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21 setembro, 2025

Peru reforça combate ao narcotráfico com aviões subsônicos: Embraer Super Tucano entre os favoritos


*LRCA Defense Consulting - 21/09/2025

O governo do Peru aprovou, em setembro de 2025, a aquisição de 12 aviões subsônicos com o objetivo de reforçar a luta contra o narcotráfico e aprimorar o controle do espaço aéreo nacional. Dentre os candidatos ao fornecimento, destaca-se o Embraer A-29 Super Tucano, aeronave reconhecida mundialmente por seu desempenho em missões de interdição aérea e patrulha de fronteiras, especialmente em operações contra crimes transnacionais em países como Brasil, Colômbia e Paraguai.

Modernização estratégica
A iniciativa faz parte de um amplo programa de modernização da Força Aérea do Peru (FAP), que também prevê a aquisição de 24 caças supersônicos, a serem definidos em licitação internacional no mês de outubro de 2025. Os aviões subsônicos, no entanto, têm papel diferenciado, dedicando-se principalmente a operações de interdição, patrulha de regiões vulneráveis e apoio tático às tropas em solo, permitindo uma flexibilidade operacional que aviões de maior velocidade não oferecem para estas missões específicas.

O Ministro da Defesa, Walter Astudillo, durante audiência na Comissão de Defesa Nacional do Congresso, ressaltou que a compra representa "uma tarefa pendente do Estado peruano" e é essencial para ampliar a capacidade de vigilância e proteção das fronteiras, especialmente em áreas marcadas por forte presença do narcotráfico e mineração ilegal. Astudillo informou ainda que ao menos duas dessas novas aeronaves estarão operacionais antes de julho de 2026, data limite de seu mandato, reforçando o compromisso em acelerar o reforço dos meios aéreos disponíveis.

Super Tucano e concorrência internacional
O Super Tucano da Embraer desponta como favorito devido ao seu histórico operacional, robustez, baixo custo operacional e facilidade de operação em ambientes adversos. No entanto, o resultado final da licitação permanece indefinido, com outros modelos de origem americana, russa, chinesa e sul-coreana também participando do processo competitivo. A escolha do fornecedor terá forte impacto geopolítico, influenciando acordos bilaterais e futuras cooperações tecnológicas entre o Peru e o país vencedor.

Impacto regional e defesa
A renovação da frota de aeronaves subsônicas representa um marco estratégico para o Peru, com reflexos diretos na segurança regional, cooperação internacional e no fortalecimento do combate a atividades ilícitas transfronteiriças. O potencial contrato com a Embraer reforçaria ainda mais a posição brasileira como líder regional em tecnologia de defesa, consolidando a família Super Tucano como padrão em missões de combate ao narcotráfico e patrulhamento aéreo na América Latina. 

20 setembro, 2025

O que é melhor para destruir drones shaheds kamikazes: drones, mísseis ou aeronaves?

O artigo ucraniano enfatiza, mais uma vez, a empregabilidade do Embraer A-29 Super Tucano no combate a drones tipo Shahed 136 / Geran.

 


*HiTech Expert, por Herman Bogapov - 18/09/2025 

Após a intensificação dos ataques com drones Shahed pela Federação Russa [à Ucrânia], especialistas apontam as deficiências do uso de drones interceptadores e a necessidade de implantar sistemas de mísseis antiaéreos e aeronaves leves.

Expansão da frota
O comentarista militar e político do grupo Resistência à Informação, Oleksandr Kovalenko, critica a abordagem unilateral que considera os drones antiaéreos como uma “wunderwaffe” e exclui outros métodos comprovados.

Ele argumenta que a defesa mais eficaz deve ser abrangente, utilizando todos os meios de defesa aérea disponíveis. O especialista enfatiza a rentabilidade econômica e o alto retorno financeiro das aeronaves leves, recomendando que não se impeça a expansão da frota de aviões e helicópteros.

Ele também observa que a experiência da Ucrânia em usar, por exemplo, o Yak-52 para abater drones é tão bem-sucedida que os ocupantes russos estão tentando adotá-lo.

