história e redefinir o futuro da defesa brasileira. O retorno não é apenas o "renascimento" de uma empresa, mas um marco significativo para a soberania e a capacidade industrial do país.
Fundada em 1958 por José Luiz Whitaker Ribeiro, a antiga Engesa marcou época com seus blindados EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, que elevaram o Brasil à posição de um dos maiores exportadores de material militar na década de 1980. O declínio nos anos 90, impulsionado por mudanças geopolíticas e dificuldades financeiras, levou à falência em 1993, deixando um vazio no setor.
A retomada estratégica: Urutus modernizados abrem caminho
O sinal mais claro do "renascimento" da "nova
Engesa" foi dado em 17 de março de 2025, com a entrega simbólica de seis
veículos anfíbios blindados Urutu doados pelo Exército Brasileiro, que foram restaurados, modernizados e entregues à Brigada Militar do Rio
Grande do Sul, em uma cerimônia na sede do Comando Militar do Sul, em Porto
Alegre. Mais do que uma simples restauração, os veículos passaram por um
processo de retrofit minucioso, que incluiu revisão mecânica completa,
modernização tecnológica e adaptações operacionais para atender às demandas
contemporâneas, como operações especiais e ações humanitárias.
A liderança por trás do "renascimento": Nelinho Pozza
O motor por trás dessa ambiciosa "ressurreição" é Nelinho
Pozza (foto), figura central que assumiu a direção executiva da Engesa Holding Participações Ltda. Sua
trajetória profissional revela um profundo conhecimento e uma visão estratégica
apurada no setor de defesa, elementos cruciais para a empreitada de reerguer um
gigante. O executivo é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) de São Leopoldo em 2006; MBA em Gestão de Projetos e Agricultura de Precisão pela Universidade Agrícola de Cracóvia, Polônia em 2010.
Antes de fundar a Capital Defense, Nelinho Pozza atuou na estatal polonesa URSUS, fabricante de equipamentos agrícolas e militares com forte presença em mercados internacionais, incluindo a América Latina. Essa experiência internacional e a visão aguçada para oportunidades de mercado foram fundamentais para que ele percebesse a necessidade de expandir negócios e iniciar a história da Capital Defense, que hoje oferece uma cadeia completa de soluções em segurança e defesa – desde produtos civis até veículos e aeronaves de combate para as forças armadas, incluindo treinamento e consultoria especializada.
A liderança de Pozza na Engesa Holding vai além da gestão; ele é o arquiteto da estratégia de modernização e inovação que tem enfatizado publicamente a importância de dar continuidade ao legado da antiga Engesa e o potencial de desenvolver novos produtos para mercados domésticos e internacionais. Sua capacidade de mobilizar equipes multidisciplinares e de focar em "veículos inovadores e tecnologias exclusivas" demonstra um perfil que combina a experiência global com a visão para a recuperação da indústria militar brasileira. Projetos como o HEFESTO, idealizado e executado pela Capital Defense para soluções de segurança e monitoramento com tecnologia militar, reforçam sua habilidade em transformar visão em realidade e em alavancar tecnologia de ponta para atender às necessidades do setor.
Atualização de 20/08: é importante observar que esta Consultoria nada encontrou ainda que ligue oficialmente o
antigo patrimônio ou outros ativos da Engesa à empresa Engesa Holding Participações
Ltda. ou ao empresário Nelinho Pozza.
Segundo publicou a Revista Sociedade Militar em 28/03, "para manter o foco na tradição de excelência técnica e inovação tecnológica, a empresa estruturou dois segmentos: a Engesa Auto, responsável pelo desenvolvimento e fabricação de veículos civis, militares e agrícolas, além de realizar retrofit em modelos clássicos como os Urutu; e a Engesa Aero, especializada em tecnologia, incluindo sistemas avançados de geolocalização, sensores, softwares específicos para defesa e equipamentos para veículos aéreos e terrestres".
![]() |
Solenidade de doação no Comando Militar do Sul |
Inovação e desenvolvimento: olhos no futuro da defesa e
da segurança
A Engesa Holding não busca apenas resgatar o passado da antiga Engesa, mas
construir um futuro inovador. A empresa já está trabalhando em "diversos
projetos, alguns em fase avançada de testes, com foco em veículos inovadores e
tecnologias exclusivas". A equipe multidisciplinar e altamente capacitada
é a aposta para recuperar a relevância da indústria militar e de segurança brasileira.
A necessidade de veículos blindados no Brasil é evidente. Há
uma lacuna que a Engesa Holding almeja preencher com soluções nacionais, evitando que o
país dependa de importações, como já ocorre com forças de segurança que buscam
equipamentos no exterior. O foco está na produção de um veículo blindado
resistente a tiros e apto para qualquer terreno, destinado tanto às forças de
segurança brasileiras quanto à exportação.
![]() |
Interior do Urutu |
Desafios e impulso para a economia nacional
O caminho para o "renascimento" não é isento de obstáculos. A
"nova Engesa" enfrenta o desafio de reconstruir sua reputação após um
longo período de inatividade, atrair investimentos robustos e competir com
players globais já estabelecidos. Contudo, a estratégia da empresa passa pelo
investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento, pela busca por parcerias
estratégicas e pela capacidade de oferecer soluções personalizadas às
necessidades específicas do cenário brasileiro.
O impacto do "retorno" da Engesa vai muito além dos muros da fábrica. O "renascimento" da empresa tem o potencial de:
- Impulsionar
a cadeia produtiva: atuando como um catalisador para todo o
ecossistema da defesa e segurança, estimulando fornecedores e outras
empresas do setor.
- Gerar
empregos qualificados: criando oportunidades para engenheiros,
técnicos e especialistas em diversas áreas.
- Fortalecer
a soberania nacional: reduzindo a dependência de importações e
garantindo que o Brasil tenha sua própria capacidade de produção de um amplo leque de equipamentos de defesa e de segurança.
- Fomentar
o desenvolvimento tecnológico: os avanços em pesquisa e
desenvolvimento da Engesa podem ter "efeitos cascata" em outras
indústrias, impulsionando a inovação.
- Projetar o Brasil no cenário global: com o retorno às exportações, a Engesa Holding pode incrementar a posição do país no mapa da indústria bélica e de segurança internacional.
A localização das atividades da Engesa Holding no Rio Grande do Sul (possivelmente na cidade de Alvorada) é estratégica, reforçando a posição do Estado como um polo para a indústria de defesa e segurança.
O "renascimento" da Engesa não é apenas uma boa notícia para a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) do Brasil; é um sinal de resiliência e inovação da indústria brasileira, com implicações significativas para a economia, a tecnologia e a segurança nacional.
Um gigante adormecido "despertou" e promete um futuro de robustez e novas conquistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será submetido ao Administrador. Não serão publicados comentários ofensivos ou que visem desabonar a imagem das empresas (críticas destrutivas).