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30 abril, 2025

O Brasil na contramão: a Indústria de Defesa e o desafio da modernização

 

*Por Luiz Alberto Cureau Júnior, via LinkedIn - 29/04/2025

Nos últimos anos, os países do G20 têm aumentado significativamente seus orçamentos de defesa, refletindo uma preocupação crescente com a segurança global. Em 2024, os gastos globais em defesa alcançaram US$ 2,46 trilhões, com um aumento médio de 7,4% nos investimentos militares. Por exemplo, a Alemanha registrou um crescimento de 23,2% em seus gastos, enquanto a Rússia elevou seu orçamento militar em 41,9% devido a tensões geopolíticas. A China e a Índia também estão intensificando seus esforços, mas o Brasil se encontra em uma trajetória oposta.

A indústria brasileira de defesa enfrenta desafios significativos. A falta de apoio governamental tem levado à obsolescência das tecnologias e capacidades das Forças Armadas. O investimento em defesa é crucial para proteger o território nacional, mas também para assegurar a soberania e a capacidade de atuação em cenários internacionais, algo que nós não podemos ignorar.

O desinteresse dos jovens em carreiras militares é alarmante, resultando de fatores como salários baixos e a falta de importância dada por autoridades governamentais. Os valores que um soldado recebe estão longe de serem ideiais e os oficiais, então, não chegam a competir com nenhuma das carreiras de governo e também com as do setor privado. Em 2024, a quantidade de candidatos para alguns concursos do Exército caiu drasticamente, evidenciando a desmotivação entre os jovens. A situação é preocupante, pois a profissão exige profissionais qualificados, e o que tem ocorrido não ajuda em nada para a estrutura atual. 

Contraditoriamente, a taxa de desemprego entre jovens no Brasil tem diminuído, reduzindo-se pela metade entre 2019 e 2024, acompanhada por um aumento no número de estagiários. No entanto, essa realidade cria um paradoxo: jovens mais preparados se afastam da carreira militar, enquanto aqueles com menor qualificação veem as Forças Armadas como uma alternativa. Essa disparidade evidencia a necessidade de atrair talentos qualificados e oferecer oportunidades viáveis para os que enfrentam dificuldades no mercado de trabalho.

Diante dessa realidade, é crucial que o Brasil reexamine sua política de defesa e busque um aumento nos investimentos governamentais. A modernização das Forças Armadas deve ser uma prioridade de Estado, garantindo que o país possa se posicionar competitivamente no cenário internacional.

Além disso, o governo deve implementar políticas que valorizem e incentivem os jovens a buscar as Forças Armadas, tornando essa carreira atraente, por meio de capacitação e comunicação sobre a importância da defesa nacional.

Em suma, o Brasil não pode ignorar os sinais de alerta que ocorrem no mundo. A falta de investimentos em defesa e a desmotivação das novas gerações são questões urgentes. Negligenciar esses aspectos enfraquece as capacidades militares e coloca em risco a soberania do país, essencial para garantir segurança e integridade nacional.

29 abril, 2025

Star Air incorpora 10º Embraer E175 e planeja adicionar mais quatro à sua frota até março de 2026

 

*Rediff Money - 29/04/2025

A transportadora regional Star Air anunciou na terça-feira a incorporação de sua 10ª aeronave — um jato Embraer E175 — à sua frota e disse que adicionará 15 novos trechos à sua programação, a partir de 15 de maio.

Com isso, a empresa expandirá suas operações para mais de 50 voos diários em 24 destinos no país, informou a Star Air.

A companhia aérea com sede em Bengaluru — parte do diversificado Grupo Ghodawat — também afirmou que planeja adicionar mais quatro aeronaves Embraer E175 à sua frota até março de 2026 e operar uma frota de 25 aeronaves até o final do próximo ano fiscal.

"Embora o setor de aviação esteja enfrentando interrupções na cadeia de suprimentos e obstáculos de expansão, o crescimento estratégico e constante da Star Air e seus sólidos fundamentos de negócios nos posicionam de forma única para o sucesso", disse Simran Singh Tiwana, CEO da Star Air.

"Nossa expansão se alinha perfeitamente com nossa visão de conectar a Índia Real. Estamos comprometidos com um crescimento sustentável e confiável que fortaleça a conectividade regional, fortaleça cidades menores e atenda às aspirações do próximo bilhão de viajantes", acrescentou.

A Star Air, a única companhia aérea regional a completar seis anos de operação na última década, transportou quase 1,5 milhão de passageiros, mantendo uma programação robusta de 300 voos semanais e deve crescer ainda mais durante a temporada de verão, chegando a 350 voos semanais, afirmou.

Na 47ª ARSAG, Embraer mostra como a empresa e o KC-390 Millennium estão prontos para apoiar o Departamento de Defesa dos EUA

 


*LRCA Defense Consulting - 29/04/2025

A Embraer Defesa & Segurança participa da 47ª edição da conferência ARSAG (Aerial Refueling Systems Advisory Group), que acontece de 29 de abril a 1º de maio em Las Vegas, Nevada. A ARSAG reúne a Força Aérea, a Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais e o Exército dos EUA, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e aliados de 20 países para promover as melhores práticas e a segurança de operações militares conjuntas e sistemas de reabastecimento aéreo.

Abrindo o evento deste ano, Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, participou do Painel de Discussão Sênior da Indústria, moderado pelo Tenente-General da Reserva da USAF John B. Sams Jr., Presidente do Conselho e Diretor de Operações da ARSAG, juntamente com Richard J. Sullivan, Vice-Presidente de Crescimento, Crescimento e Estratégia da Northrop Grumman Aeronautics Systems.

Além disso, um KC-390 Millennium operado pela Força Aérea Brasileira está em exposição no Atlantic Aviation FBO, localizado no Aeroporto Internacional Harry Reid.

“Estamos muito felizes em participar da ARSAG deste ano e pela oportunidade de abordar como a Embraer e o KC-390 Millennium estão prontos para apoiar o Departamento de Defesa dos EUA na superação de alguns dos desafios críticos de reabastecimento aéreo enfrentados pelos EUA e nações parceiras aliadas em todo o mundo”, disse o Presidente e CEO Bosco da Costa Junior. “O KC-390 é atualmente a melhor aeronave em sua categoria, sendo capaz de executar as missões mais exigentes nos cenários mais difíceis, incluindo Reabastecimento Aéreo e Emprego em Combate Ágil. É por isso que estamos confiantes de que o KC-390 atende às necessidades das Forças Armadas dos EUA.”

