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22 dezembro, 2022

Taurus poderá fazer parceria ou adquirir uma empresa menor nos EUA visando Law Enforcement

Tecnologia DLC, um dos diferenciais da família de pistolas GX4 para o mercado de Law Enforcement

*LRCA Defense Consulting - 22/12/2022

A Taurus Armas S.A. - gigante brasileira de armamento leve - durante a reunião da APIMEC  de 07/12, confirmou que estuda ingressar no cobiçado mercado americano de pistolas para agências de aplicação da lei (Law Enforcement), como polícias, tribunais e correcionais, em todos os níveis (federal, estadual e municipal), e que já em 2023 dará os primeiros passos nesse sentido.

Segundo afirmou o seu CEO Global, Salesio Nuhs, a conquista desse objetivo seria grandemente facilitada por uma aquisição ou parceria com uma empresa local que já tenha tradição nesse mercado.

Nuhs explicou que tal mercado se difere das tradicionais concorrências internacionais, pois as diversas instituições de Law Enforcement têm liberdade para estabelecer suas próprias regras. Esclareceu também que existem distribuidores especializados nesse tipo de fornecimento que já estão acostumados a trabalhar com as principais marcas fornecedoras e com os adquirentes, sendo este um dos principais motivos para realizar uma aquisição ou parceria, já que assim a Taurus não teria que começar do "zero".

Segundo Nuhs, via de regra, não há lotes imensos de armas sendo licitados (como fazem as polícias brasileiras), mas sim lotes menores de 1000/2000/5000 armas, só que com periodicidade mais frequente, já que são muitas as instituições adquirentes.

O mercado de Law Enforcement
Existem 17.985 agências policiais nos Estados Unidos, que incluem departamentos de polícia municipais, escritórios do xerife do condado, policiais estaduais e agências federais de aplicação da lei, perfazendo um efetivo de mais de 900.000 policiais armados, sendo que muitos são obrigados a estar também armados e/ou a ter uma arma de porte oculto fora de serviço, representando um mercado muito significativo e disputado no país.

O planejamento da Taurus Armas para o mercado americano de Law Enforcement começou a ser divulgado ainda em dezembro de 2021, durante a reunião anual na APIMEC.

Em duas lives realizadas no mês passado e publicadas na matéria "Taurus poderá fazer aquisição ou parceria nos EUA visando o mercado policial do país", Salesio divulgou a intenção da empresa e afirmou que, como a Taurus USA não tem tradição em comercializar armas para os órgãos de segurança americanos, mas somente para civis, há a possibilidade de ser feita uma parceria ou mesmo a aquisição de uma empresa (marca) americana que a tenha, pois isso facilitaria o ingresso nesse mercado. Para tanto, foi deslocado para os Estados Unidos o Assessor Especial da Presidência da Taurus que, entre outros assuntos, também tratou desse.

É importante acrescentar que, tendo sucesso nesse intento, as portas do mercado militar (Marinha, Fuzileiros Navais, Exército e Força Aérea) e de outras agências federais também tenderão a se abrir para a Taurus.

Em princípio, as armas previstas para conquistar esse objetivo pertencem à revolucionária e multipremiada Família de Pistolas GX4, com ênfase na versão full (de serviço) para o porte normal e nas versões microcompactas para o porte oculto.

Taurus GX4XL, uma das pistolas da família GX4


Diferencial imbatível nos EUA e no mundo

Além da associação ou aquisição de uma empresa americana, os diferenciais da Taurus estarão em muita inovação e tecnologia, pois já lançou no Brasil a versão da GX4 com grafeno no polímero e está com estudos avançados para a utilização de nanopartículas de nióbio nas partes metálicas. Além disso, essa arma contará também com as tecnologias DLC (material que dá ao aço a resistência do diamante - diamond like carbon) e polímero de fibras longas.

A empresa está negociando um contrato inédito de nacionalização da tecnologia de aplicação de DLC, que hoje já é utilizada no cano da linha de pistolas microcompactas Taurus GX4 na fábrica da Taurus nos EUA e estará disponível para a Taurus no Brasil em breve. O DLC consiste em um filme fino de carbono com características físico-químicas próximas ao diamante. É aplicado em superfícies metálicas para garantir novas propriedades, como altíssima resistência ao atrito e à corrosão.

