Pesquisar este portal

23 março, 2023

Taurus poderá fechar importante negócio na Arábia Saudita e Emirados


*LRCA Defense Consulting - 23/03/2023

Durante as lives com a SaraInvest e com a Eleven Financial Research realizadas ontem (22), o CEO Global da Taurus Armas S.A., Salesio Nuhs, informou que, durante a recente Feira em Abu Dhabi (IDEX 2023), surgiram boas perspectivas de crescimento no mercado da Arábia Saudita e Emirados, deixando implícito que a empresa está próxima de fechar um importante negócio nessa região.

CBC Taurus Arabia Holding, LLC
Em 30 de dezembro de 2021, a Taurus Armas S.A. celebrou contrato para constituição de joint venture com sua coligada Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), como parte das estratégias de internacionalização de suas operações visando fomentar negócios e oportunidades na Arábia Saudita.

Com o nome de Companhia Brasileira de Cartuchos Taurus Arabia Holding, LLC., a  joint venture tem como principal objetivo possibilitar a busca e antevisão mais eficiente de oportunidades de negócios neste mercado relevante, especialmente considerando os planos do governo do país para estabelecer uma base industrial de defesa local, no âmbito da estratégia denominada “Visão 2030”.

Como atividade principal, a nova empresa está apta a administrar subsidiárias e holdings, conceder empréstimos, garantias e financiamentos a coligadas, além de deter direitos de propriedade industrial.

Em 30 de agosto de 2022, a CBC integralizou capital na CBC Taurus Arábia Holding, LLC. na proporção de 51% do capital social, representado por 10.965 ações com valor nominal de SAR1,00 com o respectivo valor integralizado de SAR1,1 milhão (R$1,6 milhão de riais sauditas na data do pagamento; cerca de US$ 432 mil).

Na mesma data, a Taurus Armas integralizou capital na CBC Taurus Arábia Holding, LLC. na proporção de 49% do capital social, representado por 10.535 ações com valor nominal de SAR1,00 com o respectivo valor integralizado de SAR1,1 milhão (R$1,5 milhão na data do pagamento; cerca de US$ 405 mil).

Como a CBC Taurus Arabia Holding, LLC é considerada uma joint venture, seus resultados líquidos passaram a ser reconhecidos pela Taurus pelo método de equivalência patrimonial na proporção de 49%, conforme CPC 19 (R2)/IFRS.

Visão 2030 - o grande plano saudita de 15 anos
O Plano Visão 2030, anunciado pelo governo saudita em 2015, mudou economicamente a Arábia Saudita nos últimos anos e é esperado que continue mudando.

Até 2015, o petróleo respondia por cerca de 75% das receitas orçamentárias, 40% do PIB e 90% das receitas das exportações. O "vício do ouro negro" acostumou os sauditas a comprar tudo o que precisavam, pois sempre houve dinheiro farto e era muito mais barato importar do que produzir localmente.

No entanto, o atual governo vislumbrou que o país não poderia manter a dependência da renda petroleira e o enorme gasto público diante de um cenário de grandes mudanças que estão acontecendo no mercado energético internacional (variações enormes nos preços do petróleo, surgimento de fontes alternativas não poluentes e política mundial contra o uso de combustíveis fósseis) e de tendências demográficas que indicam aumento significativo no número de sauditas em idade produtiva até 2030.

A ascensão do príncipe Mohamed Bin Salman (conhecido como MbS) no cenário político saudita e o declínio dos preços do petróleo em 2014 incentivaram o desenvolvimento do plano como meio de abandonar ou, pelo menos, diminuir grandemente essa dependência e diversificar a atividade econômica, abrindo amplamente as portas para o envolvimento de um setor privado ativo e facilitando a entrada dos investimentos estrangeiros no país. Assim, um dos pilares do Visão 2030 é justamente transformar a Arábia Saudita em um centro de investimentos globais.

Segundo análises, a elevação de produtividade por meio da reforma econômica permitirá ao país duplicar seu PIB e criar até 6 milhões de novos empregos até 2030. Com as reformas, Riad pretende elevar sua renda não petroleira, de US$ 43,6 bilhões em 2015 para US$ 267 bilhões em 2030.

Área de Defesa no Plano Visão 2030 ("Make in Arabia")
A Arábia Saudita é um dos principais compradores de armas do mundo. Foi o maior importador de armamento entre 2010 e 2014, com 5% das aquisições mundiais. O país possui as forças armadas mais poderosas do Golfo Pérsico, com cerca de 478 mil combatentes na ativa (de um total de 688 mil integrantes), compreendendo o exército, a força aérea e a marinha de guerra, além de unidades de defesa antiaérea, brigadas da Guarda Nacional e paramilitares.  

O país gasta 25% do seu orçamento, ou pelo menos US$ 88 bilhões, com suas forças armadas. Em 2019, operou o terceiro maior orçamento militar do mundo, caindo para o nono lugar em 2020, efeito colateral da queda brutal nos preços do petróleo durante a pandemia.

O príncipe Salman, que também é ministro da Defesa, anunciou que o país buscará desenvolver sua própria indústria bélica como parte do plano de reformas.O primeiro passo nesse sentido foi associar a assinatura de contratos no exterior ao desenvolvimento da indústria local.

