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17 setembro, 2025

Atech, da Embraer, assina contrato com a ATNS para modernizar a gestão do fluxo de tráfego aéreo na África do Sul

Imagem meramente ilustrativa

*LRCA Defense Consulting - 17/09/2025

A Atech, empresa do Grupo Embraer, e a Air Traffic and Navigation Services (ATNS), entidade estatal responsável pela navegação aérea na África do Sul, assinaram um contrato para substituir seu atual sistema de Gerenciamento de Fluxo de Tráfego Aéreo (ATFM). A solução será implantada no principal Centro de Controle de Tráfego Aéreo (ATC) do Aeroporto Internacional OR Tambo, em Joanesburgo, e incluirá um centro de desastres e recuperação para garantir a continuidade operacional, bem como um ambiente de treinamento e simulação para treinamento de pessoal e testes do sistema. 

A África do Sul realiza aproximadamente 283.000 voos por ano, conectando mais de 20 destinos domésticos e 35 internacionais, e é um dos principais centros de transporte aéreo do continente africano. O novo sistema aprimorará o planejamento e a coordenação do espaço aéreo, equilibrando proativamente o número de voos programados com a capacidade disponível dos aeroportos e setores. Isso permite respostas mais precisas a fatores como clima, obras ou restrições operacionais, permite ajustes de cronograma em coordenação com companhias aéreas e aeroportos, reduz atrasos e aumenta a previsibilidade e a segurança operacional. 

“Este novo contrato com a ATNS reforça nossa estratégia de expansão internacional e o compromisso da Atech em fornecer soluções de gestão de tráfego aéreo de alto impacto. O novo sistema resultará em um ambiente operacional mais eficiente, resiliente e previsível, proporcionando benefícios tangíveis para passageiros, companhias aéreas e aeroportos, além de melhorar a competitividade do sistema de aviação civil da África do Sul”, afirmou Rodrigo Persico, CEO da Atech. 

O novo sistema ATFM segue as diretrizes do documento 9971 da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e incorpora ferramentas de balanceamento de demanda e capacidade (DCB) e tomada de decisão colaborativa (CDM) para uso nas fases pré-tática e tática. Além disso, a gestão de slots em aeroportos permitirá que as companhias aéreas negociem horários e enviem intenções de voo com antecedência, facilitando o planejamento estratégico do espaço aéreo. 

O sistema ATFM também inclui painéis em tempo real para monitoramento de operação e indicadores-chave (KPIs) para avaliação pós-análise; coordenação de medidas ATFM transfronteiriças com Regiões de Informação de Voo (FIRs) vizinhas, permitindo a integração com uma rede multinodal ATFM. 

O contrato inclui um Sistema de Plano de Voo Inicial e Integrado (IFPS), em conformidade com os requisitos do EUROCONTROL, resultando na redução do tempo de processamento do plano de voo e do trabalho manual. Outros recursos do novo sistema incluem um Sistema de Gestão e Coordenação do Espaço Aéreo (AMCS) para processamento do Uso Flexível do Espaço Aéreo (FUA) nos níveis estratégico, pré-tático e tático, e um Sistema de Gestão de Fluxo UTM (UTFM), responsável pela gestão e coordenação do espaço aéreo UTM para ATNS. 

O contrato tem duração prevista de dois anos, com conclusão prevista para o terceiro trimestre de 2027. 

Sobre a Atech
A Atech, empresa do Grupo Embraer, desenvolve, integra e implementa sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo no Brasil e no exterior, em conformidade com as normas da ICAO. Com expertise em engenharia e integração de sistemas críticos, a empresa atende a diferentes cenários operacionais, incluindo aplicações no setor de defesa, entregando soluções que priorizam segurança, confiabilidade e inovação. 

Sobre a ATNS
A Air Traffic and Navigation Services SOC Limited oferece controle de tráfego aéreo, navegação, treinamento e serviços relacionados na África do Sul e em partes do Oceano Índico Meridional e Atlântico, cobrindo aproximadamente 6% do espaço aéreo mundial. A ATNS opera a partir de nove aeródromos da Airports Company South Africa (ACSA) e mais 12 locais, e está entre as 10 principais empresas sul-africanas com maior representação feminina em níveis executivos.

 

 

Portugal assina aditamento para aquisição do sexto KC-390 Millennium e inclusão de dez novas opções de compra


*LRCA Defense Consulting - 17/09/2025

A Embraer e o Estado português assinaram hoje o aditamento ao contrato vigente para a aquisição da sexta aeronave KC-390 Millennium e a inclusão de dez novas opções de compra para potenciais aquisições por futuras nações parceiras. O acordo insere-se no processo de modernização das capacidades da Força Aérea Portuguesa (FAP), com o objetivo de apoiar as operações das Forças Armadas e aumentar a prontidão em missões de interesse público. 

