- Embraer transforma sua
aeronave militar mais vendida em caçadora de drones, prometendo solução
econômica para ameaça global crescente.
- Esta matéria complemente a divulgada ontem (11).
*LRCA Defense Consulting - 12/11/2025 (atualizado em 13/11 às 08h46)
Em um cenário global onde
pequenos drones, outrora vistos como brinquedos ou ferramentas de nicho, podem
agora causar estragos de bilhões e representar uma ameaça direta à segurança
nacional, a Embraer anunciou uma novidade revolucionária de sua aeronave
militar de maior sucesso: o A-29 Super Tucano.
A plataforma, já consolidada
mundialmente, agora está equipada para caçar e neutralizar sistemas aéreos não
tripulados (UAS), oferecendo uma resposta brasileira inovadora e estratégica
para um dos maiores desafios de defesa do século XXI, sem paralelo mundial entre as aeronaves militares com comprovada experiência em combate real.
A ameaça que mudou tudo
A nova capacidade anti-drone do
Super Tucano surge em um momento crítico na geopolítica e na tecnologia
militar. Conflitos recentes, como os observados na Ucrânia, no Oriente Médio e nas escaramuças entre Índia e Paquistão,
demonstraram de forma inequívoca como drones, alguns até de baixo custo com
valores inferiores a US$ 1.000, podem infligir danos devastadores a alvos que
representam investimentos de milhões.
Um exemplo contundente dessa
nova realidade foi a "Operação Teia de Aranha" ucraniana, realizada
em junho de 2025, onde 117 drones foram empregados para atacar bases aéreas
russas, resultando em danos significativos a mais de 40 aeronaves. Esse evento ilustra
perfeitamente o dilema enfrentado pelas forças armadas modernas: abater um
drone de US$ 10.000 com um míssil de US$ 1 milhão, embora seja uma vitória
tática, representa uma clara derrota estratégica e econômica a longo prazo. O
Super Tucano Anti-drone chega para alterar fundamentalmente essa equação.
"Os desafios contínuos na
guerra moderna e os conflitos recentes em todo o mundo demonstraram a
necessidade urgente de soluções para combater drones", afirma Bosco da
Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança. "O A-29 é a
ferramenta ideal para neutralizar UAS de forma eficaz e a baixo custo."
Os números são impressionantes:
apenas no conflito russo-ucraniano, milhares de drones foram e estão sendo
utilizados para reconhecimento, coordenação de artilharia e ataques diretos a instalações, veículos, navios e tropas.
Estes dispositivos, muitas vezes baseados em tecnologia comercial adaptada,
representam uma ameaça assimétrica que obriga as forças militares tradicionais
a repensar e reestruturar suas estratégias de defesa de forma urgente.
Tecnologia brasileira
em ação: uma plataforma comprovada e adaptada
O Super Tucano Anti-drone não é
uma aeronave completamente nova, mas sim uma evolução inteligente e estratégica
de uma plataforma já amplamente comprovada. Com mais de 600.000 horas de voo
acumuladas, presente em 22 forças aéreas mundiais e com larga experiência em combate, a nova versão da aeronave
brasileira incorpora agora uma série de avanços tecnológicos que a tornam formidável
no combate a drones:
● Sensores
eletro-ópticos/infravermelhos (EO/IR):
para detecção e rastreamento preciso de alvos, mesmo em condições adversas ou
com pouca luminosidade.
● Enlaces de dados
específicos: para interagir com redes de comando/controle e receber coordenadas
de alvos de sistemas terrestres, permitindo uma resposta coordenada e
eficiente.
● Foguetes guiados a
laser: para neutralização precisa de
UAS, minimizando danos colaterais e otimizando o uso de armamento.
● Metralhadoras .50
montadas nas asas: para engajamentos
de baixo custo contra alvos menores ou em cenários onde a precisão de um
foguete não é a principal necessidade.
"Continuamos a expandir as
capacidades do A-29 para enfrentar os desafios mais recentes que muitas nações
enfrentam em todo o mundo", destaca Costa Junior, evidenciando a
estratégia contínua da empresa de manter sua principal plataforma militar
sempre relevante e à frente das ameaças emergentes.
O mistério do laser e o
futuro da energia dirigida
Um detalhe intrigante que
chamou atenção na divulgação da nova capacidade do Super Tucano foi a imagem
oficial da Embraer que parece mostrar a aeronave atacando drones com um canhão laser posicionado
sob a fuselagem. Como a empresa não forneceu informações sobre esta possibilidade, são esboçadas três hipóteses: um dispositivo laser apenas para "iluminação" do alvo (mais provável), uma
forte declaração de intenções com vislumbre do futuro da guerra aérea, ou, apenas potencialmente, um
projeto que já esteja em desenvolvimento.
Armas de energia dirigida, como os
lasers, oferecem uma vantagem estratégica significativa: a "munição infinita",
limitada apenas pela capacidade energética da aeronave, e um custo marginal
próximo de zero por disparo. Isso poderia revolucionar a economia da defesa
aérea contra enxames de drones, onde cada disparo de um míssil convencional se
torna proibitivamente caro.
