Brasil firma parceria para desenvolver propelentes nacionais e reduzir dependência externa em tecnologia de defesa
*LRCA Defense Consulting - 25/12/2025
Em mais um passo decisivo rumo à soberania tecnológica na área de defesa, a Marinha do Brasil, por meio do Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro (CTMRJ) e do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), firmou em 17 de dezembro um acordo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com a empresa SIATT para o desenvolvimento de propelentes sólidos e componentes críticos do míssil antinavio MANSUP.
Foco na independência tecnológica
A iniciativa concentra-se na formulação de propelentes e liners
(revestimentos internos) do motor-foguete, considerada uma etapa crucial para o
desempenho, confiabilidade e independência do sistema de armas. O acordo visa
reduzir a vulnerabilidade do Brasil a fornecedores externos em uma das
tecnologias mais sensíveis e estratégicas da área militar.
Desenvolvido para equipar as novas Fragatas Classe Tamandaré, o MANSUP tem alcance de 70 quilômetros e utiliza voo rente ao mar (sea skimming), dificultando a detecção por radares inimigos. O míssil representa um investimento de centenas de milhões de reais e é considerado essencial para a proteção das águas jurisdicionais brasileiras, conhecidas como Amazônia Azul.
Tecnologia sensível e estratégica
O domínio da propulsão sólida é caracterizado como tecnologia sensível e
estratégica, pois reduz vulnerabilidades a fornecedores externos e amplia a
independência operacional. A capacidade de produzir propelentes nacionalmente
permite que a Marinha tenha maior controle sobre custos, ciclos de manutenção e
possíveis melhorias futuras no sistema.
O acordo aproxima três instituições fundamentais: o CTMRJ, responsável pela coordenação tecnológica; o IPqM, que fornece conhecimento científico e infraestrutura para ensaios; e a SIATT, empresa brasileira que converte a pesquisa em soluções industriais operacionais.
Impactos para a defesa nacional
Ao dominar as formulações de propelentes e liners, a Marinha amplia o
controle sobre custos, ciclos de manutenção e upgrades, garantindo
disponibilidade operacional para as Fragatas Classe Tamandaré e futuras
plataformas navais.
O MANSUP já passou por múltiplos testes desde 2018, incluindo lançamentos das corvetas Barroso e das fragatas Independência e Constituição. Em junho de 2025, a SIATT assinou contrato com a Marinha do Brasil para fornecimento do MANSUP, consolidando a entrada do sistema em fase de produção.
Expansão internacional
O projeto ganhou impulso significativo com a parceria estabelecida em 2023
com o Grupo EDGE dos Emirados Árabes Unidos, que adquiriu 50% do capital da
SIATT. Essa colaboração abriu portas para o mercado internacional, com
contratos já firmados avaliados em centenas de milhões de dólares.
Além da versão padrão, está em desenvolvimento o MANSUP-ER (Extended Range), com alcance de 200 quilômetros, equipado com motor turbojato KTJ-3200 da empresa turca Kale Jet Engines. Essa versão amplia significativamente a capacidade de ataque das plataformas navais brasileiras.
Fortalecimento da Base Industrial de Defesa
A iniciativa integra pesquisa de alto nível com aplicação industrial,
acelera a maturidade tecnológica do MANSUP e fortalece a Base Industrial de
Defesa. O projeto gera empregos qualificados para centenas de engenheiros e
técnicos brasileiros, além de posicionar o país como potencial exportador de
tecnologia militar avançada.
O acordo firmado em dezembro reforça o compromisso da Marinha com a autonomia estratégica e demonstra que o Brasil está avançando na direção de dominar tecnologias críticas de defesa, reduzindo a dependência de fornecedores externos e fortalecendo sua capacidade dissuasória na região.


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