*LRCA Defense Consulting - 09/08/2025
Em um cenário de profunda reestruturação para a indústria de
defesa brasileira, um nome ressurge como peça-chave para a revitalização da
Avibras Indústria Aeroespacial: Sami Youssef Hassuani.
Com uma trajetória
marcada por décadas de liderança em momentos críticos, Hassuani, cotado para
assumir a liderança da "Nova Avibras" após a homologação do plano de
recuperação judicial, é visto como a bússola capaz de guiar a gigante
tecnológica em direção a um futuro de estabilidade e inovação. Sua experiência
no setor, que se estende por mais de 30 anos, confere-lhe um status singular na
Base Industrial de Defesa (BID) do país, tornando-o um protagonista fundamental
na narrativa de resiliência e avanço tecnológico nacional.
Uma vida dedicada à soberania nacional
A história de Sami Youssef Hassuani é intrinsecamente ligada
ao desenvolvimento da indústria de defesa e aeroespacial brasileira. Ele
consolidou sua carreira como executivo na Avibras, uma das empresas mais
emblemáticas do setor. Sua ascensão à presidência da companhia, indicado pelo
então controlador João Brasil Carvalho Leite, ocorreu em um período de intensa
turbulência financeira.
Sob sua gestão anterior, a Avibras não apenas enfrentou, mas
superou graves crises, consolidando sua posição como líder mundial em sistemas
de artilharia, foguetes e mísseis, como o aclamado Sistema ASTROS 2020. Sua
expertise técnica e estratégica foi crucial para manter a empresa operando e
desenvolvendo produtos de ponta, mesmo em cenários adversos.
A dedicação de Hassuani ao setor não se limitou à Avibras. Em 2013, ele assumiu a presidência da ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), a entidade que representa a Base Industrial de Defesa brasileira. Nesse período, ele lançou o “Diagnóstico da BID”, o maior levantamento da cadeia produtiva do setor até então. Ele enfatizava a necessidade de um diálogo contínuo com órgãos governamentais para viabilizar investimentos em programas estratégicos. Embora tenha deixado a presidência da ABIMDE em 2016, ele permaneceu como 1º vice-presidente, mantendo sua influência nas pautas da associação.
Posteriormente, em 2017, Hassuani integrou o Grupo Akaer
como vice-presidente executivo, aplicando seus mais de 30 anos de experiência
para expandir as áreas de atuação da empresa, incluindo aeronáutica, espaço e
defesa.
Em 2025, seu foco parece estar novamente voltado para a Avibras, atuando como
assessor do fundo Brasil Crédito Gestão FIDC e sendo cotado para liderar a
"Nova Avibras", um testemunho de seu profundo conhecimento e
resiliência no setor.
Em um movimento estratégico que sublinha seu papel atual e sua contínua relevância no cenário de recuperação da Avibras, Sami Youssef Hassuani esteve presente na reunião entre a Brasil Crédito Gestão Fundo de Investimento e Direitos Creditórios e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. O encontro, realizado em 2 de maio, teve como objetivo principal a apresentação de uma proposta para o pagamento das dívidas trabalhistas da Avibras Indústria Aeroespacial, um passo fundamental no processo de recuperação judicial da empresa.
A presença de Hassuani nesta reunião, atuando como assessor do fundo Brasil Crédito, não é apenas um indicativo de seu envolvimento direto na busca por soluções para a Avibras, mas também reforça a confiança em sua experiência para navegar os complexos desafios financeiros e operacionais da companhia. Sua participação ativa neste diálogo com os trabalhadores e o fundo de investimento ressalta a importância de sua figura para garantir a credibilidade e a viabilidade do plano de recuperação, pavimentando o caminho para a "Nova Avibras".
A arte de reverter crises e impulsionar a inovação
A capacidade de Sami Hassuani em gerir situações de crise é
um de seus atributos mais notáveis. Durante sua presidência na Avibras, ele
implementou estratégias financeiras e operacionais que foram determinantes para
a recuperação da empresa. Um marco significativo foi a negociação de uma
garantia junto ao Banco do Brasil, o que viabilizou a concretização de um
contrato internacional expressivo, da ordem de R$ 500 milhões, crucial para a
saída da Avibras de um período anterior de recuperação judicial.
Suas ações incluíram processos de reestruturação financeira ousados, como a conversão de dívidas fiscais em ações, uma medida que reduziu o passivo e "limpou" o balanço da empresa. Além disso, ele conduziu negociações com o governo brasileiro que resultaram na redução de dívidas e na participação pública em ações da empresa, sem a necessidade de aporte financeiro direto, mas sim por meio da conversão de dívidas em participação acionária. Essas medidas não apenas estabilizaram a empresa financeiramente, mas também permitiram investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento, com cerca de 25% do faturamento sendo direcionado para essa área.
A gestão de Hassuani também foi marcada por um forte foco na
autonomia tecnológica e na ampliação da atuação internacional da Avibras,
alcançando até 80% de suas exportações. Ele participou ativamente da entrega
das primeiras viaturas ASTROS MK3-M modernizadas ao Exército Brasileiro,
evidenciando o avanço do programa estratégico ASTROS 2020, fundamental para a
soberania nacional. Sua capacidade de transformar desafios em oportunidades é
um indicativo claro do tipo de liderança que a "Nova Avibras"
necessita.