O KC-390 Millennium é um avião de transporte e reabastecimento médio projetado e construído no século XXI e a melhor aeronave atualmente em operação nesta categoria – um jato multimissão por design que oferece maior desempenho e melhor produtividade com baixos custos operacionais. Isso significa que a capacidade multimissão e a interoperabilidade são inerentes ao projeto, permitindo que a aeronave esteja pronta para todos os perfis de missão desde a entrega às Forças Aéreas.

O KC-390 Millennium da Embraer está rapidamente se tornando a aeronave preferida entre os membros da OTAN e aliados na Europa, contribuindo para a modernização de suas forças armadas, ao mesmo tempo em que adiciona novas capacidades e aprimora a interoperabilidade com as forças aliadas. O KC-390 já está em operação com o Brasil, Portugal e Hungria, e já foi encomendado pela Holanda, Áustria e República Tcheca, além da Suécia e Eslováquia, que recentemente selecionaram a aeronave. A Coreia do Sul completa a crescente lista de países que optaram pelo KC-390.

O KC-390 Millennium está atualmente em produção e em operação há muitos anos com Capacidade Operacional Plena. Trata-se de uma plataforma pronta para uso, disponível hoje e pronta para fornecer massa acessível aos mercados americano e global para lidar com ameaças emergentes. 


WEG entrega motores verticais customizados para estação de bombeamento de esgoto no Oriente Médio


*LRCA Defense Consulting - 29/04/2025

Recentemente, o primeiro motor vertical MGL900-5800KW 12P de média tensão do projeto de cooperação entre a WEG e a Hitachi Pump Manufacturing (Wuxi) Co., Ltd., um cliente de longa data, saiu com sucesso da linha de produção, marcando um progresso significativo nesse projeto. Este motor será enviado para a região do Oriente Médio e instalado em uma estação de bombeamento de esgoto localizada em um túnel subterrâneo com 100 metros de profundidade, desempenhando um papel crucial no tratamento de esgoto.

Projetados para acionar bombas verticais do tipo voluta, os novos motores substituirão unidades de um concorrente que foram danificadas durante uma enchente. O projeto exigia total intercambialidade com as especificações mecânicas e elétricas originais, além de um prazo de entrega extremamente curto, devido à urgência na retomada das operações. O pedido foi feito à fábrica da WEG em Nantong em 17 de janeiro de 2025 e a entrega está prevista para abril de 2025, demonstrando a capacidade da WEG de completar o projeto, a fabricação e a entrega de motores verticais personalizados de grande porte em apenas três meses.

Além de atender a rigorosos requisitos técnicos, essa entrega reforça ainda mais a confiança do cliente na capacidade da WEG de fornecer soluções sob medida com agilidade. Para o usuário final, a solução garante a continuidade das operações com tempo mínimo de inatividade, mantendo a eficiência nos processos de tratamento de esgoto.

O sucesso deste projeto é mais um exemplo do suporte excelente, inovador e flexível que a WEG oferece aos seus parceiros estratégicos globais. Com sua capacidade de colaboração próxima e de execução eficiente de pedidos fora do padrão, a WEG continuará a fornecer serviços de alta qualidade e eficiência aos seus clientes.

28 abril, 2025

Microlançador Made in Brazil: como a Bizu Space avança na independência espacial nacional

 


*Por Tolga Ors, via LinkedIn - 14/04/2025

A visão da Missão Espacial Brasileira Completa (MECB), criada em 1978, simboliza o objetivo nacional do Brasil de demonstrar ao mundo sua capacidade de acessar o espaço de forma independente. Hoje, a BIZU Space é um dos principais contribuintes para essa ambição de longa data por meio de seu trabalho no Micro Lançador BRasileiro (MLBR).

No final de 2023, o Brasil avançou significativamente em direção a essa meta quando a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e o Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI) assinaram dois contratos para o desenvolvimento de veículos lançadores nacionais, a partir de 2024. Essas iniciativas visam cumprir a aspiração espacial nacional dentro de um prazo desafiador de três anos, incluindo o lançamento de dois protótipos.

O projeto MLBR une oito empresas brasileiras no desenvolvimento de um foguete de 12 metros capaz de colocar satélites de 40kg em órbita terrestre baixa (LEO). Dentro dessa estrutura colaborativa, a Bizu Space se concentra no planejamento de missões e na tecnologia avançada de propulsão - dois componentes críticos para o sucesso orbital.

Em parceria com a Cenic Engenharia Indústria e Comércio, a Bizu Space realiza um planejamento abrangente da missão, incluindo mecânica de voo, simulações de trajetória e análises de segurança. A equipe utiliza ferramentas sofisticadas para desenvolver simulações de segurança de voo que atendam aos padrões da Agência Espacial Brasileira, garantindo que cada lançamento cumpra rigorosos requisitos de segurança.

Talvez a contribuição mais significativa da Bizu esteja no desenvolvimento da tecnologia de propulsão líquida. A empresa está criando um estágio superior inovador de combustível líquido projetado para substituir o terceiro estágio de combustível sólido do MLBR. Esse avanço visa melhorar a precisão orbital e aumentar a capacidade de carga útil – fatores essenciais para posicionar o Brasil de forma competitiva no crescente mercado de pequenos satélites.

O sistema de propulsão emprega peróxido de hidrogênio concentrado e querosene de aviação (Jet-A), selecionados após uma análise minuciosa por suas características de custo-benefício e estabilidade. Para apoiar esse desenvolvimento tecnológico, a Bizu estabeleceu uma infraestrutura fundamental, incluindo um concentrador de peróxido interno e um campo de teste construído em parceria com Univap - Universidade do Vale do Paraíba.

A base aeroespacial do Brasil oferece terreno fértil para o crescimento do setor espacial. A indústria aeronáutica estabelecida do país, ancorada pela Embraer – a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo – demonstra a capacidade do Brasil de desenvolver tecnologias aeroespaciais sofisticadas e competir internacionalmente.

Com parcerias público-privadas estratégicas, o Brasil poderá nutrir um ecossistema espacial comercial próspero. Empresas como a Bizu Space representam os blocos de construção iniciais dessa indústria nascente, que tem potencial não apenas para alcançar a autonomia espacial nacional, mas também para garantir a posição do Brasil num mercado espacial global em rápida expansão.  

*Tolga Ors (PhD) é Founder and Managing Director na New Space Consulting (London, UK) e Head of R&D and Software Engineering no Team Tumbleweed.

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Saiba mais:

- ITA Rocket Design e ITAEx, com apoio do CENIC e BIZÚ Space, concretizam marco histórico para o setor espacial brasileiro

- BIZÚ Space é uma nova Empresa Estratégica de Defesa

Ethiopian Airlines em negociações avançadas com a Embraer para potencial aquisição de aeronaves


*Capital Ethiopia, por Eyasu Zekarias 28/04/2025

A Ethiopian Airlines, a maior e mais crescente companhia aérea da África, está em negociações avançadas com a brasileira Embraer para a potencial aquisição de novos jatos regionais, sinalizando uma expansão significativa de sua frota e um possível novo capítulo em sua estratégia de aquisição de aeronaves. Se concretizado, este será o primeiro acordo em que a companhia aérea operará aeronaves fabricadas pela Embraer, complementando suas frotas existentes de Airbus e Boeing.

