A LRCA Defense Consulting é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a produzir e divulgar notícias e análises sobre as Empresas de Defesa. Não somos jornalistas e nem este é um blog jornalístico.
Em comunicado à imprensa distribuído hoje, a Assessoria de Comunicação da multinacional Taurus Armas discorreu sobre a divulgação do NICS - National Instant Criminal Background System Checks
de fevereiro, número que representa a intenção de compra de armas de
fogo nos Estados Unidos por meio da verificação de antecedentes feita
pelo FBI, que mostrou ter havido um aumento de 22,84% no mês e de 24,26%
no bimestre em relação aos mesmos períodos de 2020. Comentou ainda que os números são recordes, para essses períodos, em relação à série histórica iniciada em 1998.
A Taurus prosseguiu em seu comunicado, informando que o aumento das vendas traz resultados significativos para toda a indústria, uma vez que os EUA são o maior mercado mundial de armas, inclusive para sua marca, considerada a quarta mais vendida e a mais importada no mercado norte-americano.
Por fim, a empresa divulgou que já conta com pedidos em carteira (backorders) de cerca de 2,271 milhões de armas, computando-se os realizados nos Estados Unidos (mais de 90%) e no Brasil, o que significa que tem cerca de um ano de produção já comprometida com os pedidos existentes em carteira, concluindo que este fato demonstra, mais uma vez, a preferência dos americanos pela marca Taurus.
16 a 18 meses de backorders e aumento de produção Ocorre que esta Consultoria realizou uma correlação matemática entre o número de backorders / meses de produção divulgados anteriormente com os números de agora e chegou à conclusão de que a expressão "cerca de um ano de produção" divulgada pela Taurus, na verdade significa mais de 16 meses de produção, podendo chegar até a 18 meses à frente.
Após consultada, a empresa confirmou a projeção e complementou que já está planejando um aumento de produção no Brasil e nos Estados Unidos para fazer frente a essa demanda excepcional, ressalvando que, como sempre mantém um estoque estratégico de matérias primas suficiente para três meses de produção, esse aumento só não seria realizado em caso de um eventual desabastecimento motivado pela pandemia ou por outros fatores imponderáveis no momento.
Por fim, torna-se relevante esclarecer a diferença logística entre backorder e backlog. Segundo a Taurus, backorder é a carteira de pedidos firmes que não pode ser atendida dentro de um prazo normal de 30 dias, seja por falta de estoque (normalmente), seja por outro motivo qualquer. Já o backlog é a carteira de pedidos firmes da companhia para os quais há estoque e que serão entregues em até 30 dias, normalmente.
Ao fim e ao cabo, o que realmente importa é que backorders não são meras intenções ou desejos de compra, mas sim pedidos confirmados e certos, mas que só serão entregues após 30
dias, de acordo com a ordem cronológica com que foram feitos e com a disponibilidade paulatina de
estoque.
Unidade fabril da Taurus Armas em Baimbridge, Georgia, USA
*LRCA Defense Consulting - 15/01/2021
A Taurus Armas S.A. já conta com pedidos em carteira (backorders) de cerca de 1,548 milhão de armas, computando-se os realizados nos Estados Unidos (mais de 90%) e no Brasil.
O número representa um acréscimo de 16,5% sobre o último dado informado (1,328mi), o que significa que a empresa gaúcha tem cerca de 11,65 meses de produção já comprometida com os pedidos existentes em carteira.
Segundo o Presidente e CEO Global da Taurus: "A companhia tem evoluído muito nos Estados Unidos, com produtos de maior valor agregado que estão aumentando a margem bruta da empresa. Além disso, apesar dos aumentos das matérias primas e de produtos indiretos, ainda assim conseguimos controlar os custos e estamos entrando em novos nichos de mercado nesse país, nos quais não atuávamos antes, o que melhora ainda mais a margem bruta da Taurus".
Em live realizada ontem pelo canal de Samuel Cout no YouTube, o Presidente e CEO Global da Taurus Armas, Salesio Nuhs, revelou informações importantes sobre a situação atual da empresa.
Uma das mais relevantes é devida ao excepcional aquecimento da procura por armas no Brasil e, principalmente, nos Estados Unidos. Segundo Salesio, mesmo produzindo a pleno na unidade brasileira (5.800 armas/dia) e em ramp-up de produção na nova fábrica da Georgia (EUA), a Taurus tem pedidos à frente de 1,2 milhão de armas no mercado americano e 200 mil no nacional, representando 10 meses de pedidos à frente (backorders). Isso significa que a empresa poderá inciar o ano com quase toda sua produção de 2021 já destinada para os pedidos existentes, especialmente no tocante a pistolas e revólveres.
Com relação aos novos lançamentos da empresa o CEO adiantou importantes informações.
GX4 A microcompacta pistola GX4, chamada de "cereja do bolo" da Linha G, ocupará um novo e importante nicho de mercado que representa 40% do segmento de pistolas. Em calibre 9mm, será lançada simultaneamente no Brasil e nos EUA em abril de 2021. Seu tamanho será similar ao da conhecida Hellcat (Springfield Armory - foto abaixo), mas com maior capacidade.
Em termos de comparação, uma Hellcat custa hoje, no Brasil, cerca de R$ 13.600,00, enquanto a GX4 deverá ser comercializada por menos da metade desse valor.
