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08 novembro, 2022

Taurus lucra 103 milhões, reduz dívida, sugere alto dividendo e mira na Índia

Fachada principal da Taurus, prevista para após a ampliação

*LRCA Defense Consulting - 08/11/2022 (atualizada às 20h24)

No data de hoje, após o fechamento do mercado, a Taurus Armas S.A. divulgou seus números referente aos terceiro trimestre de 2022 (3T22) e aos nove primeiros meses do ano (9M22).

Os resultados trazidos pela empresa ficaram em linha com as expectativas, ou seja, aquém do registrado no período de auge do mercado (anos atípicos de 2020 e 2021, quando o mercado americano "explodiu"), mas bem acima dos resultados anteriores à pandemia.

Comparativamente, por exemplo, a margem bruta da Taurus foi de 45,9% no 3T22, enquanto a Smith & Wesson divulgou seu último resultado trimestral com margem bruta de 37,3% e a Ruger, no 3T22, de 27,9%.

Nos 9M22, o lucro bruto totalizou R$ 926,2 milhões, com evolução positiva de 0,5% em relação aos 9M21, e a margem bruta se manteve praticamente estável em relação aos 9M21, atingindo 47,7%. 

O lucro líquido foi de R$ 103,1 milhões no 3T22, montante que supera em mais de 2 vezes (+105,4%) o lucro líquido ajustado de 2021 de R$ 194,3 milhões, integralmente distribuído aos acionistas na forma de dividendos. Este resultado, embora inferior ao atípico 3T21, foi 2,4% superior ao do trimestre imediatamente anterior (2T22). Nos 9M22, o lucro líquido somou R$ 399,0 milhões, o que indica recuo de 6,8% ante os 9M21, levando-se em conta sempre que esse foi um ano atípico.

Considerando a evolução do resultado líquido obtido nos nove primeiros meses dos últimos cinco anos  (vide gráfico abaixo), fica clara a consolidação do perfil da Taurus como uma empresa de sólidos resultados. A margem líquida do lucro sobre a receita dos 9M22 foi de 20,5%, ante 22,3% nos 9M21, período de desempenho recorde dada a demanda sem precedentes no mercado norte-americano, principal destino das vendas da Taurus.

O Ebitda foi de R$ 181,7 milhões no 3T22 (margem de 28,4%), totalizando R$ 629,5 milhões nos 9M22 (margem de 32,4%). Mesmo com a redução em relação ao ano anterior, período de recorde de vendas, a Taurus mantém sua característica de forte geradora de caixa, com o Ebitda do 3T22 se mantendo acima de todos os resultados apurados para esse indicador na história da empresa até o 1T21. 

O preço médio de vendas de armas da Taurus vem crescendo continuamente, com alta de 15,4%, comparando o 3T22 com o realizado no ano de 2021, e taxa média ponderada de crescimento entre 2018 e o 3T22 é de 16,0% ao ano.


Produção média de 8 mil armas/dia nos 9M22

Foram 412 mil armas no 3T22, totalizando 1,5 milhão de unidades nos 9M22, com redução de 33,0% e 10,9% em relação ao 3T21 e 9M21, respectivamente, e de 21,3% sobre o 2T22. Produção média de 8 mil armas/dia nos 9M22, só menor que o ano atípico de 2021.

Alavancagem de apenas 0,23x mostra drástica redução no endividamento e forte caixa
A Taurus seguiu reduzindo seu endividamento, encerrando o 3T22 com dívida bruta bancária de R$ 582,7 milhões, montante 16,0% ou R$ 110,6 milhões inferior ao registrado no encerramento do exercício de 2021. Ao mesmo tempo, ampliou em 42,0% (R$ 107,8 milhões) sua posição de caixa e aplicações financeiras, de modo que a dívida líquida foi reduzida à metade no decorrer dos nove primeiros meses do ano, registrando saldo de R$ 218,4 milhões em 30/09/2022. Apenas nos últimos três meses, entre 30/06/2022 e 30/09/2022, a redução da dívida líquida foi de 33,6%.