Além disso, está sendo montada também uma parceria inédita de transferência de tecnologia com uma empresa norte-americana para desenvolver polímeros com fibras longas, material que proporciona maior resistência e robustez ao produto, além de baratear o custo final. Os engenheiros da Taurus já estão desenvolvendo um protótipo no Brasil para aplicação em carregadores de armas táticas.

Em síntese, tais tecnologias visam proporcionar maior resistência, robustez, leveza e durabilidade à arma, tornando-a também praticamente imune à corrosão (conhecida como "câncer dos metais"), qualidades estas que são muito valorizadas pelos mercados policiais e militares americanos e que, conforme a empresa, poderão se constituir em um diferencial imbatível nos EUA e no mundo.

Segundo o planejamento estratégico da Taurus, a montagem das pistolas da Plataforma GX4 será completamente robotizada ainda em 2023, em mais um passo da empresa em direção à Indústria 4.0.

Smith & Wesson perde mercado
A marca de armas mais conhecida e a maior vendedora de armas leves do mundo até pouco tempo, a Smith & Wesson, foi fundada por Horace Smith, um fabricante de ferramentas, e Daniel Baird Wesson, um armeiro, em 1852 na cidade de Norwich, estado americano de Connecticut. Em 1965, a família Wesson vendeu a empresa Smith & Wesson para a Bangor Punta Alegre Sugar Corp. Em 1970, a Bangor Punta Corporation comprou um lote majoritário de ações da Taurus e se tornou o seu acionista controlador. Como empresas irmãs, a Taurus e a S&W compartilharam tecnologia, com ambas se beneficiando dos avanços de engenharia e fabricação. Em 1977, a Taurus foi comprada pela gaúcha Polimetal, iniciando um programa diversificado de expansão no desenvolvimento e fabricação de armas leves. 

Hoje, a S&W é uma empresa de capital aberto e totalmente pulverizado. Segundo o CEO Global da Taurus, seu maior acionista é o fundo BlackRock, que detém cerca de 8% (CNN Business: 7,49%) das ações da empresa. Seu valor de mercado é de cerca de US$ 385 milhões.

Ainda conforme Nuhs, a Taurus vendeu 474 mil armas no 3T22 e se consolidou como a líder mundial indiscutível, a Ruger vendeu 370 mil e a S&W 240 mil, ou seja, a S&W vende hoje apenas metade do total da Taurus, sendo que suas ações despencaram de um máximo de US$ 30.96 (Jul 21) para apenas US$ 8.43 (21 Dez).

Questionado por essa editoria sobre o fato de ter citado a S&W durante a reunião, o executivo afirmou que não há nenhuma ação com relação a essa companhia e que sua empresa apenas observa o que está acontecendo com ela, pois está perdendo mercado e, de maior dos EUA, caiu para o 3º lugar em vendas.

Aquisição, joint venture ou outra espécie de parceria
Analisando as declarações dos executivos da Taurus na APIMEC e nas lives citadas, não parece haver dúvidas que a multinacional brasileira necessita estabelecer parceria com uma empresa americana para poder ingressar "em grande estilo" no mercado de Law Enforcement, seja na forma de uma joint venture, seja em outra forma qualquer, desde que essa empresa já tenha tradição em tal mercado. Uma outra opção bastante plausível seria uma estratégia de M&A (fusão ou aquisição) visando uma companhia menor já estabelecida nesse mercado.

As principais fabricantes de pistolas para o segmento de Law Enforcement nos EUA são: Glock; Smith & Wesson; SIG Sauer; Beretta; Sturm, Ruger; Springfield; FN Herstal; CZ-USA / Colt; e Heckler & Koch.

Ao ser questionado, durante a reunião na APIMEC, se haveria alguma "empresa target" que a Taurus estaria "olhando", Nuhs preferiu afirmar que há mais de uma dezena de empresas internacionais que estão demonstrando interesse em fazer algum tipo de parceria com a Taurus, e que tal fato se deve à excelência dos seus números e ao seu forte desempenho mundial. São propostas para curto, médio ou longo prazo que incluiriam até a administração de uma fábrica no exterior.

No vídeo abaixo, acompanhe os trechos em que o CEO Global da Taurus tratou do assunto na reunião da APIMEC realizada em 07/12/2022:



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