Principais comparações e conclusões

Drones antiaéreos:
-  Vantagens: são muito mais eficazes e econômicos do que os sistemas de mísseis antiaéreos (AMS) mais baratos. O custo de um drone antiaéreo é de cerca de 3.000 euros, e para abater um "Shahed-136" são necessários de um a dois drones, o que custa de 3 a 6 mil euros.
-  Desvantagens: drones antiaéreos apresentam vulnerabilidades que ainda não foram abordadas. São um meio de interceptação descartável, ao contrário da aviação.

Helicópteros (Mi-8):

-  Vantagens: um helicóptero pode abater um grande número de drones em uma única missão de combate. Ao mesmo tempo, uma hora de voo do Mi-8 custa apenas 1.000 a 1.500 dólares, o que o torna muito mais econômico do que drones antiaéreos.
-  Desvantagens: menor velocidade e manobrabilidade em comparação aos aviões.

Aeronaves leves (Yak-52, Super Tucano, etc.):

Vantagens:
-  Eficiência: em uma hora de voo, que custa de US$ 500 a US$ 1.000 (para o A-29 Super Tucano), a aeronave pode abater até 10 alvos aéreos.
-  Versatilidade: as aeronaves podem operar preventivamente, interceptando drones a centenas de quilômetros das cidades, o que ajuda a aliviar as principais forças de defesa aérea.
-  Persistência: ao contrário dos drones antiaéreos, as aeronaves são um meio reutilizável e persistente de contramedida.

Críticas ao uso de drones antiaéreos

Por sua vez, o especialista militar Yuri Kasyanov afirma que a ideia de usar drones antiaéreos como principal meio de combate aos “shaheeds” é ineficaz e errada.

Entre os motivos que ele menciona:
-  Operadores com pouca experiência: Há muito poucos deles, e as equipes existentes foram transferidas para outras áreas da frente.
-  Escassez de radares: o número de radares para detecção de alvos é extremamente pequeno.
-  Limitações técnicas: os drones voam em formação compacta, e o operador não tem tempo para lançar um segundo drone interceptador se o primeiro não atingir o alvo.
-  Desvantagem econômica:eEmbora os drones antiaéreos sejam baratos, sua baixa eficiência leva a grandes perdas. Esta, na opinião do autor, é a principal razão para a destruição de instalações comerciais e infraestrutura, em particular do centro logístico do "Epicenter".
-  Componente de corrupção: Kasyanov acredita que esta “solução simples” foi inventada com o objetivo de enriquecer “suas” empresas de manufatura, que já ganharam milhões e ganharão ainda mais.

Argumentos a favor dos sistemas de defesa aérea
Kasyanov está convencido de que uma solução muito mais eficaz é criar nossos próprios sistemas de mísseis antiaéreos. Ele apresenta os seguintes argumentos:
-  Maior eficiência: mísseis interceptadores têm um alto coeficiente de destruição (mais de 0,9).
- Capacidade e automação para qualquer clima: os SAMs podem operar em qualquer condição climática e sua operação é automatizada ao máximo.
-  Velocidade e cadência de tiro: os mísseis são lançados com intervalo mínimo, sua alta velocidade garante rápida interceptação dos alvos.
-  Custo acessível: o custo de um míssil antidrone é de US$ 10.000 a US$ 20.000, o que é muito mais econômico do que o custo das perdas em ataques. Por exemplo, o custo de um complexo, como o Pantsir, é de cerca de US$ 14 milhões, o que, na opinião do autor, é acessível para grandes empresas.

Conclusões de especialistas

Assim, Yuri Kasyanov argumenta que a Ucrânia não precisa de uma solução única na forma de drones, mas de uma abordagem sistêmica para a defesa aérea baseada em pequenos sistemas de mísseis antiaéreos.

Isso nos permitirá proteger efetivamente grandes cidades e infraestrutura usando fundos empresariais para financiar tais projetos, o que, em última análise, será mais lucrativo do que perdas constantes.

Ao mesmo tempo, Oleksandr Kovalenko chama a atenção para o desenvolvimento da frota de aeronaves, tanto aeronaves leves quanto helicópteros, cujos pilotos experientes podem abater dezenas de drones inimigos em um único voo. 

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Saiba mais:

- Embraer A-29 Super Tucano anti-drone: esta é a hora!