As negociações, que se intensificaram nos últimos meses, refletem a ambição da Ethiopian Airlines de fortalecer ainda mais sua conectividade doméstica e regional. Stephan Hannemann, Vice-Presidente Sênior de Vendas e Chefe da Região África e Oriente Médio da Embraer Aviação Comercial, confirmou à Capital que o mercado africano é uma prioridade estratégica para a Embraer, que já possui 70 aeronaves em operação em 70 companhias aéreas em todo o continente. Globalmente, a empresa possui mais de 2.000 aeronaves operando em 140 companhias aéreas, o que reforça sua presença e confiabilidade consolidadas.

A família de jatos E2 da Embraer, com capacidade para 100 a 120 passageiros, está se posicionando como uma solução ideal para o mercado africano. O tamanho, a eficiência de combustível e os menores custos de manutenção da aeronave oferecem uma proposta de valor atraente para companhias aéreas que buscam otimizar suas rotas e substituir aeronaves menos eficientes. Hannemann enfatizou que a economia operacional e o conforto para os passageiros do E2 o tornam particularmente adequado para a crescente demanda por viagens aéreas regionais na África.

O interesse da Ethiopian Airlines nos jatos da Embraer surge em um momento em que a companhia aérea busca introduzir um novo segmento de capacidade focado em rotas domésticas e regionais. O CEO da companhia aérea, Mesfin Tasew Bekele, já havia indicado a necessidade de jatos regionais para substituir parte da frota turboélice da companhia aérea, considerando tanto o E2 da Embraer quanto o Airbus A220. No entanto, as decisões foram adiadas, aguardando a resolução de problemas de motor que afetam ambos os tipos de aeronaves.

Hannemann observou que a Embraer está interessada em estabelecer uma parceria de longo prazo com a Ethiopian Airlines, aproveitando o forte ecossistema de aviação e a força de trabalho qualificada do país. "Vemos a Etiópia como um mercado atraente para cooperação, não apenas no fornecimento de aeronaves, mas também em áreas como manutenção, treinamento e produção de peças", disse ele. A rede global de manutenção e treinamento da Embraer pode fornecer soluções personalizadas para apoiar os planos de crescimento da Ethiopian Airlines, alinhando a entrega e a entrada em serviço das aeronaves com os objetivos estratégicos da companhia aérea.

O setor de aviação da Etiópia tornou-se um polo de investimentos internacionais, com a Boeing e a Embraer expressando forte interesse em expandir sua presença no país. O compromisso do governo em desenvolver Adis Abeba como um polo regional de transporte aéreo, incluindo a construção de um novo aeroporto internacional em Bishoftu, criou novas oportunidades de colaboração em manutenção, fabricação e treinamento de aeronaves.

Recentes desenvolvimentos em infraestrutura, como o novo aeroporto projetado para receber até 60 milhões de passageiros, aumentam ainda mais o apelo da Etiópia como porta de entrada para viagens aéreas africanas e internacionais. Executivos da Embraer elogiaram a Ethiopian Airlines pela adoção de novas tecnologias e seu papel exemplar na indústria da aviação do continente.

Os jatos E2 da Embraer já estão conquistando espaço na África, com companhias aéreas como a nigeriana Air Peace e a Madagascar Airlines operando ou planejando operar o modelo. A série E2 Profit Hunter é elogiada por sua eficiência de combustível, custos de manutenção reduzidos e capacidade de atender mercados menores com lucratividade — vantagens essenciais em uma região onde muitas companhias aéreas nacionais enfrentam dificuldades com lucratividade e volatilidade do mercado.

Analistas do setor preveem que a Embraer continuará expandindo sua presença na África à medida que a demanda por viagens aéreas regionais cresce. O foco da empresa em dimensionar aeronaves para mercados específicos e oferecer conforto widebody em um jato de corredor único repercutiu entre as companhias aéreas africanas que buscam maximizar a eficiência e a experiência dos passageiros.

27 abril, 2025

Monóculo de imagem termal da Opto Space & Defense é adotado pelo Exército, em marco importante para a BID e para a Força Terrestre


*LRCA Defense Consulting - 27/04/2025

Com o objetivo de estimular os programas de desenvolvimento de tecnologias na busca pela redução da defasagem tecnológica das Forças Armadas e fortalecer a Base Industrial de Defesa (BID), foi iniciado pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx), em outubro de 2019, o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Monóculo de Imagem Térmica OLHAR, em conjunto com a empresa brasileira Opto Space & Defense, integrante do Grupo Akaer, sediada em São Carlos (SP).

Menos de 10 países do mundo, entre eles China, Estados Unidos, França, Israel e Reino Unido, dominam a tecnologia de fabricação de monóculos de visão termal para uso militar – e quem tem essa capacidade restringe a comercialização dos dispositivos.

Desenvolvimento em quatro fases
Assim, com recursos orçamentários do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército, o projeto do Monóculo OLHAR foi subdividido em quatro fases de desenvolvimento. Na Fase 1, foi realizada a P&D com a fabricação de dois protótipos. Na Fase 2, foram fabricados mais quatro protótipos e foi realizada a avaliação das unidades. Já na Fase 3, o lote-piloto com 21 unidades foi fabricado, enquanto que, na Fase 4, foi realizada a avaliação do lote-piloto.

Em agosto de 2024, foi homologada a avaliação do lote-piloto e, em março de 2025, foi realizada a adoção do material, por intermédio da 2ª Reunião Decisória (2ª RD), coroando o ciclo de P&D do equipamento, com o atendimento de 63 requisitos técnicos absolutos e 22 requisitos operacionais absolutos, todos definidos pelo Sistema Combatente Brasileiro (COBRA). Dessa forma, entre 2019 e 2024, foram percorridas exitosamente todas as fases preconizadas pelas Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar.

Características
O Monóculo OLHAR foi projetado com o que há de mais avançado em microeletrônica, mecânica de precisão e óptica. Com massa e dimensões reduzidas, o equipamento oferece rápido acoplamento a armamentos e capacetes, contando ainda com a possibilidade de troca de objetivas para execução de disparos de precisão. Nas fases de avaliação, o equipamento atingiu distâncias para Detecção (D), Reconhecimento (R) e Identificação (I) compatíveis com os melhores monóculos termais disponíveis no mercado.

