*Luiz Alberto Cureau Jr., via LinkedIn - 03/11/2025
A realização da COP30 no Brasil representa uma encruzilhada estratégica que une
sustentabilidade, soberania nacional e segurança. Enquanto o país se posiciona
como anfitrião desse importante encontro climático em Belém, no estado do Pará,
torna-se imperativo articular uma visão integrada entre a agenda ambiental e as
dimensões de defesa nacional. Ao mesmo tempo em que o país busca mostrar ao
mundo suas credenciais em agricultura tropical sustentável e preservação da
Amazônia, ele está inserido em um tabuleiro geopolítico complexo, onde fatores
como recursos naturais estratégicos, rotas comerciais e interesses externos
influenciam a segurança regional.
No Brasil, essa interseção entre sustentabilidade e defesa se torna mais
evidente: a proteção de biomas como a Amazônia, terras raras, água doce e solo
fértil é tanto um imperativo ambiental quanto estratégico. O desafio é que os
vetores de ameaça se ampliam e passam a incluir não só a degradação ambiental e o
desmatamento, mas também a vulnerabilidade de infraestruturas críticas, a
presença de atores externos, e a necessidade de controle territorial. Nesse
sentido, modernizar as Forças Armadas brasileiras deixa de ser uma opção para
tornar-se uma necessidade.
Dentro desse cenário, a COP30 pode servir como catalisador: o Brasil pode usar
sua posição de anfitrião para vincular convenções de mitigação e adaptação às
agendas de segurança e defesa. Sistemas de monitoramento avançado da Amazônia,
como o SIPAM, vigilância de fronteiras verdes, como o SISFRON e inteligência
integrada entre órgãos ambientais e militares podem formar uma nova matriz de
segurança sustentável.
O futuro dessa área no Brasil exige uma abordagem híbrida: políticas que contemplem as metas ambientais da COP30, transição para uma economia de baixo carbono, adaptação e conservação
dos biomas, mas que também incorporem a dimensão da defesa, garantindo que a
soberania nacional, o controle sobre recursos estratégicos e a estabilidade
regional sejam protegidos.
Em suma: num mundo em que a geopolítica climática se entrelaça com a
geopolítica da defesa, o Brasil tem na COP30 uma oportunidade singular de
afirmar-se como potência verde e guardião de seu próprio futuro.
O governo federal chamou a Defesa para iniciar esse diálogo na COP? A Defesa está se movimentando nessa direção? Ou vamos esperar mais essa oportunidade passar?
*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro, Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército, foi comandante do Centro de Capacitação Física do Exército e, atualmente, é consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília.
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