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16 outubro, 2022

A indústria de armas leves em uma possível reeleição de Bolsonaro


*LRCA Defense Consulting - 16/10/2022

Na matéria "Taurus Armas: cenários pós-eleições presidenciais de 2022", esta Consultoria esboçou um cenário que alguns consideram adverso para a multinacional brasileira Taurus Armas: a vitória da esquerda nas eleições presidenciais do próximo dia 30, haja vista que a empresa poderia perder parte de seus consumidores locais.

Evidentemente, nesse cenário, as demais empresas brasileiras que produzem armas leves poderiam ser seriamente prejudicadas, já que, até o momento, têm seu direcionamento quase que exclusivo para o mercado interno civil, como é o caso da DFA Defense, Fire Eagle e Boito. A estatal Imbel, apesar de vir a ser prejudicada, ainda tem o mercado institucional cativo do Exército Brasileiro e a possibilidade de continuar vendendo para alguns órgãos policiais e guardas civis municipais.

Quanto à Taurus, bastará colocar em execução o seu planejamento estratégico existente para a situação e se voltar, nova e primordialmente, ao mercado internacional, direcionando para este a maior parte de seus produtos que seriam vendidos no Brasil e/ou transferindo mais linhas de montagem para as unidades dos EUA e da Índia. Com isso, a Taurus  tenderá a continuar crescendo e apresentando números expressivos de vendas e receitas, semelhantes aos verificados nos últimos anos, haja vista que o mercado internacional tem condições de absorver o que não puder ser comercializado no Brasil.

Novo Congresso e base de governadores
O Partido Liberal (PL), do qual o Presidente Jair Bolsonaro é integrante, conquistou oito das 27 vagas em disputa no Senado, formando a maior bancada dessa Casa Legislativa. Na Câmara, o PL elegeu uma superbancada de 99 deputados – novamente a maior para o ano que vem. No total, foram eleitos 43 senadores (53%) e 274 deputados (53%) representando os ideais de direita.

No 1º turno, oito governadores de direita foram eleitos e mais outros oito estados têm chances de eleição similar no 2° turno. Caso se confirme, será a maior vitória dos conservadores na história do Brasil, ou seja, a maior parte do território brasileiro e os estados mais influentes serão governados por quem defende os ideais conservadores e luta por um país mais livre.

Essa configuração do Legislativo, apoiada por uma forte base de governadores, garantirá uma excelente governabilidade ao atual Presidente da República (PR) em caso de reeleição, permitindo-lhe aprovar, alterar ou extinguir normas legais de acordo com o interesse da maioria, como o Estatuto do Desarmamento, por exemplo. De forma similar, pode barrar qualquer iniciativa que seja contrária a tais interesses, caso a oposição prevaleça nas urnas.

E se Bolsonaro for reeleito, como ficarão as empresas brasileira de armas leves?
Imagine, agora, que, a partir de janeiro de 2022, o cidadão brasileiro possa adquirir a arma que escolher, dentro dos rígidos limites da lei, é claro. Esse cenário será possível em caso de reeleição do Presidente Jair Bolsonaro que, como explicado no item acima, terá pleno apoio de uma maioria no Congresso, podendo ter ainda o dos governadores dos estados mais relevantes do País.

Conforme dados de junho deste ano divuldados pelo portal Poder 360, o Brasil registra 4,4 milhões de armas de fogo em estoques particulares. Nesse cenário, a cada três armas de fogo registradas, uma está em situação irregular. São 2,8 milhões em acervos particulares com registros ativos no SIGMA (Exército) e no SINARM (Polícia Federal).

Em uma estimativa conservadora, estudos feitos por especialistas do setor indicam que, no médio prazo, até 6 milhões de brasileiros – caçadores, atiradores, colecionadores e cidadãos de bem – estariam dispostos a adquirir uma ou mais armas caso haja condições e segurança legal para tanto. Esse número inclui uma parcela dos 32,5 milhões de brasileiros que, segundo o Cadastro Ambiental Rural de 2019, vivem na área rural do País em cerca de 5,9 milhões de propriedades rurais, e que anseiam em poder ter meios mais eficazes de defesa para si, para seus familiares, para seus funcionários e para seus bens.

É um potencial explosivo que pode render mais de mais R$ 20 bilhões e que representa um aumento expressivo em relação ao total de armas oficialmente legalizadas por cidadãos no Brasil, o que impactaria direta e positivamente as empresas brasileiras do setor, especialmente a Taurus, que detém, junto com a CBC, quase 80% do mercado nacional, além de uma poderosa e incomparável infraestrutura de pré e de pós-venda.

Esse fato teria o poder de catapultar o mercado brasileiro de armamento leve, aumentando significativamente sua importância. Ressalvadas as diferenças culturais e de poder aquisitivo, é possível estimar que, no longo prazo, possa torná-lo quase tão relevante quanto o dos Estados Unidos.

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