Vantagens de uma liderança consagrada: rumo à "Nova
Avibras"
A potencial liderança de Sami Youssef Hassuani na "Nova
Avibras" oferece vantagens estratégicas inestimáveis para a companhia. Sua
profunda familiaridade com a estrutura, os produtos e, sobretudo, o capital
humano da Avibras é um trunfo incomparável. Ele vivenciou de perto as fases de
expansão e retração da empresa, compreendendo os desafios e as oportunidades
inerentes a cada período.
Sua experiência comprovada em reverter crises financeiras e sua habilidade em negociar contratos de grande vulto posicionam a empresa para uma recuperação robusta. A proposta apresentada pela Brasil Crédito, com a assessoria de Hassuani, para o pagamento das dívidas trabalhistas da Avibras, demonstra um plano estruturado e viável para a retomada das atividades da empresa.
A continuidade de sua visão estratégica pode garantir que a "Nova Avibras" não apenas se recupere financeiramente, mas também mantenha e expanda sua capacidade tecnológica e industrial, pilares da excelência da Avibras. A empresa é reconhecida por sua engenharia de ponta e por desenvolver soluções inovadoras para as áreas de Defesa e Civil, detendo um know-how consagrado. A liderança de Hassuani pode assegurar que esse legado seja preservado e impulsionado, garantindo a retomada plena da produção de sistemas de sucesso e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Inovação e expansão global
Sob a potencial liderança de Hassuani, as perspectivas
futuras para a Avibras são de renovação e fortalecimento no cenário nacional e
internacional. A empresa, já certificada como "Empresa Estratégica de
Defesa - EED", possui um papel vital na soberania nacional e na Base
Industrial de Defesa (BID) brasileira.
A "Nova Avibras" poderia focar na retomada plena da produção de seus sistemas de sucesso, como o ASTROS 2020, e no desenvolvimento de novas tecnologias. Projetos como o míssil tático de cruzeiro AV-TM300 e a aeronave remotamente pilotada (ARP) Falcão, que já estavam em desenvolvimento ou produção sob sua gestão anterior, poderiam receber novo fôlego. O projeto do VANT Falcão, por exemplo, caso seja devidamente atualizado, poderia representar um avanço significativo na capacidade de vigilância e reconhecimento das Forças Armadas brasileiras.
Além disso, a continuidade do programa ASTROS 2020, que prevê o desenvolvimento do Sistema de Foguete de Saturação de Artilharia (ASTROS) III autopropelido e sistema de lançamento de foguetes, reforça o compromisso da empresa com a inovação e a soberania nacional. A Avibras também tem buscado parcerias estratégicas internacionais, como a intenção de parceria com a espanhola NTGS e com a saudita SCOPA Defense, para expandir sua atuação global e robustecer seu portfólio. A expertise de Hassuani em negociações e sua visão para o mercado externo seriam cruciais para consolidar a presença da Avibras em novos mercados e garantir a sustentabilidade a longo prazo.
Eleição da diretoria e a possível presidência de Hassuani
A
Avibras convocou uma Assembleia Geral Extraordinária para o dia 14 de
agosto, às 15 horas, com a "Eleição da Diretoria" como um dos pontos de
pauta. Naturalmente, no contexto da reestruturação da empresa e da forte
ligação de Sami Youssef Hassuani com a Brasil Crédito (fundo
interessado na Avibras) e sua experiência prévia na presidência, surge a
especulação sobre sua possível indicação para o cargo.
Embora a
pauta da assembleia inclua a eleição da diretoria, e o nome de Hassuani
seja fortemente associado à "Nova Avibras", conforme o planejamento de
recuperação judicial, o edital não permite confirmar ou especular sobre a
escolha de qualquer candidato específico para a presidência neste
momento.
Fortalecendo a Base Industrial de Defesa
Por fim, esta Consultoria acredita que a recuperação e o sucesso da Avibras sob a liderança de Sami
Youssef Hassuani teriam um impacto significativo não apenas na empresa, mas em
todo o setor aeroespacial e de defesa brasileiro. A Avibras é um pilar
fundamental da Base Industrial de Defesa (BID), gerando empregos de alta
qualificação e impulsionando a inovação tecnológica. A manutenção de sua
capacidade produtiva e tecnológica é essencial para a autonomia do país em
defesa e para a capacidade de projetar poder no cenário internacional.
A liderança de Hassuani poderia inspirar maior confiança no setor, atraindo investimentos e fomentando a colaboração entre a academia, a indústria e o governo, elementos cruciais para o fortalecimento da indústria aeroespacial. Sua abordagem focada em inovação e desenvolvimento tecnológico não apenas fortalece a posição da empresa, mas também estimula a cadeia produtiva nacional, gerando empregos e fomentando a competitividade do setor.
Em um cenário onde a indústria de defesa brasileira enfrenta
desafios de financiamento e concorrência global, a revitalização da Avibras sob
uma liderança experiente como a de Hassuani seria um sinal positivo para a
competitividade e a resiliência do setor como um todo.
A "Nova Avibras" poderia, assim, reafirmar o Brasil como um ator
relevante no mercado global de defesa e tecnologia avançada. A trajetória de
Sami Youssef Hassuani reflete uma combinação de experiência, visão estratégica
e compromisso com a inovação. Sua potencial liderança na "Nova
Avibras" representa uma oportunidade significativa para a empresa e para o
setor de defesa brasileiro, prometendo um futuro de crescimento sustentável e
fortalecimento da soberania nacional.
Saiba mais:
- Avibras informa que tem um novo acionista controlador
- A Avibras poderá abrir seu capital?
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