“A aquisição do sexto KC-390 reforça significativamente as capacidades estratégicas e operacionais da Força Aérea Portuguesa, aumentando substancialmente a disponibilidade de transporte tático e logístico. Esta expansão da frota dota Portugal de uma plataforma robusta e flexível, permitindo uma resposta rápida e eficaz a um amplo espectro de missões, abrangendo tanto operações militares como apoio civil de emergência, a nível nacional e internacional. Além disso, a adenda ao contrato, que inclui dez opções de compra, fortalecerá a Base Aérea n.º 11 como um centro de treino especializado, consolidando-a como um centro de excelência para a formação de pilotos e operadores do KC-390. Notavelmente, como o primeiro membro da NATO a operar esta aeronave, Portugal beneficia da avançada experiência do seu pessoal da Força Aérea, essencial para a partilha de conhecimentos e a cooperação com outros operadores aliados”, afirmou o General João Cartaxo Alves, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa. 

"A assinatura deste contrato, o primeiro do gênero por um operador, demonstra o reconhecimento da qualidade, eficiência operacional e capacidade multimissão das nossas aeronaves", disse Bosco da Costa Júnior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. "Portugal se torna uma referência para as nações europeias e membros da OTAN que buscam uma aeronave de última geração para equipar e modernizar suas frotas." 

Desde que entrou em operação na Força Aérea Brasileira em 2019, na Força Aérea Portuguesa em 2023 e na Força Aérea Húngara em 2024, o KC-390 Millennium comprovou sua capacidade, confiabilidade e desempenho. A frota atual em operação demonstra produtividade excepcional em sua categoria. Até o momento, esta aeronave do século XXI foi escolhida por 11 Forças Aéreas em todo o mundo, incluindo oito países europeus e sete membros da OTAN. 

O KC-390 Millennium pode transportar mais carga útil (26 toneladas) em comparação com outras aeronaves de transporte militar de médio porte e voa mais rápido (470 nós) e por distâncias maiores, sendo capaz de realizar uma ampla gama de missões, como transporte e lançamento de carga e tropas, evacuação médica, busca e salvamento (SAR), combate a incêndios e missões humanitárias, operando em pistas temporárias ou não pavimentadas, como terra compactada, solo e cascalho. A aeronave também pode ser configurada com equipamento de reabastecimento ar-ar (AAR), tanto como reabastecedor quanto como receptor, neste caso recebendo combustível de outro KC-390, utilizando pods instalados sob as asas.

16 setembro, 2025

Veto espanhol a armas israelenses cancela o Sistema PULS. O Avibras ASTROS ainda seria uma opção?


*LRCA Defense Consulting - 16/09/2025

A Espanha anunciou o cancelamento do contrato de €700 milhões para a aquisição do sistema de lançamento múltiplo de foguetes PULS (SILAM), desenvolvido sob licença da israelense Elbit Systems, conforme destaca matéria do site turco especializado SavunmaSanayiST.com. A medida faz parte de um plano abrangente do Ministério da Defesa espanhol para eliminar gradualmente sistemas militares com origem ou componentes israelenses, restringindo contratos diretos e produtos licenciados, com objetivo de acelerar a redução da dependência tecnológica do país em relação a Israel.

Plano de independência de Israel focado em Indra e Escribano
O programa de separação prioriza especialmente duas empresas-chave do setor de defesa espanhol: a Indra, que oferece alternativas tecnológicas, e a Escribano, voltada a soluções de artilharia e munição. A primeira fase do plano será identificar se há equipamentos e sistemas produzidos internamente capazes de manter as atuais capacidades militares. Caso não sejam encontrados produtos adequados na Espanha, a prioridade será buscar aquisições no exterior, com foco em fornecedores europeus.

ASTROS volta a ser lembrado como opção 
Apesar de não haver uma decisão formal para substituir o PULS, o sistema brasileiro ASTROS, da Avibras, surge entre as possibilidades citadas em análises de mercado, tendo participado anteriormente de processos licitatórios espanhóis. Em parcerias recentes, a Avibras uniu-se à espanhola NTGS e à britânica Milanion para produzir o ASTROS localmente, caso sua proposta fosse selecionada pelo país. Essa cooperação futura visava garantir elevado conteúdo nacional e industrialização na Espanha, um fator alinhado com os esforços de autonomia do bloco europeu em defesa.

No contexto dessa parceria, especula-se que, no cenário atual, poderia ser oferecida à Espanha não apenas a versão atual do ASTROS, mas também versões modernizadas como o ASTROS II AFC ou até o ASTROS III.

O ASTROS II AFC (Astros II Advanced Fire Control) representa uma evolução da plataforma tradicional, com sistema de comando e controle aprimorado, integração de sensores modernos e maior capacidade de coordenação entre lançadores. Isso traz maior rapidez na aquisição e engajamento de alvos, além de ampliar a interoperabilidade com outros sistemas de defesa, pontos críticos para as necessidades espanholas.

