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20 abril, 2024

Os F-16 argentinos podem agilizar a decisão brasileira sobre defesa antiaérea de média altitude


*LRCA Defense Consulting - 20/04/2024

Em 16 de abril, a Argentina assinou um acordo de aquisição, para sua força aérea, de 24 caças-bombardeiros de alto desempenho General Dynamics F-16 Fighting Falcon Block 15 usados, que estavam em operação na Força Aérea Real Dinamarquesa. O Ministério da Defesa da Argentina disse, num comunicado, que os F-16 dinamarqueses, “modernizados e equipados com a melhor tecnologia”, formariam “a espinha dorsal do sistema de defesa aérea da Argentina”.

O F-16 "Viper" (como é conhecido entre os seus pilotos) é um jato de combate multifuncional desenvolvido pelos Estados Unidos e adotado por 26 países em todo o mundo, entre outros. Projetado principalmente para uma variedade de missões, desde ataque ao solo até defesa aérea, a aeronave é conhecida por sua versatilidade e capacidade de operar em diferentes contextos de combate , contando com alta poder de fogo. 

A aeronave tem diversas variantes: os F-16A, F-16C e F-16E são monopostos, enquanto os F-16B, F-16D e F-16F podem acomodar dois tripulantes, facilitando assim missões que exigem um copiloto para gerenciamento de sistemas complexos de armas ou treinamento de voo. Desde o seu primeiro voo, em 02 de fevereiro de 1974, mais de 4.500 unidades foram construídas e atualmente está em serviço em 26 países em todo o mundo.

O F-16 foi projetado com uma configuração de asa alta e uma fuselagem que permite vários pontos rígidos. Ele pode transportar uma carga útil substancial, distribuída por nove pontos externos, incluindo estações sob as asas e fuselagem. Esta configuração permite transportar várias combinações de armamentos e cápsulas para missões específicas, aumentando assim a sua capacidade de cumprir múltiplas funções numa única surtida.

A Block 15, versão produzida em maior quantidade, introduziu novos estabilizadores, 30% maiores, bem como adicionou mais dois pontos de fixação para armamento (5R e 5L), rádios na banda UHF (Have Quick I) mais seguros e melhoria do conforto do piloto otimizando o ar condicionado do cockpit. Na atualização OCU (Operational Capabilities Upgrade programme), para todos os block 15 produzidos após Janeiro de 1988, houve melhoria dos aviônicos e do sistema de controlo de tiro, o radar foi atualizado com uma melhor capacidade de defesa aérea e houve aumento da capacidade estrutural das asas; foi ainda introduzido o motor Pratt & Whitney F100-PW-220E e capacidades para transportar e disparar os mísseis AGM-65 Maverick, AIM-120 AMRAAM (Advanced Medium-Range Air-to-Air Missile) e o míssil antinavio de origem norueguesa AGM-119 Penguim. O peso máximo de descolagem aumentou para 17.010Kg.

Os F-16 argentinos têm também a atualização MLU, modernização de meia-vida aplicada aos F-16 noruegueses, dinamarqueses, holandeses, belgas e portugueses que os colocaram ao nível dos da versão Block 50 da USAF. Passaram ainda pela atualização "Falcon Up", que capacitou a estrutura da fuselagem para atingir um ciclo de vida de 8 000 horas de voo. As atualizações incluíram um novo computador (MMC - Modular Mission Computer) derivado do que equipa o F-22 Raptor, radar AN/APG-66 atualizado para o padrão AN/APG-66(V)2, integração do míssil AIM-120 AMRAAM e do sistema avançado de interrogação de aeronaves (AIFF), Head up display (HUD) no capacete. Foram designados oficialmente F-16AM e F-16BM.

Equipado com uma ampla gama de mísseis ar-solo e ar-ar, bem como pods de navegação e direcionamento e bombas guiadas, o F-16 é capaz de enfrentar uma infinidade de cenários de missão. Entre seus armamentos notáveis ​​estão os mísseis AGM-65 Maverick e AGM-84 Harpoon, projetados para atingir alvos terrestres e marítimos, respectivamente.

O AGM-65 Maverick é especificamente adaptado para ataques precisos em alvos terrestres, utilizando sistemas de orientação por televisão ou infravermelho. Isto permite que o F-16 atinja com sucesso objetos móveis e fixos com alta eficiência. Por outro lado, o AGM-84 Harpoon é um míssil antinavio que emprega um sistema de orientação por radar ativo para rastrear e destruir embarcações inimigas, reforçando a superioridade marítima das forças aéreas.

Para combates ar-ar, o F-16 está equipado com uma variedade de mísseis, incluindo o AIM-120 AMRAAM, o AIM-7 Sparrow e o AIM-9 Sidewinder. Cada míssil desempenha uma função específica, com o AIM-120 AMRAAM oferecendo maior precisão através de seu sistema de orientação por radar ativo, o AIM-7 Sparrow ideal para combates de médio alcance com sua orientação por radar semiativo, e o AIM-9 Sidewinder perfeito para combate aéreo de curto alcance com orientação infravermelha.