Defendendo a frota: defesa aérea naval na era dos drones

 

*Shephard - 20/08/2025

Em uma era de drones em massa, mísseis em proliferação e ataques de saturação, a defesa aérea naval precisa combinar eficácia de ponta com baixo custo por interceptação. A Rafael, de Israel, está aplicando sua vasta experiência para ajudar as marinhas a se adaptarem a ameaças emergentes, enquanto mira o futuro da tecnologia laser – e além.

Conflitos ao redor do mundo têm destacado a evolução da defesa aérea naval. A negação de acesso à área marítima está sendo aplicada em pontos críticos ao redor do mundo, incluindo os ataques realizados pelos Houthis no Iêmen. Esses ataques impactam tanto missões militares clássicas quanto a navegação em geral, impulsionando a guerra assimétrica e interrompendo rotas comerciais, entre outras ameaças.

“Nem sempre se trata de um ataque de precisão, nem sempre é eficaz, mas está tornando essas rotas navais muito arriscadas”, observou Gideon Weiss, vice-presidente de desenvolvimento de negócios e marketing da Rafael. “Isso está tornando essas missões muito perigosas, e vemos isso afetando tanto o lado civil quanto o militar.”

Isso tem implicações significativas para as marinhas, levando a missões mais longas e ao envio de forças expedicionárias em números crescentes, acrescentou o Comandante 'K', um oficial da reserva ativa da Marinha e gerente de desenvolvimento de negócios da Rafael.

“Cada dia em tal mobilização pode ser um dia de combate intenso, e pode haver vários desses em sequência”, disse ele, apontando para a Operação Guardião da Prosperidade, a coalizão liderada pelos EUA contra ataques Houthi, que mobilizou centenas de interceptadores em resposta a ameaças aéreas.

A longa história de Rafael

Nada disso é novidade para a Rafael. A empresa foi a primeira a desenvolver um sistema de defesa aérea naval: o míssil terra-ar (SAM) Barak-1. Também foi a primeira a desenvolver um suporte de canhão estabilizado por controle remoto para sistemas navais, o sistema de armas de controle remoto TYPHOON (RCWS).

O trabalho atual da empresa inclui o C-Dome, uma variante marítima do sistema de defesa aérea Iron Dome, usado na corveta israelense classe Sa'ar 6. Faz parte de um portfólio dedicado à defesa aérea naval, que também inclui o sistema de mísseis Naval SPIKE, a capacidade de ataque de longo alcance SEA BREAKER e uma gama de contramedidas de guerra eletrônica (GE) e outros sistemas.

A eficácia desses sistemas pode ser vista hoje, observou Weiss. Durante o recente conflito de 12 dias com o Irã, dezenas de drones foram abatidos, inclusive pelo sistema naval C-Dome.

“Quando você pensa em um ataque de enxame e um ataque contínuo, o fato de esses sistemas terem conseguido derrubar esses drones é simplesmente fenomenal”, disse ele.

Em um momento de ameaças em expansão, as marinhas exigem sistemas comprovados com baixo custo por interceptação, que possam ser produzidos rapidamente e em grande quantidade. Fundamentalmente, elas precisam que esses sistemas se integrem perfeitamente aos sensores e efetores que já operam, independentemente de radares e sistemas similares, disse o Comandante K.

“O sistema que pode ser potencialmente escalável com cargas modulares aumentando sua resistência vencerá a batalha”, disse ele.

Abordagem agnóstica

A ameaça agora é generalizada e está em constante evolução, incorporando não apenas mísseis e UAS, mas também embarcações de superfície não tripuladas (USVs) e outros perigos. O Comandante K observou que os navios devem se proteger contra tais plataformas, mesmo aquelas que não foram construídas com a defesa aérea em mente.

Mais uma vez, isso destaca a importância de uma abordagem agnóstica. Por exemplo, o sistema avançado de proteção de navios TYPHOON Mk 30-c foi adaptado aos navios da Marinha dos EUA especificamente para lidar com a ameaça dos C-UAS. Da mesma forma, o C-Dome pode proteger qualquer embarcação.

"Qual é a eficácia dessas soluções? Elas são escaláveis, implementáveis ​​e acessíveis", disse o Comandante K.