O monóculo tem cerca de 800g, 15,5cm de comprimento, 7,2cm de largura e 6,7cm de altura. Entre os atributos técnicos verificados, está a possibilidade de escolha entre dois sistemas ópticos, que permitem uma visão mais ampla ou mais aproximada da cena. Já os atributos operacionais certificaram a resistência do equipamento dentro da água e sua resistência ao choque, entre outros requisitos.

A Akaer não revela o preço do monóculo. O valor, segundo a empresa, depende de algumas variáveis, como o número de unidades previstas na negociação. Monóculos de imagem térmica já em operação – como os das norte-americanas Teledyne Flir Systems e L3Harris Technologies, uma das fornecedoras do Exército dos Estados Unidos, da britânica BAE Systems e da israelense Elbit Systems – custam a partir de US$ 3 mil e podem superar US$ 20 mil. O valor varia conforme as características do dispositivo, o nível de sofisticação tecnológica, os acessórios, entre outros fatores. “O Olhar será competitivo. Não seremos o mais caro nem o mais barato do mercado”, destacou afirma o engenheiro eletrônico Cláudio Carvas, diretor-presidente da Opto Space & Defense, em 2024.

Visão termal é fundamental em operações militares
“A visão termal é fundamental para quem entra em guerra. Especialistas em defesa costumam dizer que o soldado brasileiro é cego, porque guerra de dia a gente só vê no cinema. O conflito real acontece à noite, quando as dificuldades são grandes e equipamentos como o monóculo criado pela Akaer são essenciais”, sustentou (em 2024) o físico Jarbas Caiado de Castro Neto, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), que não participou diretamente do desenvolvimento.

Dispositivos como o Olhar detectam a radiação infravermelha, associada ao calor, emitida pelo corpo humano ou por objetos, e a convertem em uma imagem visível. Para isso, são dotados de sensores, normalmente feitos de silício amorfo ou óxido de vanádio, capazes de captar a emissão de radiação térmica dos corpos. A radiação infravermelha detectada é convertida em sinais elétricos que, por sua vez, são processados dando origem a uma imagem térmica em que diferentes cores ou tons representam diferentes temperaturas. Essa imagem é exibida em um display.

Cláudio Carvas explicou que o Olhar difere dos óculos de visão noturna. Os militares norte-americanos usaram esses últimos na missão de captura e morte do terrorista Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2011. “Não é a mesma tecnologia. Óculos de visão noturna são intensificadores de luz, ou seja, captam uma luz mínima existente no ambiente e a amplificam para formar uma imagem. O monóculo termal independe da luz ambiente.”

Múltiplos usos
Projetado inicialmente para fins bélicos, o equipamento também pode ser utilizado em missões de outra natureza, como operações de segurança pública ou de resgate, visando localizar pessoas, animais e objetos quentes em condições de pouca ou nenhuma visibilidade, como em ambientes com fumaça, poeira e nevoeiro. “O dispositivo detecta partes quentes em uma imagem, seja numa operação noturna ou diurna. Essa é sua grande função”, diz Carvas. “Na maioria das aplicações, o Olhar pode ser utilizado para aumentar a capacidade de observação do usuário.”

O Monóculo OLHAR foi empregado com êxito na Operação Taquari II, que resgatou milhares de civis isolados durante as enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024.

Marco importante para o Exército e para a Base Industrial de Defesa
A entrega do Monóculo OLHAR ao Exército Brasileiro é um marco importante no desenvolvimento de equipamentos de imagem térmica no Brasil, em que o Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTIEx), em conjunto com a BID, dota o Exército Brasileiro das capacidades necessárias para o aprimoramento da Força Terrestre.

O fato também marca um momento importante para a Base Industrial de Defesa brasileira, pois, por meio da Opto Space & Defense, insere o País em um seleto grupo que produz esse tipo de equipamento

*Com informações do Exército Brasileiro e da Revista Fapesp

 

26 abril, 2025

Grécia mira o Embraer C-390 para substituir seus Hercules C-130

 


*Army Recognition - 25/04/2025

Conforme relatado pelo OnAlert em 22 de abril de 2025, o Embraer C-390 Millennium brasileiro foi formalmente incluído no Programa de Aquisição de Defesa de Longo Prazo da Grécia como candidato a substituir a antiga aeronave C-130 Hercules, de fabricação americana, da Força Aérea Helênica (HAF).

O Estado-Maior da Força Aérea recomendou a aquisição inicial de pelo menos três C-390, com opção para aeronaves adicionais em fases subsequentes. Essa potencial aquisição está estruturada dentro de um planejamento de defesa de 12 anos. No entanto, sua implementação está programada para o final da década, já que as prioridades atuais incluem a atualização contínua de 38 caças F-16 Bloco 50 para a configuração Viper.

Até a introdução de novas aeronaves de transporte, a Grécia pretende manter a capacidade operacional usando um número limitado de C-130s existentes e a frota de C-27J Spartan. Os C-27Js passarão por atualizações, e um novo contrato de Suporte de Acompanhamento de cinco anos está planejado para 2026.

Apesar dos esforços contínuos da Força Aérea Helênica (HAF), da Indústria Aeroespacial Helênica (EAB) e do 356º Esquadrão de Transporte Tático "Hercules", as taxas de disponibilidade para o C-130 permanecem baixas. No início de 2025, quatro aeronaves estavam operacionais, com uma possível quinta prevista para retornar ao serviço nos próximos meses. A Grécia já havia submetido um pedido aos Estados Unidos para C-130s desativados, mas estes foram considerados inadequados devido aos custos de restauração. Um novo pedido foi apresentado desde então para aeronaves excedentes operacionais, algumas das quais deverão estar disponíveis em 2025.

O interesse pelo C-390 Millennium aumentou desde 2023. A Embraer apresentou a aeronave à Força Aérea Helênica (HAF) em 25 de janeiro, 26 de junho e 22 de novembro daquele ano, incluindo demonstrações estáticas e avaliações de voo na Base Aérea de Elefsis. Militares gregos realizaram voos de familiarização e participaram de demonstrações de procedimentos de carregamento de carga.

Em 20 de fevereiro de 2025, altos funcionários políticos e militares gregos participaram de outra apresentação estática em Elefsis, seguida de briefings sobre as características técnicas da aeronave e o potencial custo de aquisição. Essas avaliações fazem parte de um processo de avaliação mais amplo que inclui o C-130J e opções de Hercules usados.

Características superiores do C-390
O C-390 Millennium é uma aeronave bimotora de transporte tático a jato, com um porão de carga de 18,5 metros de comprimento, 3,45 metros de largura e 2,95 metros de altura. Sua capacidade máxima de carga útil é de 26.000 quilos, podendo transportar até 80 soldados totalmente equipados, 74 macas ou veículos como dois veículos blindados de transporte de pessoal M113 ou um helicóptero Sikorsky H-60.