Pods de navegação e mira, como o AN/AAQ-13 e AN/AAQ-14 LANTIRN, fornecem recursos avançados de navegação e mira, permitindo que o F-16 opere efetivamente em condições de pouca luz ou baixa visibilidade. Esses pods são essenciais para ataques terrestres de precisão, fornecendo dados precisos de aquisição de alvos.

Além disso, bombas guiadas como a GBU-31 e a GBU-38 JDAM oferecem notável precisão em ataques ao solo através de orientação por GPS. O F-16 pode lançar essas bombas em alvos específicos com grande precisão, minimizando danos colaterais durante as operações de combate.

F-16AM dinamarquês armado com AMRAAM e uma bomba guiada a laser GBU-12

O F-16 também está armado com uma metralhadora Gatling M61A-1 Vulcan de 20 mm e 511 tiros, projetada para combate aéreo. Capaz de disparar em alta velocidade, esta arma é apta para neutralizar rapidamente ameaças aéreas. Sua capacidade de lançar um grande número de projéteis em um curto espaço de tempo o torna um recurso valioso para combates de curta distância. Empregada pela primeira vez durante a Guerra do Vietnã na década de 1960, esta metralhadora ganhou fama por sua eficácia contra aeronaves MiG inimigas em combate aéreo.

Com uma velocidade máxima de Mach 2.05 (2,05 vezes a velocidade do som ou cerca de 2.531 km/h), autonomia máxima de 4.215 km e teto máximo de 15.239 metros, os F-16 argentinos são uma arma aérea formidável, com capacidades suficientes para modificar o cenário aéreo das forças armadas da maioria dos países da América do Sul.

Defesa antiaérea brasileira: uma situação muito preocupante
Conforme já escrito por esta Consultoria em matéria anterior, em termos de Artilharia Antiaérea, a situação do Brasil é, para dizer o mínimo, muito preocupante, pois as Forças Armadas nacionais não possuem nenhuma arma terrestre ou naval que possa fazer frente a ameaças aéreas que operem em média altitude (entre 3.000 e 15.000 metros) ou mais, o que significa que todo o trabalho teria que ser feito pelos caças Gripen e F5. Apenas como ilustração relativa à América do Sul, os caças Sukhoi 30 e F16 venezuelanos, os F16 chilenos, os recém-adquiridos F16 argentinos e até os IAI Kfir colombianos têm teto de emprego superior a 15.000 metros de altitude. 

Embraer C-390 X Akash SAM
Assim, a informação divulgada recentemente pelo Comandante do Exército Brasileiro, de que Índia e Brasil estão considerando um acordo governo a governo na modalidade quid pro quo (expressão latina que significa "tomar uma coisa por outra"), onde a Índia compraria a aeronave multimissão Embraer C-390 Millennium em troca de o Brasil adquirir algumas baterias do sistema de mísseis antiaéreos Akash SAM, assume uma importância estratégica para o País, pelo menos enquanto a indústria brasileira de defesa não tiver condições de desenvolver uma arma similar. 

Akash SAM
De maneira simplificada, o Akash é um sistema de mísseis superfície-ar (SAM) de curto alcance para proteger áreas e pontos vulneráveis ​​​​de ataques aéreos. O Akash Weapon System (AWS) pode atacar simultaneamente vários alvos no modo de grupo ou no modo autônomo, possuindo recursos integrados de contramedidas eletrônicas (ECCM). Todo o sistema de armas está configurado em plataformas móveis, possibilitando grande flexibilidade operacional. Sua faixa de operação (alcance geral) é de 4,5 km a 25/30 km e a altitude de operação é de 100 m até 20 km. Caso o Brasil opte pelo Akash-NG (New Generation), seu alcance aumentará para 70/80 km.

Em 17 de dezembro de 2023, durante um exercício Astraskati, a Força Aérea Indiana disparou, ao mesmo tempo, quatro mísseis de dois lançadores Akash de uma única unidade de disparo, neutralizando quatro UAVs simultaneamente, usando orientação de comando. Todos os alvos foram detectados e abatidos no alcance máximo de 30 km. Isso marca o sistema Akash como o primeiro sistema do mundo a rastrear e destruir com sucesso quatro alvos usando uma única unidade de disparo sob orientação de comando.

Decisão brasileira
Em virtude do cenário que passará a existir a partir de 2025, quando deverão chegar os novos caças-bombardeiros argentinos, mesmo que considerando os tradicionais laços de amizade que unem os dois países, a análise geopolítica pode recomendar que o Brasil agilize a decisão (tomada muito antes desse fato, por ser fundamentalmente necessária) de adquirir baterias de mísseis antiaéreos de média altitude.

*Com informações de Army Recognition e de outras fontes.
 

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