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15 junho, 2025

Eve Air Mobility e Revo aceleram a Mobilidade Aérea Urbana com contrato de R$ 1,39 bilhão

 

*LRCA Defense Consulting - 15/06/2025

A Eve Air Mobility, uma empresa da Embraer, anunciou hoje a assinatura de seu primeiro contrato firme com a Revo, operadora de mobilidade aérea urbana (UAM) sediada em São Paulo, Brasil, e sua controladora, a Omni Helicopters International S.A. (OHI). 

O acordo define a estrutura da compra de até 50 aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL), além de soluções completas para entrada em operação e suporte pós-venda. Este marco representa a transição da Eve do desenvolvimento para a execução, consolidando sua posição como líder global em soluções para mobilidade aérea urbana (UAM) de nova geração. 

“Este contrato com a Revo e a OHI é um passo fundamental para a Eve, demonstrando a crescente confiança do mercado em nossa tecnologia e modelo operacional”, afirma Johann Bordais, CEO da Eve. “Ao avançarmos do conceito para a implementação, estamos não apenas impulsionando nosso plano comercial, mas também contribuindo para a construção de um ecossistema robusto e sustentável de mobilidade aérea urbana, estabelecendo um novo padrão global para a adoção dos eVTOLs.” 

O acordo reforça o compromisso da Eve com a Revo e a OHI, contemplando tanto as aeronaves quanto uma plataforma abrangente de serviços integrados, incluindo o portfólio TechCare da Eve, voltado à máxima eficiência operacional e suporte ao cliente. A Revo será a pioneira no lançamento dos eVTOLs da Eve, na sua operaçãoem São Paulo, com a primeira entrega prevista para o quarto trimestre de 2027. Reconhecida como um dos mercados mais dinâmicos e avançados do mundo em mobilidade aérea, São Paulo conta com mais de 400 helicópteros registrados e cerca de 2 mil decolagens e pousos diários. 

“Atribuímos a escolha da Eve Air Mobility à maturidade do projeto, à estrutura completa de suporte e à excelência da Embraer no setor aeroespacial”, destaca João Welsh, CEO da Revo. “Essas aeronaves serão fundamentais para viabilizar nosso projeto de transformar a mobilidade oferecida pela Revo, proporcionando uma solução segura, sustentável e escalável, capaz de conectar as pessoas e elevar o padrão de conveniência para nossos clientes.” 

A Revo, controlada pela OHI, atualmente opera uma solução de mobilidade porta a porta, integrando serviços de carro e bagagem a voos regulares de helicóptero entre pontos estratégicos do sudeste brasileiro. Entre essas operações, destacam-se os voos diários conectando a Zona Sul de São Paulo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), uma rota que, por vias terrestres, pode demandar entre 1h30 e 3 horas, mas cuja duração é reduzida para aproximadamente 10 minutos utilizando o transporte aéreo. Com a introdução dos eVTOLs da Eve, essas operações passarão a ser totalmente elétricas e sustentáveis, proporcionando uma experiência superior ao cliente e apoiando as metas da cidade para um transporte mais sustentável. 

“A incorporação de até 50 eVTOLs da Eve Air Mobility à nossa frota fortalece ainda mais nossa trajetória de diversificação e liderança na chamada economia de baixa altitude”, afirma Jeremy Akel, CEO Global do grupo Omni Helicopters International. “Nossa parceria com a Eve evidencia a visão compartilhada de tornar realidade ideias revolucionárias de mobilidade, transformando a forma como as pessoas se deslocam nas cidades.” 

Este contrato consolida e amplia a colaboração estratégica entre Eve, OHI e Revo, que já inclui acordos anteriores para aquisição de aeronaves, soluções de serviços e simulações bem-sucedidas de gerenciamento de tráfego aéreo urbano utilizando o software Vector da Eve. O acordo também assegura acesso ao Eve TechCare, uma plataforma integrada de suporte operacional desenvolvida para otimizar as operações dos eVTOLs e maximizar o desempenho das frotas. 

“Nossa aeronave foi projetada para integrar-se perfeitamente aos sistemas de transporte existentes, oferecendo aos operadores uma conexão essencial para completar a jornada dos passageiros”, explica Megha Bhatia, CCO da Eve. “Nossa solução permite que a Revo e outros operadores ofereçam o último trecho do serviço, como transfers entre aeroportos e centros urbanos, em uma fração do tempo habitual. Trata-se de uma opção segura, eficiente e inovadora, que amplia a conectividade e reinventa a mobilidade aérea urbana para operadores e seus clientes.”

Sobre a Omni Helicopters International 
A Omni Helicopters International S.A. (OHI), fundada em Portugal nos anos 90, é líder no setor de soluções de mobilidade aérea e entregas na América Latina. Como o maior provedor desses serviços na região, a OHI atende a diversos grupos de clientes em múltiplos segmentos, oferecendo soluções eficientes e integradas. 

Por meio de suas subsidiárias Omni Táxi Aéreo no Brasil, Omni Helicopters Guyana Inc., e Omni Helicopters International Mozambique, a OHI oferece capacidade e expertise incomparáveis para atender clientes offshore nos mercados de energia offshore que mais crescem no mundo. O extenso portfólio da empresa inclui Troca de Tripulação, Serviços Médicos de Emergência (EMS), Combate a Incêndios, Operações de Busca e Salvamento, além de serviços especializados de Carga e Utilidade em locais remotos e desafiadores. 

Em linha com seu compromisso com inovação e sustentabilidade, a OHI lançou duas iniciativas revolucionárias: a OHI Unmanned, uma divisão especializada em serviços com veículos aéreos não tripulados (UAV), e a Revo, uma provedora premium de soluções de mobilidade aérea avançada (AAM). 

13 junho, 2025

Argélia e Marrocos: Su-57 e F-35 frente a frente no Norte da África? Embraer C-390 poderá estar presente

Imagem meramente representativa

*LRCA Defense Consulting - 13/06/2025

A Rosoboronexport, agência de exportação russa, confirmou em novembro de 2024, durante o Zhuhai Airshow, a assinatura do primeiro contrato de exportação do seu caça de quinta geração Su-57E, e, em fevereiro de 2025, durante o Aero India, reiterou que as entregas começariam este ano.

O contrato, supostamente assinado em 2021, prevê a entrega de 14 caças Su-57E, com seis unidades em 2025, seis em 2026 e duas em 2027. Pilotos e equipes de manutenção argelinos já estão em treinamento na Rússia, indicando que as entregas são iminentes. A aquisição é vista como uma resposta à modernização das forças aéreas de países vizinhos, como o Marrocos, que está atualizando seus F-16 para o padrão Block 70 e pode adquirir o F-35.

Por outro lado, há fortes indicações de que o vizinho Marrocos esteja avançando para adquirir caças F-35 Lightning II dos Estados Unidos. Notícias de 2024 e 2025, incluindo do jornal israelense Identité Juive e de outras publicações especializadas em defesa, como Times Aerospace e Military Africa, afirmam que Marrocos está próximo de se tornar o primeiro país árabe e africano a adquirir esses caças furtivos de quinta geração. O acordo, estimado em cerca de US$ 17 bilhões ao longo de 45 anos, inclui a compra e manutenção de 32 unidades do F-35. Do ponto de vista de Marrocos, isso representaria um salto considerável em termos de capacidades.

Ainda do lado marroquino, dois novos Gulfstream 350 ISRs, usados ​​em missões de reconhecimento, também estariam em desenvolvimento. "Integrados pela L3 Systems com os sistemas israelenses da Elta, em sua fábrica em Greenville, Texas, e com os dois novos satélites espiões israelenses, os Gulfstream 350 ISRs permitiriam ao Marrocos monitorar seu vizinho e rival geopolítico, em particular a Argélia."

