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14 dezembro, 2021

Internet: o Brasil continuará funcionando em caso de um conflito global?


*LRCA Defense Consulting - 14/12/2021

Como o Brasil continuará funcionando em caso de um conflito global ou envolvendo as grandes potências?

A maioria dos nossos servidores também está localizada no exterior e poderá ser desligada ou ter seu trabalho afetado, prejudicando ou tornando inoperantes os nossos sistemas eletrônicos de defesa, administração pública, infraestrutura de suporte à vida, finanças e outros fundamentais ao dia a dia dos brasileiros.

Após ler o artigo abaixo, não parece haver dúvidas de que precisamos ter um plano B para garantir o funcionamento confiável da internet - e do País - em caso de um conflito envolvendo as grandes potências.

Atualização das 15h41: "Além da Saúde, CGU, PRF e IFPR também confirmaram invasão por grupo hacker" | Tecnologia | G1 https://glo.bo/3dR0oNJ

Rússia testa internet soberana, desconectada da rede global. Por quê?

*Russia Beyond - 13/12/2021

Entre 15 de junho e 15 de julho de 2021, a Rússia realizou novos testes da operação segura da Runet – nome dado pelos falantes do idioma russo para o conjunto de sites em sua língua –, segundo a organização autônoma sem fins lucrativos Economia Digital.

Os testes de desconexão contaram com a participação das principais operadoras de telecomunicações russas: MTS, Tele2, Beeline, Megafon, Rostelecom, Transtelecom e ER-Telecom Holding. Segundo fontes do jornal econômico russo RBC, o objetivo dos testes é verificar se a Runet poderia funcionar no caso de ataques e bloqueios por outros países.

Os primeiros testes da internet soberana foram realizados em dezembro de 2019, em Moscou, Rostov, Vladímir e várias outras cidades da Rússia. As operadoras e agências governamentais verificaram a proteção dos dados pessoais dos usuários russos de ameaças externas, a possibilidade de interceptar o tráfego e mensagens SMS, descobrir a localização do usuário e buscavam avaliar o nível de proteção das grandes empresas petrolíferas e financeiras contra ataques de hackers.

"Os testes mostraram que, em geral, tanto as autoridades públicas, quanto as operadoras de telecomunicações estão prontas para responder efetivamente a possíveis riscos e ameaças e para garantir o funcionamento estável da internet e das redes de telecomunicações na Rússia", disse o então vice-ministro do Desenvolvimento Digital e Comunicações, Aleksêi Sokolov.

Os testes também deveriam ocorrer em 2020, mas foram adiados devido à pandemia do coronavírus.

Por que desconectar a Rússia da internet global?
Em outubro de 2017, após três ataques de hackers que afetaram a Rússia e vários outros países, o presidente russo Vladimir Putin demandou melhorias na segurança da Runet.

“A invasão externa em sistemas eletrônicos da defesa, administração pública, infraestrutura de suporte à vida e finanças, bem como o vazamento de documentos eletrônicos, podem ter consequências terríveis [...] É preciso melhorar a segurança e a estabilidade da infraestrutura do segmento russo da internet", disse então o presidente russo.

Um ano depois, em dezembro de 2018, um grupo de senadores do Conselho da Federação e de deputados da câmara baixa do parlamento russo apresentaram um projeto de lei sobre o funcionamento autônomo da Runet, chamado de "lei de proteção da Runet" ou de "isolamento da Runet". Esse projeto de lei foi elaborado levando em consideração as acusações da Rússia de ataques de hackers e levando em consideração a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética dos Estados Unidos adotada em setembro de 2018, que, segundo senadores russos, declarou o princípio de “preservação da paz pela força”.

Segundo a lei, a Rússia deve criar sua própria infraestrutura, que permitirá que o segmento russo da internet continue funcionando mesmo que a Rússia esteja desconectada dos servidores globais.

Além disso, de acordo com a lei, o Serviço Federal para Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Mídia de Massa (Roskomnadzor), órgão responsável por monitorar a obediência às leis na internet russa, poderá controlar o tráfego de dados dos usuários russos e, se necessário, desligar o acesso em caso de tentativa de entrar em sites com informações proibidas.

