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26 janeiro, 2020

Nenhuma indústria bélica vai investir no Brasil sem redução de impostos, diz presidente da Taurus

Executivo rebate ideia de Eduardo Bolsonaro sobre entrada de fabricantes no país




Com a atual tributação sobre a indústria bélica, nenhuma empresa estrangeira vai querer fabricar no Brasil. Essa é a opinião de Salésio Nuhs, presidente da Taurus, maior fabricantes de armas de pequeno porte no Brasil, em resposta à proposta do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Na manhã deste domingo (26), Eduardo defendeu a entrada de fabricantes estrangeiros de armamentos no país, dizendo que o monopólio virtual da Taurus no mercado faz com que as armas tenham preços altos no Brasil, o que restringe o acesso da população a armas.

“Eu não quero falir a Taurus, quero apenas que haja concorrência para aumentar a qualidade e baixar o preço”, disse Eduardo, que afirmou ter conversado com a suíça SigSauer e a italiana Beretta sobre investimentos no Brasil.

“Isso vai permitir que a população tenha mais acesso a armas, hoje em dia esse mercado é elitista, por causa dos preços das armas”, disse o deputado

Para Nuhs, ninguém vai ser “maluco” de investir no Brasil se for mantida a atual carga tributária sobre os armamentos, de quase 70%. “O problema no Brasil não é o preço, é o imposto; nenhuma empresa estrangeira irá investir se não mudarem a tributação”, disse à Folha o presidente da Taurus.

“Essa proposta é equivocada, não existe monopólio no Brasil”, afirmou. A Taurus emprega 2.100 pessoas no Brasil e gera 5 mil empregos indiretos, segundo Nuhs.  

A Taurus está em fase final de negociação para firmar uma joint-venture com a Jindal Steel, siderúrgica indiana que fatura US$ 3,3 bilhões ao ano. Segundo Nuhs, o acordo se encaixaria no programa Make in India do primeiro-ministro Narendra Modi, que estimula a substituição de importações e instalação de indústrias na Índia. No acordo, a Taurus seria dona de 51% da nova empresa, e a Jindal, de 49%. [Nota: o padrão de joint venture indiano não é esse, mas sim 51% para a empresa local e 49% para a estrangeira]

O objetivo é fabricar armamentos para o mercado civil, revólveres e pistolas, e para o mercado militar, participando de licitações para armas táticas.

Eduardo faz parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro na visita oficial à Índia. Nuhs veio com a delegação de empresários que participará do seminário conjunto de indústrias de Defesa da Índia e do Brasil que se realiza em Déli.

Dez grandes empresas brasileiras de armas, munição, vigilância e aviação fazem parte da delegação do presidente Bolsonaro. O seminário, chamado de Primeiro Diálogo da Indústria de defesa Brasil-Índia, será realizado na segunda-feira (27). O evento será aberto por Marcos Degaut, secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, e por Ajay Kumar, ministro da defesa da Índia.

Eduardo Bolsonaro afirmou que irá se dedicar este ano à abertura do mercado brasileiro de armamentos. Hoje em dia, há poucas empresas fabricando armamento civil no Brasil —a estatal Imbel e a CBC-Taurus dominam o mercado. O deputado afirmou que já teve videoconferências com a suíça-alemã SigSauer e a italiana Beretta, que querem se instalar no Brasil e fabricar no país.

De acordo com Eduardo, o virtual monopólio da CBC-Taurus em armas de pequeno porte faz com que o preço de armamentos seja muito alto. Munição também, afirmou, é cinco vezes mais barata nos Estados Unidos.

Nuhs apontou também problemas no setor regulatório, afirmando que o órgão homologador leva dois anos para liberar uma nova arma. “Onde fica nossa competitividade? Nós temos 280 produtos na fila.”

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