Se o Marrocos tem os F-16 e poderá ter os F-35, a Argélia tem os Su-57, os Sukhoi Su-30 (havendo informes que teria comprado Sukhois Su-34 ou 35) e os MIG-29. O marroquino tanque Abrams enfrenta o argelino T-90S e o sistema antiaéreo Patriot está sendo contrabalançado pelo S-400 Triumf. Para além disso, Argel tem uma vantagem no domínio marítimo - onde, por exemplo, tem até seis submarinos mobilizados, contra nenhum de Marrocos (embora haja rumores de que o reino Alawi planeja adquirir tais embarcações em breve) - e, em termos quantitativos, possui, no geral, mais equipamentos mobilizados do que o seu vizinho.

Assim, a aquisição do caça russo Su-57 pela Argélia e o provável anúncio da compra do F-35 pelos Marrocos representam um novo estágio da rivalidade estratégica entre esses dois países do Magreb, com implicações relevantes tanto regionais quanto geopolíticas.

Implicações geopolíticas
A aquisição do Su-57 pela Argélia representa um alinhamento estratégico com a Rússia e, indiretamente, com o bloco China-Irã, sendo um desafio aberto à hegemonia tecnológica e política dos EUA e da OTAN na região do Magreb.

A compra reforça a postura defensiva/agressiva da Argélia frente ao Marrocos e aos seus aliados ocidentais, com o uso do Su-57 - uma aeronave versátil e poderosa - sendo um elemento de dissuasão no Sahel.

A se confirmar a aquisição dos F-35 pelo Marrocos, o fato reforçará o alinhamento estreito do país com os EUA e Israel, além de consolidá-lo como membro informal do eixo ocidental no Norte da África. O o Marrocos, apostando  na superioridade tecnológica e furtividade do F-35, integra-se mais à estrutura de segurança ocidental.

Se realmente for efetivada, a venda marcará a confiança estratégica americana e de Israel no Marrocos como parceiro estável na contenção da Rússia, Irã e mesmo da China na região, podendo alterar o equilíbrio militar regional e aumentar a pressão sobre a Argélia. 

Aspectos econômicos e logísticos
O Su-57 é mais barato por unidade que o F-35, mas vem com desafios logísticos, sobretudo devido às sanções sobre a Rússia, que podem impactar peças de reposição, manutenção e suporte técnico. Tais aeronaves são interoperáveis com sua frota de Su-30 e MIG-29 (a compra de Su-34 e/ou Su-35 não foi confirmada).

O F-35, embora caro, faz parte de uma rede integrada global, com acesso contínuo a upgrades e interoperabilidade com aliados da OTAN que estão próximos, bem como com suas aeronaves F-16. Além isso, sua Força Aérea poderá dispor de mais do que o dobro de caças de quinta geração em relação à vizinha Argélia. Tais fatos representam uma vantagem significativa para o Marrocos.

Imagem meramente representativa

Impacto regional e equilíbrio militar
A dinâmica de uma corrida armamentista no Magreb amplia o risco de escalada militar entre Argélia e Marrocos e do risco de confronto indireto ou por procuração, sobretudo em áreas instáveis como o Saara Ocidental, Mali e Líbia.

Os países vizinhos (Tunísia, Mauritânia, Níger) podem ser pressionados a tomar partido ou modernizar suas próprias capacidades defensivas.

Por fim, o fato pode aumentar a militarização da costa mediterrânea africana, o que também é relevante para a Europa.

Declaração estratégica de alinhamento geopolítico
A compra do Su-57 pela Argélia e do F-35 pelo Marrocos é mais que uma simples modernização militar — é uma declaração estratégica de alinhamento geopolítico. 

A rivalidade tradicional entre os dois países está agora sendo espelhada em uma competição de blocos: Rússia vs. OTAN. O Magreb torna-se, assim, um palco importante de influência das grandes potências e potencial ponto de tensão regional nos próximos anos.

Imagem meramente representativa

Embraer C-390 como parte da modernização militar do Marrocos
Em julho de 2023, o portal marroquino Hespress, publicou a matéria "Marrocos conta com o Brasil na indústria militar", divulgando a intenção do país em fabricar submarinos tipo "Riachuelo", as aeronaves Embraer C-390 Millennium e A-29 Super Tucano, mísseis brasileiros antinavio guiados por radar e até o lançador de mísseis brasileiro Astros.

De lá para cá, houve muitas evoluções, especialmente com relação à Embraer. A empresa já visitou recentemente o Marrocos para avaliar a cadeia de suprimentos aeroespacial do país, iniciativa que seguiu a um Memorando de Entendimento (MoU) assinado entre o governo do Marrocos e a Embraer para explorar potenciais projetos conjuntos. 

A cooperação em defesa entre Marrocos e Brasil não é nova. Em 2023, o Congresso brasileiro ratificou um acordo-quadro de cooperação em defesa, assinado em 2019, que promove exercícios militares conjuntos, coordenação em sistemas de equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e aquisição de produtos e serviços de defesa. Este acordo também facilita a troca de informações, tecnologia e conhecimento entre as forças armadas de ambos os países.

Em 2024, a aliança foi fortalecida com a criação de um posto de adido militar na Embaixada do Marrocos em Brasília e o reconhecimento pelo Brasil de um novo mapa oficial marroquino que inclui o Saara.

No dia 04 de outubro de 2024, o grupo de "países usuários" do Embraer C-390 esteve reunido na sede da empresa para compartilhar experiências da FAB e de todos os outros primeiros usuários do C-390 Millennium. Além disso, fornecedores como Knight Aerospace e Pratt & Whitney compartilharam suas ideias. No slide onde são mostrados os "usuários", ao lado de Brasil, Portugal, Hungria, Holanda, Áustria, Coreia do Sul e República Tcheca, apareciam países que ainda não adquiriram a aeronave: Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Chile. 

Em novembro de 2024, Arjan Meijer, Presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, concedeu uma entrevista ao portal Le360 revelando os motivos da Embraer para diversas iniciativas que se propõe a ter no Marrocos como: Mobilidade Aérea Urbana, Centro de MRO (manutenção, reparação e revisão), formação de excelência e estabelecimento de "uma colaboração industrial significativa no setor de defesa".

O CEO da Embraer afirmou que "O Marrocos é um parceiro extremamente importante e queremos levar as nossas relações para o próximo nível. Estamos atualmente em negociações com as FAR que desejam adquirir a nossa aeronave militar C-390, uma aeronave que atenderia perfeitamente às necessidades de Marrocos se o país pretende adquirir uma aeronave de transporte tático de nova geração".

Fontes especializadas marroquinas já dão como certa a aquisição do KC-390 Millennium pelas Forças Armadas Reais Marroquinas, estabelecendo uma crescente aliança que vai além da simples compra de equipamentos militares.

Assim, tais fontes acreditam que essa aquisição não será um evento isolado, mas sim mais um passo na consolidação de uma aliança estratégica transatlântica entre Marrocos e Brasil, com implicações significativas para a geopolítica regional e o desenvolvimento da indústria de defesa em ambos os países. Esta parceria, baseada em interesses econômicos e estratégicos compartilhados, promete um futuro de cooperação e benefícios mútuos em ambos os lados do Atlântico. 

Saiba mais:
Marrocos, a nova potência militar do Magreb, pode ser uma oportunidade ímpar para a Indústria de Defesa brasileira
- Rabat está modernizando rapidamente seu exército, aproximando-se cada vez mais dos padrões ocidentais e equiparando-se às capacidades argelinas 

Igualdade em foco : o caminho para o Exército Brasileiro alcançar a operacionalidade plena de seus quadros

 


*Luiz Alberto Cureau Jr., via LinkedIn - 13/06/2025

No atual cenário militar, a prontidão física é essencial para o sucesso em missões complexas. O Exército Brasileiro tem a oportunidade de modernizar seus padrões físicos nas escolas de oficiais e sargentos, adotando critérios que refletem a realidade das operações militares modernas.

