*LRCA Defense Consulting - 27/09/2025
A demonstração do míssil anti-carro MAX 1.2 AC, desenvolvido pela SIATT, durante a Operação Atlas, consolidou um movimento relevante da indústria de defesa brasileira: a incorporação de sistemas de armas de alta complexidade produzidos integralmente no país, em um momento em que as Forças Armadas buscam fortalecer a capacidade de combate terrestre com soluções de dissuasão modernas e, sobretudo, nacionais.
O sistema foi empregado pela primeira vez em público em 16 de setembro, no Campo de Instrução de Formosa (GO), diante do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, do comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, além de oficiais-generais das três Forças. O evento reuniu 2.500 militares e cerca de 180 meios terrestres e aéreos, dentro da fase central da operação, que busca testar a interoperabilidade estratégica das Forças Armadas.
Capacidade do sistema e impacto na doutrina
Projetado a partir de um requisito operacional do Exército,
mas já incorporado também pelos Fuzileiros Navais, o MAX 1.2 AC responde a
uma lacuna histórica das Forças Armadas brasileiras: a ausência de sistemas
anti-carro de emprego tático desenvolvidos localmente. O míssil agrega capacidade
de penetração contra blindados modernos, resistência a contramedidas
eletrônicas e flexibilidade de emprego em diversas plataformas.
Do ponto de vista doutrinário, seu uso em exercícios
conjuntos tem impacto direto na atualização das táticas de guerra
terrestre em cenário convencional, além de ampliar o leque de opções contra
ameaças blindadas em cenários assimétricos, algo cada vez mais relevante nas
análises de conflitos recentes, como Ucrânia e Oriente Médio, onde a defesa
anti-carro tem se mostrado decisiva.
Indústria nacional e soberania tecnológica
Para a SIATT, a demonstração reforça a pujança da base
industrial de defesa brasileira e sinaliza perspectivas de exportação. “Esse
sistema fortalece a soberania e amplia a autonomia tecnológica do País”,
destacou o diretor da empresa, Robson Duarte, confirmando que o míssil já
entrou em produção seriada, com novos lotes destinados ao Exército
Brasileiro.
O programa do MAX 1.2 AC se soma a iniciativas como o MANSUP (míssil antinavio nacional em desenvolvimento com a Marinha), compondo um portfólio de produtos avançados que coloca o Brasil em um seleto grupo de países capazes de conceber e produzir mísseis guiados com alto nível tecnológico.
Operação Atlas: vitrine de interoperabilidade
A Operação Atlas é considerada um dos maiores
exercícios conjuntos das Forças Armadas em território nacional. Realizada em
ciclos, envolve deslocamento estratégico de tropas entre diferentes estados e o
emprego real de armamentos em cenários de simulação de conflito. A fase de
Formosa foi a mais visível à sociedade e à imprensa, servindo como vitrine da
capacidade de interoperabilidade, mas também como palco para a apresentação de
novos equipamentos — com destaque neste ano para o MAX 1.2 AC.
Cenário internacional e oportunidades
O avanço do míssil chega em um contexto internacional
marcado pela alta demanda por sistemas anti-carro, impulsionada pelo
prolongamento da guerra na Ucrânia e pela modernização de arsenais na Ásia e no
Oriente Médio. Caso obtenha certificação operacional plena e exportação
autorizada, o MAX 1.2 AC pode abrir caminho para que a indústria brasileira
conquiste espaço em um mercado hoje dominado por modelos norte-americanos,
europeus e israelenses, com margens limitadas para novos atores.
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