É equipado com dois motores turbofan IAE V2500-E5, cada um produzindo 14.140 kg de empuxo. Esses motores também são utilizados na frota comercial do Airbus A320, com mais de 7.200 unidades produzidas globalmente. Espera-se que essa comunalidade reduza os custos de manutenção e simplifique a logística.

Em termos de desempenho, o C-390 atinge uma velocidade máxima de 988 km/h e uma velocidade de cruzeiro de Mach 0,8. Ele pode voar 5.500 quilômetros com uma carga útil de 15 toneladas e opera a um teto de serviço de 36.000 pés. Em comparação, o C-130J atinge uma velocidade máxima de 670 km/h, um alcance de 3.300 quilômetros com carga útil semelhante e um teto de 29.000 pés.

O compartimento de carga do C-390 foi projetado sem os estabilizadores internos do trem de pouso, ao contrário do C-130, o que reduz a largura interna utilizável em certas configurações. O design externo dos compartimentos do trem de pouso do C-390 permite um porão de carga mais amplo e alto, possibilitando o transporte de equipamentos de maior volume.

A aeronave suporta uma variedade de missões, incluindo transporte de carga, transporte de tropas, evacuação aeromédica, reabastecimento em voo e combate a incêndios. É equipada com aviônicos Rockwell Collins Pro Line Fusion, controles de voo fly-by-wire, contramedidas infravermelhas direcionais e sistemas de ponto de lançamento computados continuamente. Pode ser configurada rapidamente para diferentes missões usando kits modulares. A aeronave recebeu sua certificação inicial sob os regulamentos de aviação civil (14 CFR Parte 25), seguida pela certificação militar, e operou em pistas semipreparadas ou danificadas.

Aquisições, negociações e evoluções da aeronave
A Grécia é um dos vários países da OTAN e da Europa que consideram ou selecionam o C-390. Entre os clientes confirmados estão Brasil, Portugal, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca, Eslováquia, Suécia e Coreia do Sul. Marrocos recebeu uma aeronave para avaliação. A Eslováquia selecionou o modelo em dezembro de 2024, e as entregas estão programadas para 2025 em diante. A Suécia confirmou a compra de quatro aeronaves em abril de 2025, após um processo de seleção iniciado em novembro de 2024. Outros países atualmente em negociação ou demonstrando interesse incluem Polônia, Finlândia, Turquia, Arábia Saudita, África do Sul, Angola, Índia, Egito, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos e Ruanda.

Nos últimos meses, Suécia, Áustria e Holanda concordaram em realizar uma aquisição conjunta para missões especiais da OTAN envolvendo nove aeronaves C-390 modificadas.

Portugal, que aderiu ao programa em 2010 e recebeu sua primeira unidade em outubro de 2022, está participando do desenvolvimento de uma nova variante ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento), denominada C-390 IVR. Esta versão integrará radar de abertura sintética, sensores eletro-ópticos e infravermelhos, sistemas de comunicação avançados e pontos de fixação externos para carga útil, com uma configuração modular roll-on/roll-off para manter a flexibilidade entre as missões. Esses desenvolvimentos foram anunciados na exposição de defesa LAAD 2025, onde foram formalizados acordos de cooperação entre a Embraer e a Força Aérea Portuguesa.

Níveis de prontidão, taxas de sucesso de missão e custo
A aeronave foi utilizada em diversas funções pela Força Aérea Brasileira, incluindo operações humanitárias no Líbano, Haiti e Ucrânia; missões de socorro em desastres durante a pandemia de COVID-19; voos de abastecimento para a Antártida; e exercícios internacionais como Salitre IV e Culminating, nos Estados Unidos. A frota operacional reportou níveis de prontidão acima de 93% e taxas de sucesso de missão acima de 99%.

O custo por unidade é estimado em aproximadamente € 80 milhões, com custos operacionais considerados inferiores aos do C-130J devido à comunalidade de motores e aos procedimentos de manutenção de padrão comercial.

Encomendas e projeções
O número atual de aeronaves encomendadas por vários países chegou a 35, com projeções de até mais 120 em negociação. A Grécia foi listada entre esses potenciais compradores, com seis aeronaves em consideração. O Ministério da Defesa Nacional ainda não anunciou uma decisão final, mas o C-390 Millennium continua sendo um dos dois principais candidatos em avaliação, juntamente com os C-130J usados ​​ou novos. Nenhuma aquisição oficial foi assinada e os cronogramas permanecem dependentes das dotações orçamentárias.

Característica multimissão é um grande diferencial

As necessidades da aviação de transporte da Grécia incluem não apenas o transporte tático, mas também o suporte a operações de evacuação médica e combate a incêndios. Esses perfis de missão estão entre as funções suportadas pelo C-390. A aeronave foi apresentada às autoridades gregas já em novembro de 2023, quando foi avaliada como parte de um plano de substituição da frota de C-130. O engajamento da Embraer com a Grécia faz parte de uma campanha de marketing mais ampla na Europa, apoiada por acordos de cooperação com parceiros da indústria europeia e governos nacionais.
 

Sistema de combate com IA aumentará capacidade de comando e controle da OTAN

Na guerra moderna, o poder de fogo por si só não basta. O lado que analisa os dados mais rápido e age com mais inteligência vence. A OTAN acaba de entrar na corrida — mas ainda está se recuperando. 


*Eurasian Times, por Sumit Ahlawat - 17/04/2025

A OTAN deu um passo significativo em direção à modernização de suas capacidades militares ao adquirir o Maven Smart System NATO (MSS NATO), uma nova plataforma habilitada para inteligência artificial (IA) desenvolvida pela Palantir Technologies Inc.

A aquisição, concluída seis meses após a identificação da necessidade, reflete a intenção da OTAN de manter sua vantagem tecnológica em um ambiente de segurança em rápida evolução.

Ludwig Decamps, gerente geral da Agência de Comunicações e Informações da OTAN (NCIA), disse que o sistema marca uma mudança estratégica na forma como a OTAN prepara suas forças para responder a ameaças emergentes.

“A NCIA tem o prazer de se unir ao Quartel-General Supremo das Potências Aliadas da Europa (SHAPE) e à Palantir para entregar o MSS NATO ao Warfighter, fornecendo capacidades de IA de última geração personalizadas à Aliança e capacitando nossas forças com as ferramentas necessárias no campo de batalha moderno para operar de forma eficaz e decisiva”, disse Decamps.

Desenvolvida por meio de estreita coordenação entre NCIA, SHAPE e Palantir, a plataforma MSS NATO oferece uma infraestrutura digital de última geração adaptada para operações militares modernas.