A inspiração vem de exemplos internacionais, como o Army Combat Fitness Test (ACFT) dos Estados Unidos, que não distingue gênero ou idade nas funções de combate. Este modelo foca em habilidades essenciais no campo de batalha, como força, resistência e agilidade. Da mesma forma, o Teste Físico Operacional (TFO) do Brasil já começa a seguir essa linha, com provas que simulam condições reais de combate.

A inclusão feminina nas forças armadas é um marco importante, mas precisa ser acompanhada por padrões de avaliação que garantam igualdade e eficácia. No Brasil, ainda existem diferenças nos critérios físicos para homens e mulheres, o que pode levar a desigualdades no desempenho operacional. Para funções operacionais, é crucial que os padrões sejam os mesmos, garantindo que todos os militares estejam igualmente preparados.

A profissão militar exige resistência física e mental, enfrentando condições extremas e decisões sob pressão. Se não aplicarmos os mesmos níveis de exigência a todos, corremos o risco de comprometer a saúde dos militares e aumentar as taxas de lesões. A igualdade nos padrões físicos não é uma questão de ignorar diferenças fisiológicas, mas sim de garantir que todos estejam aptos a cumprir a missão.

Passos concretos para essa evolução incluem a implementação do TFO em todas as escolas militares, substituindo gradualmente o TAF para funções de combate. Estabelecer critérios baseados na função, e não no gênero, é crucial para promover a igualdade. Além disso, desenvolver uma doutrina do TFO, com materiais de treinamento baseados em ciência do movimento, ajudará a preparar todos os militares de forma uniforme.

A modernização dos testes físicos nas escolas militares do Exército Brasileiro é um passo estratégico. Ao adotar padrões que promovem igualdade e preparação abrangente, o Exército se posiciona como uma força de vanguarda , pronta para os desafios do futuro. A mudança é necessária e urgente, e o momento de agir é agora. 

*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro, Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército, foi comandante do Centro de Capacitação Física do Exército e, atualmente, é consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília. 

12 junho, 2025

Gripen E sueco está sendo integrado com IA


*LRCA Defense Consulting - 12/06/2025

A Saab, em colaboração com a Helsing, anunciou ontem (11) a conclusão bem-sucedida dos três primeiros voos integrando o agente de Inteligência Artificial (IA) "Centaur" da Helsing em um caça Gripen E. Como parte do "Projeto Além" da Saab, os voos, com o primeiro sendo realizado em 28 de maio, marcam um avanço significativo na integração de recursos de IA em aeronaves militares. É também mais uma prova da capacidade incomparável do Gripen E de atualizar software rapidamente sem desconsiderar os requisitos de segurança.

Gripen E voando com IA
Durante os voos, o Gripen E passou o controle para o Centaur, que executou com sucesso manobras complexas de forma autônoma em um ambiente de combate além do alcance visual (BVR) e deu sinal ao piloto para atirar.

“Esta é uma conquista importante para a Saab, demonstrando nossa vantagem qualitativa em tecnologias sofisticadas, permitindo que a IA atue no ar. A rápida integração e os testes de voo bem-sucedidos da IA ​​da Helsing em um Gripen E exemplificam o ganho acelerado de capacidade que se pode obter com nosso caça. Estamos entusiasmados em continuar desenvolvendo e refinando como este e outros agentes de IA podem ser usados, ao mesmo tempo em que mostramos mais uma vez como nossos caças terão um desempenho superior ao do oponente”, disse Peter Nilsson, chefe de Programas Avançados da Área de Negócios de Aeronáutica da Saab.

Graças ao design exclusivo do Gripen E, o caça pode voar com o software de IA a bordo e totalmente integrado, sem ficar restrito apenas a campos de testes militares ou ter que depender de um avião X experimental para fazer testes de voo com o software.

“No Projeto Beyond e em outros programas, utilizamos o poder do software para explorar e confundir rapidamente os limites entre o “agora” e o futuro; em software não há gerações, apenas velocidade”, afirma Peter Nilsson.

O terceiro voo, realizado em 3 de junho, concentrou-se especificamente no desempenho do Centaur, colocando-o contra uma aeronave Gripen D real em uma série de cenários BVR dinâmicos com integração de dados em tempo real, utilizando dados de sensores para rastrear a aeronave alvo.

A equipe testou a adaptabilidade do Centaur variando distâncias iniciais, velocidades, aspectos e até mesmo desabilitando dados do C2 para avaliar sua robustez.

A equipe conjunta do Projeto Beyond da Saab e da Helsing foi criada usando o Gripen E para explorar como a IA confiável pode ser usada contra ameaças futuras. A equipe agora analisará os dados de voo e continuará treinando o agente de IA para aprimorar ainda mais suas capacidades de BVR, com uma nova série de voos ao longo do restante do ano.

O projeto, totalmente patrocinado pela Administração Sueca de Material de Defesa (FMV), faz parte do programa Conceito Sueco para Sistemas de Caça Futuros. 

Embraer destaca potencial para o crescimento da conectividade aérea intra-africana


*LRCA Defense Consulting - 12/06/2025

A Embraer publicou um relatório sobre o potencial inexplorado para aprimorar a conectividade aérea intra-africana. O estudo abrangente destaca o papel crítico da melhoria das viagens aéreas no crescimento econômico e no desenvolvimento em todo o continente africano e foi apresentado hoje na conferência AviaDev em Zanzibar.

Apesar de a África representar 18% da população global, ela contribui com menos de 3% para o PIB global e apenas 2,1% para o tráfego aéreo global de passageiros e cargas, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Essa disparidade é fundamental para a limitada conectividade aérea intra-regional do continente, um gargalo significativo no desenvolvimento econômico e da aviação da África.

O relatório identifica a necessidade de voos mais diretos, mais frequências, hubs eficientes, tecnologia aprimorada e parcerias/alianças mais fortes, além de foco no tamanho certo de aeronaves e na experiência do passageiro, e está disponível para download.

Potencial de Crescimento Econômico e da Aviação

Espera-se que o PIB da África cresça 3,8% ao ano nos próximos 20 anos, com um crescimento projetado do RPK (Passageiro-Quilômetro Operacional) de 4,4% ao ano, superando as taxas de crescimento da Europa e da América do Norte. Embora a África tenha a menor propensão a viagens do mundo, seu potencial de crescimento é imenso. O desenvolvimento da conectividade intrarregional será um fator-chave para esse crescimento.

Desafios Atuais de Conectividade
Atualmente, 64% dos mercados intra-africanos são atendidos com sete voos semanais ou menos, indicando uma oportunidade significativa para aprimorar a conectividade. Muitos mercados africanos de origem e destino (O&D) continuam mal atendidos ou totalmente desassistidos por voos diretos, forçando alguns passageiros a fazerem conexões por meio de hubs distantes, às vezes tão distantes quanto a Europa ou o Oriente Médio.

Oportunidades Estratégicas
O relatório da Embraer identifica 45 rotas intra-africanas atualmente não atendidas por um voo direto, que poderiam sustentar múltiplos voos diretos semanais, apoiando o crescimento econômico regional. As 10 principais rotas poderiam sustentar pelo menos três voos diretos por semana com uma aeronave de 100 assentos.

O relatório também utiliza uma curva de estímulo intra-africana desenvolvida pela Embraer, com base em dados de tráfego dos últimos 10 anos, que estima o número esperado de passageiros ao abrir um voo direto. Os dados mostram que o fator de estímulo varia de acordo com o tamanho do mercado. Por exemplo, um mercado com 50 passageiros antes da abertura de um voo direto terá um aumento de 40% na demanda. Para um mercado menor, como 20 passageiros, a abertura de um voo direto resultaria em um aumento de 80% na demanda.

Operações eficientes em hubs e o aumento das frequências também são cruciais para melhorar a qualidade da conectividade, oferecendo aos passageiros mais flexibilidade e conveniência.

