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10 junho, 2021

Joint venture da Taurus na Índia começará a produzir em setembro

"No momento em que a Taurus entrar lá, mudará completamente a perspectiva da empresa"


*LRCA Defense Consulting - 10/06/2021

Em live divulgada novamente hoje pelo canal BM&C News, Salesio Nuhs (CEO Global da Taurus Armas) e Sérgio Sgrillo (CFO, DRI e Gerente da JV Índia) confirmaram que a joint venture na Índia com o poderoso Jindal Group (por meio da Jindal Defense) tem previsão de começar a produzir em setembro deste ano.

O atraso de mais de um ano se deveu à situação de pandemia no mundo, que castigou Brasil e Índia com bastante intensidade.

Como a Taurus não está entrando com dinheiro no negócio, mas sim com tecnologia e know-how, será necessário deslocar uma grande equipe para espelhar na Índia a manufatura que há no Brasil, o que acontecerá após a imunização desses funcionários. Os parceiros indianos já estão sendo vacinados.

Segundo declarou Sérgio Sgrillo, todo o processo de planta de fábrica já está pronto e estão sendo cotados alguns equipamentos, como linha de tiro, por exemplo. Afirmou ainda que os parceiros têm grande expectativas para o futuro da empresa e estão muito contentes com o desenvolvimento dos trabalhos.

Inicialmente, embora o foco tenha passado a ser o mercado militar e de segurança, a ideia é começar produzindo armas para o mercado civil indiano, um nicho com imenso potencial mas ainda em desenvolvimento nesse país, já que o mercado local somente agora está sendo flexibilizado pelo governo. 

Vale ressaltar que as armas civis hoje produzidas na Índia e oferecidas aos seus consumidores podem ser consideradas antigas e obsoletas quando comparadas às modernas e tecnológicas pistolas, revólveres, carabinas e espingardas produzidas pela Taurus, o que possibilitará a essa empresa apresentar um grande diferencial de mercado.

 

Mercado militar e de segurança
Apesar de o mercado civil indiano ser potencialmente imenso e, na prática, quase que inexplorado, a joint venture entre a Taurus Armas e a Jindal Defense mudou a estratégia inicial anteriormente traçada, que era a de, no primeiro ano, só produzir armas para uso civil, passando agora a ênfase para o mercado militar e de segurança.

Essa guinada se deve ao fato de a Índia ter urgência para dotar suas tropas com armamento leve (fuzis, submetralhadoras e pistolas) moderno e eficiente, já que a maioria do que está em uso é antigo, obsoleto e, em muitos casos, apresenta problemas. No entanto, a prioridade do país asiático é que a produção normal dessas armas aconteça dentro das duas grandes diretrizes estabelecidas para a Área de Defesa: Make in India (Fazer na Índia) e Atmanirbhar Bharat (Índia Autossuficiente).

E é dentro do balizamento dessas duas diretrizes governamentais que a Taurus/Jindal trabalha para ser a empresa escolhida para atender a uma demanda que varia entre 350 mil e 500 mil fuzis (somente para o Exército), haja vista que essa é uma antiga necessidade que vem sendo discutida pelos militares indianos há vários anos. Tais discussões ficaram mais frequentes e necessárias após os recentes conflitos de fronteira com a China, obrigando o governo a modificar e agilizar suas políticas e processos para aquisição de armamentos e outros itens de natureza bélica.

No entanto, o Exército da Índia tem extrema urgência para substituir os fuzis CQB (mais curtos, para combate aproximado) em uso pelas tropas que guarnecem as fronteiras com a China e com o Paquistão e, para tanto, lançou uma grande licitação para aquisição emergencial de 93.985 fuzis, onde a Taurus irá disputar com seus fuzis T4 calibre 5,56mm. 

Tão logo a situação de pandemia permita, a empresa enviará para a Índia uma equipe acompanhada de 10 unidades de cada um desses tipos de armas: fuzil T4 em três versões, três tipos de pistola e um de submetralhadora (metralhadora de mão), para serem analisados pelas Forças Armadas indianas visando essa licitação e também futuras aquisições. 

Se a pandemia prejudicou por um lado, causando demora no processo, por outro ela também impediu que, por enquanto, a concorrências passasse a produzir no país, no âmbito do Programa Make in India.

Em termos do imenso mercado militar e de segurança indiano, é preciso considerar que, além da obsolescência de seu armamento leve, ele conta com forças armadas que têm mais de 1,3 milhão de integrantes, forças de segurança (policiais e paramilitares) que possuem um efetivo de mais de 1,4 milhão de pessoas e segurança privada com mais de 7 milhões de homens e mulheres. 

Em síntese, a Taurus/Jindal tem um gigantesco mercado potencial, civil e militar, sem parâmetros no mundo capitalista, o que levou o CEO e o CFO da multinacional brasileira a afirmarem, por mais de uma vez, que, no momento em que a Taurus entrar lá, mudará completamente a perspectiva da empresa.



Curiosidades sobre o Fuzil T4
Além de ser uma arma moderna, leve, versátil e de fácil operação/manutenção, segue o rígido e exigente protocolo militar de fabricação, que lhe permite maior durabilidade, rusticidade e resistência às mais diversas condições de combate (água, lama, poeira, temperaturas máximas e mínimas extremas, etc.). 

Para se ter uma ideia, seu cano é fabricado para resistir até 12 mil tiros, enquanto o cano de um fuzil AR-15 americano de plataforma semelhante (M4), mas fabricado para uso civil (como a maioria nos EUA), só resiste a cerca de 2 a 3 mil tiros.

Essas características fazem com que o Fuzil T4 seja o preferido das forças de segurança brasileiras e de alguns outros países, como a Gendarmeria Nacional do Senegal e a Polícia Real de Omã, que já o adotam como arma padrão. 

Ideal também para o uso militar, o Fuzil T4 foi o escolhido para dotar o Exército das Filipinas, após ter vencido duas históricas e recentes licitações internacionais onde concorreu com armas fabricadas pelas grandes empresas mundiais do setor. São históricas porque foi a primeira vez que o Exército Filipino adquiriu um fuzil fabricado fora dos Estados Unidos para o seu exército; também foi a primeira venda do Fuzil T4 para um exército.

Recentemente, o T4 também foi adquirido por um "estratégico" (segundo a Taurus) país da África Subsaariana, onde mobiliará o Exército. É esperado também que, em breve, a polícia desse país faça uma aquisição ainda maior da arma brasileira.

Ainda neste ano, há grandes chances também que seja concretizada a venda de uma expressiva quantidade de fuzis T4 para as Forças Armadas da Malásia e para a Polícia Real deste país.

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