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Imagem meramente ilustrativa |
*LRCA Defense Consulting - 05/10/2025
O Ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro Filho, realizará uma visita oficial à Índia entre 15 e 17 de outubro de 2025, integrando a comitiva liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A missão marca um passo significativo na ampliação da cooperação em defesa entre os dois países e ocorre em preparação para a visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, prevista para 2026.
Durante a viagem, a delegação — que inclui ministros e executivos dos setores de defesa, aeroespacial, energia e tecnologia — buscará impulsionar parcerias industriais e promover a integração entre empresas brasileiras e indianas sob o marco da política “Make in India”. A presença de Múcio Monteiro reforça o peso que a pauta de defesa assumirá nas conversações bilaterais.
Cooperação estratégica e contexto global
A visita ocorre em meio à crescente competição geopolítica e
ao fortalecimento de iniciativas de autonomia tecnológica no Sul Global. Índia
e Brasil vêm intensificando a cooperação em plataformas multilaterais como o
BRICS, o IBAS e o G20, com o objetivo de desenvolver novas cadeias de valor
para a indústria de defesa, reduzindo dependências externas em setores
sensíveis.
Programa KC-390 Millennium e MTA
Um dos principais temas da agenda será o programa de
transporte aéreo militar. A Embraer propôs o KC-390 Millennium à Força Aérea
Indiana no âmbito do programa Medium Transport Aircraft (MTA), respondendo
à RFI emitida por Nova Délhi com uma oferta que pode chegar a até 80 aeronaves.
Para fortalecer sua posição, a Embraer abriu uma subsidiária em AeroCity, Nova Délhi, voltada à engenharia, suprimentos e projetos conjuntos. Além disso, mantém um memorando de entendimento com a Mahindra Defence Systems, assinado em 2024, para produção local do modelo. Caso se concretize, o contrato poderá se tornar o maior da história recente da empresa fora do Brasil.
Intercâmbio tecnológico e sistemas de mísseis
O Brasil estuda a aquisição do sistema de mísseis
superfície-ar Akash, desenvolvido pela DRDO indiana, para seu programa de
modernização da artilharia antiaérea de média e alta altitude. Apesar de
constrangimentos orçamentários, o projeto continua sob análise técnica ativa,
segundo autoridades militares brasileiras.
Ambos os governos indicam que as avaliações sobre o Akash e
o KC-390 seguem de forma independente, demonstrando uma abordagem pragmática e
voltada à diversificação de fornecedores estratégicos.
Parcerias industriais e joint ventures
Segundo a imprensa indiana, a comitiva brasileira incluirá representantes de empresas
como Embraer, Avibras, Taurus Armas, CBC, Atech, Ares, Mac Jee, IMBEL,
Helibras, EMGEPRON e outras. Companhias como Taurus e CBC já possuem acordos de joint venture com a Jindal Defence e SSS Defence, respectivamente, nas áreas de armamento leve e munições.
O Brasil também demonstra interesse em equipamentos indianos, como os helicópteros de ataque Prachand e Rudra, e sistemas de vigilância aérea baseados no E-145, integrados ao projeto NETRA da Força Aérea Indiana.
Novo impulso na diplomacia de defesa
Como parte de um esforço de institucionalização das relações
militares, o Brasil decidiu designar adidos aéreos e navais para sua
embaixada em Nova Délhi, ampliando a representação que até então contava apenas
com um oficial do Exército. Essa medida permitirá um diálogo técnico mais
dinâmico e sustentado sobre cooperação operacional e transferência de
tecnologia.
Intensificação dos intercâmbios militares desde 2023
A visita de Múcio sucede uma série de encontros bilaterais
recentes, incluindo as visitas do Comandante do Exército (2023), do Vice-Chefe
do Exército e do Vice-Chefe da Marinha (2023), bem como as missões oficiais do
Almirante Marcos Sampaio Olsen em 2024 e do Comandante da Força Aérea,
Tenente-Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, que observou o exercício Tarang
Shakti em Jodhpur.
Expansão da cooperação naval
Há também expectativa de ampliar o diálogo em áreas navais,
especialmente em operações submarinas e conscientização do
domínio marítimo. O Brasil e a Índia operam submarinos da classe Scorpène,
o que os integra ao mesmo grupo de operadores e abre espaço para treinamentos
conjuntos e intercâmbio técnico voltado à guerra submarina.
Próximos marcos na relação bilateral serão concretizados em fevereiro de 2026
A missão de outubro antecipa a cúpula Modi–Lula,
planejada para fevereiro de 2026, quando deverão ser anunciadas iniciativas de
codesenvolvimento e coprodução industrial em defesa.
Com ambições alinhadas — modernizar suas forças armadas e fortalecer as exportações — Brasil e Índia caminham para consolidar uma nova fase de cooperação Sul-Sul, baseada em soberania tecnológica, integração industrial e autonomia estratégica compartilhada.
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