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06 agosto, 2025

Brasileira Radaz vai abrir uma filial nos Emirados Árabes Unidos

 


*Brazil-Arab News Agency, por Isaura Daniel - 06/08/2025

A empresa brasileira de tecnologia Radaz está conquistando mercado no exterior com o fornecimento de um radar compacto que opera acoplado a um drone. Atualmente em transição entre categorias de porte, mas ainda classificada como startup, a Radaz, de São José dos Campos, espera dobrar seu faturamento este ano, e um dos seus pilares para isso é a expansão internacional e um relacionamento sólido com os Emirados Árabes Unidos, onde a empresa planeja abrir uma subsidiária em breve.

“O que temos visto são países com alta tecnologia comprando nosso radar, o que atesta suas particularidades únicas. É um produto altamente inovador, considerado de alto valor agregado”, disse Fernando Ikedo, diretor comercial da Radaz, à ANBA. A empresa já realizou vendas em países como Alemanha, Suécia, Inglaterra e Itália, e uma entrega está prevista para breve na Finlândia. Os Emirados Árabes Unidos são o principal destino internacional da Radaz.

A base para a internacionalização é o radar de abertura sintética (SAR) RD350, exclusivo da empresa, uma unidade compacta de apenas cinco quilos que opera a bordo de um pequeno drone. Segundo a Radaz, é o único radar do mundo a operar simultaneamente em três bandas diferentes: C, L e P. "É isso que confere à nossa solução seu caráter inovador", afirma Ikedo.

As bandas são as faixas de frequência nas quais o radar opera. A banda C permite identificar a cobertura vegetal em uma área, como o topo de um canavial ou a copa de uma floresta. A banda L permite a captura de informações no nível do solo e alguns centímetros abaixo dele, fornecendo dados sobre o terreno, nascentes de água e tudo o mais que estiver lá.

“O trabalho em conjunto dessas bandas produz resultados interessantes. Ao combinar as bandas C e L, é possível medir biomassa, volume de árvores e umidade do solo”, explica Ikedo. A banda P mostra o que existe no subsolo, de 10 a 20 metros de profundidade, e uma profundidade de até 120 metros foi alcançada para atender a uma necessidade específica.

Fernando Ikedo, diretor comercial da Radaz: a empresa fornece seus produtos para países tecnologicamente avançados

Fundada em 2017 com foco em pesquisa e no meio acadêmico, a Radaz desenvolveu seu RD350 analisando radares de abertura sintética de larga escala de décadas passadas, que precisavam ser instalados em aeronaves ou satélites para uso. Ao desenvolver seu produto, a startup se propôs a ampliar o uso e democratizar o acesso a essa tecnologia, de acordo com Ikedo.

“Quando se tem um radar de 100 quilos que só pode ser transportado por aeronaves ou satélites, muitos segmentos ficam sem cobertura porque isso é muito caro. Só colocar um avião no ar já custa uma fortuna”, ressalta o diretor comercial. A Radaz trabalhou na miniaturização do radar e, por fim, chegou ao seu produto atual. O peso de cinco quilos do radar inclui suas antenas e estrutura. A “cereja do bolo”, como diz Ikedo, foi a banda P e a capacidade de empregar as três bandas juntas.

O dispositivo tem inúmeras aplicações. O diretor comercial menciona que ele é usado na indústria agroflorestal para detectar formigueiros. "Em vez de desperdiçar formigueiro pulverizando-o por toda a área, você se concentra onde o formigueiro está", exemplifica. Seus propósitos incluem encontrar depósitos minerais, mapear tocas de castores, encontrar pessoas desaparecidas e esqueletos, detectar oleodutos e torneiras feitas por ladrões e inspecionar barragens de mineração.

Segundo Ikedo, no Brasil, o RD350 é utilizado principalmente em centros de pesquisa, mas também em setores como agrofloresta e mineração. Em outros países, a pesquisa também é o principal objetivo, incluindo estudos sobre vulcões, florestas, geologia, agricultura de precisão, etc. "A Radaz tem sido essencialmente um negócio de exportação", afirma o diretor comercial.

Radares para os Emirados Árabes Unidos
O relacionamento com os Emirados Árabes Unidos surgiu em 2021. Entre os clientes da Radaz no país está o Instituto de Inovação Tecnológica (TII), que opera mais de dez radares da empresa brasileira. Ikedo observa que o relacionamento é construído com base em uma profunda confiança, e a Radaz desenvolve tecnologias sob demanda para o TII. Como o TII se concentra em inovação tecnológica, os radares são utilizados para uma ampla gama de propósitos. Ikedo menciona alguns, como encontrar canos de água e conduzir pesquisas em sítios arqueológicos.

A nova filial da Radaz nos Emirados Árabes Unidos, mais especificamente em Abu Dhabi, deve ser inaugurada neste ou no próximo mês, de acordo com Ikedo. "Nosso objetivo é lançar operações lá para ficar mais perto da TII, nossa cliente, para poder ter técnicos e engenheiros apoiando projetos localmente e, eventualmente, é claro, expandir ainda mais as operações", afirma. A empresa não descarta a possibilidade de ter operações de fabricação no país árabe no futuro.

Um salto na receita

O ano de 2025 deve ser um marco para a Radaz, que inaugurou uma nova sede em maio, na cidade de São José dos Campos, onde também está localizada sua outra unidade, e está a caminho de mais que dobrar sua receita de R$ 17 milhões (US$ 3 milhões) em 2024. De acordo com Ikedo, embora a empresa espere aumentar as vendas no Brasil, sua perspectiva de crescimento para 2025 é sustentada principalmente pela exportação, com negócios fechados e alguns em andamento para este ano, além da perspectiva de expandir seus negócios nos Emirados Árabes Unidos.

Da esquerda para a direita, João, Laila, Norivaldo e Christian

Atualmente, a Radaz é comandada pelo contador, CEO e presidente do conselho, Norivaldo Corrêa Filho, ao lado de uma equipe com sólida formação acadêmica, incluindo João Roberto Moreira Neto, engenheiro-chefe e conselheiro, formado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor pela Universidade Técnica de Munique.

Também fazem parte da equipe a diretora técnica, sócia e cofundadora Laila Fabi Moreira, formada em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e com mestrado e doutorado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e o diretor de desenvolvimento de software, sócio e cofundador Christian Wimmer, formado em Física e doutorado pela Universidade de Regensburg.

Saiba mais:
- Olhos que atravessam o solo: a nova fronteira do reconhecimento por drones
 

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