Implantação de Aeronaves
Aeronaves do tamanho certo, como o E2 da Embraer, são essenciais para o desenvolvimento da conectividade em mercados fragmentados. Essas aeronaves oferecem custos de viagem mais baixos e maior alcance, tornando-as ideais para rotas de curta e média distância, além de se destacarem na abertura, manutenção e expansão de novas rotas.

Stephan Hannemann, Vice-Presidente Sênior de Vendas e Marketing, Chefe da Região Oriente Médio e África da Embraer Aviação Comercial, afirmou: “Este relatório, e os dados que o sustentam, destacam o potencial significativo para novas rotas e melhor conectividade de hubs em toda a África. Ao implantar a aeronave certa e aprimorar as viagens aéreas intrarregionais, a África pode desbloquear novas oportunidades econômicas, melhorar a experiência geral de viagem para milhões de passageiros e liberar o potencial econômico do continente.”

"A AviaDev África se dedica a apoiar o desenvolvimento da conectividade aérea de, para e dentro da África Subsaariana. O novo relatório da Embraer ilustra as vastas oportunidades já disponíveis para proporcionar melhor conectividade intra-africana e garantir um futuro robusto e resiliente", afirma Jon Howell, CEO e fundador da AviaDev. 

11 junho, 2025

Nova Portaria do Exército traz atualizações importantes para CACs

 


*LRCA Defense Consulting - 11/06/2025

A Portaria nº 260-COLOG/2025, publicada em 10/06/25, traz atualizações importantes à Portaria 166-COLOG/2023, adequando-a ao Decreto nº 12.345/2024. As mudanças envolvem regras sobre habitualidade, atirador de alto rendimento, aquisição para coleção, validade e critérios para GTE, exigências para clubes de tiro, entre outros. 

Confira os principais pontos da nova norma no conteúdo produzido pela ANIAM - Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições.

1. Atualiza a Portaria 166-COLOG/2023, em relação ao Decreto 12.345/2024;

2. Altera dispositivos da Portaria 166-COLOG/2023, para corrigir que a habitualidade ocorre por arma representativa de cada um dos tipos de arma (uso permitido: (1) curtas de repetição ou semi até 407 J – (2) longas raiadas de repetição até 1.620 J – (3) longas lisas de repetição até o calibre 12 / uso restrito: (4) curtas com mais de 407 J – (5) longas raiadas com mais de 1.620 J – (6) longas de alma lisa com calibre superior ao 12 ou semi), e não por calibre (arts. 17, 22, 30, 95 e 98);

3. Especifica que para a armazenagem das armas de fogo, por entidades de tiro desportivo, deve ser exigida, no mínimo, a guarda em cofre em sala com paredes, pisos e teto de alvenaria e com controle de acesso (art. 20);

4. Estabelece que as medidas de proteção e a certificação de segurança das entidades de tiro desportivo poderão ser atestadas por empresa habilitada ou engenheiro inscrito regularmente no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, mediante Anotação de Responsabilidade Técnica (art. 20);

5. Dispõe que excepcionalmente a GTE poderá ser expedida manualmente, e desde que autorizado previamente pela DFPC, poderão ser expedidas GTE manualmente (art. 39);

6. Ressalta de maneira expressa que é opcional a expedição de GTE para armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis ponto trinta e cinco milímetros, apostiladas em acervo de atirador desportivo (art. 43);

8. Especifica que para treinamento, a GTE poderá ser emitida:

Em nome de terceiro autorizado pelo responsável legal, no caso de produtos controlados a serem utilizados por atirador desportivo de alto rendimento menor de dezoito anos, desde que este terceiro seja atirador desportivo, com CR válido e maior de vinte e cinco anos; e

Em nome de terceiro, no caso de produtos controlados a serem utilizados por atirador esportivo de alto rendimento maior de dezoito anos e menor de vinte e cinco anos, desde que este terceiro seja atirador desportivo, com CR válido e maior de vinte e cinco anos.

- Devendo, nestes casos, ser instruída com procuração pública que autorize o transporte de PCE por terceiro (art. 44);

9. Estabelece o prazo (até o dia 10 do mês subsequente) para que entidades de tiro enviem, por meio eletrônico, as informações de acervo, relação de atiradores e outras informações para o SFPC (art. 52);

10. Dispõe sobre o procedimento para aquisição de armas de coleção:

- A solicitação de autorização para aquisição de armas de fogo para coleção deverá ser realizada por meio do Anexo R.

- O processo de solicitação de aquisição deverá ser encaminhado à DFPC pelo SFPC de vinculação do colecionador para parecer, caso não apresente pendências de documentação e/ou existência de contraindicação relativa à idoneidade, capacidade técnica, aptidão psicológica ou comprovatório de residência.

11. Especifica o processo de transferência de armas:

- No caso de transferência de arma de fogo de uso permitido entre acervos, sem alteração de titularidade, deverão ser anexados os seguintes documentos:

a) de identificação pessoal;

b) declaração de que a sua residência possui cofre ou lugar seguro, com tranca, para armazenamento das armas de fogo desmuniciadas de que seja proprietário, e de que adotará as medidas necessárias para impedir que menor de dezoito anos de idade ou pessoa civilmente incapaz se apodere de arma de fogo sob sua posse ou de sua propriedade;

c) comprovatório de pagamento da taxa de aquisição de PCE.

- No caso de transferência para inclusão no acervo de coleção deve ser utilizado o Anexo S.

- O processo de solicitação de transferência deverá ser encaminhado à DFPC pelo SFPC de vinculação do colecionador para parecer, caso não apresente pendências de documentação e/ou existência de contraindicação relativa à idoneidade, capacidade técnica, aptidão psicológica ou comprovatório de residência (art. 74);

12. Traz a quantidade de pólvora que o atirador de alto rendimento poderá adquirir por ano: 14 quilos (art. 87);

13. Especifica que para atiradores, maiores de 25 anos, que não possuem armas, a habitualidade poderá ser realizada com arma de fogo de propriedade de entidade de tiro desportivo ou arma de fogo registrada e cedida por outro desportista (art. 98);

14. Estabelece como as entidades de tiro deverão disponibilizar a relação de modalidades, provas e competições com o respectivo armamento e calibres empregados nessas atividades:

- A disponibilização deverá ser feita por meio de endereço eletrônico na rede mundial de computadores.

- A Confederação ou Liga Nacional deverá disponibilizar em suas páginas por meio de endereço eletrônico na rede mundial de computadores até o dia 25 de dezembro do ano anterior (A-1) o calendário nacional de competições e o ranking nacional de atletas de tiro desportivo, por modalidade, aferido anualmente a partir da pontuação obtida nas competições previstas no calendário.

- O calendário nacional de competições e o ranking nacional de atletas de tiro devem estar assinados pelo elaborador e o representante legal da Confederação ou Liga Nacional (art. 109);

15. Dispõe que portaria entra em vigor na data de sua publicação (10/06/25). 

Piedmont Airlines, do Grupo American Airlines, expandira sua frota com 45 novas aeronaves Embraer 175


*LRCA Defense Consulting - 11/06/2025

A Piedmont Airlines, do Grupo American Airlines, tornou-se a segunda empresa do Grupo a informar recentemente a adição de aeronaves Embraer, após a Envoy Air ter anunciado, no dia 09, que receberá 33 unidades do E175 American Eagle.

A empresa divulgou ontem (10) que expandirá sua frota para incluir o novo tipo de aeronave de duas classes e 76 assentos – 12 na Classe Executiva e 64 na Cabine Principal. Os E175s também contarão com Wi-Fi via satélite de alta velocidade e energia em todos os assentos. A expansão representa um investimento significativo da empresa controladora, a American Airlines Group.

O primeiro dos 45 novos E175 chegará no primeiro trimestre de 2028 e começará a operar comercialmente alguns meses depois. A Piedmont espera receber uma ou duas novas aeronaves por mês, durante 36 meses, enquanto continua operando seus atuais Embraer 145.

Com isso, o Grupo American Airlines incorporará mais 78 aeronaves, representando um negócio significativo para a Embraer.