A Rafael está trabalhando para atualizar o C-Dome e outros sistemas com base em feedback real das Forças de Defesa de Israel (IDF), países da OTAN e outros clientes. Isso impulsionará ainda mais o desenvolvimento de uma defesa sustentada e em camadas contra ameaças aéreas, disse o Comandante K.

Em um ambiente de ameaças cada vez mais complexo, no qual os sistemas precisam operar em plataformas navais e em conjunto com diferentes sensores e efetores, é vital buscar a interoperabilidade. Os sistemas da Rafael apresentam arquiteturas abertas que podem atender às necessidades de diferentes clientes.

“Interoperabilidade, capacidade de múltiplos serviços e uniformidade entre frotas são as principais considerações”, disse Weiss.

Tecnologia em evolução: lasers e muito mais

A Rafael está de olho no futuro da defesa aérea naval e dos UAS-C. Como desenvolvedora líder de sistemas de laser de alta energia (HEL), incluindo o sistema de contramedida Naval Iron Beam de 100 kW, a empresa vê forte potencial para a tecnologia, fornecendo "um carregador quase infinito para abater UAS, foguetes e mísseis balísticos", observou Weiss.

Essa abordagem poderia reduzir custos e demandas logísticas quando comparada aos efetores mais tradicionais, disse ele.

Em entrevista a Shephard antes da exposição DSEI em Londres, em setembro de 2025, Weiss afirmou que os sistemas laser de pequeno, médio e grande porte da empresa seriam uma das principais tecnologias que seriam exibidas no evento. A Rafael planeja demonstrar uma gama de recursos em diversos domínios e serviços, uma demanda cada vez mais importante em um momento de ameaças e operações em múltiplos domínios, observou Weiss.

Em um nível mais amplo, a estratégia da empresa é construir parcerias globais. Como os sistemas de defesa aérea naval e outras tecnologias precisam adotar cada vez mais uma abordagem agnóstica e interoperável, essa colaboração só ganhará importância.

“Buscamos parcerias estratégicas com estaleiros [para que], ao selecionarem algo da Rafael, saibam que será fácil, tranquilo, rápido e fácil de integrar ao seu próprio sistema.

19 setembro, 2025

Defesa aérea disruptiva: conheça o Or Eitan, o laser que transforma a guerra dos céus


 

*LRCA Defense Consulting - 20/09/2025

Israel concluiu com sucesso o desenvolvimento do sistema de defesa a laser de alta potência “Or Eitan” (Iron Beam), um marco inédito em tecnologia militar mundial, anunciado oficialmente pelo Ministério da Defesa em parceria com a Força Aérea e a Rafael Advanced Defense Systems. O sistema passará a integrar, até o final de 2025, o escudo antimísseis do país ao lado do Domo de Ferro (Iron Dome), Estrela de Davi (David’s Sling) e Arrow, consolidando uma defesa multicamadas sem precedentes.

Testes e efetividade
Após semanas de testes operacionais rigorosos no sul de Israel, a plataforma demonstrou capacidade de interceptar em tempo real foguetes, morteiros, aeronaves e drones, cobrindo um espectro amplo de ameaças em cenários reais de combate. O sistema usa tecnologia proprietária de “ótica adaptativa”, que garante um feixe de laser estável e preciso, ampliando alcance e eficiência, e permitindo neutralização de alvos em questão de segundos. A velocidade de resposta e o fato de não “esgotar munição”, diferem radicalmente dos sistemas baseados em mísseis tradicionais.

Vantagens econômicas
O Or Eitan representa também uma revolução em termos de custo operacional. Cada disparo custa menos de 2 dólares na estimativa direta, podendo chegar a 3 a 5 dólares, e mesmo considerando custos indiretos, não ultrapassa 2 mil dólares por engajamento completo. Em comparação, os mísseis Tamir do Iron Dome variam entre 50 e 150 mil dólares por unidade, evidenciando a economia potencial diante de ataques massivos.

Crédito: Desiree Rugani (@desireerugani) no X

Limitações e estratégia
O laser, apesar de inovador, possui limitações conhecidas: sua eficácia depende das condições atmosféricas, podendo ser reduzida por neblina, chuvas intensas ou tempestades de areia. Por esse motivo, o Or Eitan atua de forma integrada com os demais sistemas – apenas assim é possível garantir cobertura contínua e máxima eficiência.