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| Imagem da Embraer mostrando o A-29 atacando ou iluminando um drone com um canhão laser |
Vantagem competitiva
global e impacto nas forças armadas mundiais
A versatilidade operacional do
Super Tucano oferece vantagens únicas no cenário global de defesa.
Diferentemente de sistemas de defesa aérea fixos, que têm limitações
geográficas, a aeronave pode patrulhar vastas áreas, operar a partir de pistas
não pavimentadas ou improvisadas e responder rapidamente a ameaças emergentes
em locais remotos.
Para as 22 forças aéreas que já
operam o Super Tucano, a nova capacidade representa uma oportunidade de upgrade
natural e altamente estratégico. Países como Colômbia, Filipinas e Nigéria, que
historicamente enfrentam ameaças assimétricas crescentes, podem agora adicionar
missões anti-drone aos seus perfis operacionais existentes com uma plataforma
que já conhecem e confiam.
Recentemente, em julho de 2025,
o Paraguai recebeu as primeiras quatro aeronaves A-29 Super Tucano da Embraer,
parte de um pedido total de seis unidades. Essas
aeronaves estão configuradas especificamente para missões de ataque leve e
treinamento, equipadas com aviônicos digitais avançados, sistemas de defesa
robustos e capacidade de operar em pistas não pavimentadas. Esta aquisição
visa fortalecer as capacidades do Paraguai no combate ao tráfico de drogas e
outras ameaças assimétricas, sublinhando a aplicabilidade e relevância do Super
Tucano em desafios contemporâneos de segurança.
Desafios e limitações:
uma peça no quebra-cabeça da defesa em camadas
Apesar do potencial
revolucionário, há desafios inerentes à natureza do combate
a drones. Condições climáticas adversas, por exemplo, podem afetar
significativamente a eficácia dos sensores eletro-ópticos, um componente
crucial na detecção e rastreamento. Além disso, enxames muito numerosos de
drones ainda representam um desafio complexo para qualquer sistema individual,
por mais avançado que seja. A solução reside na
integração inteligente com outras plataformas de defesa, formando uma
arquitetura de segurança multicamadas.
É importante ressaltar que o
Super Tucano Anti-drone não é projetado para substituir sistemas de defesa
aérea tradicionais, mas sim para complementá-los de forma inteligente. Ele
preenche uma lacuna crítica, tornando-se a peça que faltava no complexo quebra-cabeça
da defesa em camadas contra a ameaça dos UAS.
O futuro da defesa
aérea: adaptação e liderança brasileira
A iniciativa da Embraer
sinaliza uma tendência maior e inegável na indústria de defesa global: a
adaptação e modernização de plataformas existentes para enfrentar as ameaças
emergentes de forma mais custo-efetiva. Com a proliferação acelerada de drones
em todo o mundo, soluções como o Super Tucano Anti-drone podem se tornar tão
essenciais e onipresentes quanto os radares e mísseis tradicionais já o são.
A empresa brasileira, que já se
destaca por exportar o Super Tucano para países em cinco continentes, agora
oferece uma solução para um problema universal, com impacto tanto em conflitos
de alta intensidade quanto em cenários de segurança interna e combate a
atividades ilícitas. Em um mundo onde a ameaça pode vir de um drone comercial
de US$ 500 operado por grupos terroristas ou de enxames sofisticados
controlados por potências militares, ter uma resposta econômica, eficaz e
versátil pode fazer a diferença entre a segurança e a vulnerabilidade de um
território.
Perspectivas e próximos
passos: o Brasil na vanguarda da defesa
O anúncio da Embraer chega em
um momento estratégico para a indústria de defesa brasileira e global. Com os
orçamentos de defesa mundiais sob constante pressão e as ameaças assimétricas
em crescimento exponencial, a demanda por soluções custo-efetivas e de alta
capacidade nunca foi tão expressiva. O Super Tucano Anti-drone posiciona o Brasil não
apenas como um fornecedor de tecnologia de defesa de ponta, mas também como um
competidor direto e relevante frente a gigantes americanos e europeus neste
segmento emergente.
Para a indústria de defesa
brasileira, esta inovação representa uma oportunidade clara de liderança em um
segmento emergente e crítico, com potencial de novas parcerias e exportações.
Para as forças armadas mundiais, oferece uma ferramenta estratégica que pode
redefinir como enfrentamos as ameaças aéreas do futuro, otimizando recursos e
aumentando a eficácia operacional.
A guerra dos drones apenas
começou, e ela é um fenômeno que moldará as estratégias de segurança por
décadas. Com o Super Tucano Anti-drone, o Brasil já mostrou que possui as armas
– e, crucialmente, a inteligência e a capacidade de adaptação – para vencer neste
novo campo de batalha.
Saiba mais:
- Enfim, surge o Super Tucano anti-drone: a nova arma brasileira para combater drones aéreos de forma eficaz e acessível