Como um sistema integrado de comando e controle, ele usa modelos de aprendizado de máquina e análise de dados para dar suporte à fusão de inteligência, aumentar a consciência situacional, melhorar o planejamento operacional e acelerar a tomada de decisões.

O que o sistema faz

O MSS NATO foi projetado para fortalecer as funções de comando e controle da OTAN, auxiliando líderes militares a tomar decisões mais rápidas e bem informadas. Ele coleta e processa dados de diversas fontes para oferecer insights em tempo real e avaliações preditivas, aprimorando a conscientização, a seleção de alvos e a coordenação no campo de batalha.

Em sua essência, o sistema integra dados estruturados e não estruturados de fontes classificadas e abertas. Suas ferramentas de análise de dados geram inteligência acionável para apoiar a tomada de decisões. Isso permite que os comandantes tomem decisões estratégicas e em tempo hábil com base em uma visão abrangente do ambiente operacional.

A plataforma MSS baseia-se no sistema XMSS das Forças Armadas dos EUA, que se tornou uma ferramenta padrão para planejadores do Estado-Maior Conjunto, comandos de teatro de operações e do Escritório Chefe de Inteligência Digital e Artificial (CDAO) do Pentágono. Em 2024, o CDAO concedeu contratos no valor de mais de US$ 500 milhões para expandir o uso do sistema em todo o Departamento de Defesa, de centenas para milhares de usuários.

Originalmente criado em 2021 como continuação do programa Maven — um sistema de reconhecimento de objetos desenvolvido para escanear horas de vídeo de vigilância e identificar alvos em potencial — o MSS utiliza uma ampla gama de entradas de dados. Ele organiza essas informações em uma plataforma única e pesquisável que oferece suporte a tudo, desde logística e status de fornecimento até dados de segmentação e monitoramento de mídias sociais.

Isso elimina a necessidade de os agentes cruzarem manualmente vários bancos de dados que podem ser incompatíveis ou isolados, um processo que antes levava horas ou até dias. Em vez disso, a plataforma MSS centraliza as informações relevantes e agiliza o acesso, permitindo coordenação e execução mais rápidas.

Atualizações recentes do sistema adicionaram recursos como processamento avançado de linguagem natural e a opção de integrar ferramentas desenvolvidas por terceiros. O MSS foi desenvolvido com uma abordagem de arquitetura aberta, o que permite aos usuários personalizar a interface e adicionar funções analíticas sem alterar os dados base. Isso garante que todos os usuários trabalhem com um conjunto consistente de informações, adaptando as ferramentas às suas necessidades operacionais específicas.

Ao manter uma base compartilhada de dados verificados e oferecer flexibilidade adicional, o MSS permite que múltiplos usuários de diferentes unidades ou comandos colaborem sem depender de um sistema centralizado rígido. Autoridades da OTAN afirmaram que essa flexibilidade foi um dos principais motivos para a rápida adoção da plataforma, seis meses após o surgimento da exigência formal.

Capacidades de IA militar concorrentes
A aquisição do MSS NATO pela OTAN ocorre em meio a preocupações de que a aliança esteja ficando para trás na integração de tecnologias avançadas em seu planejamento e execução militar. A China tem trabalhado em operações baseadas em IA sob seu conceito de "guerra inteligenciada", que se concentra na combinação de aprendizado de máquina, sistemas autônomos e processamento integrado de dados para acelerar a tomada de decisões no campo de batalha.

A China conduziu simulações de jogos de guerra em que comandantes assistidos por IA supostamente superaram equipes lideradas por humanos.

O Exército de Libertação Popular (ELP) investiu em sistemas autônomos, integração de vigilância em tempo real e guerra eletrônica com tecnologias cognitivas. Esses esforços visam reduzir os tempos de resposta e obter vantagem em situações de combate em rápida mudança.

A Rússia também continuou desenvolvendo sistemas habilitados para IA, apesar das sanções econômicas e das operações militares em andamento. As forças russas estariam trabalhando para incorporar IA em drones kamikazes, como o Geran-2, de design iraniano, permitindo capacidades de direcionamento semiautônomo.

Além disso, a Rússia está investindo em sistemas de guerra eletrônica com o objetivo de interromper comunicações via satélite, navegação por GPS e sistemas em rede — áreas das quais os militares dos EUA e da OTAN continuam fortemente dependentes. A incorporação de IA a essas ferramentas de guerra eletrônica pode aumentar sua eficácia, permitindo que respondam mais rapidamente às comunicações adversárias ou interrompam a coordenação com mais eficiência.

Dependência do Setor Privado
A plataforma MSS NATO reflete uma tendência mais ampla de crescente dependência de empresas privadas para desenvolver sistemas de combate.

O crescente papel da Palantir em contratos de defesa faz parte de uma mudança mais ampla. Nos EUA, empresas como Anduril Industries, Shield AI e Raytheon Technologies estão desenvolvendo sistemas que combinam operações autônomas com suporte à decisão por IA.

Na China, empresas como Hikvision e Huawei supostamente desenvolveram sistemas de vigilância com aplicações militares. Em Israel, empresas como Elbit Systems e Rafael Advanced Defense Systems estão produzindo drones com inteligência artificial e tecnologias de mira de precisão.

Ao contrário da aquisição tradicional de equipamentos de defesa por meio de organizações de pesquisa financiadas pelo estado, os sistemas de IA construídos por empresas privadas geralmente permanecem proprietários. Seu funcionamento interno, especialmente os algoritmos, pode não ser transparente ou sujeito à supervisão pública.

Isso pode limitar a capacidade dos governos de adaptar ou auditar os sistemas de forma independente. No caso da plataforma MSS da OTAN, a aliança está adquirindo uma ferramenta desenvolvida por uma empresa privada, que detém o controle sobre componentes-chave de software que também podem ser usados ​​em outros contratos comerciais ou de defesa.

Esse arranjo levanta preocupações sobre a dependência a longo prazo. Ao contrário de equipamentos militares convencionais, como tanques ou aeronaves, as plataformas de IA não são facilmente passíveis de engenharia reversa ou modificação sem o suporte contínuo dos fornecedores. Para os membros europeus da OTAN que não possuem capacidades nacionais de desenvolvimento de IA, isso pode representar riscos à autonomia estratégica a longo prazo.

A principal força da OTAN continua sendo sua capacidade de coordenar operações complexas entre os Estados-membros. Embora a plataforma MSS NATO aprimore essa coordenação, aprimorando o fluxo de informações e a tomada de decisões, ela não altera significativamente a estrutura ou as capacidades militares gerais da OTAN.

Para que a aliança passe por uma transformação fundamental, será necessário integrar tecnologias de IA mais profundamente em sistemas de armas autônomos, plataformas submarinas, redes de defesa cibernética e operações táticas de linha de frente. Até lá, o MSS NATO representa uma atualização importante, porém gradual.