“Nossos mais de 11.000 membros de equipe são a força motriz por trás de tudo o que conquistamos”, disse Eric Morgan, Presidente e CEO da Piedmont Airlines. “A dedicação deles abre portas para oportunidades como esta, e estamos entusiasmados com o que um novo tipo de frota significa para nossa equipe e nossos clientes. Mais espaço, mais conforto e mais estilo, tudo isso proporcionado pela melhor equipe do setor.”

Este marco se alinha à visão de longo prazo da Piedmont de construir uma companhia aérea que prosperará para sempre.

“A alocação de novas aeronaves Embraer 175 para a Piedmont é um reflexo direto do compromisso da equipe da Piedmont com a segurança, a excelência operacional e o atendimento ao cliente”, disse Nate Gatten, Vice-Presidente Executivo da American Eagle para Assuntos Imobiliários Corporativos e Governamentais. “Estamos entusiasmados com o futuro da rede regional da American e com o importante papel que a Piedmont continuará a desempenhar nela.”

Fundada em 1962, a Piedmont (antiga Henson Aviation) construiu uma reputação que combina confiabilidade e excelência operacional em todo o portfólio da American Eagle. Ao longo das décadas, a Piedmont transitou com sucesso entre sete tipos de aeronaves, adaptando-se com precisão e cuidado para atender às crescentes necessidades de viagens aéreas. A última atualização da frota ocorreu em 2016, quando a empresa aposentou suas aeronaves DeHavilland Dash 8 em favor dos atuais jatos Embraer 145. Agora, com a introdução de um produto de cabine de duas classes, a Piedmont estará alinhada com seus pares no setor.

“A Piedmont orgulha-se de operar uma das frotas mais antigas e confiáveis ​​do setor, mantendo uma reputação de confiabilidade e excelência operacional”, acrescentou Morgan. “Isso resultou na conquista do título de operadora de E145 mais confiável do mundo em 2022, 2023 e 2024. E estamos ansiosos para fazer o mesmo com um novo tipo de frota.”

As decisões sobre rotas específicas, centros de manutenção e bases de tripulação para a nova aeronave serão compartilhadas nos próximos meses. Até lá, a empresa permanece focada em entregar excelência todos os dias, honrando sua missão de agregar valor aos clientes da American.

A Piedmont continuará atendendo clientes com dois tipos de frota ativa até a década de 2030, garantindo que os clientes desfrutem do serviço premium que esperam.

Como a Embraer ainda não se pronunciou sobre os negócios com a Envoy Air e com a Piedmont Airlines, é possível que esteja deixando para fazê-lo no Paris Air Show, na semana que vem, ou que tais aeronaves façam parte da encomenda de 90 jatos realizada pelo Grupo em 2024.

Sobre a Piedmont Airlines
A Piedmont Airlines, Inc. é uma das principais companhias aéreas regionais da American Airlines, oferecendo serviços em terra e no ar nos Estados Unidos. Todos os dias, quase 11.000 profissionais da aviação promovem uma missão de cuidado, conformidade e comunicação dentro e fora do aeroporto. A Piedmont tem sede em Salisbury, Maryland, e opera uma frota de jatos regionais Embraer 145, expandindo sua frota para incluir o Embraer 175 no início de 2028. A equipe de assistência em terra da Piedmont Airlines está presente em mais de 80 aeroportos nos Estados Unidos, prestando serviços em terra premiados aos passageiros da American Airlines.  

Presidente turco anuncia exportação histórica de 48 caças KAAN para a Indonésia

O segundo voo da aeronave de combate nacional KAAN foi realizado com sucesso em Ancara, Turquia, em 6 de maio de 2024 (Presidência das Indústrias de Defesa da TUR - Agência Anadolu)

*Turkiye Today - 11/06/2025

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou que a Türkiye exportará 48 caças KAAN de quinta geração para a Indonésia, marcando um marco histórico para a indústria de defesa do país no que as autoridades descrevem como o maior acordo de exportação de defesa da Türkiye.

"No âmbito do acordo que assinamos com nosso amigo e irmão Indonésia, 48 aeronaves KAAN serão produzidas na Turquia e exportadas para a Indonésia", afirmou Erdogan em uma mensagem de vídeo compartilhada em suas contas de mídia social.

Indonésia se torna o primeiro cliente internacional da aeronave de combate KAAN
O acordo, finalizado na exposição Indo Defence 2025, na Indonésia, representa um grande sucesso internacional para a Turkish Aerospace Industries (TAI).

O caça KAAN , projetado, desenvolvido e produzido inteiramente com capacidades nacionais, agora servirá como a pedra angular da cooperação de defesa aprimorada entre as duas nações.

"Os recursos locais da Indonésia também serão utilizados na produção do KAAN", disse o presidente Erdogan sobre o processo de produção.

Reconhecimento e gratidão presidencial

Em seu anúncio, Erdogan expressou gratidão ao seu homólogo indonésio por facilitar o acordo histórico.

"Transmito minhas saudações e agradecimentos ao meu estimado colega, o presidente indonésio Prabowo Subianto, que desempenhou um papel importante na assinatura deste acordo por meio de sua vontade demonstrada", disse o presidente turco.

Erdogan também parabenizou todas as instituições envolvidas no projeto, particularmente a Presidência das Indústrias de Defesa e a TAI.

O presidente reafirmou o compromisso da Turquia em fortalecer seu setor de defesa, observando: "Fornecemos todos os tipos de apoio para o fortalecimento adicional de nossa indústria de defesa e continuaremos a apoiá-la com determinação."

Ele concluiu expressando gratidão a todos os trabalhadores da indústria de defesa, desejando sucesso contínuo para todas as empresas envolvidas no setor.

Omer Cihad Vardan, Presidente do Conselho de Administração da TAI (3º à direita) e Mehmet Demiroglu, Gerente Geral da TAI (à esquerda) compareceram à cerimônia de assinatura em Jacarta em 11 de junho de 2025. (Foto AA)

Acordo KAAN sinaliza uma nova era na parceria de defesa entre a Turquia e a Indonésia
A cerimônia de assinatura, realizada em Jacarta em 11 de junho, contou com a presença do presidente indonésio Subianto, do chefe da presidência turca de Indústrias de Defesa, Haluk Gorgun, do ministro da Defesa indonésio Sjafrie Sjamsoeddin, do presidente da TAI Omer Cihad Vardan, do vice-ministro da Defesa Nacional e vice-presidente da TAI Suay Alpay, e do gerente geral da TAI Mehmet Demiroglu.

Segundo o acordo, a entrega de 48 caças KAAN será concluída em 120 meses. A aeronave a ser entregue contará com motores produzidos com capacidades nacionais, marcando outro marco na independência da defesa da Turquia.

Transferência de tecnologia
O acordo abrange não apenas a entrega dos caças KAAN, mas também a transferência de tecnologia para a Indonésia no setor de aviação. Por meio dessa parceria estratégica, a Turquia e a Indonésia buscam compartilhar conhecimento e desenvolver capacidades locais.

O processo de produção utilizará as capacidades locais existentes na Indonésia, criando uma abordagem de fabricação colaborativa que beneficia as indústrias de defesa de ambas as nações.

O segundo voo da aeronave de combate nacional KAAN foi realizado com sucesso em Ancara, Turquia, em 6 de maio de 2024 (Presidência das Indústrias de Defesa da TUR - Agência Anadolu)

KAAN: o caça de 5ª geração de Türkiye
O caça KAAN se destaca por sua alta manobrabilidade, baixa visibilidade de radar (furtividade), aviônicos com suporte de inteligência artificial e capacidades de guerra habilitadas por rede.

Projetado para atingir desempenho superior em missões ar-ar e ar-solo, o KAAN representa o símbolo da visão da Turquia para independência completa na defesa.