O grau de alavancagem medido pelo Ebitda dos últimos 12 meses sobre a dívida líquida em 30/09/22 mais uma vez apresentou redução em relação ao apurado ao final do trimestre anterior, atingindo 0,23x ao final do 3T22 ante 0,31x no encerramento do trimestre anterior. O indicador mostra que 23% da geração de caixa anual medida pelo Ebitda seria suficiente para quitar a totalidade da dívida bancária registrada em 30/09/2022.

Automação permitirá ampliar a produção nas famílias de pistolas e armas táticas
De janeiro de 2021 até o final de setembro de 2022, os investimentos totalizaram R$ 330 milhões, sendo mais de 65% desse montante (R$ 216 milhões) destinado à aquisição de máquinas e equipamentos. Considerando apenas os investimentos realizados no ano corrente, nos 9M22, o montante soma R$ 149 milhões, sendo R$ 103 milhões em máquinas e equipamentos.

Em setembro, uma das remessas com 11 máquinas de última geração, do total de 42 adquiridas, foi entregue no novo pavilhão industrial de São Leopoldo. Este pavilhão onde os equipamentos foram instalados tem cerca de 2 mil m² e está localizado na área adquirida pela Taurus no final de 2021. Esses equipamentos fazem parte da instalação do primeiro sistema autônomo de manufatura da Taurus e permitirão ampliar a produção nas famílias de pistolas e armas táticas, produtos estratégicos para a Companhia.

Dividendos maiores e recompra de ações
A Taurus irá distribuir dividendos de, no mínimo, 35% do lucro líquido ajustado, conforme estabelecido em seu estatuto social, podendo ainda elevar esse percentual, de acordo com a disponibilidade de caixa. 

A estratégia da empresa sempre foi buscar o melhor retorno para seus acionistas. Nesse sentido, ao final do exercício de 2022, pretende criar reservas estratégicas que proporcionem a flexibilidade para realizar outros pagamentos de remuneração aos acionistas, eventualmente com maior frequência no decorrer do ano, e/ou realizar recompra de ações.


A Índia vem aí

Com relação à nova unidade industrial na Índia, na JV com o Jindal Group – J Hind Taurus –, a primeira fase de criação da infraestrutura está concluída e inclui, além da infraestrutura para fabricação de armas leves, uma linha de tiro de classe mundial com instalações para testes e homologação. Estão sendo instaladas máquinas e equipamentos importados do Brasil e adquiridos localmente, incluindo infraestrutura de apoio, como laboratórios de metrologia e metalurgia.

A produção na Índia, prevista para ter início em janeiro do ano que vem, ocorrerá com a transferência de tecnologia e de conhecimento, assim como o desenvolvimento de parceiros locais, atendendo ao programa Make in Índia, de modo a contribuir para a criação de um sistema de defesa sustentável e autossuficiente para esse país. 

A operação industrial visa atender ao grande mercado de defesa e segurança pública da Índia, além de participar do mercado civil, com a fabricação de pistolas e revólveres de calibres permitidos no país.

Recentemente, foi publicado edital para a aquisição pelo Ministério de Defesa da Índia de mais de 420 mil fuzis, a maior licitação para fuzis realizada no mundo nos últimos anos. A Taurus irá participar dessa licitação e, para tal, já enviou, em 21 de outubro, o RFI (Request for Information) com todos os dados solicitados. 

A equipe de inteligência de mercado da empresa segue mapeando futuras licitações, tais como 140 mil unidades de submetralhadoras e 120 mil unidades de armas diversas (entre pistolas, submetralhadoras e fuzis de calibre variados) na esfera das forças policiais estaduais e paramilitares.

Hub tornará a empresa ainda mais focada na exportação
Por fim, esta Consultoria lembra que a Taurus está levando a cabo uma grande ampliação na unidade de São Leopoldo (RS). 

Além de aumentar a produção normal de armas, principalmente para a exportação, a iniciativa visa, na prática, tornar a empresa ainda mais independente das eventuais mudanças nas normas legais brasileiras, haja vista que seu planejamento estratégico prevê que ali seja estabelecido um grande hub de produção de peças e componentes (kits), que serão enviados às unidades fabris dos EUA e da Índia, onde serão utilizados para a montagem das armas que receberão o Made in USA ou Made in India, conforme o caso.


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