À medida que as estratégias militares migram para operações centradas em dados, a principal vantagem não residirá em quem possui o maior poder de fogo, mas em quem consegue interpretar as informações do campo de batalha mais rapidamente e agir de acordo. A OTAN já entrou nessa arena — mas ainda está se recuperando.

Taurus lançará uma grande novidade na Índia: o primeiro revólver em aço inoxidável do país

 


*LRCA Defense Consulting - 24/04/2025

A JD Taurus, joint venture entre a brasileira Taurus Armas e a indiana Jindal Defence, lançará em breve uma grande novidade na Índia: o primeiro revólver em aço inoxidável produzido no país.

O Taurus RT073 é um pequeno e confiável revólver de seis tiros no calibre .32 S&W Long facilmente ocultável pelas suas dimensões. O cano de duas polegadas do modelo RT073 vem com uma massa de mira serrilhada e removível, otimizando o porte velado ou ostensivo, além de ser uma boa opção para defesa residencial.

A novidade inédita no país é bonita e ergonômica, contando com uma empunhadura anatômica de borracha macia da Taurus, o que proporciona conforto ao atirar no estande ou em qualquer outra situação de treinamento. É dotado de ação dupla e simples, o que possibilita maior rapidez e precisão nos disparos subsequentes.

A novidade, pelo seu ineditismo, já está tendo boa repercussão nas mídias sociais indianas que estão antecipando o lançamento.

Características do revólver JD Taurus RT073:
Calibre
– .32 S&W Long
Peso (descarregado) – 645 g
Capacidade – 6 tiros
Comprimento do cano – 2" (51 mm)
Material do quadro, tambor e cano – Aço inoxidável
Comprimento total – 6,57" (167 mm)
Altura total – 4,56" (116 mm)
Largura – 1,41" (35,8 mm)
Ação – SA/DA (ação simples/ação dupla)
Sistema de segurança – Barra de transferência (interna)
Raias – 5
Miras – Dianteira serrilhada removível e traseira fixa
Passo de raia – 1:8,75"




25 abril, 2025

Amazônia Azul e Verde: soberania não se terceiriza

Região Amazônica e Amazônia Azul (inserção da LRCA)

*Por Luiz Alberto Cureau Júnior, via LinkedIn - 25/04/2025

A recente mobilização do Carrier Strike Group 25 (CSG 25) do Reino Unido, liderado pelo HMS Prince of Wales, vai muito além de um exercício militar. É um movimento geopolítico claro: proteger rotas estratégicas, apoiar aliados como a Guiana e garantir presença nas zonas de interesse energético. E nisso, o Brasil tem muito a observar — e muito mais a fazer.

A Guiana, vizinha ao norte, já explora petróleo em áreas próximas à foz do rio Amazonas com apoio de gigantes como ExxonMobil e BP. Essa exploração é protegida por acordos e pela sombra de potências navais. Enquanto isso, o Brasil debate internamente se deve ou não explorar sua margem equatorial, paralisado entre a pressão ambiental internacional e a falta de presença militar robusta na região.

Na mesma medida em que o mundo cobra do Brasil a proteção da Amazônia Verde, esquece que nossa Amazônia Azul, rica em biodiversidade e recursos energéticos, também exige vigilância e soberania. Proteger floresta e oceano não são tarefas excludentes — são faces da mesma moeda estratégica: a da soberania nacional.

A realização da COP30 em Belém, em 2025, amplia esse dilema. O país será cobrado como vitrine ambiental global, mas precisa responder como nação soberana: mostrando que desenvolvimento sustentável exige segurança energética, vigilância territorial e investimento em Defesa.

As Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea), apesar da excelência técnica, carecem de presença adequada e permanente no Norte. Mesmo tendo aumentado os efetivos militares na região, ainda é pouco.

O que está em jogo é mais que petróleo: é a capacidade de dissuasão, monitoramento, cooperação internacional e defesa de fronteiras terrestres e marítimas. Sem presença, não há soberania. E sem soberania, não há escolha.

Mídia inserida pela LRCA

O Brasil precisa assumir seu protagonismo com clareza: explorar com responsabilidade, proteger com firmeza, negociar com altivez. Isso exige políticas ambientais consistentes, sim, mas também exige Forças Armadas estruturadas, tecnologia embarcada, Forças adequadas na região amazônica e investimento contínuo em defesa nacional.

Não se trata de militarizar a política ambiental. Trata-se de entender que quem protege a floresta também precisa proteger o mar e o ar. E para isso, não basta boa vontade, é preciso presença, estratégia e comando.

O silêncio estratégico não é mais opção. O Brasil precisa deixar claro: sustentabilidade sem soberania é utopia; e soberania sem Defesa, é retórica vazia. 

*Luiz Alberto Cureau Jr. é General de Brigada R/1 do Exército Brasileiro e Consultor em meio ambiente e projetos de crédito de carbono no Instituto Climático VBH em Brasília.

Decola a Orbital Thrusters, aliança estratégica entre a mexicana Thrusters Unlimited e a brasileira Orbital Engenharia

 *Mexico Industry, por Israel Molina - 24/04/2025

Em uma aliança estratégica, as empresas aeroespaciais Thrusters Unlimited, um membro ativo da Federação Mexicana da Indústria Aeroespacial (FEMIA), e a brasileira Orbital Engenharia uniram forças para criar a Orbital Thrusters, uma iniciativa conjunta focada no desenvolvimento de tecnologias de ponta e no fornecimento de soluções abrangentes para aplicações civis e de defesa no setor aeroespacial.

Esta colaboração representa um marco na consolidação das capacidades latino-americanas entre o México e o Brasil na indústria espacial. "Há um ano, começamos a trabalhar com a Orbital para avançar nessa parceria com a Orbital do Brasil, e hoje isso está acontecendo", disse Benjamin Najar Jr., CEO da Thrusters Unlimited.

"Somos uma empresa brasileira, familiar, com 24 anos de mercado desenvolvendo tecnologia espacial no Brasil, e temos muito orgulho de desenvolver esta parceria com a Thrusters Unlimited. No Brasil, consolidamos nossa empresa no fornecimento de componentes para satélites, como painéis solares, EPS, equipamentos e sistemas de engenharia, e a intenção desta colaboração com nossos amigos mexicanos é desenvolver a mesma expertise", disse Celio Costa Vaz, fundador e CEO da Orbital Engenharia.