O KAAN concluiu com sucesso seu voo inaugural em 21 de fevereiro de 2024, marcando o início de uma nova era na aviação turca. A aeronave decolou pela segunda vez em 6 de maio de 2024, demonstrando o progresso contínuo do programa de desenvolvimento.

Nas próximas fases do projeto KAAN, a integração de um motor produzido nacionalmente visa tornar a aeronave totalmente nacional, aumentando ainda mais seu potencial de exportação. Este compromisso com a produção totalmente nacional reforça a determinação da Türkiye em alcançar a autossuficiência em tecnologias avançadas de defesa. 

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Caça turco de 5ª geração TAI TF KAAN atrai a atenção mundial, inclusive do Brasil


*LRCA Defense Consulting - 14/04/2026

No dia 07 de abril, após a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) para explorar uma potencial cooperação industrial entre a Turkish Aerospace e a Embraer, esta Consultoria noticiava, em caráter pioneiro no mundo, que tal acordo de colaboração industrial poderá ir muito além da produção dos E Jets E2 na Turquia, passando pela aquisição do C-390 pelo país e até pela produção conjunta do caça de 5ª geração KAAN, em desenvolvimento pela Turquia.

É importante frisar que, até o momento, nem a Embraer e nem a Turkish Aerospace comentaram sobre a venda do C-390 para a Turquia ou sobre a cooperação no desenvolvimento do caça TF KAAN. Quem afirmou que o Brasil está em negociações com a Turquia, Polônia e Finlândia para uma possível compra de aeronaves militares Embraer C-390 foi o Ministro da Defesa brasileiro, José Mucio Monteiro, em 02 de abril, durante a LAAD. Já as ilações unindo o desenvolvimento do caça KAAN à Embraer são fruto de análise desta Consultoria.

Caso venha a se confirmar a extensão do acordo para o setor de defesa, a Embraer se tornará mais uma grande empresa da Base Industrial de Defesa do Brasil a estabelecer parceria com empresas da Turquia para este fim. As demais são a Taurus Armas, que está em negociações para adquirir a empresa turca Mertsav Savunma Sistemleri; a Akaer, que participa do programa HÜRJET, da Turkish Aerospace Industry; a SIATT, que tem um acordo de importação com a Kale Jet Engines para o fornecimento de motores turbojato destinados a mísseis; e a CBC, que possui um acordo de importação e distribuição espingardas e rifles dos fabricantes turcos Khan Arms e ATA Arms. A WEG também possui uma unidade produtiva na Turquia e, embora seja uma Empresa Estratégica de Defesa no Brasil, não há informações sobre eventuais destinações militares para os motores elétricos industriais e comerciais naquele país.

A excelente matéria abaixo, além de mostrar o interesse e os motivos estratégicos da Indonésia em se juntar ao programa de caças de quinta geração desse país, detalha as características do caça e evidencia, mais uma vez, a importância que a indústria de defesa turca vem assumindo no cenário mundial.
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Indonésia recorre à Turquia para obter vantagem sobre o caça KAAN de quinta geração em um equilíbrio Indo-Pacífico em mudança

*Army Recognition - 14/04/2025

Durante visita oficial a Ancara em 10 de abril de 2025, o presidente indonésio, Prabowo Subianto, expressou o interesse de seu país em se juntar ao programa de caças de quinta geração da Turquia, o KAAN, enfatizando o fortalecimento da parceria de defesa com a Turquia, particularmente nos setores aeroespacial e naval, conforme noticiado pela Bloomberg. O anúncio ocorre em meio ao fortalecimento dos laços estratégicos entre a Indonésia e a Turquia, enquanto Jacarta busca ativamente modernizar suas antigas capacidades de defesa aérea em resposta às persistentes ameaças regionais e à necessidade de maior autonomia estratégica.

Em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, o presidente Subianto declarou que "a Indonésia deseja participar do desenvolvimento do caça KAAN de quinta geração, bem como do desenvolvimento de submarinos com a indústria turca". Suas declarações, divulgadas pela agência de notícias indonésia Antara, refletem a ambição de Jacarta de diversificar suas parcerias de defesa em um cenário internacional cada vez mais moldado pela competição entre grandes potências. Essa intenção foi reforçada pela assinatura de novos acordos bilaterais nas áreas de cultura, gestão de desastres e mídia, que se somam aos treze acordos de cooperação assinados entre Ancara e Jacarta em fevereiro.

Programa KAAN
O programa KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), foi lançado oficialmente em 2011 por iniciativa da Subsecretaria de Indústrias de Defesa (SSM) da Turquia, com o objetivo de reduzir a dependência de aeronaves de combate estrangeiras e fortalecer a soberania tecnológica do país. O programa ganhou força após a retirada da Turquia do programa F-35 dos EUA em 2019, consequência direta da aquisição por Ancara de sistemas de defesa aérea russos S-400. Washington alegou preocupações de que tecnologias sensíveis do F-35 pudessem ser comprometidas por sistemas de radar russos. Desde então, o KAAN tornou-se uma prioridade estratégica para o governo turco, posicionando o país como um ator autônomo no desenvolvimento da aviação militar de próxima geração.

Anteriormente conhecido como TF-X, o KAAN é uma aeronave de caça de quinta geração que está sendo desenvolvida com o suporte técnico da BAE Systems. Ele apresenta um design stealth avançado usando materiais de absorção de radar (RAM) que são considerados dez vezes mais eficazes do que aqueles usados ​​no F-35 em condições ambientais extremas. Alimentado por dois motores gerando até 38.000 libras de empuxo, a aeronave é capaz de atingir velocidades de Mach 1,8, superando o F-35, que é limitado a Mach 1,6. O KAAN também foi projetado para incorporar inteligência artificial para suporte à decisão em tempo real, fusão de sensores e coordenação com sistemas não tripulados, como drones leais alas, em cooperação com o fabricante turco de UAV Baykar. Esses recursos visam aumentar a eficácia operacional em ambientes de combate com uso intensivo de dados e alta ameaça.

Operacionalmente, o KAAN foi projetado para missões de superioridade aérea, interceptação e ataque de precisão. Oferece uma carga útil interna e externa de armas comparável à do F-35, estimada em mais de 8.300 kg. Espera-se que a aeronave transporte mísseis ar-ar de fabricação turca, como o Gökdoğan (longo alcance) e o Bozdoğan (curto alcance), mantendo a capacidade de furtividade através de seu compartimento interno de armas. Seu radar AESA, sistemas de guerra eletrônica e arquitetura de combate em rede proporcionam-lhe forte consciência situacional — um fator essencial em cenários de combate modernos.

O KAAN completou seu voo inaugural em fevereiro de 2024, atingindo uma altitude de 8.000 pés a 230 nós. Um segundo voo de teste bem-sucedido ocorreu em maio de 2024, validando elementos críticos como a integridade da fuselagem, propulsão e aviônicos. Espera-se que protótipos adicionais entrem em uma fase intensiva de testes no final de 2025 ou início de 2026. O gerente geral da TAI, Mehmet Demiroglu, declarou que a campanha de testes será acelerada para entregar a primeira aeronave operacional à Força Aérea Turca entre 2028 e 2029. Ele também confirmou que o KAAN integrará gradualmente os recursos de sexta geração para manter sua competitividade ao longo do tempo.

Interesse de vários países
Em entrevista ao Breaking Defense, Demiroglu observou que vários países manifestaram interesse em aderir ao programa, embora tais decisões envolvam negociações complexas e de alto nível que levam tempo. 

O interesse da Indonésia, juntamente com sinais anteriores dos Emirados Árabes Unidos e, mais recentemente, da Arábia Saudita — que supostamente considerou adquirir mais de 100 unidades — ressalta o crescente impulso para a colaboração internacional em torno do programa KAAN e destaca seu potencial como plataforma multinacional de defesa.