O projeto de lei foi criticado inúmeras vezes, principalmente por operadoras e grandes empresas de TI. Segundo seus representantes, o cumprimento dos requisitos pode levar a falhas no funcionamento do setor de comunicação e na internet. O projeto também foi criticado pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras. Seus representantes afirmaram que a lei permitiria bloquear a transmissão de quaisquer informações digitais a pedido do governo russo.

Diversos deputados russos também foram contra o projeto da lei. Segundo eles, os perigos descritos no documento não representam uma ameaça real. No entanto, já em maio de 2019, Vladimir Putin ratificou a lei aprovada, que entrou em vigor em 1º de novembro de 2019.

“A maioria dos servidores está localizada no exterior [...] Se assumirmos, teoricamente, que esses servidores serão desligados ou seu trabalho será afetado, precisamos garantir o funcionamento confiável da Runet, o segmento russo da internet. Este é, realmente, o único objetivo da lei. Só isso. Não estão previstas restrições aqui", respondeu Putin às críticas em junho de 2019.

Como funcionará a Runet soberana?
De acordo com a lei, todas as operadoras serão obrigadas a instalar equipamentos especiais que garantirão o intercâmbio de tráfego sem interrupções na Rússia, caso seja necessário desconectar os usuários da internet global.

A agência Roskomnadzor, por sua vez, deverá criar um centro de monitoramento e controle, onde poderá monitorar a qualidade desses equipamentos e a possibilidade de ameaças externas.

No caso de ataques cibernéticos ou tentativas de desconectar a Rússia dos servidores estrangeiros, o Roskomnadzor passará a gerenciar o tráfego interno.

O tráfego será controlado em "locais de troca de tráfego" especiais, que são instalações físicas onde as redes das principais empresas e operadoras estarão interconectadas.

Além disso, o regulador poderá bloquear de forma independente sites proibidos na Rússia, sem entrar em contato com operadoras e provedores (hoje, eles realizam essa tarefa a pedido do Roskomnadzor).

Segundo informações publicadas no site da Duma do Estado (câmara baixa do parlamento russo), a lei não foi criada para bloquear as redes sociais e sites de hospedagem de vídeos, como Twitter, YouTube e Facebook. O órgão não explica, porém, como é possível manter o funcionamento de sites sem a conexão à internet global.

A Rússia já está tecnicamente pronta para se desconectar da rede global, declarou, em fevereiro de 2021, o ex-premiê e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmítri Medvedev.

No entanto, as operadoras afirmam que os equipamentos especiais já começaram a causar falhas no sistema e precisam ser temporariamente desligados para garantir o funcionamento da rede interna. Além disso, o Ministério das Comunicações atualiza os requisitos para a modernização dos equipamentos, o que levará à queda da qualidade da comunicação, segundo a operadora MTS.

Ao mesmo tempo, as operadoras não podem ignorar esses requisitos. Caso contrário, terão que pagar multas de até 1 milhão de rublos (US$ 13,6 mil) pela primeira violação e até três milhões de rublos (US$ 40 mil) pela reincidência.

Internet russa será fechada como na China?
A principal diferença entre a Runet soberana e o firewall chinês está em sua arquitetura, segundo o diretor da organização sem fins lucrativos Internet Protection Society, Mikhail Klímarev.

Na Rússia, os sistemas de filtragem e gerenciamento de tráfego são instalados pelas operadoras de telecomunicações, enquanto na China eles estão localizados na fronteira. O Facebook e outras redes sociais populares não funcionam na China, mas mesmo que seus sistemas de filtragem quebrem, a internet continuará a funcionar. A Rússia, neste caso, enfrentará falhas inesperadas em todas as cidades do país.

“O fechamento do Google vai matar 30% de todos os sites russos. Será um golpe duro e inesperado na economia. Qualquer coisa poderá dar pau: um sistema médico ou um sistema de controle de gasoduto... É impossível prever”, explica Klímarev ao site Znak.com.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmítri Medvedev, concorda que a internet autônoma poderá criar grandes problemas.

"Vai levar algum tempo para reconfigurá-la. Mas, em princípio, o funcionamento autônomo do segmento russo da rede poderia ser restaurado", disse Medvedev. "É uma tarefa complicada, e espero que não tenhamos a necessidade de implementá-la", disse Medvedev.

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