Taurus JM: a nova empresa de carregadores premium da Taurus Armas

 

*LRCA Defense Consulting - 14/04/2022

No dia 8 de outubro de 2020 a Taurus Armas S.A. assinou um acordo definitivo para criação de uma joint venture que permitiria a fabricação e comercialização de carregadores e outros componentes estampados de armas leves para o mercado nacional e internacional.

A parceria foi firmada com a Joalmi Indústria Metalúrgica Ltda., uma empresa com mais de 30 anos de atuação no setor automotivo e com expertise em engenharia, tecnologia e desenvolvimento de peças estampadas em metais ferrosos e não ferrosos, montagem de produtos com alta complexidade, em sua maioria, relacionadas à sistemas de segurança automotiva.

A tecnologia empregada na fabricação dos carregadores, além de ser considerada pela Taurus como estratégica, é fundamental para o perfeito funcionamento e segurança das armas.

A criação da joint venture visou tornar a empresa autossuficiente na produção de carregadores, mercado atualmente dominado por poucos fornecedores estrangeiros. Além disso, propicia uma forte redução de custo para as operações da fabricante de armas leves, com uma logística integrada e ágil, com flexibilidade de volumes e agregando valor ao Centro de Tecnologia e Engenharia da Taurus.

A nova empresa de carregadores está totalmente alinhada com a estratégia global da Taurus de tornar a unidade do Brasil a maior, mais eficiente e mais lucrativa fábrica de armas no mercado mundial, além de um hub de distribuição de peças para todas as unidades do grupo, para sustentar o seu eficiente modelo produtivo. Essa operação está promovendo a entrada da empresa em um novo nicho de mercado que ainda não era explorado por ela: o mercado de reposição.

Taurus JM Indústria de Peças Ltda
Em 11 de março de 2021, foi formalizada a constituição da joint venture. A Taurus e a Joalmi decidiram estabelecer as operações da nova empresa dentro da estrutura societária da empresa Taurus Plásticos Ltda, nome este que foi alterado para Taurus JM Indústria de Peças Ltda, assim como foi feita a inclusão em seu objeto social das atividades para fabricação de peças para armas de fogo.

Diante das alterações, a empresa Taurus JM Indústria de Peças Ltda. não será consolidada nas demonstrações financeiras da Taurus, uma vez que, caracterizada a operação de joint venture, passa a ter os seus resultados líquidos reconhecidos pela empresa através do método de equivalência patrimonial na proporção de 51%.

A Taurus JM obteve a liberação dos trâmites de Junta Comercial para iniciar as operações no parque industrial da Joalmi, em Guarulhos (SP), no início de setembro de 2021 e, no dia 28 desse mesmo mês, ocorreu o primeiro faturamento de um lote de carregadores para a Taurus Armas. 

A transferência da nova empresa para o complexo industrial da Taurus, em São Leopoldo (RS), está prevista para ocorrer no corrente ano.

Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus Armas, está bastante entusiasmado com o andamento e com as perspectivas da Taurus JM:

"A implantação da JV para produção de carregadores foi um marco importante para a Taurus, pois visa a autossuficiência em um componente estratégico para o negócio. A unidade foi pensada e operacionalizada para trazer carregadores de alta qualidade ao mercado, tanto para abastecimento de nossas linhas de manufatura, quanto para fornecimento ao mercado de reposição.

A produção, que foi iniciada pelo carregador para as pistolas da família G na versão 12 tiros em calibre 9mm (para pistolas G2C e G3C), já foi incrementada através da adição dos modelos de 15 e 17 tiros no mesmo calibre. Com volume atual de aproximadamente 7.000 unidades por dia, a empresa espera atingir cerca de 10.000 unidades por dia até o final deste ano.

As instalações, que estão em pleno funcionamento no Estado de São Paulo, devem ser transferidas para o condomínio de fornecedores da Taurus na cidade de São Leopoldo ainda no ano de 2022."

Qualidade premium e alta margem de lucro
O carregador que está sendo produzido pela Taurus JM possui a qualificação premium, ou seja, é considerado igual ou melhor que os famosos similares italianos. No entanto, os novos carregadores brasileiros custam cerca de 50% em relação a esses, significando uma enorme economia financeira, além de proporcionar também uma redução no tempo e nos processos logísticos para a empresa.

Com eles, será possível produzir uma arma nos EUA com uma margem bruta similar a que seria obtida caso tivesse sido fabricada no Brasil. Assim, esta redução de custos poderá contribuir para que a empresa aumente seu ticket médio e maximize o potencial de ganhos, principalmente por meio do lançamento de produtos voltados para uma faixa de preço superior, que incorporam maior rentabilidade, como será o caso da família de pistolas na plataforma GX4.

O CEO Global da Taurus afirmou, em uma recente live no canal da SaraInvest, que o mercado cresceu muito e que a Taurus JM ainda não poderá atender toda a demanda existente. Em virtude deste fato, a Taurus continua, por enquanto, mantendo a importação de carregadores e está destinando sua produção para o mercado de reposição, com direcionamento principal para exportação, haja vista que este  mercado proporciona uma alta margem de lucro.

A Taurus JM se encontra em ramp up de produção, com cerca de 7.000 carregadores/dia, o que poderá aumentar consideravelmente após a empresa se instalar dentro do parque produtivo da Taurus. Inclusive, sua ampliação poderá ser antecipada, dependendo da  sua atuação no mercado de reposição.

Embora a Taurus não divulgue o custo dos componentes de suas armas, ao se saber que a demanda por carregadores pela própria companhia girava em mais de 6 milhões de unidades/ano em 2021, estima-se que a Taurus JM possa representar uma receita milionária e uma drástica redução nos custos operacionais de produção.

Tal afirmativa é reforçada ainda pelo fato de que, até o final de 2022, a capacidade produtiva de carregadores deverá aumentar significativamente em relação a hoje. Até 2025, estima-se que a produção possa chegar em 7,2 milhões de unidades por ano, mais que quadruplicando os números atuais. Estas peças serão fornecidas não apenas às unidades produtivas da Taurus, mas também a outras empresas nacionais e internacionais, bem como a representantes, distribuidores e varejistas.

Nos seus cálculos iniciais, em outubro de 2020, a Taurus estimava que, entre resultados operacionais e redução de custos, o projeto poderia gerar mais de R$ 100 milhões até 2025. No entanto, o aumento de produção em curso nas unidades fabris do Brasil e dos EUA, bem como o forte aquecimento da demanda por armamento leve da marca, especialmente nos Estados Unidos, levam esta Consultoria a acreditar que tal valor tenha sido conservadoramente estimado, podendo ser incrementado substancialmente.

Por fim, para efeitos de estimativa de demanda por carregadores, é importante considerar que ainda não foi levada em conta a futura fabricação de armas leves na Índia, que deverá ter início a partir do mês de junho deste ano.