"A partir de agora, o Ministério de Defesa, assim como outros órgãos militares e de segurança, só fecharão contratos com provedores estrangeiros se estes estiverem vinculados à indústria local", disse Salman. "Vamos reestruturar vários de nossos contratos militares para atá-los à indústria saudita."

Em fevereiro de 2021, o governador da GAMI - Autoridade Geral para Indústrias Militares saudita, Ahmed bin Abdulaziz Al-Ohali, afirmou que o país iria investir mais de US$ 20 bilhões em sua indústria de defesa local pelos próximos 10 anos. O objetivo é desenvolver e fabricar mais armas e sistemas militares domesticamente, com o objetivo de gastar 50% do orçamento militar localmente até 2030.

Assim, nessa sensível área, onde quase tudo era importado, principalmente dos Estados Unidos, o foco dos sauditas passou a ser o desenvolvimento da sua indústria de defesa, com a produção de armamentos, equipamentos e aeronaves militares, para atingir a autossuficiência na área e aumentar as exportações para os seus parceiros regionais, haja vista que a presença de indústrias estrangeiras permite a obtenção de know-how e a transferência de tecnologia para a economia local.

Nesse campo, o Plano Visão 2030 muito se assemelha às iniciativas Make in India (Fazer na Índia) e Atma Nirbhar Bharat (Índia Autossuficiente), ambas do governo da Índia.

Localização estratégica reúne Arábia Saudita, Índia e Filipinas na importante e promissora região do Oriente Médio e  Indo-Pacífico

Taurus na Arábia Saudita
Historicamente, as exportações respondem por quase 80% do faturamento da Taurus Armas. A empresa exporta para mais de 100 países, é a líder mundial na fabricação de revólveres e uma das maiores produtoras de pistolas do mundo, além de ser a primeira marca mais importada e quarta mais vendida no exigente mercado norte americano, o maior do mundo para armamento leve.

Nos últimos dois anos, a Taurus ganhou participação no mercado norte-americano e se firmou como a empresa líder mundial no setor em termos de volume de vendas, lucro bruto (e sua margem), Ebitda (e sua margem) e, também, destacou-se finalizando o ano de 2022 com um caixa recorde em sua história.



Trecho da live com a SaraInvest


Em virtude do sucesso que suas armas táticas (pistolas, carabinas, submetralhadoras e fuzis destinados aos mercados militar e de segurança) estão alcançando no Brasil e no mundo, a Taurus está lançando a plataforma de pistolas GX4 com grafeno, as pistolas TS9 e TS9c também com grafeno e uma nova gama de fuzis em vários calibres e tamanhos de cano, bem como uma inovadora submetralhadora compacta.

Além do revolucionário grafeno, a empresa brasileira está investindo fortemente em outras tecnologias inovadoras, como nióbio (na qual também é pioneira no mundo), DLC e polímero de fibras longas, tudo com a finalidade de tornar suas armas mais resistentes, duráveis e leves, deixando-as também praticamente imunes à corrosão.

Com isso, a Taurus pretende ocupar importantes nichos mercadológicos mundiais, pois pode oferecer um portfólio completo, adequado, tecnológico e com custo/benefício imbatível, capaz de atender as mais diversas necessidades das forças armadas e de segurança do planeta, além dos civis aficionados por esses tipos de armamento.

HE Khalid A. Al-Falih, Ministro do Investimento da Arábia Saudita, visita o estando da CBC & Taurus durante a 1ª edição do World Defense Show em Mar/22 em Riyadh, na Arábia Saudita

O CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, tem sido categórico ao afirmar, nas diversas lives e entrevistas de que participa, que o planejamento de cinco anos da Taurus visa torná-la a maior, melhor, mais sólida e mais rentável empresa de armamento leve do mundo. Para tanto - além de estar modernizando e ampliando em 50% sua fábrica no Brasil, expandindo a produção na unidade americana e se preparando para produzir na Índia - a multinacional brasileira está avançando a passos largos no mercado internacional, visando, principalmente, países com expressivo crescimento.

Assim, a empresa pratica a estratégica diversificação geográfica de suas vendas e passa a ter uma posição de proeminência em mercados com grande potencial, onde seu diferencial é oferecer soluções completas e de alta tecnologia. Portanto, Sul e Sudeste Asiático, África e Oriente Médio passaram a receber os esforços da área internacional da empresa, haja vista que são as regiões que melhor se enquadram em sua estratégia global.

1ª edição do World Defense Show - Mar/22 em Riyadh, Saudi Arabia

Dentro desse cenário, é possível entender a joint venture com o poderoso grupo Jindal na Índia (mercado capitalista com o maior potencial mundial de vendas de armas), bem como as duas vitórias históricas para o fornecimento do fuzil T4 para o Exército das Filipinas e de mais de 30 mil pistolas TS9 para a Polícia Nacional deste país, além de outras importantes vendas para 40 países, estas somente no 4T22.

Por fim, as considerações acima possibilitam entender também o estabelecimento de uma subsidiária na Arábia Saudita e o interesse da Taurus na região, haja vista que o mais rico, poderoso e estratégico país do Oriente Médio passou a desenvolver uma política industrial de defesa bastante similar à da Índia e em consonância com o planejamento estratégico da empresa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será submetido ao Administrador. Não serão publicados comentários ofensivos ou que visem desabonar a imagem das empresas (críticas destrutivas).

Postagem em destaque