AR-10 e rifle de ferrolho - O AR-10 no calibre 7,62 x 51mm tem lançamento previsto para 2021. Será batizado como T10 e terá dois tamanhos de cano: 16 e 20 polegadas. Considerado como "arma de guerra", terá protocolo de fabricação militar e se destinará às forças policiais e militares.
Imagem ilustrativa: Fuzil ArmaLite AR-10 A4 em uso pelo BOPE-RJ
- O rifle de ferrolho que está em desenvolvimento terá três calibres em canos rosqueados intercambiáveis: 308, .243 e 6,5, destinando-se, entre possíveis usos, à caça de javalis e outros animais de médio e grande portes. A coronha será intercambiável com o rifle Remington.
Protótipo incial do novo rifle de ferrolho
Outros lançamentos - As pistolas G3, a G3c e a 1911 em calibre 9mm, já lançadas nos EUA, só aguardam o RETEX do Exército e têm previsão de lançamento no primeiro trimestre de 2021.
- A pistola compacta TS9c deverá ser lançada no primeiro semestre de 2021. Virá com capacidade para 13 cartuchos e tem protocolo militar de fabricação.
- A Carabina Tática CTT no calibre 9mm será lançada no primeiro trimestre de 2021.
- O "revólver mais barato do mundo" está quase pronto.
- A submetralhadora que substituirá a SMT 9mm terá protocolo militar irá para a Marambaia no início do ano que vem. Será a mais compacta e mais leve (2,5Kg) submetralhadora na categoria, destinando-se ao mercado policial e militar. A ser lançada no segundo semestre de 2021.
Protótipo da nova e revolucionária submetralhadora
- Edição limitada de um rifle .22 comemorativa aos 100 anos da medalha de ouro no Tiro Esportivo Olímpico será lançada ainda neste ano.
- A pistola TH no calibre 10mm (.357 Magnum para pistolas) sendo desenvolvida.
- Em desenvolvimento também o Fuzil AR-15 no calibre 7,62 x 39mm, calibre em uso na Índia, nos países do antigo Pacto de Varsóvia e em diversos outros que utilizam o AK-47 ou suas versões mais modernas.
- Em 2021, está previsto o ressurgimento da carabina Rio Grande no calibre 30x30, revólveres Rossi, de ação percutida e de ação simples.
Em fase final também está o Revólver no calibre .223. Será o primeiro revólver do mundo com esse poderoso calibre. A fabricação será feita no Brasil e o lançamento está previsto para o segundo semestre de 2021.
Protótipo do revólver no calibre .223
Carregadores Comentando sobre a nova fábrica de carregadores marca Taurus, Salesio afirmou que o padrão de qualidade exigido será superior ao da famosa marca Mec-Gar.
Aumento de preços O CEO explicou que o valor das armas é indexado ao IGP-M que, neste ano, subiu cerca de 24%. Por isso, a Taurus aplicou um reajuste na metade do ano e outro agora, valendo este último para novas compras a partir do início de 2021.
Filipinas A licitação de 12.412 fuzis foi vencida pela empresa com seu T4 e só aguarda a expedição do empenho do governo e a assinatura do contrato. Será mais um grande passo em direção ao mercado asiático, pois as Filipinas são conhecidas por terem um dos mais exigentes protocolos do mundo em termos de qualidade.
Exportação para países vizinhos São quase que inviáveis, devido a uma norma do governo Fernando Henrique taxar em 150% a exportação de armas e munições para tais países. Por este motivo, a CBC está ultimando uma fábrica no Paraguai.
Sugestão para reduzir o custo de armas importadas e estimular a vinda de novas empresas Salésio afirmou que se o governo quiser realmente abrir o país para os produtos importados e estimular a vinda de outras empresas para o Brasil, basta eliminar o Imposto sobre Produtos Industrializados para todo o setor, pois assim também estaria tratando igualitariamente a indústria nacional, deixando a livre concorrência estabelecer os preços.
Mesmo nas atuais condições, o CEO afirmou que nenhum fabricante internacional que exporta para o Brasil consegue concorrer em preços com a Taurus. Disse também que qualquer empresa pode vir fabricar no País, mas nenhuma vem devido à pesada carga tributária (70% de impostos) e à necessidade de uma demoradíssima homologação.
Sugestões para reduzir o prazo de homologação de uma arma pelo EB Em três anos, a Taurus lançou 198 novos produtos, além de centenas de SKUs (alteração em produto já existente). Desses, somente uma pequena quantidade foi homologada, prejudicando a inovação e a oportunidade da empresa perante a concorrência importada, que não precisa ter RITEX para trazer armas para o Brasil.
Assim, para que o Brasil não fique três ou quatro anos defasado do mercado internacional, ou pior, tenha que se valer de produtos importados, Salesio oferece três soluções simples para agilizar o processo de homologação:
1. Não homologar armas civis, como fazem os demais países, ficando o fabricante como responsável total pelo produto.
2. Homologação por família de produtos. No caso de armas, por plataformas de armas. Assim, o Fuzil T4, por exemplo, seria uma plataforma ou uma família. Caso não haja alteração em itens que afetem a segurança da arma, não seria necessária uma nova homologação.
3. Aceitar homologação em laboratório estrangeiros, como o Brasil já faz atualmente com a imensa gama de armas que importa dos vários países do mundo.