A Orbital Thrusters combina experiência, talento e visão tecnológica para se posicionar como um participante importante no desenvolvimento de sistemas aeroespaciais de última geração. Isso abre caminho para vários aspectos, incluindo:

- O desenvolvimento de fotodiodos de InGaAs com alta responsividade na faixa de 900 a 1700 nm (em parceria com a PUC-Rio para o processo industrial);

- O desenvolvimento de uma plataforma orbital de microgravidade capaz de transportar 50 kg de experimentos por 10 dias, com lançamento em órbita terrestre baixa (LEO).

- Criação de um Veículo Orbital Reutilizável (pouso autônomo).
 
Esta aliança, formalizada durante a Feira Aeroespacial Mexicana (FAMEX), reafirma o compromisso da Thrusters Unlimited com a inovação, a soberania tecnológica e o desenvolvimento do ecossistema espacial no México e na América Latina.

24 abril, 2025

ITA avança em projeto de microssatélite com aplicações em ciência e defesa

 


*LRCA Defense Consulting - 24/04/2025

Em meados de março, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) finalizou com êxito a Revisão Preliminar de Projeto (PDR) do projeto ITASAT 2, um marco importante no desenvolvimento desse pequeno satélite que conta com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). A banca contou com representantes da AEB, NASA, ITA, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), US SouthCom, Utah State University (USU) e FINEP.

A missão ITASAT 2 dá continuidade às iniciativas de pequenos satélites, baseando-se nas experiências acumuladas em missões anteriores, como o ITASAT e o SPORT. O novo microssatélite, projetado para operações no espaço, integra uma série de tecnologias inovadoras, e seu desenvolvimento está alinhado com os requisitos da missão lunar SelenITA, também conduzida pelo ITA.

Com uma arquitetura modular que promove flexibilidade e eficiência, o ITASAT 2 será capaz de carregar múltiplos instrumentos científicos, entre eles sensores para monitoramento do clima espacial, um sensor de geolocalização por radiofrequência (RF) e uma câmera óptica. Essa configuração permitirá que o satélite apoie tanto pesquisas científicas quanto aplicações de defesa.

Com lançamento previsto para os próximos anos, o ITASAT 2 será composto por três CubeSats, com duas missões principais:

- Científica: monitoramento da ionosfera e avaliação das bolhas de plasma que impactam comunicações e navegação.

- Defesa: geolocalização de fontes de radiofrequência e identificação óptica de embarcações não colaborativas, em solo e no mar.

O principal objetivo da missão é expandir as capacidades tecnológicas em satélites brasileiros, com avanços em eletrônicos tolerantes à radiação, operações autônomas em órbita e técnicas avançadas de geolocalização. Além disso, o ITASAT 2 servirá como uma plataforma para capacitação técnica, fortalecendo a expertise nas indústrias espaciais e em instituições acadêmicas.

A missão ITASAT 2 também busca atender a importantes iniciativas estratégicas do Brasil, ao fornecer dados essenciais para o monitoramento ambiental, previsão de clima espacial e consciência situacional.

"A PDR é um marco importante no ciclo de vida do ITASAT 2 visando refinar o conceito da missão, reforçar o design preliminar, e validar as tecnologias críticas ao sucesso do projeto. A AEB teve a oportunidade de participar de uma avaliação independente por pares do status do projeto. A banca considerou que o ITASAT2 está apto a prosseguir para a próxima fase de desenvolvimento”, afirma Felipe Fraga, Coordenador de Satélites e Aplicações da AEB.

A previsão é de que, uma vez em órbita, o ITASAT 2 desempenhe um papel central nas pesquisas científicas e nas operações de defesa, valide tecnologias de ponta em ambiente espacial e contribua com a inovação no setor aeroespacial brasileiro.

*Com informações da Agência Espacial Brasileira e do ITA

WEG desenvolve projeto específico para motores que atuarão em tanques de flotação de cobre da Vale

 


*LRCA Defense Consulting - 24/04/2025

A Salobo Metais, empresa do grupo Vale, é uma das maiores plantas de cobre do mundo. Localizada em Marabá, no Pará, a planta produz anualmente entre 210 a 250 mil toneladas.

O processo de flotação é uma etapa crucial da mineração, onde acontece a separação dos minerais. Um ambiente severo e de difícil acesso, que requer projeto mecânico e elétrico específico para que o acionamento suporte as condições extremas de operação, com intervenções mínimas de manutenção.

Para mitigar os impactos da contaminação por partículas sólidas e líquidas nos motores elétricos que atuam nas células de flotação, a WEG especificou os motores da linha W51 HD Mining, com grau de proteção IP66.

Os motores passaram por customizações mecânicas e elétricas tendo como resultado a diminuição da temperatura da superfície em mais de 20ºC, que prolongam a vida útil dos motores e reduzem riscos de falhas de rolamentos e eixos. Além disso, possibilitaram o aumento do intervalo entre manutenções preditivas, resultando em ganhos de produtividade e maior confiabilidade para o sistema. Tudo isso foi alcançado sem necessidade de investimentos adicionais e modificações na estrutura das células de flotação.

A sólida parceria entre a WEG e a Vale reflete a sinergia entre duas gigantes industriais com objetivos comuns de eficiência e inovação.

Embraer desenvolve sua cadeia de suprimentos no Marrocos

 


*LRCA Defense Consulting - 24/04/2025

Uma delegação de alto nível da Embraer concluiu uma visita oficial ao Marrocos para avaliar a cadeia de suprimentos aeroespacial do país. A iniciativa segue um Memorando de Entendimento (MoU) assinado recentemente entre o Governo do Marrocos e a Embraer para explorar potenciais projetos conjuntos. 

A Embraer identificou oportunidades significativas para colaboração empresarial e industrial, visto que tanto o Brasil quanto o Reino do Marrocos estão empenhados em aprofundar a cooperação e o nível de investimentos entre os países. Essas oportunidades incluem os segmentos de aviação comercial, defesa e mobilidade aérea urbana. 

“O Marrocos tem uma indústria aeroespacial em rápido crescimento e identificamos fornecedores-chave com potencial para serem integrados à nossa cadeia de suprimentos global”, disse Roberto Chaves, Vice-Presidente Executivo de Compras Globais e Cadeia de Suprimentos da Embraer. “Acreditamos que há oportunidades para gerar benefícios mútuos, tanto a curto quanto a longo prazo, por meio de inovação e do crescimento econômico em ambos os países.” 

A indústria aeroespacial do Marrocos demonstrou fortes capacidades em áreas como aeroestruturas, usinagem, trabalho em chapa metálica e compósitos. A Embraer elegeu o Marrocos como parceiro regional preferencial para a construção de um programa robusto de cadeia de suprimentos. 

A cooperação poderia incluir também programas de treinamento, capacitação para atividades de MRO (Manutenção, Reparo e Revisão) e outras áreas de potencial colaboração como Pesquisa e Tecnologia.

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