 

10 junho, 2025

Atech, da Embraer, e ITA-DCTA irão modernizar tecnologias de Guerra Eletrônica no Brasil



*LRCA Defense Consulting - 10/06/2025

A Atech, empresa do Grupo Embraer, e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em colaboração com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), firmaram hoje um Acordo de Cooperação Técnica para impulsionar o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a área de Guerra Eletrônica (GE).

A parceria consolidada tem como foco a utilização de Inteligência Artificial (IA) para classificação de sinais e ameaças, com técnicas de de-interleaving, visando fortalecer a capacidade de análise e resposta em cenários de defesa.

O acordo representa um marco estratégico para a empresa, que se mantém atualizada tecnologicamente e próxima do seu mercado de atuação. A iniciativa também está alinhada com o objetivo de promover a colaboração e parceria   da Atech com as Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT) das Forças Armadas.

O projeto abre portas para a expansão das pesquisas com recursos de agências de fomento, visando o desenvolvimento de soluções na área de Guerra Eletrônica.

"A parceria com o ITA-DCTA representa um passo importante para o avanço tecnológico da Atech no campo da Guerra Eletrônica. A iniciativa reforça o nosso compromisso em liderar projetos de inovação no Brasil, unindo forças com instituições de excelência como o ITA e o DCTA para promover avanços tecnológicos significativos, alinhados às necessidades do mercado”, afirmou o Diretor de Negócios de Defesa da Atech, Giacomo Feres Staniscia.

O Reitor do ITA, Professor Doutor Antonio Guilherme de Arruda Lorenzi, destacou que esta é mais uma parceria relevante para o desenvolvimento nacional. “O ITA possui um longo histórico de atividades estratégicas que envolvem diversos atores externos, como representantes da indústria e do governo. Por meio desta parceria, esperamos seguir contribuindo, com ensino, pesquisa, inovação e extensão, para o fortalecimento das capacidades brasileiras na área de Guerra Eletrônica, impulsionando ainda mais o progresso do país”, afirmou.

Sobre a Atech
A Atech é uma empresa do Grupo Embraer reconhecida como uma “System House” brasileira voltada para as áreas de Defesa e ATM. É uma empresa orientada pela inovação e tecnologia, com expertise única em engenharia de sistemas críticos, integração e tecnologias de consciência situacional. Com base em padrões internacionais, a Atech é responsável pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas para o sistema brasileiro de defesa aeroespacial (SIDABRA) e para o sistema de controle do espaço aéreo (SISCEAB), este reconhecido pela ICAO como um sistema de referência mundial. Com base neles, a Atech desenvolveu a família de produtos de defesa ARKHE e a família de produtos de controle do espaço aéreo MAKRON, que atendem com soluções tecnológicas para essas áreas organizações civis e militares no Brasil e no exterior, exportando tecnologias e criando divisas para o país. Mais informações em www.atech.com.br 

09 junho, 2025

Envoy, do Grupo American Airlines, expande frota com a adição de 33 novas aeronaves Embraer 175


*LRCA Defense Consulting - 09/06/2025

A Envoy Air, empresa do Grupo American Airlines, anunciou hoje que está expandindo sua frota com a adição de 33 novas aeronaves Embraer 175 (E175). Isso eleva a frota total para 214 aeronaves , incluindo 171 E175 e 43 E170.

“Mantendo o foco em nossos Princípios Fundamentais de Segurança, Qualidade e Controle de Custos, a Envoy continua a crescer de forma estratégica e sustentável, entregando valor aos nossos clientes, funcionários e acionistas do American Airlines Group”, disse o Presidente e CEO da Envoy, Pedro Fábregas . “Este marco reflete a dedicação e o trabalho árduo de nossos mais de 21.000 funcionários na América do Norte, Pacífico, Caribe e Bahamas.”

Essas aeronaves, que se somam às novas aeronaves E175 que chegarão este ano, estão programadas para serem entregues à Envoy em 2026 e 2027.

08 junho, 2025

Índia quer aeronaves ISTAR para inteligência ar-solo e aquisição de alvos. Embraer C-390 seria uma opção?

Imagem meramente representativa


*LRCA Defense Consulting - 08/06/2025

O jornal indiano The Economic Times divulga hoje que o Ministério da Defesa da Índia está prestes a analisar um projeto de 10.000 crores de rúpias (cerca de US$ 1,166 bilhão). Este projeto visa adquirir três aviões espiões avançados (ISTAR) para aprimorar as capacidades de vigilância e aquisição de alvos da Força Aérea Indiana, fornecendo inteligência ar-solo detalhada, o que permitirá ataques precisos contra alvos inimigos. O sistema ISTAR será desenvolvido internamente pelo DRDO, que equipará as aeronaves com sensores e sistemas eletrônicos totalmente nacionais. Esses sistemas de vigilância e direcionamento a bordo já foram desenvolvidos e testados pelo Centro de Sistemas Aerotransportados (CABS) do DRDO. O jornal especula que as aeronaves provavelmente serão de "gigantes da aviação internacional como Boeing ou Bombardier".

O sistema ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento) é amplamente utilizado em aeronaves militares, especialmente em drones (Veículos Aéreos Não Tripulados - VANTs) e plataformas tripuladas para missões de coleta de dados, monitoramento e apoio tático, constituindo-se em uma capacidade estratégica essencial para forças armadas modernas. Vários países operam aeronaves equipadas com capacidades ISTAR, que incluem sensores avançados, radares, câmeras de alta resolução e sistemas de comunicação criptografada. 

Assim, surge a pergunta: poderia o C-390 Millennium preencher os requisitos indianos?
A possibilidade de as aeronaves ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento) mencionadas para aquisição pela Força Aérea Indiana (IAF) serem o Embraer C-390 Millennium é plausível e será analisada nos tópicos abaixo, mas depende de alguns fatores-chave, considerando-se as informações disponíveis e o contexto do programa indiano de aquisição de aeronaves de transporte médio (MTA) e capacidades ISTAR.

O projeto ISTAR indiano é mais voltado para missões de inteligência e vigilância terrestre e aquisição de alvos em ambientes de guerra de superfície (semelhante ao JSTARS americano), não apenas vigilância aérea, o que, em tese, contraindicaria aeronaves menores e mais leves, como o Embraer Praetor 600 AEW&C, desenvolvido pela Embraer e pela IAI / ELTA Systems, cujo foco está em missões de alerta antecipado e vigilância aérea.

Interesse da Índia no C-390 Millennium  
A Índia tem demonstrado interesse no C-390 Millennium da Embraer, especialmente no contexto do programa Medium Transport Aircraft (MTA). Uma delegação de defesa indiana visitou o Brasil em novembro de 2024, e relatórios indicam que discussões sobre a aquisição do C-390 estão em andamento. A Embraer, em parceria com a Mahindra Defence Systems, assinou um Memorando de Entendimento (MoU) para avaliar a fabricação conjunta do C-390 na Índia, o que reforça a posição da aeronave como candidata forte para programas de defesa indianos.

A Embraer também estabeleceu uma subsidiária integral na Índia, sinalizando um compromisso estratégico para expandir sua presença no mercado indiano, especialmente para o programa MTA.

Em matéria de 11/04/2023, o portal indiano idrw.org  publicou que a Força Aérea Indiana (IAF) está procurando adquirir de 60 a 80 aeronaves de transporte multifuncionais (MTA) para serem usadas como transportadores de médio curso, para fabricá-las em conjunto no país sob Transferência de Tecnologia (ToT). Informou também saber que a aeronave que for selecionada será usada como uma plataforma para o desenvolvimento de aeronaves de reabastecimento em voo (FRA) e, também, de alerta aéreo antecipado e controle (AEW&C), pois a IAF planeja ter mais plataformas locais para reforçar seus requisitos enquanto a Força Aérea Chinesa (PLAAF) expande sua frota de multiplicadores de força (como são conhecidas as aeronaves AEW&C).