O ASTROS II AFC pode operar isoladamente ou em seção, sendo que sua lançadora possui maior poder de fogo e capacidade de calcular os elementos de tiro, efetuar o disparo e buscar abrigo (“Shoot & Scoot”), minimizando a exposição do Sistema AFC. Tais avanços tecnológicos colocam o ASTROS em nível competitivo com os mais modernos sistemas de lançamento de mísseis e foguetes, como o HIMARS americano, o Chunmoo sul-coreano ou o próprio PULS israelense.

Já o ASTROS III, ainda em projeto, é uma nova geração do sistema, com melhorias significativas em alcance, precisão e versatilidade operacional. Essa versão é baseada em viatura 8x8, que terá o dobro do poder de fogo do ASTROS II AFC e acumulará todo o legado tecnológico do ASTROS MK6, lançando foguetes balísticos, foguetes guiados, mísseis balísticos e mísseis táticos de cruzeiro.

A possibilidade de oferecer ao mercado espanhol tecnologias atualizadas poderia fortalecer a candidatura do ASTROS, ao apresentar uma solução que alia flexibilidade operacional, modernidade e potencial de produção integrada na Espanha, crucial diante das prioridades de autonomia e substituição impostas pelo veto a sistemas israelenses.

ASTROS III

Questões tecnológicas, situação da Avibras e oportunidade para a Espanha
Segundo as informações públicas disponíveis, não há evidências de que o sistema ASTROS incorpore componentes ou tecnologias israelenses, o que favoreceria sua aceitação dentro dos critérios estabelecidos pela Espanha. Ainda assim, pela natureza sigilosa dos sistemas militares, essa conclusão permanece limitada e não deve ser encarada como absoluta.

Apesar de o ASTROS estar tecnicamente consolidado como um dos sistemas de foguetes de artilharia mais flexíveis do mercado, a própria fabricante brasileira enfrenta sérios desafios. A Avibras permanece em processo de recuperação judicial e, de acordo com informações recentes, seu retorno parcial às operações está previsto apenas para outubro de 2025.

Esse cenário complica qualquer perspectiva imediata de exportação em larga escala. Mesmo que a Espanha optasse futuramente por reabrir uma concorrência internacional, a situação financeira e operacional da Avibras seria um fator crítico a ser analisado, tanto em termos de capacidade produtiva quanto de confiabilidade na entrega. A incerteza sobre o ritmo de retomada da produção e a necessidade de investimentos adicionais podem representar riscos para o cumprimento de prazos e especificações contratuais, aspectos fundamentais em processos de defesa.

Contudo, essa conjuntura delicada também pode ser interpretada como uma excelente oportunidade para a indústria de defesa espanhola. O potencial desenvolvimento do ASTROS diretamente na Espanha, em parceria com a Avibras e seus aliados europeus, permitiria a criação de um produto novo e tecnologicamente moderno, adaptado às necessidades específicas das Forças Armadas espanholas e europeias.

Além disso, a situação atual da Avibras pode facilitar negociações comerciais com condições mais vantajosas, possibilitando custos menores na aquisição e produção do sistema. Essa condição, aliada à transferência de tecnologia e à participação das empresas espanholas e britânicas na parceria, poderia fomentar a geração de empregos qualificados e fortalecer o complexo industrial de defesa local, moldando um sistema competitivo e alinhado às políticas de autonomia estratégica da União Europeia.

Assim, enquanto os desafios financeiros e operacionais da Avibras trazem incertezas, eles também podem abrir caminho para uma colaboração industrial mais produtiva e integrada, que beneficiaria tanto a Espanha quanto o futuro do sistema ASTROS no mercado internacional.

Avaliação e próximos passos
Atualmente, o Ministério da Defesa da Espanha mantém como prioridade máxima a substituição interna das plataformas israelenses, com a indústria nacional e europeia como foco primário. Caso não se obtenha sucesso nesta fase, só então se definirá o caminho para a aquisição de fornecedores internacionais fora do continente.

Mesmo considerando as incertezas associadas à Avibras, tal condição pode representar uma janela estratégica para a Espanha, agregando valor industrial, tecnológico e econômico ao processo de substituição dos sistemas de artilharia, sem perder de vista o compromisso político de autonomia e independência tecnológica.

O embargo espanhol a Israel e o consequente cancelamento do PULS marcam um momento estratégico para a redefinição do parque tecnológico das Forças Armadas espanholas, com reflexos no mercado global de defesa. O ASTROS, um exitoso fruto da experiência tecnológica da Avibras, permanece uma alternativa possível num horizonte ainda distante, especialmente nos cenários de uma recuperação plena da empresa e de uma eventual nova parceria com a espanhola NTGS e a britânica Milanion. 

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