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27 dezembro, 2025

Centauro II-BR: Defesa brasileira avança rumo à produção nacional de blindados sobre rodas

 


*LRCA Defense Consulting - 27/12/2025

O Exército Brasileiro (EB) está prestes a dar um dos passos mais significativos em sua modernização terrestre nas últimas décadas. Conforme apuração da CNN Brasil, a assinatura do contrato para aquisição da Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) Centauro II-BR está prevista para ocorrer entre fevereiro e maio de 2026. O acordo, que envolverá a Iveco Defence Vehicles (IDV) e a Oto Melara, integrantes do consórcio italiano CIO, marca o início de uma nova era para a indústria nacional de defesa, com ampla transferência de tecnologia e produção local.

Produção em território nacional
A montagem final dos veículos será realizada na fábrica da IDV em Sete Lagoas, Minas Gerais, onde atualmente são produzidos os blindados Guarani 6x6. O plano industrial prevê que, a partir de 2027, os cascos e as torres do Centauro II passem a ser fabricados inteiramente no Brasil, integrando uma cadeia de fornecedores nacionais. O programa contempla 96 unidades do blindado 8x8, totalizando um investimento da ordem de R$ 5 bilhões, com entregas previstas até 2033.

A decisão faz parte de uma política de autonomia estratégica da Força Terrestre, que busca reduzir a dependência externa em veículos e munição de grosso calibre. Segundo fontes do Exército, cerca de 60% dos componentes poderão ser nacionalizados ao longo dos primeiros lotes de produção.

Transferência de tecnologia e armamento
Um dos pontos-chave do contrato é o pacote de transferência de tecnologia. A operação inclui o know-how de fabricação de munições de 120 mm — incluindo tipos APFSDS, HE e programáveis —, além de sistemas de controle de tiro, eletrônica embarcada, optrônicos e integração de sensores.

A IMBEL já trabalha em conjunto com a Comissão do Exército responsável pelo projeto para absorver parte dessa tecnologia, especialmente na fabricação local de munição e rádios criptografados, como o sistema Mallet. Paralelamente, o Exército lançou consulta pública para a aquisição de munições de 120 mm, preparando o terreno para o início da produção sob licença no país.

Impacto estratégico e industrial
O Centauro II-BR será o substituto do histórico EE-9 Cascavel, em operação desde a década de 1970. Mais potente, com canhão de 120 mm e mobilidade superior, o veículo coloca o Brasil no mesmo patamar de exércitos europeus em termos de capacidade de combate sobre rodas.

Para além do ganho operacional, o acordo é visto como um impulsionador do setor industrial de defesa. Especialistas apontam que essa parceria poderá abrir portas para exportações futuras e consolidar o país como referência regional em blindados fabricados localmente.

Segundo analistas ouvidos pela CNN e por publicações especializadas como Tecnodefesa e DefesaNet, o Brasil caminha para uma nova fase de independência tecnológica, em que acordos de compensação industrial (offsets) assumem papel estratégico no fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID).

Próximos passos
Com a assinatura do contrato esperada até o primeiro semestre de 2026, os dois protótipos atualmente em testes no Brasil servirão de base para ajustes finais e treinamento de pessoal. As primeiras unidades de série devem começar a ser entregues em 2027, coincidindo com a consolidação da linha de produção nacional.

Caso o cronograma seja mantido, o Centauro II-BR não será apenas um novo blindado nas fileiras do Exército — mas um símbolo da reindustrialização de defesa, unindo soberania, tecnologia e oportunidade econômica para o país.

26 dezembro, 2025

EMADS: Brasil negocia sistema antiaéreo de padrão OTAN para proteger SP, Brasília e Amazônia

 
*LRCA Defense Consulting - 26/12/2025

O Brasil está avançando em negociações com a Itália para adquirir o sistema antiaéreo EMADS, abandonando o Akash indiano em busca de tecnologia de ponta. O Exército Brasileiro prioriza o Enhanced Modular Air Defense Solutions (EMADS), da MBDA, para cobrir lacunas em defesa de média altitude, integrando mísseis CAMM, que são comuns às fragatas Tamandaré.​​

Negociações bilionárias com MBDA
O contrato em discussão pode ultrapassar US$ 1 bilhão, com foco inicial em duas baterias de artilharia antiaérea equipadas com 96 mísseis cada, destinadas a Jundiaí (SP), Brasília e região Norte amazônica. Essa aquisição representa um salto tecnológico para o Brasil, elevando o teto de interceptação de 3.000 metros para cerca de 20 km de altitude, combatendo drones de alta altitude e mísseis de cruzeiro. A escolha pela Itália garante logística compartilhada com a Marinha, via mísseis CAMM-ER do Sea Ceptor nas Tamandaré.

Ruptura com a Índia e motivos técnicos
As tratativas com empresas indianas como BDL e BEL foram congeladas após o Brasil rejeitar versões antigas do Akash, que não atendiam demandas por transparência tecnológica e desempenho contra ameaças modernas de baixa altitude. O EMADS destaca-se pelo lançamento vertical "soft" (ejeção a frio), seeker radar ativo "fire-and-forget" e alcance de 40-50 km, superando o Akash em cenários de guerra híbrida com enxames de drones. 

O seeker radar ativo "fire-and-forget" é um sistema de guiamento onde o míssil possui seu próprio radar miniaturizado (seeker) que emite e recebe sinais independentes, permitindo que ele detecte, acompanhe e atinja o alvo de forma autônoma após o lançamento, sem necessidade de orientação contínua da plataforma lançadora.  

Relatos indicam que houve relutância indiana em transferir tecnologias israelenses integradas às versões mais novas do Akash-NG.

Sinergia naval e offsets para Embraer
As fragatas Tamandaré, em construção avançada no Estaleiro Brasil Sul (F200 em pico de produção, F202 em montagem de blocos), usarão a mesma família CAMM, otimizando treinamento e suprimentos entre Forças Armadas. Um pilar da negociação é o offset tecnológico: transferência para a Embraer Defesa & Segurança produzir radares avançados domesticamente, ampliando parcerias existentes como o SABER M200 Vigilante. O governo brasileiro busca um acordo governo a governo para agilizar suporte de longo prazo.

Implicações estratégicas para o Brasil
O EMADS integra radares AESA como o Giraffe, com arquitetura modular "plug-and-play" compatível a redes OTAN via Link 16, protegendo ativos econômicos em SP, a capital federal e fronteiras amazônicas. Essa pivotagem reflete a prioridade por sistemas comprovados em operações NATO, como o Land Ceptor britânico de 2018, em meio a ameaças crescentes de drones e mísseis de precisão na América Latina. Para a indústria brasileira, o negócio impulsiona a soberania via produção local de sensores.

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