Homenagem e simbolismo
Em gesto simbólico, o sistema foi renomeado de “Magen Or” (Escudo de Luz) para “Or Eitan” (“Luz Firme”), em homenagem ao capitão Eitan Oster z”l, combatente da unidade Egoz morto em ação no Líbano em 2024. Oster foi filho de um dos engenheiros idealizadores do projeto do laser dentro da Diretoria de P&D do Ministério da Defesa.


Impacto estratégico global
A declaração do ministro da Defesa, Israel Katz, ressalta o caráter disruptivo do sistema: Israel é o primeiro país a obter capacidade operacional em defesa aérea baseada em laser, posicionando-se na liderança mundial desse setor e lançando novas bases para futuros paradigmas de combate aéreo. O sistema já foi utilizado de maneira limitada para abater drones vindos do Líbano, mesmo antes do término formal do desenvolvimento, e projeta-se como resposta direta à escalada de ataques de foguetes e enxames de drones, que podem saturar sistemas caros e convencionais.

Perspectivas e expansões
O Or Eitan não é uma solução única, mas o início de uma nova família de defesas a laser no arsenal israelense, prevendo-se versões móveis, marítimas e adaptadas para blindados – cada qual para diferentes cenários operacionais. A Elbit Systems, além da Rafael, foi parceira no desenvolvimento da fonte laser, consolidando a integração com a base industrial de defesa local.

A chegada do Or Eitan, ao lado dos demais sistemas, reconfigura o conceito de defesa aérea ao mesclar inovação tecnológica e estratégia nacional – tornando Israel não só mais protegido, mas novamente uma referência internacional no setor de defesa.

XMobots: nova e disruptiva geração de drones desafia gigantes globais


*LRCA Defense Consulting - 19/09/2025

A XMobots, maior fabricante de drones da América Latina, acaba de inaugurar um novo capítulo na evolução tecnológica desses equipamentos. Após mais de uma década de experiência no desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados, a empresa brasileira lança a chamada 4ª geração de drones – a geração D, de Delta –, estreando com o modelo Nauru 100D, um equipamento que une escalabilidade industrial à inspiração no mundo biológico.

O salto da manufatura artesanal para a produção escalável
Desde 2009, os drones da XMobots eram produzidos com fibras de carbono, kevlar e vidro, unidos por resina termofixa. Embora eficientes, esses materiais estavam presos a um processo artesanal, dependente de alta competência manual. Isso trazia gargalos de produção, limitação na manutenção e dificuldade de escalabilidade.

Em 2019, a companhia iniciou um programa estratégico de P&D com uma proposta ousada: migrar dos métodos convencionais da indústria aeronáutica para um processo modular, automatizado e sustentável. A meta era fabricar drones como se fossem conjuntos de “legos”, com centenas de peças encaixáveis, produzidas em linha robotizada, garantindo repetibilidade, padronização e manutenção facilitada. Em caso de danos, em vez de consertos demorados, bastaria substituir o módulo afetado.


Nauru 100D: o primeiro drone Delta
Depois de cinco anos de pesquisa, o resultado foi materializado no Nauru 100D, um drone leve de asa fixa com decolagem e pouso vertical (VTOL). Ele apresenta:

  • Autonomia de até 2 horas de voo;
  • Alcance operacional de até 30 km;
  • Envergadura de 2,1 metros;
  • Peso máximo de decolagem de 9 kg.

O Nauru 100D é transportado em dois cases que facilitam a mobilidade das equipes em campo. Seu sistema Plug & Play permite ativação rápida, em menos de três minutos, com simples encaixe das asas, bateria e sensor SIS031A, que integra câmeras RGB e infravermelho térmico com inteligência artificial embarcada para reconhecimento facial, rastreamento e leitura de placas. O drone oferece também comunicação segura e integrada com equipes terrestres, sistema de paraquedas para emergências e operação silenciosa graças à tecnologia eVTOL. A produção é automatizada, com capacidade para mais de 4.000 unidades ao ano.

Com base na plataforma Nauru 100D, a XMobots está desenvolvendo duas aplicações militares avançadas: UCAV (Veículo Aéreo de Combate Não Tripulado) e sistemas de drones Swarm. Ambos estão em fase de conceito e prometem um grande salto em capacidades operacionais.