Em 16/12/2024, o idrw.org divulgou uma novidade importante: "A Embraer, em seu briefing para a Força Aérea Indiana (IAF) para a licitação de aeronaves de transporte médio (MTA) para 60 transportadores, apresentou uma nova proposta ousada: o C-390M Millennium equipado com hardpoints sob suas asas para transportar sistemas de armas ar-superfície. Essa capacidade, destinada a fornecer capacidades operacionais antiterrestres e antinavio, pode posicionar o C-390M como uma plataforma versátil e multifuncional, além de suas funções primárias de transporte".

Segundo declarações atribuídas à Embraer, o C-390 Millennium pode ser modificado, interna e externamente, para se adequar às exigências operacionais do usuário.

Capacidades ISTAR do C-390 Millennium  
O C-390 Millennium é uma aeronave multimissão que já possui capacidades para missões de transporte tático, reabastecimento aéreo (como KC-390) e está sendo adaptada para missões ISTAR, incluindo patrulha marítima (Maritime Patrol). Em dezembro de 2024, a Embraer e a Força Aérea Brasileira (FAB) assinaram um acordo para desenvolver uma variante específica do C-390 para missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR), chamada C-390 IVR, com foco em patrulha marítima. Essa variante incorpora sistemas avançados de comunicação, sensores e autoproteção, que atendem aos requisitos de missões ISTAR.

Portugal, que aderiu ao programa em 2010 e recebeu sua primeira unidade em outubro de 2022, está participando do desenvolvimento da nova variante ISR do C-390. Esta versão integrará radar de abertura sintética, sensores eletro-ópticos e infravermelhos, sistemas de comunicação avançados e pontos de fixação externos para carga útil, com uma configuração modular roll-on/roll-off para manter a flexibilidade entre as missões. Esses desenvolvimentos foram anunciados na exposição de defesa LAAD 2025, onde foram formalizados acordos de cooperação entre a Embraer e a Força Aérea Portuguesa.

A aeronave já é reconhecida por sua versatilidade, com capacidade de carga de 26 toneladas, velocidade máxima de 470 nós e alta confiabilidade (taxa de conclusão de missões acima de 99%). Essas características a tornam adequada para as exigências operacionais de missões ISTAR, incluindo vigilância e reconhecimento.

Requisitos da Índia para sistemas nacionais  
O projeto ISTAR da Índia enfatiza a integração de sensores e sistemas eletrônicos totalmente nacionais. Embora o C-390 seja uma plataforma brasileira, a Embraer tem experiência em integrar sistemas personalizados para atender às necessidades específicas de clientes. A parceria com a Mahindra Defence Systems poderia facilitar a incorporação de tecnologias indianas, como sensores e sistemas de comunicação desenvolvidos localmente, para cumprir os requisitos de nacionalização.

A Índia já opera o Embraer ERJ-145 modificado com radar AESA israelense para alerta antecipado (Netra AEW&C), suítes de guerra eletrônica e outros equipamentos AEW&C desenvolvidos e implantados pelo DRDO. No entanto, esse é um jato regional, não um cargueiro militar, e o C-390 ainda não foi testado nesse tipo de papel, além de não haver ainda uma variante oficial sua voltada para missões ISTAR, AEW&C (Alerta Aéreo Antecipado) ou SIGINT (inteligência de sinais).

As três plataformas EMB 145 AEW&C - chamados de Netra Mark-1 ou Netra AEW&C nesse país - são produto da colaboração entre a Embraer e a estatal indiana Organização de Desenvolvimento e Pesquisa de Defesa (DRDO). São equipadas com um conjunto completo de sistemas de missão, composto por um potente radar de vigilância aérea e sistema de comando e controle, além de um conjunto completo de sistemas de apoio à missão, tais como avançados sistemas de comunicação e apoio eletrônico, link de dados, e dispositivos de autoproteção. Os sistemas de missão foram desenvolvidos pelo Centre for Airborne Systems (CABS) do Departamento de Defesa da Índia e pelo DRDO, e foram integrados com a plataforma do EMB 145, sob a coordenação do CABS. 

A menção de "gigantes da aviação internacional como Boeing ou Bombardier" pode sugerir que a Índia também pode estar considerando plataformas como o Boeing P-8 Poseidon (usado para patrulha marítima e ISR) ou outras aeronaves de transporte multimissão. O P-8, por exemplo, já é operado pela Marinha Indiana para missões ISTAR, mas é uma plataforma mais especializada e cara, projetada principalmente para patrulha marítima, e não um transporte tático como o C-390.

Concorrência e contexto geopolítico  
Entre as aeronaves de transporte, o principal concorrente do C-390 é o C-130J Hercules da Lockheed Martin, que já é operado pela Força Aérea Indiana. A escolha do C-390 pode ser influenciada por questões geopolíticas, custos e a capacidade de produção local. A Embraer enfrenta desafios para competir com a hegemonia da Lockheed Martin, especialmente devido à forte influência dos EUA no mercado de defesa global, mas o C-390 tem se destacado por sua eficiência e menor custo operacional.

A Índia também está interessada em fortalecer laços industriais com o Brasil, como indicado pela possibilidade de joint ventures para fabricação do C-390 e até mesmo discussões sobre a aquisição do caça indiano LCA Tejas e do Sistema de Artilharia Antiaérea Akash pelo Brasil, o que poderia favorecer a escolha do C-390 como parte de um acordo bilateral mais amplo.

Outras aeronaves na disputa  
A menção de "três aeronaves avançadas" e "gigantes da aviação como Boeing ou Bombardier" sugere que a Índia pode estar considerando outras plataformas, como o Airbus C-295, que já foi selecionado para substituir a frota envelhecida de Avro 748 da IAF. A Índia encomendou 71 unidades do C-295, que pode ser configurado para missões de vigilância e reconhecimento, e está em negociações para adquirir mais 10 unidades. O C-295 é uma opção mais leve (capacidade de carga de 8 toneladas) em comparação com o C-390 (26 toneladas), mas sua produção local na Índia, em parceria com a Tata, pode ser um fator decisivo.

Fontes indianas sugerem preferência por jatos executivos modificados, como o Bombardier Global 6000 ou Gulfstream G550, mais discretos e eficientes para vigilância de longa distância em zonas sensíveis. Há também relatos de tratativas entre Índia e Boeing para adaptação do P-8 ou derivado semelhante, o que colocaria o C-390 em desvantagem.

Conclusão
O Embraer C-390 Millennium pode ser um forte candidato para o projeto ISTAR da Força Aérea Indiana, especialmente devido ao interesse existente no programa MTA, à parceria com a Mahindra para produção local e aos esforços da Embraer para desenvolver uma variante ISR do C-390, que atende aos requisitos de missões ISTAR. 

A exigência de sistemas eletrônicos nacionais e a concorrência com plataformas como o Airbus C-295 (já em produção na Índia) e o C-130J Hercules (já operado pela IAF) podem representar desafios. A menção de "Boeing ou Bombardier" sugere que outras opções podem estar sendo consideradas, mas o C-390 tem vantagens em termos de versatilidade, custo-benefício e potencial para integração de sistemas indianos, como já ocorre com o Embraer EMB 145 Netra AEW&C indiano.

Embora o C-390 Millennium tenha potencial técnico para ser adaptado para missões ISTAR, ele ainda não possui versões consolidadas para essa finalidade e não há indícios de que a Índia o esteja considerando no momento. A preferência parece recair sobre plataformas já utilizadas ou adaptadas com sucesso para vigilância e inteligência. 

No entanto, se a Embraer apresentar uma proposta para um rápido desenvolvimento de uma variante específica para ISTAR, isso poderia mudar o cenário — inclusive com oportunidades futuras de cooperação Brasil–Índia.

Portanto, em tese, o C-390 Millennium poderia ser a aeronave escolhida para o projeto ISTAR, especialmente se a Índia priorizar a parceria com a Embraer e a fabricação local. A decisão final, porém, dependerá de fatores como urgência da Índia, custo, integração de sistemas nacionais indianos e alinhamento estratégico com fornecedores.
 

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