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19 março, 2024

JD Taurus: operação na Índia poderá mudar as perspectivas da Taurus Armas

 


*LRCA Defense Consulting - 19/03/2024

No dia 16 de março, a Taurus Armas S.A. informou que a JD Taurus - sua unidade fabril na Índia em joint venture (JV) com a Jindal Defence - iniciou suas operações, com produção de armas civis e, mediante demanda, com armas destinadas aos mercados militar, policial e paramilitar indianos.

Impacto para a Taurus Armas: EBITDA e dividendos
Desde que a joint venture foi formada, uma das questões mais recorrentes se prende à determinação de qual será o impacto que a unidade fabril indiana poderá produzir na Taurus Armas, especialmente no que tange a resultados financeiros.

No release distribuído à imprensa brasileira e internacional, a empresa afirmou que sua capacidade inicial de produção é de 250 mil armas/ano, podendo ser expandida facilmente em caso de alta demanda, especialmente se vencer a megalicitação de fuzis em curso para o Exército Indiano ou outra licitação de grande porte. Essa possibilidade de expansão se deve ao fato de a fábrica estar situada dentro de um terreno total bem maior. Além disso, visando o prestígio a empresas locais, uma parte da produção está sendo terceirizada, pelo menos inicialmente, fazendo com que a necessidade de espaço interno fabril seja menor.

Em ocasiões anteriores, a Taurus havia afirmado que a capacidade inicial total de produção é de 1.500 armas/dia, sendo em torno de 1.000/1.150 armas civis/dia, conforme demanda, e o restante destinada, em princípio, a armas táticas. 

Assim, após iniciada a operação fabril e com os dados de produção confirmados, é possível realizar uma estimativa do referido impacto, no caso de a produção prevista para um ano ser totalmente cumprida e vendida. 

Para tanto, está sendo considerado que o ticket médio (TM) de venda seja de US$ 900,00, um valor bastante conservador em vista dos preços praticados na Índia para pistolas e revólveres, mesmo que de qualidade e tecnologia visivelmente inferior às armas da JD Taurus.

Em consequência, se as 250 mil armas/ano forem totalmente vendidas com um TM de US$ 900,00, o total seria de US$ 225 milhões. Como a Taurus tem 49% da JV e não tem custos, receberia US$ 110,25 milhões ou, ao câmbio de hoje, cerca de R$ 551,25 milhões praticamente limpos, o que significaria um poderoso incremento em seu EBITDA e na capacidade de pagar um alto valor em dividendos. 

Caso a produção/venda seja total na Índia, ou seja, de 1.500 armas/dia, redundaria em uma quantidade anual de 375.000 armas, superior ao número (recorde) de 366.000 armas vendidas no mercado brasileiro em 2022.

Licitações para o mercado governamental
No tocante às armas táticas, além da megalicitação de 425 mil fuzis para o Exército indiano, que está em curso e com conclusão prevista para breve, a JD Taurus já está participando de mais duas.

A primeira é uma licitação do Exército Indiano para a compra de 550 submetralhadoras, em que a JD Taurus T9 (JD Taurus) e a ASMI 9x19mm MP (Lokesh Machines Limited - LML)  foram as duas classificadas para prosseguirem para a segunda fase (avaliação financeira), sendo rejeitadas, na avaliação técnica, armas de conceituados fabricantes internacionais: Tanfoglio CBR-9/TCMP, IWI UZI Pro, G72 9mm SMG, CZUB CZ Scorpion e B&T MP-9.

A segunda é uma licitação para fornecer 618 pistolas TS9 para a Força de Segurança Especial do estado de Uttar Pradesh.

Em ambas, a JD Taurus tem excelentes chances.

A visão estratégica do CEO Global da Taurus
Desde que firmou o contrato de joint venture com o Grupo Jindal, em fevereiro de 2020, o CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, afirmou inúmeras vezes, em palestras, lives e comunicados, que a operação na Índia poderia mudar as perspectivas de sua empresa.

No entanto, foi em dezembro de 2022, quando já havia passado a pandemia, que a JV começou a tomar forma prática, com a aceleração da construção dos prédios e da instalação dos equipamentos na unidade fabril situada na cidade de Hisar, no estado indiano de Haryana, não por coincidência também sede da Jindal Stainless Steel (JSL Hisar), maior produtora de aço inoxidável da Índia. 

Nesse mesmo mês, durante um evento com investidores na fábrica de São Leopoldo, Salesio afirmou, com grande entusiasmo, que a Índia representa uma oportunidade ainda muito maior e mais perene do que aquela que a empresa teve no ano de 2021, quando a Taurus percebeu e se preparou a tempo para a impressionante e inédita demanda que viria nos EUA, aproveitando-a ao máximo e fazendo de 2021 o melhor ano da história da companhia.

Com o início das operações fabris e a confirmação dos números possíveis de serem alcançados na Índia, a visão estratégica do CEO Global da Taurus está se tornando uma realidade, com a fábrica indiana podendo vir a se constituir em um novo divisor de águas para a multinacional brasileira, assim como já o foram, anteriormente, a sua venda para a CBC, a assunção da equipe dirigente liderada por Salesio Nuhs e o turnaround "de livro" que esta implementou na empresa.

Saiba mais:

- Na Índia, JD Taurus inicia produção de lotes-piloto de suas armas Made in India

- Pronta para iniciar sua operação na Índia, JD Taurus ativa seu site e informa as armas a serem produzidas

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