O conceito de UCAV visa missões de combate em grandes altitudes, evasão de radar e ataques de precisão. Ele prevê engajamento aéreo a 60 metros, correção de trajetória em voo e capacidade de retorno à base. O armamento em avaliação inclui munições de alto explosivo (HE) e antitanque (HEAT).

O conceito Swarm envolve o envio de até 30 drones a partir de um contêiner de 20 pés — três para reconhecimento e 27 para ataque coordenado. Com um alcance previsto entre 120 km e 340 km, esta iniciativa introduz uma nova dimensão em resposta tática e saturação de alvos.

"Os conceitos UCAV e Swarm expandem o Nauru 100D além das missões ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento)", explica Giovani Amianti, fundador e CEO da XMobots. 

Biomimetismo estrutural: imitando a engenharia da natureza
Um dos elementos mais inovadores da geração Delta é o biomimetismo estrutural. Em vez de confiar em placas monolíticas de fibra de carbono, a XMobots projetou uma arquitetura que imita organismos vivos.

  • Tubos de carbono funcionam como ossos;
  • Termoplásticos ocupam o papel das articulações;
  • Espumas exercem função semelhante à dos músculos.

Essa técnica não apenas reduz peso e aumenta a resistência do conjunto, mas inaugura uma nova lógica de design aeronáutico, em que a natureza serve de referência direta para a engenharia.

Comparação internacional: inovação disruptiva brasileira
Enquanto líderes globais como DJI, AeroVironment e Israel Aerospace Industries investem em automação industrial, versatilidade e impressão 3D, nenhum deles adota uma arquitetura modular tão refinada nem incorpora o biomimetismo estrutural de forma tão explícita.

  • DJI foca em sensores avançados e automação de missão, mas mantém design tradicional pouco modular.
  • AeroVironment oferece drones versáteis para defesa, mas a modularidade está mais voltada para cargas e missão do que para estrutura.
  • Israel Aerospace implementa impressão 3D e drones inspirados em movimentos de insetos para espionagem, porém sem foco estruturado no biomimetismo.

 

Diferenciais e combinações pioneiras
A XMobots entrega um diferencial significativo no design industrial sustentável ao desenvolver a geração Delta, com equipamentos fabricados em larga escala que incorporam peças substituíveis. Essa característica não só reduz os custos operacionais como aumenta a robustez e confiabilidade dos drones, posicionando-os como plataformas de confiança para setor de defesa e segurança.

O que realmente distingue a abordagem brasileira é a combinação pioneira entre modularidade industrial, automação avançada e biomimetismo estrutural. Essa tríade cria uma plataforma disruptiva que alia alta escala de produção, preocupação ambiental e inspiração biológica para produzir drones funcionais e sustentáveis.

Além da inovação tecnológica, a geração Delta se destaca pelo uso de materiais recicláveis e renováveis, reforçando o compromisso da XMobots com a sustentabilidade sem comprometer a performance. O Nauru 100D, por exemplo, é projetado para rigorosas demandas táticas, sendo capaz de operar eficientemente em diferentes cenários como vigilância de fronteiras, combate ao crime organizado e operações de busca e resgate. O drone já soma ordens internacionais, consolidando o Brasil como protagonista mundial em drones militares.

Salto tecnológico
Essa nova fase da XMobots representa um salto tecnológico, integrando processos modernos de manufatura Industrial 4.0 com a inspiração do biomimetismo e uma oferta de soluções de ponta para aplicações táticas. Com isso, a empresa evidencia sua liderança na transformação do mercado global de veículos aéreos não tripulados.

Apostando em biomimetismo estrutural e modularidade automatizada, a XMobots sinaliza uma tendência inovadora rara no cenário mundial. Enquanto gigantes do setor focam em automação e versatilidade, o modelo brasileiro se destaca ao transformar arquiteturas biológicas em ativos industriais sustentáveis. Essa inovação ganha relevância tanto para defesa e segurança quanto para outras áreas civis que demandam manutenção ágil e escalabilidade de produção, projetando um futuro promissor para a indústria nacional e posicionando o Brasil entre os grandes atores tecnológicos globais.

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